Muitas gravuras com santos eram aguareladas, num momento posterior à sua compra, creio eu, embora nunca tenha encontrado nenhuma referência a esse assunto nas minhas leituras. Gosto do resultado ingénuo que essas cores emprestam às obras. Por exemplo, este S. Caetano Thienus tem um colorido muito bonito, que a moldura a folha de ouro ainda realça mais.
Houve um período da minha vida, há cerca de 12 anos, em que dispunha de mais tempo livre, que me dediquei a fazer pastiches de registos de santos. Usava papel antigo que encontrava na biblioteca onde trabalhava, copiava a moldura de um registo e desenhava-lhe por dentro outro santo, copiado de outra gravura qualquer ou de algum quadro, de que gostava mais. Por vezes dava-lhe também uma aguarela por cima.
Esta Santa Úrsula é um dos meus trabalhos mais conseguidos. O papel é antigo, a moldura que enquadra o desenho foi copiada do frontispício de um livro do século XVIII, a santa decalcada de um quadro do Zurbaran, um dos melhores pintores de tecidos de sempre, a grinalda de flores foi roubada de um óleo da Josefa de Óbidos e os vasos de barros tiveram como modelo, uma peça que eu e a minha ex-mulher tinhamos comprado em Alcobaça, numa casa de velharias. Já muito recentemente, arranjei-lhe esta moldura dourada na feira-da-ladra e pus-lhe um fundo em damasco vermelho, que sobrou da estofagem do cadeirão e tamboretes da minha avô. Gosto do resultado com ar eclesiástico da obra, que animou a minha cozinha, que tem aqueles azulejos pindéricos, grandes, a imitar os porcelanosa da Isabel Presley
Sta. Cacilda de Francisco Zurbaran, o genial pintor de tecidos (Museu do Prado)
Hummm, estás a contar demasiados segredos da profissão às pessoas, não sei se será boa ideia!
ResponderEliminarMas que o efeito é bonito, isso é indiscutível, pelo menos para o meu gosto
Manel
Hello Luís ,também gosto....
ResponderEliminarsobretudo do fundo....lembra-me as técnicas do cut up....
abração!!!!
João Paulo Levezinho