Portalegre: Palácio dos Romos de Sousa Tavares ou o Palácio Amarelo |
Até há bem poucos anos não queria saber de máquinas fotográficas. Pedia sempre a alguém que tirasse as fotografias por mim. Nem o rolo sabia tirar ou pôr da máquina.
Só quando comecei a escrever este blog, passei-me a interessar por fotografia. Como queria mostrar às pessoas como via os objectos e transmitir-lhe a o que pensava ser sua verdadeira beleza, passei a ser eu a fazer as fotografias. E assim fui aprendendo, que as porcelanas, as faianças só se fotografam de dia e de preferência pela manhã ou aprendi também a evitar os reflexos dos vidros quando fotografo estampas. Igualmente descobri o valor do cenário para o bule de porcelana ou o menino Jesus em barro. Claro, depois o trabalho de corte e costura no computador também ajudam a fazer milagres, como centrar as fotografias ou recortar coisas indesejáveis, como uma esferográfica ou um telemóvel que ficaram por acaso na foto.
No entanto, praticamente só sei fazer imagens de objectos. Quanto à arquitectura, ela é muito grande para minha câmara e só lhe sei ver os detalhes, como por exemplo esta varanda do Palácio Amarelo em Portalegre. Aqui julgo que apanhei numa só imagem todo o requinte do Palácio dos Romos de Sousa Tavares e ao mesmo tempo o ar senhorial de Portalegre, que deve ser certamente a cidade portuguesa com mais palácios e solares por quilómetro quadrado. Ando sempre deslumbrado nas suas ruas, a descobrir casas bonitas atrás de casas bonitas e a imaginar-me a comprar uma delas, restaura-la e enche-la de antiguidades. Imagino também os quintais dessas casas, escondidos nas traseiras, com limoeiros e laranjeiras e os meus filhos lá a brincar, ainda que estes cada vez estejam menos em idade de brincar. As ruas das cidades antigas tornam-nos sempre sentimentais e fazem nos sempre desejar coisas que já não são possíveis.
Olá Luís
ResponderEliminarMuito elegante o pormenor que nos mostra. Bem enquadrado na robustez do material e na leveza do ferro forjado.As folhas e os concheados apontam, possivelmente, para o século XVIII.
São estes pormenores que encanta descobrir, principalmente para inábeis como eu. Mas a pouca habilidade é compensada pelo prazer da descoberta.
Cumprimentos.
if
cara If
EliminarBem observado. Há de facto um contraste muito feliz entre a robustez da pedra e a leveza do ferro forjado. E depois há o amarelo, típico de Portalegre, que nos transmite toda a luminosidade do Sul.
Abraços
Viva Luis,
ResponderEliminarO Alentejo continua sem dúvida a manter nas suas cidades e vilas um cariz eminentemente mediderrânico mantendo de forma orgulhosa a cultura do mármore e da cal. É talvez das regiões que melhor preserva (sem atentados horrendos ao tecido urbano)a alma das suas vilas, apesar das construções e adaptações modernas.
Agora parece é que o "record" para a cidade com mais palácios por metro quadrado, é detido por Pinhel, distrito da Guarda, cidade que no entanto não consegiu manter a harmonia arquitetónica do seu espaço urbano, como Portalegre, aqui apresentado. Parece que devemos isso às obras e "melhoramentos" dos emigrantes!
Abraço
C.
Caro C
EliminarO Alentejo e os Açores são as regiões portuguesas que melhoram conservaram o seu património.
Curioso ter falado em Pinhel. Conheci há muitos anos a terra. A família da minha ex-mulher era de lá, mas na altura em que a visitei já lá não tinham qualquer casa. Trabalhei também muito anos com uma rapariga de Pinhel, que tinha um certo traço aristocrático, apesar da sua simplicidade.
Pinhel disputa com Miranda o estatuto de codade mais pequena de Portugal. Mas há de facto um certo ar senhorial naquela cidade com tamanho de vila, com a sua rua principal e o café central, onde vão os ilustres da terra e ninguém parece ter pressa para nada
Mas nunca mais voltei a Pinhel e não sei se não modernizaram tudo e fizeram imensas rotundas.
Um abraço
Luís, as suas fotografias ficaram magníficas, a segunda então é a mais bonita imagem que conheço de Portalegre!
