Normalmente, os meus escritos aqui no blog andam desencontrados das épocas do ano, das comemorações e festas religiosas. Já não me recordo bem, mas julgo que no dia 5 de Outubro, já mostrei estampas com os reis de Portugal, no 25 de Abril, registos de Santinhos e fotografias melancólicas, a preto e branco, de gente que morreu há muito, em plena época estival.
Mas hoje apeteceu-me celebrar o Verão, apresentando uma chávena de faiança pintada com cores alegres e vivas, que nos fazem pensar apenas no prazer de gozar os momentos fugazes das férias e esquecer tudo aquilo, que o Governo prepara para nós quando regressarmos ao trabalho.
Sei muito pouco sobre ela. A sua forma e a pega evocam as produções da porcelana europeia e da faiança fina inglesa no século XIX. A pintura também é muito cuidada. Já não se trata de uma peça marcadamente popular. Talvez por isso, cheguei a pensar que não fosse portuguesa, mas alguma peça de faiança mais barata inglesa, francesa ou mesmo espanhola.
Colecção António Capucho, parte IV. Lisboa: palácio do Correio Velho, 2005 |
Contudo, a persistência obtém sempre o seu fruto e andei a folhear uns quantos catálogos de faiança inglesa, francesa e portuguesa e acabei por encontrar no catálogo do leilão da Colecção António Capucho, parte IV. Lisboa: palácio do Correio Velho, 2005, uma xícara igualzinha à minha, só que com o respectivo pires. Está atribuída a Gaia, o que é muito vago, mas já me permite situa-la como um fabrico português. Também procurei na net e a única coisa que encontrei com algumas parecenças, foi uma chávena do Museu Alberto Sampaio, de Guimarães, que a nossa Maria Andrade, já tinha mostrado no seu blog e que julgo estar também atribuída a alguma fábrica, de Gaia ou do Porto.
Coloquei a chávena nova junto à minha terrina, que nunca sei se é de Bandeira ou Fervença e juntas ficam muito bem. Formam um conjunto, que evoca um passeio de barco no Douro, em pleno Verão, em que podemos admirar ao mesmo tempo o casario antigo de Gaia e do Porto.
Coloquei a chávena nova junto à minha terrina, que nunca sei se é de Bandeira ou Fervença e juntas ficam muito bem. Formam um conjunto, que evoca um passeio de barco no Douro, em pleno Verão, em que podemos admirar ao mesmo tempo o casario antigo de Gaia e do Porto.
Ola Luis
ResponderEliminarHoje ganhei. Sou a primeira a comentar.
E linda a sua chávena. A paleta cromática sugere Fervenca, nomeadamente pelo verde e laranja. A decoração do que parece ser uma comporteira com a respectiva tampa corrobora a hipótese que o Luís aventou de uma faianca menos popular, um pouco mais erudita.
Há tempos, num leilão do Cabral de Moncada esteve a venda uma chávena com o mesmo formato, completa, mas com o motivo casario, num belo tom vimoso.
Peco desculpa pela falta de acentos e cedilhas em algumas palavras, mas o aparelho informático de onde estou a escrever e muito caprichoso (eu e que sou inábil) e só faz o que quer.
Parabéns pela aquisição. E muito elegante e bonita.
If
Cara If.
ResponderEliminarA sua opinião é importante para mim. Se também pensa que a paleta cromática sugere Fervença, é mais uma achega para que me convença que esta chávena possa ter sido fabricada em Gaia ou no Porto.
Um abraço
Tanto andaste atrás dela que finalmente lá veio para tua casa! ehehe
ResponderEliminarFoi um namoro demorado mas que foi levado a bom porto.
A chávena é muito bonita e, tal como tu, estava completamente às escuras, mas tu lá andaste até que encontraste uma igual na coleção Capucho.
É um bom sinal o teres encontrado uma igual naquela coleção.
Pelo menos sabes que vem do norte!
Parabéns pela pesquisa e por teres conseguido encontrar alguma informação quando ela parecia tão arredia
Manel
Já me esquecia de comentar a proveniência possível dela.
EliminarA hipótese de Fervença colocada pela if parece-me plausível, pois as cores até estão dentro dos parâmetros daquela fábrica. E, segundo o que escreve Isabel Maria Fernandes no seu catálogo dos Meninos Gordos, Fervença era conhecida também pela sua qualidade na pintura
Manel
Manel
EliminarFervença é uma boa hipótese.
No fundo conhecemos ainda muito pouco da faiança portuguesa. Eu nunca tinha visto peças portuguesas como esta, num formato mais erudito e com uma pintura mais cuidadosa.
Peco desculpa pelas gralhas em que incorri no meu comentário. Obviamente queria referir-me a "compoteira" e "vinoso".
ResponderEliminarIf
Cara If
EliminarPercebi perfeitamente que se tratavam de gralhas.
Eu que não tenho problemas informáticos, sou um gralhento, apesar de corrigir os textos vezes sem conta e mesmo assim, estou sempre a descobrir mais uma que passou.
