quinta-feira, 8 de maio de 2014

Verão nos azulejos de Lisboa


Os azulejos de Lisboa são sempre surpreendentes. Se andarmos com os olhos abertos, descobrimos pequenas surpresas como estes dois prédios duma rua qualquer, ali perto da Imprensa Nacional. Os azulejos em si não são nada especial. Se os visse no chão da Feira-da-Ladra nem olhava para eles. São simples azulejos amarelos e azuis a formar um xadrez. O único luxo são as cercaduras a rodear as cantarias, que dão o enquadramento arquitectónico. 

Estes simples azulejos transformaram um edifício banal, num conjunto vibrante de cor, que nos faz duvidar daquele velho chavão, que afirma que somos um povo triste. Este prédio talvez simbolize a alegria e o despertar dos sentidos que a aproximação do Verão nos faz sentir, pelos menos a nós, os que vivemos nas zonas velhas e podemos ver o Tejo todos os dias.

18 comentários:

  1. Luís
    O Verão chegou ás fachadas de Lisboa. as cores que apresenta conjugam lindamente com os tons luminosos de Lisboa, lembrando o azul do mar e o amarelo dos malmequeres.
    if

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    1. Cara If

      Achei que estes azulejos do século XIX, tão simples, mas tão eficazes na sua capacidade de transformar dois prédios banais em qualquer coisa de vibrante, representam bem a alegria e a cor de Lisboa

      Um abraço

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  2. Olá Luís,

    Estas suas fotos trouxeram-me à lembrança os quadros da infelizmente desaparecida Maluda. Muita cor, luz e geometria.
    A cidade de Lisboa está pejada de lindas fachadas, umas, tal como as que aqui apresenta, revestidas de azulejo, outras com belíssimos ferros forjados, platibandas, etc.
    Pena é, que não existam por aí muitos olhos de artista como é o caso do Luís que vê não só o óbvio, mas também os mais pequenos pormenores.
    Provavelmente haverá aqueles que pensarão que isto são apreciações de "poetas", ou talvez considerem que estes azulejos são meras "quinquilharias"...

    Um abraço, e um bom fim de semana com muito Sol!

    Alexandra Roldão

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    1. Alexandra

      É verdade! Associação com a pintura de Maluda faz sentido. Nem tinha pensado nisso, embora há uns dias tivesse andado a rever a sua fase das janelas.

      Maluda compreendeu bem as geometrias e a luz de Lisboa e soube-as passar à pintura. Aliás tornou-se uma das pintoras mais populares e imitada de sempre.

      Bjos

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  3. médica percebeu a minha incredibilidade , riu-se e disse-me que quando recebem colegas estrangeiros ficam todos maravilhados com a nossa azulejaria, só nós é que não valorizamos o que temos.
    E Luís, permita-me que o trate assim, viver e acordar num dos bairros típicos de Lisboa e ainda por cima com o privilégio de chegar à janela e ver o Tejo, não é para qualquer um. Ainda hoje passeava pelo Jardim do Campo Mártires da Pátria olhava para aqueles belos prédios e comentava que viver num canto assim apesar da confusão, ainda deve ser um privilégio.,,
    Abraço
    Ana Silva

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    1. Cara Ana

      Vivo perto do Campo Mártires da Pátria e vou lá muitas vezes fazer ginástica. Mas, confesso que adoraria viver mesmo nessa praça com vista para aquele jardim e também com vistas para o Castelo, o rio, a Baixa ou a Av. da Liberdade.

      Em todo o caso, Não me posso queixar. Vivo nessa encosta e das traseiras, vejo o Castelo, a Graça e a Senhora do Monte. Na frente, se assomar à janela vejo o Tejo e um dos Torreões do Terreiro do Paço.

      Um abraço

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  4. Luís,
    Costumo andar sempre a olhar para o ar e para tudo o que me circunda. Por vezes não vejo o que é necessário, como o chão que piso. De forma que tenho visto azulejaria em prédios antigos de Lisboa que me alegram. Estes tiveram o mesmo condão.
    Obrigada pela luz deste registo. :))
    Boa tarde.

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    1. Ana

      Houve uma altura que andava sempre de máquina fotográfica na mochila, de modo que cada vez que via uma fachada gira, como esta, tirava umas quantas fotos. Agora deixei de ter esse hábito e tenho perdido a oportunidade de registar azulejos de fachada espantosos ou portas de prédios antigos, que também adoro. Aliás já publiquei aqui no blog umas quantas fotos de portas, que encontrei por mero acaso a deambular nas ruas.

      Ainda bem que gostou da luz deste registo. A arte afinal pode proporcionar a alegria de viver.

      Um abraço

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  5. Caro Luís
    Não restam dúvidas. Somos únicos em questões de azulejaria. Como é que, com tão pouco fazemos tanto? Quase que me atrevo a dizer que está inscrito nos nossos genes:) e esta solução tão simples, mas tão eficaz é capaza de ser prova disso (brinco, claro). Está lindo o conjunto dos dois prédios. Um pormenor de que gosto muito é o das persianas enroladas ainda artesanalmente. Serão ainda de tabuinhas?
    Bjs

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    1. Maria Paula

      Concordo consigo. Estes azulejos provam que com pouco se consegue fazer muito.

