a minha chávena |
Recentemente assisti a uma comunicação no Congresso Internacional de Faiança Portuguesa, realizada no Museu Nacional de Arte Antiga, em 2013, proferida por uma arqueóloga, Laura Cristina Peixoto de Sousa, sobre as escavações feitas nos antigos terrenos da fábrica de Santo António de Vale da Piedade, em Gaia. Embora, fosse uma palestra breve, pelo texto e pelas imagens dos objectos desenterrados apercebi-me logo que aquele trabalho ia mudar muita coisa no conhecimento da faiança portuguesa do século XIX, em particular nas produções de Gaia e do Porto.
Foto retirada de A Fábrica de Louça de Santo António de Vale de Piedade, em Gaia: arquitetura, espaços e produção semi-industrial oitocentista / Laura Cristina Peixoto de Sousa |
De facto dos milhares de objectos exumados pela equipa de arqueólogos de que fez parte Laura Cristina Peixoto de Sousa, abundavam peças de cantão popular, decorações tipo País, muita louça colorida, que tradicionalmente se atribuiu a Fervença ou Bandeira e ainda azulejos e mais azulejos, que ainda hoje se vêem nos prédios do Porto e que se diz serem Massarelos ou Miragaia. As próprias instalações da fábrica não se situavam naquele prédio bonito, que está hoje em ruínas, mas sim numa série de construções nas suas traseiras e que foram demolidas nos finais dos anos 40. O prédio bonito cheio de azulejos, que o Gastão Brito e Silva, já mostrou no ruinarte serviu como escritório ou casa de habitação dos patrões ou proprietários da fábrica.
Foto retirada de A Fábrica de Louça de Santo António de Vale de Piedade, em Gaia: arquitetura, espaços e produção semi-industrial oitocentista / Laura Cristina Peixoto de Sousa |
No entanto, apesar dos apontamentos que tirei furiosamente na comunicação, as actas do congresso nunca mais eram publicada e eu a ferver, sabendo que alguns dos cacos mostrados nas fotografias eram iguais a peças que eu conhecia. Fui estando atento, fazendo pesquisas na net, até que descobri, que existia on line uma tese de mestrado em arqueologia de Laura Cristina Peixoto de Sousa, intitulada A Fábrica de Louça de Santo António de Vale de Piedade, em Gaia: arquitetura, espaços e produção semi-industrial oitocentista.
A referida tese continha de uma forma desenvolvida os relatórios e fotos dos trabalhos arqueológicos. Para resumir a coisa, entre 2007 e 2010 fizeram-se trabalhos arqueológicos, numa das zonas da fábrica, um antigo tanque para preparação da argila, que terá sido atulhado mais ou menos entre 1846-1848, pelos funcionários da fábrica com cacos, louça inutilizada e toda uma série de desperdícios. Segundo um contrato encontrado no Arquivo Distrital do Porto este tanque provocava infiltrações de água, nuns armazéns do proprietário do terreno, Joaquim Augusto Kopke e o arrendatário da fábrica, João de Araújo Lima, comprometia-se a destruir o referido tanque. O documento data de 1846 e portanto é natural, que em 1848, já as obras de atulhamento do referido tanque já estivessem concluídas. Tudo isto serve para dizer que todos os cacos exumados são anteriores a 1848.
Foto retirada de A Fábrica de Louça de Santo António de Vale de Piedade, em Gaia: arquitetura, espaços e produção semi-industrial oitocentista / Laura Cristina Peixoto de Sousa |
Um dos caquinhos, que foi trazido à luz pelas escavações é o fragmento de uma chávena, com uma decoração vegetalista com urna, que é igualzinha a uma que já apresentei aqui no blog. O Museu Nacional de Soares dos Reis tem um pires igual, que estava até agora estava atribuído a Viana.
Foto retirada de A Fábrica de Louça de Santo António de Vale de Piedade, em Gaia: arquitetura, espaços e produção semi-industrial oitocentista / Laura Cristina Peixoto de Sousa |
Portanto a minha chávena que eu suspeitava vagamente que fosse de Gaia ou Porto pode ser atribuída com segurança a Santo António de Vale da Piedade e a produção deste modelo terá começado ainda antes de 1848.
