sábado, 6 de abril de 2013

Colocação de mais azulejos pombalinos


Esta Páscoa o Manel e eu andámos outra vez a colocar mais azulejos na sua casa do Alentejo. O método foi o mesmo. Retirámos os móveis, quadros e pratos e estendemos um plástico no chão.

Depois foi necessário calcular o espaço certo que os azulejos ocupariam, para abrir o roço, o que não significou simplesmente multiplicar a dimensão típica de um azulejo, 14 cm, pelo nº de unidades a colocar. Na verdade, os azulejos não eram exactamente iguais. Os marmoreados eram quase todos do século XIX e apresentavam dimensões mais pequenas que os restantes. Por outro lado, os azulejos com um motivo rocaille estavam muitas vezes partidos nos cantos e outras vezes empenados. No fundo estamos a falar em azulejos ainda muito artesanais, todos ligeiramente diferentes e precisamente para não haver desfasamentos no final, o Manel montou o painel previamente no chão, numerou-o a marcador e foi tomando às medidas na parede três a três.


Depois, calçámos as luvas e armados com um martelo e um escopro, começámos a partir furiosamente a parede, até chegarmos ao tijolo. Seguiu-se a feitura da massa e a colocação dos painéis. À medida que a massa ia secando, um de nós ia limpando com uma esponjinha os azulejos.

Quando acabámos já eram nove e tal da noite. Jantámos tarde e a más horas, mas no dia seguinte, quando se conseguiu arrumar tudo, o resultado obtido era verdadeiramente espectacular. A boa azulejaria portuguesa passou a ser um cenário de época perfeitamente adequado para a mesa bufete e as cadeiras D. José. A comparação das duas fotografias do antes demonstra aliás como os azulejos modificam e alteram a percepção que temos do espaço arquitectónico, mesmo que a superfície em causa não ultrapasse a meia dúzia de metros.

22 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá Luis!
    EXCELENTE trabalho, rapazes! O Manel já havia me alertado que tal postagem estava por vir, e eu fiquei muito satisfeito em ver o resultado.
    Adorei a mistura dos az. azuis e manganês com os apenas azuis, do mesmo motivo. Ficou ótimo!
    Me deu a sensação de algo que já está por esta parede há mais de 100 anos, e que teve alguns az. perdidos, e que foram substituidos por outros um pouco diferentes, como vemos em tantas fachadas em Portugal. Ficou natural, orgânico.
    Gosto muitos também dos az. que arrematam as pontas do friso. Ah se eu pudesse fazer o mesmo por aqui...
    abraços!

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  3. Olá Luís
    Não poderia dizer melhor o que o Fábio. Ficou um trabalho excelente parecendo realmente os azulejos estarem ali, desde a construção da casa.Até o friso que se vê à esquerda da foto,adquiriu outra beleza com a colocação destes azulejos. Escusado será dizer que todo o conjunto de mobiliário e peças estão com um charme muito difícil de conseguir.
    Beijos e parabéns aos dois.

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  4. Caro Fábio

    É verdade. A colocação destes azulejos ficou muito feliz. Os quatro ou cinco que não são exactamente do mesmo motivo dão realmente a impressão que foram um remendo antigo, postos ali há muito.

    Estes azulejos além de muito estéticos serviram também para disfarçar o salitre, que andava e esboroar a cal.

    Um abraço

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  5. Maria Paula

    Muito obrigado!!!!

    Tem toda a razão. O painel já existente encontrou um prolongamento natural com a colocação destes seus irmãos. E depois móveis antigos ganham outro brilho quando tem azujaria por detrás, nem que seja um pequeno apontamento de uma meia duzia.

    bjos

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  6. Olá Luís
    Uma nota só,soberbo.
    Obrigado pela partilha, extensível também ao Manel.

    Um abraço

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  7. Olá Luís,
    Vejo que está cumprida mais uma etapa de um trabalho que só pode dar muito gozo e satisfação! Sobretudo quando se olha para o resultado e se vê recriado um ambiente de palacete setecentista... a que já só faltavam os azulejos!
    O friso está magnífico, a acompanhar peças com muito gosto, pelo que dou os parabéns aos dois pelo trabalho e ao Manel em particular pelo mobíliário e objetos decorativos.
    Abraços

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  8. Caro Joaquim

    Muito obrigado. É espantoso como sendo o azulejo um material tão barato, consiga produzir um efeito tão luxuoso.

