domingo, 21 de julho de 2013

Salva de aguardente em cantão popular


O sortudo do meu amigo Manuel conseguiu a proeza de comprar uma peça relativamente rara na Feira de Estremoz, uma salva de aguardente. Esta salva é composta por duas partes, uma taça com furinhos e um suporte oco, que sozinho pode ser confundido com uma jarra ou outro objecto qualquer. Há uns três anos atrás, uma seguidora deste blog, a Maria Isabel, comprou numa feira um destes suportes e apresentou-o e foi a maior das confusões pois ninguém conseguia identificar a peça. Uns opinavam que seria um oveiro, outros, uma jarra e outros ainda, um escarrador. Julgo que só não disseram que se tratava de um OVNI. O mistério só foi resolvido e se descobriu a verdadeira função da peça, quando outra seguidora, a Maria Paula, apresentou o conjunto completo, salva e pé.

Objecto caído hoje em desuso, na salva de aguardente colocavam-se vários copinhos pequenos, próprios para servir este líquido, que eram cheios mesmo até cima. O líquido que transbordava, caia na taça e escorria pelos orifícios para a parte inferior da peça, onde era novamente reaproveitado. Por esta razão a salva de aguardente era feita em duas peças.

De facto até há bem pouco tempo existia o hábito de servir a aguardente ou bagaço em copos muito pequenos e enche-los mesmo até ao topo, ao ponto de escorrerem. Lembro-me bem de, em miúdo, o meu pai me mandar a uma tasca nauseabunda, perto de casa, comprar cigarros e de reparar no tasqueiro a servir os copinhos até transbordarem. Nunca percebi a razão deste hábito.


Quanto ao fabricante desta peça de Cantão popular, muito bem pintada, não vou arriscar nada em definitivo. É sem dúvida uma peça do século XIX e as únicas faianças marcadas que se conhecem deste período são Santo António Vale da Piedade. Mas, houve certamente várias fábricas ao longo do século XIX a fabricar este motivo, pois quem está familiarizado com este motivo decorativo, já viu umas poucas variantes feitas na centúria de oitocentos.

32 comentários:

  1. Gostei muito da peça, e da história do seu uso. Melhor ainda que seja decorada com Cantão Popular. E é interessante como a gente olha para o motivo, e percebe similaridades com outras peças já aqui e em outros blogs mostradas, mas ao mesmo tempo vemos elementos que ao menos eu ainda não tinha notado como os "corações" nos salgueiros ("willow"), as folhas acima do telhado à direita e também à direita da ponte, e o curioso elemento decorativo acima do telhado central.
    abraços saudosos!

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  2. Também gostei da peça. Desconhecia a existência deste propósito. Tenho dois pratos desta cerâmica mas esta peça é mais interessante.
    Grata pela partilha. :)
    Bom domingo.

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  3. Caro Fábio

    O Manel e eu já estranhávamos a tua ausência da internet. Já acreditávamos que tivesses partido para a Bolívia fundar um movimento de guerrilha de extrema-esquerda. Mas, enfim, apesar de tudo conhecemos a tua forma tranquila de estar na vida, para realmente acreditar que estarias na Bolívia a seguir o rasto do Comandante Che Guevara.

    Quanto ao Cantão Popular, já tinha mostrado no post http://velhariasdoluis.blogspot.pt/2012/11/ainda-outro-fabricante-de-cantao-popular.html uma terrina (a segunda) cujo templo é igual a este. É também uma peça do século XIX. No entanto as árvores não são tão perfeitas como as desta salva de aguardente.

    Um abraço lisboeta

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  4. Cara Ana

    Muito obrigado. Esta decoração que convencionámos designar por cantão popular é uma coisa fascinante, que foi fabricada por uma série fábricas de Norte a Sul do País entre o século XIX e XIX e que se inspira livremente no "willow pattern" inglês.

    Um abraço

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  5. Caro Luís,

    Essa peça é uma beleza!! Só mesmo o seu amigo Manel para ter dessas sortes!
    Se a visse achá-la-ia linda, mas ficaria deveras intrigada com a finalidade que teria.
    Vocês têm um jeito enorme para descobrirem por A + B qual o fim a a que se destinavam determinadas peças caídas em desuso.
    E particularmente o Luís consegue aceder com uma facilidade incrível a publicações que lhe fazem luz sobre os objectos. Também o adoraria fazer, mas no meu caso pessoal, socorro-me em grande medida das buscas na net. Aliás, como aconteceu com o "canivet".
    Enfim, espero que o seu amigo consiga um lugar de destaque para essa salva de aguardente.
    E desejo também que ele esteja a ter umas boas férias, suponho que a ausência dos comentários (decerto por todos sentida)se deva a esse bom motivo!

