quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Uma menina holandesa: figurinha em biscuit da Gebrüder Heubach


Há muito que não escrevia nada no blog. Mudei de casa no passado dia 29 de Agosto e como sou colecionador de velharias, foi uma mudança épica. Passei todo o mês de Agosto a embalar tarecos, de seguida, ao longo de Setembro e Outubro a desencaixotar, escolher novos locais e a pendurar e assim continuarei por mais uns tempos. Pelo caminho mandei fazer obras e ainda houve que lidar com toda a papelada, que uma mudança implica, de que não me apetece sequer referir, pois este é um blog de memórias e velharias e não um movimento cívico de cidadania. Mas, estou numa casa bastante maior, num bom sítio, com metro a 5 minutos a pé e estaciono o carro à frente de casa. Numa palavra, sobrevivi e estou bem.



Para me recompensar de todo este esforço, ao longo do qual perdi quatro ou cinco quilos, comprei on line uma figurinha de biscuit, uma menina holandesa. Apesar de na página de internet onde a encontrei não haver referência a marcas nem fotografias destas, percebi logo pela rosto da menina que só podia ser da Heubach, essa fábrica alemã da Turíngia, que celebrizou pela graça e qualidade das suas figurinhas de biscuit, mas também pelas bonecas para as meninas brincarem e que tanto umas como outras são hoje em dia disputadas pelos colecionadores. Com efeito, tenho um piano baby desta marca, que tem exactamente a mesma carinha laroca desta menina.

O meu piano baby da Gebrüder Heubach


No momento da transação, quando desembrulhei a peça e observei-lhe as costas, percebi que não me tinha enganado e lá estava a marca incisa com os raios de Sol usada pela Gebrüder Heubach.

A marca foi usada pela Heubach entre 1882 e 1915,



O passo seguinte foi procurar mais informações sobre esta menina em biscuit na internet, já que não disponho de bibliografia sobre o assunto. A marca foi usada pela Heubach entre 1882 e 1915, mas na maioria das páginas, que consultei atribuem estas figurinhas a um período que vai entre 1900 a 1910. Esta menina holandesa foi fabricada em diversas variantes, uma, como esta que comprei, sentada com um par de baldes, uma outra versão com dois cestos e outra ainda sem nada nos lados, mas também sentada. Igualmente tinha o seu par, um menino holandês, também ele com diversos tipos de recipientes em cada lado. Foram também produzidas em vários tamanhos e ainda em porcelana, o que desconhecia, porque acreditava que a firma anteriormente referida se tinha especializado nas figuras de biscuit.






Como referi anteriormente, a Gebrüder Heubach estava localizada no Sul da Alemanha, na Turíngia, mais exactamente em Lichte, um centro de produção de porcelana muito activo, onde funcionava uma escola de artes, na qual as fábricas de cerâmica recrutavam muito artistas, o que explica a qualidade destas figurinhas. Tenho até o palpite que quem concebeu o meu piano baby e esta holandesa foi o mesmo artista. Mas pesquisar em sites alemães é complicado e não tenho acesso à bibliografia sobre o assunto para emitir grandes opiniões. Uma senhora alemã, Dagmar Lekebusch publicou até uma monografia sobre o assunto Gebrüder Heubach: ein thüringischer Porzellanbetrieb und seine Figuren im Wandel der Zeiten (1843-1938), onde fez um levantamento dos artistas que colaboraram nesta fábrica e dedicou um capítulo só para as figurinhas holandesas, mas infelizmente só índice da obra se encontra on-line.


Esta figurinha de menina holandesa foi fabricada pela Gebrüder Heubach mais ou menos entre 1900-1910 e deve ter estado muito protegida, ao longo dos seus 120 anos de existência, pois não tem uma única falha, um dedo quebrado, vestígios de colagens ou uma racha, como é habitual nestas peças. Estaria numa vitrina, bem fechada, fora do alcance das crianças, para as quais estas figurinhas, pareceriam brinquedos preciosos muito apetecidos para tocar, mexer e inventar histórias com elas. Felizmente, há muito que deixei de ser criança e posso pega-las e admira-las.




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5 comentários:

  1. Olá, meu primo distante mas sempre próximo pelas boas recordações que o nosso "mesmo sangue transmontano" alimenta.

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    1. (Bato-me mal com esta tecnologia, calculo que não vais receber nada... tento continuar a falar contigo ).
      Ora bem

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  2. Ora bem, antes de mais, obrigada por voltares com o "ar fresco" dos teus blogs. Assim , qto à primeira parte, congratulo-me por te saber tão bem instalado;

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  3. a tua fairy land expandiu-se, tem o espaço que merecia, o teu regozijo deve ser enorme e imagino-te a RE-DESCOBRIR OS TEUS PRÓPRIOS TESOUROS com mais emoção ainda do que quando os "filaste" nas
    buscas incessantes que nos descreves!
    Quanto à segunda parte, i.é o "miolo do blog" lamento não ter "pedalada" para te acompanhar, oferecendo teorias ou hipóteses diferentes para as tuas conclusões ,classificações, datações, etc.
    Limito-me a ficar aprendendo...aprendendo...aprendendo !!
    Bem hajas por isso !
    Um beijo da B.

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  4. Bem vindo de regresso.
    Tem sido uma tarefa insana, é verdade, mas era necessário levá-la a cabo, mais cedo ou mais tarde.
    Ainda bem que tudo correu bem, não obstante a canseira e trabalheira que tens tido.
    E estás bem instalado, e num espaço onde podes mostrar os teus tesouros de forma muito mais desafogada.

    Estas peças são sempre tão delicadas e frágeis, que fico sempre admirado quando chegam até nós em perfeito estado, sobrevivendo a desastres, mãos descuidadas, serviçais, terramotos e movimentos bruscos. É um milagre!
    E a pintura é fantástica, delicada e cheia de nuances, que mal se percebem, mas que conferem beleza à peça.
    Manel

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