    Um abraço

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  9. Maria Andrade

    Muito obrigado.

    Estas imagens também servem para despertar nas pessoas o gosto pela azulejaria e pelo bom mobiliário português. São quase um manifesto anti-IKEA. Lol.

    Beijos

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  10. Bem, julgo que o IKEA está muito afetado por este facto e creio que, muito em breve, deverá fechar as portas!!!! Coitados, confrontados com gosto do português comum, devem estar à beira da falência e na completa indigência ... lol.
    Mas não posso nem devo recriminar, pois já recorri aos serviços do IKEA bastas vezes, e o facto de serem baratos foi uma das caraterísticas principais que me levou a escolher esta marca. Também é verdade que todas as peças de mobiliário ali adquiridas se estragaram em pouco tempo, e, o que não se estragou, funcionou mal, pelo que, ou deitei fora, ou, se possível, revendi.
    Guardo uns armários de cozinha com ar rústico, de que ainda gosto bastante, mas reconheço igualmente que rápidamente se deterioram, pelo que já substituí uma ou outra peça.

    Sei que a colocação de azulejos dá trabalho e exige paciência, para não falar da desgraça que é o colocá-los com mau tempo, onde é necessária a lavagem de materiais debaixo de incomodativa chuva, pois não tenho nenhum telheiro ou local protegido onde o possa fazer.
    Mas, a posteriori, o efeito é bonito e interessante.
    Mas uma luzinha vermelha acende-se, fruto da sensação que estou a descarrilar do fio da navalha que constituia o objetivo principal a que me propus inicialmente, aquando do início da decoração do interior.
    No entanto, tenho como desculpa o facto de, previamente, já ter a maior parte dos tarecos e objetos que vão povoando o espaço.
    E que não fazia ideia que azulejos estão de tal forma associados a interiores palacianos, que escapar a esta sensação e classificação é muito difícil, apesar de ser um material relativamente barato.
    Tinha tomado conhecimento com os azulejos colocados na casa do Luís, que lhe dão um ar confortável e bonito, sem lhe conferirem uma carga de casa palaciana, pois é por demais pequena para que tal suceda.

    Assim, aquilo que era inicialmente ter uma casa de aldeia, já se desvanece, e são as coisas que passaram a possuir uma vida independente, orientando o efeito geral numa direção diferente da que pretendia.
    Não que me desagrade, antes pelo contrário, a beleza existe para ser fruida, e eu, como epicurista, sou positivamente influenciado por estes interiores, para lá de reconhecer a beleza que existe na combinação destas peças com acabamentos que gosto e respeito, por serem vernáculos e orgânicos, mas que não era o objetivo inicial, não era de todo.
    Claro que também não exercerei grande pressão neste ou noutro sentido, se as direções tomadas forem consentâneas com aquilo em que acredito ... basta deixar andar.
    Agradeço muito os comentários, pois levam-me a confirmar que não vou em direções erradas, mas muitas vezes têm sido coisas mostradas por vós que me levaram a optar por esta ou aquela opção.
    A casa do Joaquim Malvar tem exercido grande fascínio sobre mim, as peças que a Maria Andrade ou a Maria Paula mostram, levam-me muitas vezes a adquirir este ou aquele objeto, os azulejos que o Fábio vai, paulatinamente e de forma fantástica, exibindo no seu blog deixam-me ver a melhor forma de utilizar este ou aquele padrão.
    Todos vós sois influências, filtradas pelas minhas possibilidades e gosto.
    Por isso também vos agradeço as influências que vão deixando a sua marca.
    E ao Luís um bem haja, e agradeço a tua paciência para ir trabalhando e aguentando o meu mau humor quando as coisas não correm a contento; muito do que se faz é graças a ti, pois, doutra forma, não sei se o faria, porquanto é necessário ter coragem para tomar algumas medidas.
    Manel

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  11. Nesta tua casa estamos a usar o fruto das experiências com azulejos feitas há uns cinco ou 7 anos na minha casa. Os primeiros que coloquei foram azulejos soltos para tapar rachas. Depois passei a colocar restos de paineis que encontrei no lixo. Só no final é que procurei colocar paineis completos com cercadura, cantos e azulejos para encher. Como a minha casa é muito pequena, consegui desta maneira uns apontamentos azulejares aqui e acolá, como que casinha de bonecas a brincar aos palácios.