A minha chávena |
Boa-noite Luís,
ResponderEliminarFico muito contente que se tenha resolvido mais um mistério! Ainda bem que esse caquinho viu mais uma vez à luz do dia.
O Luís tem um sentido estético extremamente apurado, o que lhe permite fazer esses achados fabulosos!
Agora só falta encontrar o pires, e fazer figas para que o vendedor não saiba o valor da peça que tem nas mãos... ;)
Quanto a mim, cá ando por terras de Abrantes/Sardoal. Na próximo dia 7 realiza-se mais uma feira de velharias em Abrantes. A última a que fui,antes do Natal, estava para o fracote. O frio que se fazia sentir fez debandar vendedores e compradores. Mesmo assim, ainda consegui comprar uma terrina toda pintada à mão que, embora não seja antiga (anos 80) tem uma pintura espectacular pela qual me apaixonei. O preço foi irrisório!
Um abraço amigo para si, para o seu amigo Manel, e continuação de boas compras
Alexandra Roldão
Alexandra
EliminarMuito obrigado pelo seu comentário.
Os melhores dias para comprar coisas baratas nas feiras de velharias é quando faz muito frio e chuvisca. Os feirantes estão enregelados e querem fazer algum dinheiro e irem-se embora e portanto fazem preços estupendos. Os dias de Verão cheios de Sol, quando a turistada invade as feiras são os piores. Nessas alturas qualquer chávena ranhosa é logo muito antiga, do século XVIII, pombalina ou de Miragaia e pedem um horror por ela.
Julgo que a Maria Andrade tem o pires desta chávena e deve estar toda contente porque conseguiu agora também identificar a peça. Aliás na tese de Laura Cristina Peixoto de Sousa, o blog da Maria Andrade é citado, pois apresenta uma marca inédita desta fábrica.
Bjos
Fascinante, como consegue seguir essas pistas e contar a história de uma chávena. Muito bonita, por sinal. :)
ResponderEliminarLuisa
EliminarDigamos que andava já de olho nos trabalhos desta arqueóloga e quando a sua tese foi publicada lancei-me sobre ela, porque já sabia de antemão que muitos dos cacos exumados eram iguais a peças que tem sido mostradas nestes blogues de velharias. Foi mais uma questão de imprimir a tese e lê-la com o lápis na mão.
Um abraço
Olá,Luis
ResponderEliminarCom muito atraso passo a desejar um bom Ano para si e para o simpático Manel
Com tanto trabalho e problemas no computador,só agora consigo ter um pouco de descanso
A chávena é bonita e como sempre o Luis resolve os inigmas mais interessantes em relacão ás peças mais antigas
Beijinhos aos dois
Grace
Cara Grace
EliminarMuito obrigado pelos seus votos de um bom ano, que retribuo, apesar das gripes todas, que atacaram os participantes desta tertúlia virtual.
Para resolver estes enigmas, é preciso paciência, esperar e estar atento ao que se publica.
bjos
A paciência, o rigor e o estudo compensam!
ResponderEliminarFolgo que tenhas trazido aqui esta chávena de novo, agora sob nova luz, de acordo com os novos conhecimentos que se têm da proveniência da peça.
Anos atrás, na minha ingenuidade e inocência de novato (não que o não continue a ser, mas tento ser mais avisado), acreditava que existiam pessoas que sabiam a proveniência de uma peça não marcada só de a ter na mão, olhar para ela e ter-lhe passado pela mão muita outra faiança afim.
Claro que, e continuo de acordo, ajuda conhecer e ter visto muita coisa, saber muito sobre a história das fábricas, pois os pintores, que deveriam "saltitar" de uma para a outra de uma forma relativamente fácil, levavam consigo seguramente formas e padrões pictóricos, que aplicavam indiscriminadamente.
Após a falência de Miragaia muitos dos seus motivos e formas, assim como trabalhadores, e quiçá maquinaria, foram herdados por Sto, Ant. Vale da Piedade.