    Um abraço

    Alexandra Roldão

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    1. Cara Alexandra

      De facto, o Manel está de férias no Alentejo, sem internet e não tem podido escrever aqui os seus comentários, sempre tão ricos e esclarecedores. É uma presença fundamental nestes blogs. O Joaquim Malvar chama-o com muita propriedade o comentador residente.

      Neste círculo informal de blogues que formamos, temo-nos ajudado muito e aprendido uns com os outros. Hoje sabemos muito mais de antiguidades que há dois anos atrás.

      Também uso muito a internet, aliás como todos nós. Há imensa informação on-line de qualidade, sobretudo nos sites estrangeiros. Mas a consulta de bons manuais também é imprescindível.

      Por outro lado, como há pouca informação pertinente sobre faiança portuguesa, alguns destes blogues são já uma referência para os amadores de cerâmica.

      um abraço

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  6. Olá,Luís
    Nem vale a pena dizer o que quer que seja
    O Manel.Sempre o sortudo do Manel ,para encontrar peça tão bonita e rara
    Claro que vai arranjar um bom lugar de destaque para a expor na sua belíssíma casa do Alentejo
    Beijinho aos dois
    E boas férias

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    1. Cara Grace

      Muito obrigado pela sua mensagem tão agradável.

      Bjos

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  7. Caro Luís
    A peça é magnífica! Nunca pensei que ainda se encontrassem destas peças completas, assim à venda. São muito difíceis de encontrar, mesmo quando fazemos pesquisa por imagem nunca aparece nenhuma. Bem, agora de certeza que aparece esta que o Luís nos mostra.O Manel está duplamente de parabéns! Um abraço para ele.
    O Cantão popular, assim pintado preenchendo largamente o espaço do prato, dá uma graça muito especial à peça.
    Beijos

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    1. Maria Paula

      Quem executou este cantão popular sabia o que estava a fazer. A pintura, embora ingénua é perfeita e cheia de encanto.

      A Maria Paula teve o mérito de resolver o caso do suporte sem salva da Maria Isabel. lolol.

      Bjos e obrigado

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  8. Ola Luis, fiquei "boqueaberta" com tal maravilha. Que peça lindissima e digna de um dono como o que encontrou agora.
    Embora esteja em Portugal, não tenho saído muito de casa nestes ultimos meses, mas nas poucas feiras que visitei por estes lados nao tenho visto nada de especial, infelizmente muito lixo, mas lixo mesmo daquele que até parece ter saído de um contentor e despejado numa manta de feira e parece me que isso acaba por alterar o nivel geral das feiras. Deixam de ser interessantes para quem gosta e compra que vão deixando de aparecer e os vendedores que respeitam o produto e que gostam do que fazem perdem a vontade de participar de tamanha lixeira... é uma pena mas é o que há por agora!
    Mas queixumes à parte e voltando à peça do post, os meus Parabens ao Manel e que continue assim com bom "faro" para peças extraordinarias como as que já lhe constam na colecção e que nós vamos tendo a sorte de ir apreciando atravez desta "casa" que a todos nos reúne numa tertúlia habitual. Sim, porque eu não tenho aparecido mas ando por cá... :-) ... estou numa fase bem unica da minha vida, estou a caminho da 35ª semana de uma gravidez de risco mas que até agora se tem portado muito bem,vem aí mais um apreciador faianças antigas, nem que seja para tentar partir as da mãe.
    Um abraço muito grande para si Luis e para o Manel os meus Parabens pela peça, boas férias no descanso do Alentejo e um abraço apertado. Bem hajam.

    Marília Marques

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    1. Fiquei encantado com a sua presença por aqui e pelas suas novidades!
      Parabéns Marília!!!!
      Fico encantado pelas novidades, ainda que preocupado pela situação de risco.
      Espero que tenha muito cuidado consigo, como sei que terá, e seguramente dará lugar a mais um apreciador da vida, prazer que a Marília lhe incutirá pela certa, pois é uma sobrevivente contra ventos e marés!
      Uma gravidez boa e que a leve a bom porto!
      Bom sabê-la por perto e com tão boa novidade
      Manel

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    2. Obrigado Manel, muito obrigado tais palavras até me levaram lágrimas aos olhos... Se eu já era sensível agora então nem dá para traduzir em palavras!

