Eu sei que não estão na moda este tipo de peças vitorianas, com florinhas delicadas. Actualmente as pessoas preferem ir ao IKEA comprar tudo novo, detestam os móveis de estilo, que associam talvez a uma vida reprimida, que os avós ou os pais se sujeitaram. Julgo que em todas as gerações há a ilusão de que é possível ser-se inovador, rodeando-se apenas de coisas novas. Pessoalmente, acredito mais que as novas ideias são mais fruto da cultura, da reflexão do que dos mobiliário novinho em folha saído do IKEA ou duma dessas casas de Design do Bairro de Santos.
Mas hoje estou moralista, coisa que detesto. Prefiro falar mais uma vez no gosto e na simplicidade da porcelana que a Vista Alegre produziu no Século XIX. Esta grande bacia que o Manel comprou na Feira de Estremoz por um bom preço é um bom exemplo deste gosto delicado da Vista Alegre.
Apresenta a decoração que os coleccionadores designam familiarmente pelas Silvinhas e a marca, embora desvanecida, parece-me a que foi usada entre 1852-1869. Esta bacia formaria conjunto com um jarro e destinava-se a ser colocada num lavatório, como o que é apresentado na apresentado na fotografia, ou então num móvel com um tampo em mármore. Servia para as pessoas lavarem a cara e as mãos logo pela manhã e fazia parte dos objectos obrigatórios de um quarto no século XIX ou ainda do início do século XX, numa época em que não havia casas-de-banho ou água canalizada.
Parabéns ao Manel pela bela peça, e ao Luis por nos mostrá-la.
ResponderEliminarPessoas como nós não precisam ligar para moda ou tendências. Sabemos que todos os valores são passageiros, então escolhemos os que nos interesam mais, e não o que a indústria e o comércio obrigam.
E na verdade, nossa mania por velharias é muito mais "sustentável" (palavrinha do momento) do que trocar todos os móveis e utensílios a cada 5 anos, alimentando a voracidade de comerciantes e industriais.
abraços!
Engraçado
ResponderEliminarTenho um jarro e um penico iguaizinhos a essa bacia e tabém dois pratos de bolos e chavena
Coincidencias da vida
Sem tirar nem por! Olhar para uma peça com "good bones", que conhecemos em casa da avó, da tia solteirona, manter a peça em nossa casa, desfrutar dela e saber que poderá durar além da nossa efemera existência não se compara ao "prazer" imediato do móvel feito de aparas de madeira compactadas, em série, que encontramos em qualquer casa "modernaça" de pessoas que não gostam de "tralha velha", temos que respeitar o "Gout des autres" mas também gostamos que respeitem o nosso! Um beijo Luís e parabéns pela qualidade dos seus posts! Cíntia
ResponderEliminarPois é, Luís e Fábio, são estes os nossos encantos, apreciamos objetos com história e isso de certeza que não encontramos no Ikea!
ResponderEliminarÉ engraçado como nos vamos estimulando uns aos outros com a amostragem de peças nos nossos blogues. Eu ao ver aqui a bacia do Manel com um motivo de que gosto muito e sobre o qual também já fiz um post senti-me inspirada a retomá-lo... neste caso para o meu dia do chá internacional (LOL)
Nunca tinha visto uma bacia com este motivo e fica bem bonito assim em tamanho maior. Há anos também comprei uma bacia Vista Alegre, partida e gateada, com a marca “cegonha”. Um dia também há-de merecer destaque...
As fotos ficaram muito boas, a primeira tem um ótimo enquadramento, com o belo canapé em fundo restaurado pelo Manel.
Continuação de boas compras!
Abraços
Caro Fábio
ResponderEliminarTem toda a razão. Como diria a Chanel, "la mode se démode, le style jamais". E de facto, a Chanel, apesar de trabalhar na área do vestuário, viveu sempre indiferente aos modismos do momento e progressivamente apurou um estilo despojado, ao qual ainda hoje ninguém fica indiferente. Admiro muito a sua atitude face à moda e às evoluções súbitas do gosto.
