segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Gravuras de Gabriel Huquier (1695-1772)


Na Feira-da-Ladra comprei três belas gravuras do século XVIII, da responsabilidade de Gabriel Huquier (1695-1772). Este senhor francês foi simultaneamente um impressor, um desenhador, um livreiro e um coleccionador de arte, que se distinguiu pelas gravuras de ornamentos de gosto rocaille. Passou para gravura as obras de vários pintores famosos do século XVIII, com particular destaque para Watteau.
Huquier por Jean-Baptiste Perronneau.

Estas 3 gravuras fizeram parte de um livro, ou talvez melhor ainda dum álbum de gravuras, do qual eu tenho o frontispício e cujo título é o seguinte Nouveau Livre de Serurerie Contenant soixante planches Remplies de plusieurs pensées Pour tous les differents ouvrages qui S'y éxécutent / Inventé Gravé et mis au jour Par Huquier. A obra assumia-se como uma espécie de catálogo de bons exemplos, para quem quisesse mandar fazer uma balaustrada em ferro para uma imponente escadaria, um portão de palácio, o balcão duma elegante casa burguesa de cidade ou ainda um candelabro em bronze. Estávamos na época em que Paris era considerada a capital do bom gosto e livros como este eram vendidos para toda a Europa, desde St. Peterburgo a Lisboa, para que todos pudessem copiar as últimas modas francesas.
O frontíspicio

A obra estava distribuía-se por 60 pranchas, que estavam agrupadas em 10 letras, cada qual correspondendo aos diferentes trabalhos em ferro forjado. Quase todos os desenhos são da autoria de Huquier. Por acaso, a minha 3ª gravura, o desenho da grade da escada é assinado de um tal Jean Mansare, do qual não encontrei nenhuma referência.

Embora não tenha data, pensa-se que obra tenha sido publicada entre 1738-1761, pois as gravuras, estão dadas como impressas em Paris, umas na sua morada a partir de 1738, Rue de S. Jacques au coin de celle des Mathurinse e outras na Rue des Mathurins, local onde veio a encerrar o seu negócio em 1761.
Encontrei na Royal Academy of Arts de Londres o registo bibliográfico da obra, o que me permitiu identificar correctamente estas gravuras

Este Nouveau Livre de Serurerie deve ter sido um álbum de gravuras lindíssimo, mas é mais menos prática corrente, entre os alfarrabistas desfazerem estas colecções e venderem as estampas à peça, pois fazem muito mais dinheiro desta forma.

2 comentários:

  1. Entre as que tu e eu comprámos deste volume acabámos por perfazer 1/6 do conteúdo do livro.
    Uma obra que, se fosse vendida num todo, não teria alcançado nem um centésimo daquilo que presentemente está a render (ainda estão lá, disponíveis, para cima de uma dezena de gravuras!).
    Quanto á sua execução as fotos podem atestar da sua beleza e limpeza de traçado (para não mencionar a utilidade que este tipo de obra teria na educação do gosto da época), apesar de, devo reconhecer, não serem nada de extraordinário (e uso como termo de comparação a exposição de desenhos franceses do século XVIII, que esteve patente há poucos anos atrás na Gulbenkian sob o título de "Conceber as Artes Decorativas").
    Manel

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  2. Manel
    As obras patentes nessa exposição eram o "creme de lá creme" das artes decorativas francesas e enfim, as nossas gravuras são apenas peças medianas, que as nossas magras economias nos permitiram comprar

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