Por outro lado, a posse das fábricas estava sujeita a casamentos dentro da classe, que facilitava a união de produções, a alugueres das instalações a outros patrões (por exemplo, os donos de Miragaia alugaram as instalações quer de Massarelos quer de sto. Ant. Vale Piedade, ou ainda, mais ao centro do país, a fábrica que pertenceu a José dos Reis foi alugada a Manuel da Bernarda) e, claro, que as transações entre estes industriais, que acabavam por estar próximos, deixavam de tornar a produção de um fábrica única.
Ainda que não seja uma razão de peso, os entrepostos de venda, como o que se fez em meados do século XIX no Porto, junto às instalações de Miragaia, onde se congregavam as produções de várias fábricas, muitas delas concorrentes nos mesmos mercados, poderiam não só levar à sua divulgação, como posterior uniformização, se tal fosse necessário - como disse anteriormente, não creio que esta razão tenha muito peso, pois as fábricas deveriam estar perfeitamente ao corrente do que uma outra qualquer, concorrente, produzia!
Como resultado destes factores, percebo que hoje é muito difícil atribuir origens à faiança não marcada, a não ser indo à bruxa ou aos adivinhadores profissionais que, desgraçadamente, continuam a enxamear, quer a net, quer as nossas feiras, e que, se não fossem tão perigosos, dado conduzirem em erro pobres incautos (que, infelizmente, muitas vezes acabam por comprar gato por lebre), são absolutamente ridículos.
Eu próprio já fui vítima dum destes "Vates ceramólogos"! Mas quem me mandou a mim confiar? Quem me mandou a mim não procurar opinião mais avisada e fiável? "Erro meu, má fortuna ..." mas lá consegui colmatar a brecha, mas não foi fácil!
Cada vez penso que a resposta, a existir, reside, a par da pesquisa e estudo de literatura já produzida, comparação com peças de origem confirmada por fontes idóneas, por trabalho de campo com estudos arqueológicos, como foi este o caso desta investigadora, que deve ter tido um tempo e uma paciência infinitos, a julgar por tudo aquilo que já li e vi.
Este estudo é profundo, bastante rigoroso e é um dos caminhos mais interessantes que se podem seguir - eu pelo menos adoraria fazer este tipo de trabalho, confesso!
Sei que é um trabalho moroso, que leva um tempo sem fim, e que levanta mais questões do que oferece respostas, mas que é apaixonante por se saber que se lida com fontes com bases mais rigorosas.
Ainda bem que aqui trouxeste de novo esta tua peça, serviu para perceber o quão importante é o estudo arqueológico
Manel
Manel
EliminarOs trabalhos arqueológicos nas antigas fábricas de cerâmica são absolutamente essenciais para o conhecimento mais rigoroso da faiança portuguesa.
A tese desta senhora é particularmente interessante, pois não só apresenta muitas fotografias das peças exumadas, como traça a relação entre as várias fábricas do porto e Gaia, que é uma teia complexa, após a leitura da qual ficamos quase baralhados. Descreve também os vários pontos de venda que foi havendo na cidade do Porto e alguns deles chegaram a marcar as peças.
Esta tese confirma que de facto Santo António de Vale da Piedade fabricou o cantão popular, mas acrescenta aos nossos conhecimentos, que fabricou esse motivo decorativo em grandes quantidades e ainda antes de 1848.
Por outro lado, muita da louça colorida tradicionalmente atribuída a Fervença ou Bandeira, poderá ter saído da fábrica de Santo António de Vale da Piedade.
Enfim, é um trabalho muitíssimo interessante e aconselho a todos os que se interessam por faiança, a descarregar a tese desta senhora para os seus computadores pessoais, antes que desapareça da net.
Um abraço
Luís
ResponderEliminarPacientemente, vai desenredando a meada até chegar ao âmago da questão: a atribuição, com certeza, à produção de uma fábrica. A pouco e pouco, vão-se abrindo janelas e antevendo soluções para os enigmas que pareciam sem solução. A arqueologia tem sido de suprema importância para essas atribuições.
A sua chávena - linda pelo formato e pela riqueza das cores - tem, agora, uma genealogia - pertence à produção da Fábrica de Santo António do Vale da Piedade.
