As feiras de velharias são sempre uma coutada própria para caçar tesouros, tão dourados e opulentos quanto inúteis. Qual dos caçadores de antiguidades conseguiria resistir a uma peça como esta, que mostro nas fotografias, um acessório em bronze, decorado com uma cariátide, para prender cortinados?
A peça antes da limpeza |
É certo que não é uma peça muito útil, pois seria necessário ter outra igual para lhe devolver o uso original. Aliás, o mais certo é esta cariátide terminar aqui a sua carreira utilitária de acessório de cortinados e iniciar uma nova vida como bibelot extravagante na casa do meu amigo Manel.
Mas que importa, se ainda é útil ou não?
Quando se compra uma peça destas é como se capturássemos um dos interiores da obra À la recherche du temps perdu, de Marcel Proust e o transpuséssemos para nossa casa.
Este Porte-embrasse de cortinado tem algumas marcas, mas não parecem ser relativas ao fabricante, mas antes aos números de série de cada uma das peças que a compõem. Suspeito que talvez seja francês. Consultei uns quantos catálogos franceses com peças de alguma forma semelhantes a esta, as cuivreries d'ameublement, editados nos finais do século XIX e inícios do séc. XX, nomeadamente pela Casa Garnier, que se encontra on–line ou pela E. Granger, na Rue Ramboteau, que me levaram a suspeitar que a peça seja francesa, ou pelo menos o modelo que lhe deu origem foi certamente francês. Mas essas minhas pesquisas não foram conclusivas.
Galerie Atena |
Mas não desisti de tentar identificar a proveniência deste Porte-embrasse com cariátide e vasculhei de seguida a internet de fio a pavio, fiz pesquisas em inglês, francês e acabei por encontrar um par exactamente igual num antiquário francês, o ATENA, na rue du Fbg Saint Honoré, onde pude comprovar a sua origem francesa. Neste antiquário a peça é identificada com sendo do estilo regência (c. 1700-1730) e é datada de cerca de 1850.