O blog velharias do Luís cumpre hoje quatro anos de actividade. Comecei no dia 30 de Setembro de 2009 e desde esse dia para cá fotografei e escrevi sobre as peças e sobre todos os cantos do meu apartamento de assoalhada e meia, num total de 385 posts. Isto tem sido quase as Mil e uma noites das velharias.
Escrever sobre as velharias da minha casa poderá parecer uma coisa clautrofóbica, sem interesse para mais ninguém, senão para o próprio. Talvez assim o seja, mas pesquisar e identificar cada uma das peças que atafulham o espaço onde vivo, foi uma espécie de viagem que empreendi da minha casa para o mundo. Os conhecimentos que fui sistematizando sobre faiança, porcelana, gravura, escultura, partilhei-os com a comunidade global através da Internet e sei que lancei no espaço virtual conteúdos fiáveis sobre essas áreas, que permitem às pessoas, que pesquisam no google, identificarem os pequenos tesouros que herdaram ou compraram.
Ao longo destes quatros anos fui escrevendo não só acerca de faiança, azulejaria, porcelana e gravura, mas também sobre memórias familiares. Aliás, muitas das peças aqui tratadas, estão fortemente associadas com recordações antigas de acontecimentos de há quarenta, cem ou cento e cinquenta anos, as mais recentes minhas e as mais antigas cuidadosamente compiladas pelo meu pai, a partir da sua própria memória, ou do que ouviu contar.
Aliás, o aqui faço é a continuação do trabalho paterno de reconstituição de um passado familiar que tem por cenário as terras transmontanas de Chaves, Outeiro Seco e Vinhais. O Blog é assim quase como um caderno onde vou anotando memórias, conversas com o meu pai, colando fotografias antigas e registando informações sobre o passado, que tão depressa deixamos esquecer.
Como partilho este caderno com gente de todo o País e do outro lado do Atlântico, surgiram à sua volta leitores, que colaboram com ideias, que se tornaram amigos e que me deram confiança e oportunidade para publicar, aparecer até na televisão e mais do que isso, fizeram-me encontrar a coragem para dar uma volta radical na minha vida e mudar para um emprego estimulante, numa das instituições culturais com mais prestígio em Portugal.
Embora, sumariamente vestido, o autor do blog agradece com todas as mesuras aos seus amigos reais e virtuais, que por aqui passam regularmente. |
Agradeço-vos a todos por isso, oferecendo-vos em troca uma amizade virtual, esse novo e estranho sentimento, criado pela Internet, que aproxima homens e mulheres, que vivem longe uns dos outros, muitas vezes sem se conhecerem, mas que partilham interesses comuns e desenvolvem uma tertúlia virtual, que evoca vagamente aquelas relações epistolares dos séculos XVII, XVIII e XIX