Um abraço
if
Ivete
EliminarNunca é de mais sublinhar a importância destes trabalhos arqueológicos nas antigas fábricas de faiança. Aliás, segundo esta tese, além de Miragaia, já houve ouras escavações na área do Porto e Gaia, mas os resultados não foram publicados. Já acrescentei no final do post, os links para esta teses, cuja leitura se recomenda. A segunda parte, que contem as imagens é não de pode perder.
Um abraço
Que felicidade de postagem! E obrigado pelos links da tese, que já baixei para desfrutar em breve.
ResponderEliminarParabéns pela paciência e perseverança, e mais que tudo, pela belezura de peça.
abraços e até muito breve.
Fábio
EliminarObrigado!!! Ontem não publiquei logo os links que permitem aceder a esta tese, porque já estava cansado e o segundo link não aparecia da barra de endereços quando se abria o documento.
No segundo link, que corresponde aos anexos da tese, aparecem muitas fotografias de azulejos encontrados nas escavações, o que te interessa a ti, pois um ou outro padrão poderás encontra-lo aí nas terras de Vera Cruz. Contudo, esta tese não é de azulejaria. Restringe-se à faiança. Segundo a autora refere, o tratamento da azulejaria ficará para uma segunda fase, pela qual nós aguardamos com ansiedade.
Um abraço
Caro Luis,
ResponderEliminarDeslumbrante! Sem duvida que foi uma descoberta fabulosa, para premiar um intenso e elevado trabalho de pesquisa comparativa de faianças.
Sem duvida, que o Luis nos trás sempre portagens espectaculares, que nos motiva ainda mais o gosto pelas faianças.
Parabéns! Mais " descobertas" desejam-se!
Jorge Gomes
Jorge
EliminarObrigado pelas palavras tão simpáticas.
O mérito de facto pertence a equipa de arqueólogos, da qual fez parte a senhora autora da tese, Laura Cristina Peixoto de Sousa.
Os resultados destes trabalhos são ouro para nós, os coleccionadores amadores.
Esta chávena será muito seguramente Santo António de Vale da Piedade. Claro, há uma margem de erro nesta atribuição, pois estas fábricas de Gaia e Porto copiavam-se umas às outras descaradamente e há sempre a hipótese de outra qualquer fábrica ter também produzido este motivo. Em todo o caso, é muito provável que esta atribuição que fiz esteja correcta.
um abraço
Luis
ResponderEliminarEscusado será dizer que fiquei encantada com as notícias e com as imagens deste seu poste e por saber que a sua beldade de faiança, agora tem origem atribuída com segurança.
Foi muito importante divulgar aqui este trabalho arqueológico de Laura Sousa, relatado numa obra séria e extensa que já fui "folhear" e que gostei de ver avaliada com 20 valores! Temos agora ali muita matéria para comparação de formas e decorações... e ainda faltam os azulejos!
Esta tese de mestrado fez-me lembrar o trabalho fantástico de Diana Santos, também da Universidade do Porto, teses de mestrado e de doutoramento, sobre azulejaria coimbrã. Felizmente têm vindo a aparecer estudos na área da cerâmica que vêm colmatar as lacunas que resultaram da falta de investimento e de interesse por estas coisas que se verificou no passado. São muito boas notícias para nós os entusiastas da azulejaria e da faiança popular antiga.
Tenho estado fora da Bairrada e muito ocupada, mas estou em pulgas para chegar a casa e comparar algumas peças minhas com motivos, cores e outras caraterísticas de alguns dos fragmentos fotografados no vol. III.
Bem que gostava, mas infelizmente não tenho nenhum pires igual à sua chávena... :(
Foi uma ótima surpresa este seu poste! A persistência compensou-o... a si e a nós todos.
Beijos
Esqueci-me de dizer que também foi uma ótima surpresa ver o "Arte, livros e velharias" referido nesta obra de Laura Sousa. Mas tudo se deve ao entusiasmo pela faiança que temos partilhado neste grupo e à generosa colaboração de um colecionador, como foi o caso da marca SAVP que partilhei no blogue e agora consta da obra.
ResponderEliminarMaria Clara
EliminarDevo ter confundido. Talvez tenha sido a Ivete que me mostrou em sua casa uma fotografia de um pires igual a esta chávena, que fotografou num antiquário.