ResponderEliminarMas para lhe ser sincera, a primeira deixou-me com água na boca. É verdade que ela nos dá bem ideia do requinte de uma residência da nobreza, mas gostaria de ter visto mais do Palácio Amarelo. Assim, tive que ir às imagens do Google, mas não pude contar com visita guiada... ;)
Aconteceu comigo algo parecido em relação à fotografia. Nunca tive grande atração por máquinas fotográficas, nunca era eu que tirava as fotos de família ou de passeios, ficava sempre nas fotografias e agora, depois de ter criado o blogue, passa-se o contrário. Continuo sem nenhuma mestria nesta arte, mas já não largo a máquina para onde quer que vá.
Quanto a si, já pode enviar fotos para concursos... e com os seus belos textos a acompanhar...
Bjos.
Maria Andrade
EliminarMuito obrigado!!!
As outras fotografias do palácio ficaram fraquinhas, portanto não tinha material para discorrer sobre o palácio. Ficou esta varanda, como pequeno símbolo do palácio e de toda a cidade.
Na verdade, a maioria das fotografias que tirei ao palácio apanharam imensos automóveis e muitos fios eléctricos. Tirar fotografias a monumentos é muito difícil porque parece que estamos a querer fotografar carros em vez dos edifícios. E depois quando chegamos a casa e colocamos o disco no computador aparecem sempre muitos cabos telefónicos e fios eléctricos no meio das antigas cantarias, que estragam as fotografias todas.
Beijos
Ficou bonito o post.
ResponderEliminarOs ferros e as pinhas de canto das sacadas das portas correspondentes à parte do palácio que remete para o século XVII, são de ficar em contemplação.
A parte do palácio do século XVIII é mais doce, menos austera, como aliás o estilo pede, mas confesso gostar mais da porção mais antiga.
Recentemente regressei a Portalegre e não resisti visitar de novo este palácio e demorei-me, para sentir o que este palácio tem para comunicar, e é de uma majestade/dignidade que é difícil igualar.
Seguramente já era digno na altura da sua construção, e, até hoje, não perdeu nada dessa dignidade, antes a incrementou. É assim a beleza que realmente interessa - intemporal.
Muitos dos edifícios modernos, ditos "de autor", considerados vanguardistas e "à la mode", não duram um suspiro. Não tardará que passe meia dúzia de anos para serem uns monos de que nos arrependemos seriamente! E muitos deles custam milhões!
Mas voltando ao "palácio amarelo", estive a ver imagens da pomposa escadaria barroca do interior, que ocupa o volume da torre (é o elemento da construção que aparece muitas vezes nas muitas fotografias deste palácio que se podem encontrar na net), e é simplesmente de cortar a respiração! Deixo-te aqui a direção para que também a possas admirar:
http://www.flickr.com/photos/biblarte/4011323544/
Manel
Manel
ResponderEliminarO resto da fachada do palácio é linda, sobretudo a outras varandas com ferros forjados do século XVII. Mas as fotografias que fiz apanharam imensos carros, sinais de trânsito e fios eléctricos.
Esta era uma arquitectura feita para durar. Estava de acordo com restantes construcções que compounham o burgo e era feita com materias da região, tijolo, xisto ou granito.
As fotografias do Mário Novais são espectaculares. Este senhor era também um dos fotografos preferidos do Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu tem uma bela colecção de provas dele no seu arquivo fotográfico.
Deviamos apurar se o palácio é visitável.
abraços
Caro Luís
ResponderEliminarTambém eu durante muito tempo imaginei os meus filhos a brincarem em jardins das belas casas que ia vendo por aí:) Agora começo a imaginar os netos, mas como se diz cá por Braga "não vejo jeitos" :)ou seja é muito pouco provável:)
Gosto muito da sua primeira foto. O pormenor arquitetónico em granito e os arabescos do ferro forjado contrastando com o amarelo do edifício está muito bem conseguida. Gosto deste amarelo ocre que, salvando as devidas proporções ainda faz lembrar Sans Souci, palácio ainda há bem pouco tempo falado no blogue da Maria Andrade.
Também embirro com fios elétricos,carros e cartazes publicitários, dão cabo das fotografias e eu ainda não aprendi a editar, a única coisa que vou fazendo é dar algum contraste.
Abraços
Maria Paula
ResponderEliminarUm elogio vindo de si sobre a fotografia com o pormenor da varanda, é uma coisa que me enche de contentamento, pois a Maria Paula tem um talento muito próprio nesta arte da fotografia.
bjos