      Um abraço apertado

      Marília Marques

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    3. Cara Marília

      Já sei que melhor maneira de a fazer regressar ao nosso convívio é com boas peças de faiança.

      Fico muito contente com as boas notícias e espero que tudo corra bem. Nestes tempos de pessimismo um bebé é uma bênção, um sinal, que afinal existe um amanhã, sem todo este cinzentismo do presente.

      Já me disseram que agora a maioria das feiras de velharias vendem agora produtos da loja dos chineses em segunda mão!!!

      Eu próprio pude comprar isso na Feira da Ladra. Mas mesmo assim, na bancada onde está tudo a um euro acham-se por vezes coisas fantásticas. Há umas semanas comprei ao Manel, de prenda de anos, uma chávena de chá, daquelas sem pega, que julgo ser Porcelana de Paris, do início do Séc. XIX, por cinco euros e foi porque não regatei, se não teria sido ainda mais baratinha.

      Bjos e fico muito contente com o seu regresso

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  9. Foi graças à peça que a Maria Paula apresentou há anos atrás que consegui identificar corretamente esta.
    Muito logicamente o vendedor, tal como eu, se não tivesse assistido à discussão anterior, não fazia ideia para que servia.
    No entanto, e aqui "meteu água", com base no que lhe havia dito um "especialista em faiança" da feira, informava o público que era uma travessa de peixe.
    Claro! Faz lembrar os orifícios que se vêem nas placas amovíveis que se encaixam sobre travessas, que era normal utilizar para o peixe.
    Assim, não fora esta troca de informação e da correta identificação que o Luís já na altura tinha feito, não saberia descodificar esta peça.
    Claro que, na altura em que vi a da Maria Paula, fiquei logo encantado com ela, mas logo me convenci que seria muito difícil encontrar outra peça semelhante.
    Consequentemente, fiquei admiradíssimo vê-la numa banca, ali à mão de semear. Foi realmente um golpe de sorte.
    Voltando ao vendedor, como eu não o tivesse informado sobre a utilidade da peça (não achei relevante), e como lhe perguntasse (tonto que sou), onde é que ele, vendedor, achava que tinha sido produzida, o homem não fez por menos ... mandou vir o "especialista"!
    O "especialista em cerâmica", homem de porte seguro (poderia ser mulher, pois também as há, claro!), no meio de um jargão da especialidade veio dizer que afinal era uma travessa de peixe e que tinha sido fabricada em Coimbra!
    Pronto!!! Estava tudo expicado, não restava mais mistério!
    O oráculo tinha falado!!! Nem Delfos teria maior acuidade! Se na antiguidade soubessem não perderiam tempo com Apolo, viriam mesmo ao especialista de Estremoz!
    Há uns tempos atrás um amigo meu disse-me que quando não se sabe de onde uma peça é, diz-se que é de Coimbra, e fica o assunto arrumado, se bem que muito mal arrumado, no meio de uma "prateleira" muito confusa!
    Estes "conhecedores e especialistas de faiança" pertencem aos espécimes que infelizmente polulam nas nossas feiras, vendedores de banha da cobra, que debitam informações erróneas a metro, mal e porcamente adquiridas em uma ou duas leituras em diagonal que infelizmente fazem desta ou daquela obra e que, depois, debitam com palavras caras, transcritas sem preocupação de contexto, dessas mesmas obras, de que nada percebem e que raras vezes são acertadas.
    Com este tipo de charlatanice vão convencendo os que pouco sabem sobre o que lhes aparece pela frente.
    E estes vendedores incautos, ingénuos (não se é obrigado a tudo conhecer e saber, é bem verdade, se bem que quando se está no negócio é importante conhecer alguma coisa), não só acreditam nas patranhas, como, ainda por cima, os chamam para que estes "especialistas da treta" venham "atestar" e explicar ao freguês o que está a comprar.
    O dano é duplo, pois engana-se o vendedor e freguês, que, posteriormente, tratará de propagar a falácia a todos os que tiverem a desgraça de lhes prestar ouvidos.
    Não que eu conheça mais que os outros, que não conheço, mas pelo menos tenho o bom senso e a correção de explicar que não sei e não conheço, ou que há alguma probabilidade que seja dali ou daqui, com base nos estudos sérios feitos por quem sabe mais que eu.
    Enfim, delongo-me em questões de que já tratei sobejamente.
    Mas é interessante verificar que a folhagem da árvore é de uma pormenorização mais acentuada que noutros Cantões populares que andam lá por casa. Como o Luís notou, parece-se com a folhagem da tampa de uma terrina que tenho. Aqueles corações que o Fábio notou, assim como a dupla espiral sobre o templete, também estão presentes na tampa de terrina.
    Agradeço os parabéns que me dirigiram, mas eu também fiquei admirado em ter conseguido encontrar esta peça.
    É verdade que nestas alturas é-me mais difícil comentar, pois férias são mesmo férias, sem pc nem nada!
    Tenho tanta coisa que me leva o tempo que o pc é a última coisa que necessito!
    Manel