Os resultados destes trabalhos arqueológicos são fundamentais e segundo o que li nesta tese já se fizeram mais escavações em antigas fábricas do Porto e Gaia, mas é uma pena não serem publicados, o ideal seria em livro, mas se fosse na internet já era muito bom.
Eu também ainda não acabei de esquadrinhar os anexos com as fotografias, mas mais comparações são possíveis de agora em diante.
Achei muita graça no capítulo das marcas encontrar referência ao seu blog. Só mostra que é uma página com informações fiáveis.
Bjos
Luis,
ResponderEliminarPeço licença para um devaneio:
Olhando esta sua Xícara veio-me junto o meu grande Prato do Galo.
Vejo o verde e o alaranjado das bordas com alguma semelhança, mesmo nas pinceladas.
Mas para além do devaneio de um pobre ajuntador de velharias até Você (outros queridos também) aventou para meu querido prato esta possibilidade junto às demais, todas muito boas.
Mas SAVP soa tão bem aos ouvidos...
Agora o toco com mais carinho e quero arrumar um suporte forte e que não fira o que foi tão preservado.
Que legal saber que há um pires que corresponde perfeitamente à sua Xícara devidamente catalogado (ainda que atribuído à outra fábrica) .E que pena que estejam separados.
Mas sua Xicrinha toda mimosa encontrou acolhida junto à terrina, igualmente bela e alegre.
Já tomou algum cafezinho nela? Seria pecado? Abuso? Penso que um cafezinho assim deve ter o sabor de tantos tempos, tantas histórias e da vida cheia de sentido que continua...
Depois voltarei aos comentários que certamente têm tão boas informações. Deveria fazer isto antes mas cada um tem seu jeito.
E pelo que vi, brevemente, é tão nobre quando se aprofunda, corrige ou muda um argumento ou ideia ante uma clara e precisa informação.
Um abraço.
ab
Amarildo
ResponderEliminarCom efeito tem toda a razão. Há um certo ar de família entre o prato que mostrou e esta chávena. Provavelmente foram as duas produzidas no século XIX em Gaia ou no Porto. Gaia é uma terra que fica do outro lado do rio Douro, em frente ao Porto. Por volta de meados do século XIX estava na moda fazer esta louça muito colorida e nesta zona muito industrial de Gaia e Porto houve muitas fábricas que a produziram. A dificuldade está em distinguir o que foi feito por uma fábrica e o que foi feito por outra, já que raramente se marcavam as peças. Por isso, os resultados das escavações arqueológicas são tão importantes, pois permitem fazer atribuições de fabrico com muito mais segurança.
Nunca usei a chávena. Lavei-a, encontrei-lhe um sítio ao lado de outra louça colorida, também fabricada em Gaia ou no Porto e deixei-a lá estar. Mas é um sítio onde a vejo todos os dias, quer de manhã, quer à noite. De certa forma uso-a com os olhos.
Um abraço
Talvez fosse interessante elucidar o Amarildo que a marca que se encontra escrita no pratinho, é uma hipótese de catalogação feita por Rafael Salinas Calado, que em tempos, esteve à frente do MNAA.
ResponderEliminarFoi um dos grandes estudiosos da cerâmica, conhecedor eminente no seu campo, mas, não possuindo todos os dados, e na ausência de uma marca, não se poderá ter a certeza de determinada atribuição.
Aqui, limitou-se a fazer uma hipótese de atribuição, que poderá, ou não, estar correta ... mas certeza não havia, como continua a não haver.
Daqui se depreende a dificuldade, e relativa falibilidade, em conseguir atribuir corretamente uma peça, por muito sabedor que se seja.
Manel
Manel
EliminarTens toda a razão. O Rafael Salinas Calado foi conservador da cerâmica no Museu Nacional de Arte Antiga e director do Museu Nacional do Azulejo e na época fez a atribuição a Viana com os elementos que dispunha. Mas, hoje temos os dados desta escavação arqueológica nos terrenos da antiga Fábrica de Santo António de Vale da Piedade, que permitiu um novo olhar sobre a faiança portuguesa de Porto e Gaia. Aliás, o conhecimento não é uma coisa estável, parada no tempo. Estão-se sempre a descobrir coisas novas e a rever os dados que pareciam certos há vinte ou trinta anos.
Um abraço