Um abraço
Caro Anónimo
ResponderEliminarMuitas vezes dos grandes serviços ou conjuntos de toilette do séc. XIX restam-nos pequenos fragmentos, uma chávena aqui, um pires acolá ou um prato de sobremesa. Poucos serviços sobreviveram 100 ou 150 anos às vicissitudes do tempo.
Abraço
Cara Cíntia
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras sensatas. Concordo consigo. O tempo que uma peça já viu proporciona ao seu possuidor um prazer acrescido.
Abraços
Maria Andrade
ResponderEliminarO que realmente chama a atenção desta peça são as suas enormes dimensões. Lembro-me também de já ter visto chávenas e pratos com estas "silvinhas", mas nunca nada tão grande.
Quanto à fotografia procurei um cenário que sugerisse o século XIX e ao mesmo tempo a função original para a qual esta bacia foi destinada. Julgo que a peça ficou mais valorizada.
Beijos
Luís
ResponderEliminarFiquei surpreendida quando vi a bacia, decorada com estas delicadas rosinhas, pois sempre as associei aos serviços de chá, café ou jantar.Mas que fica muito bem, não restam dúvidas, aliás,a delicadeza das "silvinhas" ficam bem em qualquer tipo de peça.Parabéns ao Manel (um abraço para ele) que teve muito bom gosto na escolha.
Tal como a Maria Andrade diz, muitas vezes influenciamo-nos uns aos outros com os posts que vamos fazendo, ou não gostássemos nós das mesmas coisas, por isso acho interessante mostrar uma pequena leiteira que tenho decorada também com silvinhas, que não está marcada, e não me parece VA.
bjs
Nem tanto o gosto se influencia. Temos já uma propensão para esta ou aquela área. Talvez aqui estejamos a descobrir coisas novas uns com os outros, a aprofundar conhecimentos, a retirar ideias uns dos outros que reaproveitamos à nossa maneira.
ResponderEliminarBeijos
Olá Luís.
ResponderEliminarChego por último - já tudo foi dito e muito bem.
Admiro pessoas que adoram esta porcelana com esta decoração " Silvinhas"...eu gosto mas não amo...desculpem!
No entanto entendo a Vossa predileção de requinte e apurado bom gosto.
Mas que bem o Manel ao ter olho para a encontrar, na sua casa fica a condizer com outras peças postadas à tempos - estrangeiras, delicadas muito semelhantes.
Olhando o lavatório - peça que adoro - imaginei logo abaixo uma escarradeira da VA...ficava a matar para o meu gosto, claro..
Beijos
Isabel
Maria Isabel
ResponderEliminarNão precisa de se apoquentar por não partihar o gosto por este tipo de porcelanas muito oitocentistas. São gostos e estes não se discutem.
Bjos
Há bem pouco tempo, pedi a uma Sra. dona de uma casa de antiguidades para ver em casa de minha falecida sogra, algumas peças antigas e ver qual o valor mais ou menos justo para essas peças. Seleccionou algumas, sempre dizendo que não valiam nada e no fim deu-me 15 Euros. Hoje venho a saber que algumas delas tinham valor bem superior... é triste haver pessoas assim.
ResponderEliminarJulgo que os antiquários compram sempre por baixo preço, pois para viverem, precisam de fazer margens de lucro elevadas. Também é bem verdade que as velharias perderam muito do seu valor comercial com a crise.
ResponderEliminarPenso que quando se quer vender velharias é melhor fazê-lo na internet, nos sites de leilões e vendas on line. Pode consultar o preço de peças semehantes e no geral fazem-se melhores negócios.
Aqui nunca indico o preço das peças, embora sei que as pessoas apreciariam. Este blog não é comercial e também não me interessa que os gatunos fiquem a pensar que a minha casa tem preciocidades.
Um abraço e volte sempre
Ao menos esta má experiencia ensinou-me a dar mais valor às "coisas" dos nossos pais e avós. O que restou não vou vender (dar) mas tentar restaurar o que for possivel e dar-lhe alguma utilidade em minha casa....
ResponderEliminarObrigada