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    1. Caro Manel,

      Já tinha estranhado a sua ausência!
      Apesar de não o conhecer em carne e osso, gosto imenso de ler os seus comentários, que transmitem um misto de sensações. Para além de escrever muito bem, tem o dom de prender as "audiências" com a sinceridade que coloca nas descrições. Depois acrescenta-lhes o seu conhecimento pessoal, que diga-se de passagem é bem vasto.
      E, ou muito me engano,ou tem aqui neste blog uma legião de fãs! Alguns poderão não se manifestar, mas andam por aqui a "picar" e a lerem avidamente aquilo que escreve.
      Por acaso nunca equacionou escrever um livro sobre antiguidades? Talvez numa dupla com o Luís Montalvão.
      Tenho a certeza que seria um sucesso!

      Abraço

      Alexandra Roldão

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    2. Manel

      Talvez seja interessante mostrar a tua tampa de terrina, numa próxima postagem. Não há dúvida que quem fez uma peça fez a outra. Seria interessante para os leitores do blog

      Um abraço

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    3. Cara Alexandra

      O Manel e eu somos meros amadores e também não pertencemos propriamente ao meio onde se recrutam autores para escrever esses livros. Mas o blog é um bom meio para divulgarmos informalmente os conhecimentos, que vamos recolhendo aqui e acolá, sem a preocupação de fazer teses académicas ou ensaios científicos.

      Um abraço

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    4. Alexandra, quero agradecer-lhe as suas amáveis palavras, e é verdade, ando de veraneio. E de veraneio não ando com a informática a reboque, pois cansa-me, e tenho outro mundo completamente distinto a alimentar e dar resposta.
      Quanto ao escrever, é um ato (custa adaptar-me ao acordo ortográfico que reputo de anacrónico e fora de contexto!) que faço com prazer.
      É a forma que mais fácil me é para contato, pois, como leio muito, acaba por ser a palavra escrita aquela que mais facilmente me exprime.
      Quanto à oralidade, sai a custo e entrecortada com ideias mais ou menos alinhavadas. Utilizo-a menos. Acusam-me de mutismo.
      Quanto a escrever um livro, a solo ou em dueto, é algo que está fora dos meus horizontes.
      Hoje qualquer gato sapato escreve, publica e, para meu espanto, devem ser lidos, pois reincidem na tontaria.
      É confrangedor ler o que escrevem, é penoso, pois ainda que não contenham erros ortográficos (espero que sejam corrigidos nas editoras!), as teias de enredo e a construção de personagens são pobres, socorrem-se de diálogos tontos, estafados, para suprir a falta de ideias, fazendo uso de um léxico cheio de lugares comuns e de uma sintaxe primária, sincopada, ao ritmo da falta de vivências e de um mundo imaginativo que de adivinha pouco interessante e sem aquilo que faz a diferença.
      Se a obra é uma monografia sobre mobiliário, por exemplo (andei a consultar há pouco tempo uma destas obras sobre cadeiras do séc. XVIII), vejo-os a fazer descrições entediantes de uma peça que se encontra numa fotografia ao lado! Que coisa mais sem sentido! É aquilo que denomino de encher chouriços, pois acrescentam volume à obra, no entanto, nada trazem de novo.
      Quero ler ideias originais, novas articulações, relacionar peças umas com as outras, trazer à liça novas ideias originais, ainda que por vezes revolucionárias e com bases menos sólidas, mas que façam mexer as nossas conceções (raios!! para este acordo!) tradicionais e que nos conduzam por caminhos pouco explorados, é isso que gostaria de ler, mas em vez disso ...
      Recuso cair nesta armadilha mortal, e quero poupar os leitores a mais um estrupício que se julga com mania de escritor, sem a clarividência e o bom senso de perceber que o não é. Não quero que os outros se sintam confrangidos como eu me sinto ao ler esses autores de romances de cordel (ou de outra coisa qualquer) baratos (que até o não são, quando os vejo nos escaparates - as editoras é que não sabem, mas eu pagaria para os não ler, acaso fosse obrigado! Como acontece com os canais de SPORT TV, vulgo futebol, pagaria para os não ter nos pacotes).
      Já me alonguei, peço perdão.
      Umas boas férias para si, se acaso vai, ou estiver, a gozá-las, caso contrário, continuo a desejar-lhe tudo de bom e a agradecer-lhe as suas amáveis palavras. E olhe que gosto imenso de a ler também, pois tem uma forma muito caraterística de escrever, de quem está habituada a exprimir-se por este meio
      Manel