    Na tua casa, estamos a colocar paineis a séria, com azulejos marmoreados na base, azulejos azuis e brancos em cima e respectivos cantos. Os resultados são também mais coerentes e consegue-se um certo ar palaciano, apesar de ser uma casa rural. Mas, o mérito dos azulejos portugueses, também é esse, transformar espaços arquitectónicos pobres em ambientes requintados.

    Abraço

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  12. E o resultado é o que se vê :muito bonito ,sem dúvida alguma .Muito obrigado por no-los mostrar assim como às belas peças que aí se encontram
    Um abraço

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  13. Quina

    Muito obrigado. Um pouco de beleza faz bem a todos nesta época de crise.

    Um abraço

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  14. Luís e primo Tó.... vcs estão de parabéns... ficou lindo!!!!!

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  15. Cara Regina

    Que prazer revê-la ainda que seja só na internet. Muito obrigado e um beijo para si

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  16. Luis
    Sem duvida a casa do Manel está uma beleza
    Diria mesmo um palacete de sonho de qualquer dama que adore antiguidades
    Eu por exemplo
    Claro que o Manel adora desfrutar desse ambiente de sonho
    O Luis sem duvida é um amigo com A grande
    Admiro a vossa parceria
    Coisa dificil de encontrar nos dias de hoje
    Onde as amizades têm sempre certos interesses
    Como a vossa...uma benção,sem duvida
    Um abraço bem forte para estes dois excelentes Amigos

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  17. Cara Grace

    Que palavras simpáticas. Na verdade é um prazer ajudar o Manel nestes trabalhos com azulejos antigos. Tocar e mexer em azulejos com 250 anos tem um certo sabor de viagem no tempo.

    Um abraço

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  18. Caro Luis

    Creio que os azulejos aplicados devem ter como suporte uma massa especial, talvez simples...mas desejaria a informação de qual a composição da argamassa que utilizaram para aplicação dos mesmos. Já vi pessoas aplicarem cimento e arrepiei os dentes quando vi o trabalho feito, principalmente com azulejos antigos, acredito que no vosso caso não foi cimento.
    antecipadamente grato pela informação.
    Um abraço
    Vitor

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  19. Caro Vítor

    Usámos massa de retocar paredes para colar os azulejos, embora o mais recomendável seja a cal hidráulica misturada com areia, que era o que se usava no tempo em que os azulejos foram fabricados no passado.

    O problema é que só vendem cal hidraulica em pacotes de 25 Kgs, o que para pequenas aplicações é muito.

    Um abraço

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  20. Outro dos problemas ao aplicar a cal hidráulica é que esta misturada com o cimento fica com uma cor acinzentada, como cimento, o que implica posterior aplicação de tinta ou cal.
    Por outro lado, a mistura de estuque que utilizo, após secagem, fica branca, da cor da cal de base, dispensando a tal pintura.
    Claro que, quando se aplica azulejo em exterior, a cal hidráulica é preferível ao estuque, o qual resiste mal às intempéries.
    No interior, optei por esta solução que, até ao momento, se tem revelado satisfatória, pois, se se quiser, o azulejo poderá voltar a ser retirado das paredes e limpa-se com facilidade. Quando der conta que tal solução não é a melhor, optarei por outra, que considere como tal.
    Agora, cimento para aplicar este tipo de azulejo seria suicídio puro, para além de vandalismo para com este material tão nobre e frágil.
    Manel

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  21. Caro Luis e Manel

    Agradeço o vosso esclarecimento. Por vezes não faço determinados trabalhos porque tenho receio de os fazer e para mau restauro, é melhor deixar como está.....a ignorância é uma limitação muito grande...nada como aprender sempre....é uma libertação... Obrigado mais uma vez...
    Um abraço
    Vitor Pires

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  22. Luís, parabéns , os azulejos ficaram fantásticos dessa maneira . Pena no Brasil não ser tão fácil encontrar..

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