Caro Luís,
ResponderEliminarÉ óbvio que a sua chávena é uma beleza, ou não tivesse sido adquirida por alguém detentor de uma enorme sensibilidade (e se calhar bom senso;)), mas o motivo que a decora é que me deixa meia à toa...
Sabe o que se me afigura? Parece-me nada mais, nada menos, do que um cálice de Igreja com a respectiva tampa, mais precisamente uma píxide ou âmbula. Uma coisa é certa a decoração é muito fora de comum!! Quem sabe, talvez ainda consiga um pires igual. Fico a fazer figas.
Beijo
Alexandra Roldão
Alexandra
EliminarSe fosse a Maria Andrade, descobriria um pires igual, nem que fosse na China. Aliás, não sei se ela não andará pelas feiras fora, com um caderninho na carteira com desenhos de das suas chávenas sem pires. O Manel usava um desses carnets com desenhos de azulejos para comprar os motivos que lhe faltavam e digo-lhe esse livrinho era uma pequena obra de arte.
Quanto ao motivo, da chávena, a If adiantou que poderia representar uma compoteira. Julgo que pode ser um caminho interessante tentar saber o que é realmente esse motivo decorativo.
Um abraço
Boa noite Luís,
ResponderEliminarQue bonita que é a chávena!
Agora fico eu cheio de inveja...
Bem haja.
Jorge
Caro Jorge
EliminarMuito obrigado. De facto esta é uma pequena peça admirável pelo colorido.
Um abraço
Olhe Luís, se eu algum dia encontrasse um pires igual à sua chávena ficaria cheia de problemas porque não sei se me conseguiria separar dele para lhe permitir fazer o conjunto :)
ResponderEliminarNão sou tão metódica como o Manel, mas acho que tenho muita memória visual e de vez em quando lá sou bafejada pela sorte ;)
Acho-a uma beleza no seu formato muito British em contraste com aquelas cores alegres e populares muito na paleta de Fervença. E depois tem aquele motivo invulgar que também me parece uma compoteira ou biscoiteira a aumentar-lhe o encanto.
Resumindo, fiquei toda derretida e invejosa com a sua chaveninha. :) Parabéns!
Maria Andrade
EliminarEstava à espera do seu comentário, pois sei que tem um olho já muito treinado nas peças de chá e se achasse que a chávena era estrangeira, não deixaria de me o fazer saber.
Muito obrigado e bjos
Luís,
ResponderEliminarUm verdadeiro hino ao Verão. A chávena é linda, mormente para beber chá, de que sou fã, prefira cerâmica fina. Ouro sobre azul é o que digo sobre as cores que mais aprecio.
Uma excelente aquisição e uma persistência louvável.
Agradeço pois tenho aprendido bastante sobre cerâmica no seu blogue, é uma falha nos meus conhecimentos.
Um abraço. :)
Cara Ana
EliminarMuito obrigado.
A longa carreira desta chávena como peça para servir chá chegou ao fim e agora gozará de uma longa reforma ao lado da minha terrina, que talvez seja Bandeira ou Fervença.
A faiança portuguesa é um vício que se entranha. Tem a uma beleza ingénua muito semelhante a da azulejaria e depois são peças acessíveis à bolsa de gente como nós (as faianças do século XIX, bem entendido). Por outro lado, se quiser coleccionar arte sacra ou pintura, convém que tenha a carteira muito bem recheada e se gostar de mobiliário, precisa de um casarão de não-sei-quantas assoalhadas. Ao contrário, a faiança do século XIX é uma colecção possível num pequeno apartamento de gente com ordenados de classe média empobrecida, mas que tem o azar ou a sorte de gostar de arte e de velharias.
Um abraço
Ana
ResponderEliminarBem, estou a partir do princípio de que tudo o que se gosta, quer-se comprar e ter em casa, o que não é verdade. Podemos adorar as naturezas mortas espanholas do século XVII e saber perfeitamente que nunca as poderemos comprar. São obras para admirar nos livros, na internet ou então nos museus, quando temos oportunidade de os visitar.
Olá Luís
ResponderEliminarFantasticamente bela a sua chávena e quase que apetece afirmar que saiu da mesma fábrica e da mão do mesmo pintor da sua terrina.As cores garridas ao gosto popular dão-lhe um "toque" diferente do habitual. Fica lindamente junto à terrina!
Bjs
Cara Maria Paula
EliminarMuito obrigado. Estou agora mais convencido que de facto esta chávena foi fabrica numa ou outra margem do Douro.
Bjos e boas férias
Caro Luís,
ResponderEliminarÉ verdade. Gosto de arte, pintura e esboços especialmente , mas não posso colecionar porque faço parte das pessoas que vivem só com o ordenado. :)
Tenho comprado pequenas coisas como chávenas, bules, um ou outro artefacto arte nova e art deco que muito aprecio. :))
Vou ver se tem e-mail para lhe enviar uma foto de uma terrina que herdei e me encanta e da qual não sei nada.
Abraço grato. :)