Já há cerca de um ano mostrei aqui um bule de faiança black basalt, uma peça neoclássica, do início do século XIX.
Esta faiança preta foi fabricada pela primeira vez pela célebre Wedgwood em 1767 e inspirava-se na antiguidade egípcia, romana e grega, numa mistura que veio a ser muito típica, dos finais do século XVIII e atingiu o seu apogeu nos inícios do XIX, com o chamado estilo império.
O black basalt da Wedgwood foi muito imitado pelas outras fábricas e inglesas e este bule e açucareiro são um bom exemplo de uma dessas cópias, e da popularidade, que esta loiça escura alcançou no início do século XIX em Inglaterra, e no mundo inteiro, bem entendido, pois o conjunto foi comprado cá em Portugal, pelo nosso amigo Manel.
Este bule e açucareiro, que não serão exactamente do mesmo serviço, embora muito semelhantes, foram fabricados por um senhor chamado William Baddeley (activo entre 1802 e 1822). Este William Baddeley descendia de uma família de ceramistas e tinha a sua fábrica estabelecida em Eastwood, Hanley, em Stoke-on-Trent, a cidade da indústria cerâmica por excelência, que fica no Staffordshire.
A fábrica de William Baddeley, que executou produtos de qualidade, tinha também uma característica. Marcava as suas peças com a palavra EASTWOOD, mas o termo East era impresso de forma sumida e o WOOD de forma clara e evidente. O objectivo enganar a clientela mais distraída, fazendo-os crer que estavam a comprar genuínas peças Wedgwood.
Hoje, passados cerca de 200 anos do fabrico deste açucareiro e da leiteira, o pequeno subterfúgio desonesto de vender gato por lebre parece-nos uma coisa longínqua e perdoável e a imagem mais forte, que fica da EASTWOOD são os pormenores requintados, como a desta pega da tampa, em forma de cisne.