O coleccionismo de velharias é uma coisa fascinante porque à medida que vamos comprando, vamos aumentando a nossa cultura sobre as artes decorativas do passado. O reverso da medalha é que vamos tendo cada vez menos espaço nas nossas casas. Eu estou reduzido a comprar peças de pequenas dimensões, que caibam numa dúzia de centímetros livres na parede, como por exemplo esta pequena azeitoneira do século XIX.
É uma peça inglesa fabricada pela Copeland, uma firma inglesa que sucedeu à prestigiada Spode (ver post de 28 de Novembro de 2011 da Maria Andrade para perceber quem foi o Sr. Spode e que firmas continuaram o seu trabalho).
Este pickle dish terá sido fabricado depois de 1847, porque até essa data marcavam-se as peças com os nomes COPELAND & GARRETT e antes de 1867, pois nesse ano à Copeland acrescentou-se-lhe a expressão"& SONS. Em suma, este pickle dish ou azeitoneita pode ser datado com alguma segurança entre 1847 e 1867.
Depois de conseguir datar a azeitoneira, tentei descobrir como se chamava o padrão decorativo. Fiz umas pesquisas no google, combinando os termos Copeland Pottery e Fern e flowers e acabei por chegar lá. Encontrei um prato exactamente igual, datado de 1855 e com o nome do motivo decorativo identificado, o Fern pattern. Este padrão combinava os fetos com uma flor que também é muito popular em Portugal, as Campainhas, cujo nome científico é Convolvulus.
E com as campainhas me despeço.
Bem, Luís, já pode acrescentar como etiqueta “azeitoneiras” porque aos poucos está a reunir um conjunto muito bonito destas peças de faiança inglesa. :)
ResponderEliminarTenho no blogue um prato Copeland com este padrão, que eu conhecia como “Morning Glories & Fern”, só que na altura não lhe dei destaque porque o mostrei com outras peças Copeland, para ilustrar o “flow blue”, num post de 7 de Março de 2011. É um prato de bolo ou base de terrina e tem uma marca igual a esta.
É bem verdade que de cada vez que compramos uma peça diferente alargamos mais os nossos conhecimentos sobre estas artes, queremos sempre saber o máximo sobre aquele pequeno tesouro e outras coisas vêm por acréscimo. Comigo tem sido assim e pelos vistos consigo também.
Boa semana
Olá Luis,
ResponderEliminarBela peça! E parabéns pela pesquisa bem sucedida.
A questão do espaço é realmente um problema para "acumuladores" como nós. Já faz tempo que praticamente parei de comprar. Não comprava nada há mais de 6 meses, até que ontem achei num site de leilão um bule com modelo/decoração que há muito queria ter representado em minha coleção. Agora me falta uma sopeira deste mesmo model/decoração.
Há coisa de 3 semanas comecei um trabalho hercúleo de desmontar, limpar, colocar no meu banco de dados o que ainda não estava, e empacotar (sim, isso mesmo, tirar de vista!) a maior parte das peças. Na área de serviço e quarto de empregada já há várias caixas, e agora chamo estes locais de "reserva técnica da coleção" ;-)
Resolvi que não terei mais à mostra peças pequenas (xícaras, cremeiras, açucareiros, caixinhas, paliteiros, etc), a não ser nas cristaleiras. Nas estantes abertas, apenas sopeiras e bules, com travessas, bandejas e pratos como presentoir e na vertical, por trás das demais peças. Estou deixando mais espaço entre as peças. Meu objetivo é ter uma casa menos entulhadas, e estantes que se possa limpar com maior regularidade, sem o pavor de quebrar algo.
Em breve (não tão em breve assim, isso dá MUITO trabalho!) vou publicar o antes e depois.
abraços
Maria Andrade
ResponderEliminarNão fiquei com a certeza que o padrão se designasse "Fern". Nestas circunstâncias, penso sempre no nosso cavalinho de Sacavém, cujo nome oficial é Estátua. Morning glories é nome inglês das campainhas, ou melhor das Convolvulus. Portanto faz sentido que o padrão se designe ou seja conhecido por Morning Glories & Fern. Eu bem fui consultar o seu blog para redigir este texto, porque sabia que já tinha publicado sobre Spode e Copeland, mas escapou-se-me um dos posts.
De facto esta já é a terceira azeitoneira que compro e talvez mereça uma rubrica nova. Também vou ter que desviar as outras azeitoneiras para o lado, arranjar espaço para esta e voltar a pregar tudo na parede. Vamos lá ver se o conjunto fica bem.
Beijos
Fábio
ResponderEliminarMuito admiro a tua coragem. Esse trabalho é hercúleo. Eu não arranjo coragem para o fazer e a minha casa é muito pequena como bem sabes. Tenho também noção que as peças não respiram, não se valorizam porque há velharias e cacos por todo o lado. Por outro lado, não circuscrevo o coleccionismo à loiça, mas também estou sempre a comprar gravuras e desenhos antigos e de vez em quando uma ou outra imagem de arte sacra.
Toda esta loucura rouba espaço a livros, que são escondidos aqui e ali, a objectos utilitários e torna a tarefa de limpar o pó ou aspirar um empreendimento de loucos.
Abraços
Caro Luis,
EliminarA sua coleção está LONGE de ser o caos que a minha se tornou. Já estive em sua casa 2 vezes, e acho tudo muito harmonioso e agradável. Aqui já tinha virado uma "loja", com estantes e prateleiras para tudo que é lado.
Ano passado eu ja´tinha feito parte desta mudança de foco/uso da coleção, guardando tudo que não fosse realmente bonito ou significativo, que interessava apenas para estudo. Mas mesmo assim a bagunça continuou grande. Então, decidi que era hora de ser mais radical.
abraços!
Fábio
ResponderEliminarObrigado pelas palavras simpáticas.
Em Lisboa existe um velho armazem de loiças, muito antigo, o Braz & Braz, que tradicionalmente expunha muita coisa, muita coisa e quando se visita uma casa com demasiada tralha, diz-se que parece o Braz & Braz. Por vezes temo que a minha casa pareca aquele velho armazem lisboeta.
Fico a aguardar as fotografias da nova exposição da tua casa