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  10. Olá Luís !!De quando em vez tenho um bocadinho e regresso .E sou sempre agradavelmente surpreendida pelas peças que nos apresenta . Não conhecia a de hoje e muito menos saberia narrar tudo aquilo que aqui foi dito .Bem haja pelas explicações .Bem hajam também os comentadores que nos trazem mais conhecimento . Um abraço
    Quina .

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    1. Cara Quina

      Esta peça é de facto excepcional. Primeiro porque aparecem poucas no mercado. Segundo, como é uma peça em duas partes, menores são as hipóteses de chegarem inteiras aos nossos dias. Terceiro e último, corresponde a um hábito, que já morreu. Nas famílias burguesas de hoje já não vê ninguém a servir 6 copos de aguardente. Nas tascas e nos cafés populares, ainda se beberá bagaço ou aguardente, mas a esse nível não precisam de salva para nada.

      No fundo esta peça é um objecto já etnológico e também por essa mesma razão o seu interesse para a história dos costumes e para o coleccionismo é maior.

      Um abraço

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  11. Luís, agora que sabemos do que se trata, até dá vontade de rir todos aqueles palpites que avançámos a propósito do pé que a Maria Isabel mostrou sem a salva. Ninguém acertou, mas opiniões é que não faltaram LOL.
    E a Maria Paula, muito caladinha na altura, acabou por tirar o coelho da cartola... com a vantagem acrescida de o ter em casa!
    São peças realmente raras que não aparecem muito. Por aqui só vi duas à venda, ambas policromadas, mas uma está incompleta, sem o suporte. Sentir-me-ia muito mais tentada por uma azul e branca como esta do Manel ou a da Maria Paula. Acho que tanto uma como outra estão em muito boas mãos, com amigos... :)
    Adorei ler a narrativa(!)do Manel. Não há feira nenhuma em que não me aperceba de disparates que se vão propagando a propósito das faianças e não só. Na última era um galheteiro garantidamente de Coimbra, sem nada que o pudesse comprovar. O Manel tem razão quanto a essa fixação em Coimbra a propósito sabe-se lá de quê.
    E para terminar, Luís, também acho que ele é um sortudo... que merece!!!
    Beijos

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    1. Maria Andrade

      o Manel tem toda a razão. Ouvem-se disparates incomensuráveis na feiras. Há uns tempos, vi uma travessinha cantão popular, bonita, não muito antiga, que eu teria comprado por 5 ou dez euros. Perguntei o preço e o vendedor pediu-me uma pipa de massa. Devo ter aberto a boca numa expressão tal de horror, que o senhor, para se justificar do preço exorbitante me perguntou:

      - Você sabe o que é isto?? Isto é Companhia das Índias!!!

      Claro, virei-lhe as costas, a desejar-lhe nos meus pensamentos, que no final da feira, no momento de recolher a tralha na Ford Transit, a peça lhe escorregasse das mãos e se partisse em mil pedaços.

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  12. CONVITE
    Passei por aqui lendo, e, em visita ao seu blog.
    Eu também tenho um, só que muito simples.
    Estou lhe convidando a visitar-me, e, se possível seguirmos juntos por eles, e, com eles. Sempre gostei de escrever, expor as minhas idéias e compartilhar com as pessoas, independente da classe Social, do Credo Religioso, da Opção Sexual, ou, da Etnia.
    Para mim, o que vai interessar é o nosso intercâmbio de idéias, e, de pensamentos.
    Estou lá, no meu Espaço Simplório, esperando por você.
    E, eu, já estou Seguindo o seu blog.
    Força, Paz, Amizade e Alegria
    Para você, um abraço do Brasil.
    www.josemariacosta.com

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  13. Caro José Maria

    Muito obrigado pelo seu comentário, por ter-se tornado meu seguidor e certamente darei um pulo ao seu blog.