      Estas persianas não são muito antigas. Talvez dos anos vinte ou trinta do século XX. Mas no rés-do-chão as janelas tinham aquelas portadas com ripinhas, que cobrem só metade da janela. Mas tive que as cortar da imagem, por causa dos automóveis, que estragam sempre uma boa parte das fotografias tiradas em meios urbanos. Piores que carros só mesmo os fios eléctricos e os cabos de televisão e telefone.

      Bjos

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  6. É bem verdade, se visse estes azulejos no chão de uma qualquer feira de velharias nem sequer os olharia duas vezes.
    A fantástica versatilidade da transformação destes material de revestimento reside no seu conjunto e no pormenor posto na sua aplicação, com aqueles frisos que contornam os vãos.
    Transformam-se como que por magia.
    Como disse um arquiteto famoso, Mies van der Rohe, "God is in the detail". Creio que ele parafraseava outros antes dele, pois esta frase parece ter sido usada por outros antes dele, como o caso desse romancista de que muito gosto, Flaubert.
    Nos azulejos, como em muitas outras coisas, é neste preciosismo que reside a beleza de materiais e coisas que, doutra forma, seriam anónimos e sem sabor.
    Viva a azueljaria que, neste momento, já conta com vários adeptos entre este grupo de bloguistas (blogueiros, em honra do Fábio).
    Manel

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    1. Manel

      É bem verdade. Aquele friso tão simples enquadra os azulejos na arquitectura do edifício, mais, parece proporcionar uma sensação de visual de relevo.

      Este conjunto de azulejos e respectivo friso é quase uma lição viva de como se devem aplicar os azulejos num espaço.

      Um abraço

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  7. Ao ver estas fachadas, tive a sensação que o Luís já tinha mostrado algo de semelhante. Quando pude fui procurar e encontrei a torre da igreja de Fronteira. A combinação é a mesma e o efeito também resulta muito bem, no contraste de cores lisas.
    Aqui o amarelo torna o conjunto mais vibrante, mais solar, e depois há aquele requintezinho dos frisos a acrescentar encanto e arte.
    É bem verdade que as ruas das nossas cidades, andando nós atentos, nos podem proporcionar a fruição de muitas belezas. E por essa Lisboa há realmente muito à escolha...
    Beijos

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    1. Maria Andrade

      Não há dúvida que é uma boa observadora. A si nada lhe escapa.

      É verdade, os azulejos do pináculo da Torre em Fronteira tem a mesma simplicidade e eficácia decorativa destes. Aliás há pouco tempo, vi em Vila Viçosa uma torre semelhante só com um xadrez em verde e branco.

      Tenho uma paixão por estes azulejos em xadrez. Um dia, gostaria de ter uma cozinha decorada com azulejos azuis e brancos. Os da cozinha da minha casa são feios como tudo, são daqueles grandes a imitar mármore, tipo Porcelanosa. Mas, quando comprei a casa tinha muito pouco dinheiro e agora não vou partir tudo, embora vontade não me falte.

      Mas se um dia comprar uma casa maior hei-de mandar pôr azulejos em xadrez com um friso a emoldurar os painéis.

      bjos

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  8. Bom dia
    adorei o seu blog eu tambem gosto muito de velharias, são coisas que nos trazem á memoria a vida passada, bons e maus momentos, peças que relatam a historia do mundo que nos rodeia e da capacidade do homem em criar coisas belas.
    tenho tambem algumas peças que gostaria de lhe mostrar e se possivel até me ajudar a identificar uma passadeira que tenho que comprei por tres euros, está assinada nas costas e tem uma numeração é em dourado e veludo preto, disseram-me que era duma igreija dum palacete que entretanto a familia que o tinha faliu comprei em espanha numa feira de velharias.

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    1. Cara ou Caro Carpe Diem

      Obrigado pelas palavras simpáticas. Tento sempre neste blog conjugar as peças apresentadas e as memórias que elas despertam de uma forma informal e de preferência agradável à leitura.

      Não sou especialista em têxteis, mas terei muito gosto em ver a passadeira que comprou em Espanha.

      Um abraço

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  9. Luis
    Quando li teu post me veio à mente esta canção:

    Céu Da Mouraria
    Madredeus

    Quando Lisboa acordar
    Do sono antigo que é seu,
    Hei-de ser eu a cantar,
    Que eu tenho um recado só meu.

    Céu da Mouraria... ouve,
    Vai chegar o dia novo!

    E o sol, das madrugadas todas,
    Névoa de um povo a sonhar,
    Os teus mistérios, Lisboa,
    São, as pombas que ainda há...
    Saudações d`além mar

    Edwin Fickel

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  10. Caro Edwin

    Muito obrigado pelo poema.

    Tenho um certo encantamento pela Mouraria, apesar do bairro estar muito estragado. Vejo a Mouraria da minha janela todos os dias e acredite que ouvir um fado da Amália com esta vista é uma sensação muito forte.

    Embora não esteja na Mouraria, este prédio representa muito da cor e do encanto da velha Lisboa.

    Um abraço

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