    Um abraço

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  14. Caro LuísY. Bem haja pela partilha de peça de extraordinária riqueza do seu amigo Manel -, seja por estar completa, por ser cantão popular, seja por estar em desuso.De fato reparei num número elevado de visitas no meu pé de escorredor. Muito obrigado por se ter lembrado do post e do busílis que despoletou, só descoberto graças à Maria Paula que julgo herdou um -, mas a salva dela é diferente na aba desta. Mais tarde vi numa banca em Paço d'Arcos uma salva sem o pé, claro também não sabiam a função.Tinha uma pintura floral com folhas pontiagudas em policromia, que me pareceu ser fabrico de Coimbra, pelo esmalte e palete de cores.
    Não pude deixar de encontrar graça nas palavras do Manel-, muitas se encaixam em mim na minha teimosia de afirmar no imediato o fabrico da peça...mas julgo desta vez ele se equivocou, porque o que habitualmente sobre o motivo apresentado se atribui à boca cheia é Miragaia -, até há uma vendedora que ficou com a alcunha...
    Não mostrou o tardoz do pé, que muito se assemelha ao meu, sendo aberto é uma peça difícil de executar, quanto ao desenho tem pormenores de Coimbra, ao meio do desenho um salgueiro(?) estilizado, do lado direito pétalas(?) ovaladas, as árvores ,os corações e,...no fundo no meu julgar a peça pela qualidade da pintura, esmalte, e o requinte do fabrico é Coimbra. Mas sou eu a dizer!
    Boas férias
    Bj

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  15. Maria Isabel

    Parabéns pelo seu "comeback" a este blog, muito ao jeito da Gloria Swanson.

    Recordava-me muito bem da sua peça e da salva da Maria Paula. No geral, vou fixando as peças que as pessoas vão apresentando nos blogs. Faço sempre um pouco de espionagem nos blogues vizinhos antes de escrever um novo post, embora às vezes me escape uma coisa ou outra.

    Quanto a hipótese de a peça ser de Coimbra, não a excluo. Sabemos que no séc. XIX, Sto António do Vale da Piedade fabricou no Norte Cantão popular. É natural que outras fábricas o tenham feito e talvez em Coimbra, mas não temos nenhuma prova objectiva que o Cantão popular tenha sido feito em Coimbra no Séc. XIX. Como já muitas vezes lhe escrevi, temos que ser cautelosos e aguardar com paciência, que apareçam mais peças cantão popular marcadas, ou que os pobres arqueólogos tenham dinheiro para fazer mais escavações em antigas fábricas. Estou morto para que sejam publicadas as actas do Congesso sobre Faiança no MNAA, onde houve uma comunicação sobre as escavações na Fábrica de Santo António de Vale da Piedade e pretendo aqui dar conta do que li sobre os resultados das escavações, que são fascinantes para nós, os amadores da faiança.

    Bjos

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  16. Luís
    Parabéns pelo seu excelente post que, como de costume, nos elucida revelando muito conhecimento, baseado numa investigação aprimorada. Desconhecia de todo a existência de um salva aguardente e do fim a que se destinava - não se perder uma gota do apreciado degustativo...
    Mais uma vez parabéns e umas boas férias
    if

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  17. Cara If

    A faiança portuguesa é uma fonte de surpresas e depois como a sua manufactura é pouco mecanizada, cada peça é sempre ligeiramente diferente entre si.

    Um abraço

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  18. Muito Bom post!

    Sou um Verdadeiro fã de antiguidades e do estilo retro!

    Acho ainda que encontrei ai alguma informação muito útil! Se Voces quiserem ver, podem sempre dar ai um salto pois tem o calendario nacional das feiras onde se podem encontrar alguns achados! www.vendervelharias.blogspot.com
    e ainda como vender ou comprar arte e velharias e antiguidadesComo ganhaar dinheiro com a venda de artigos velhos, antiguidades ou até velharias indiscriminadas. Saiba como, onde e quando vender os seus artigos em desuso, e claro, fazer dinheiro!

    Abraço!

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  19. Viva, encontrei artigo venda Miragaia Séc XVIII, segundo o vendedor. Quanto pode valer? Desde já agradeço a atencao

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