sábado, 20 de outubro de 2012

Azulejos: um toque de ambiente do séc. XVIII



O meu amigo Manel partilha comigo o mesmo gosto pela boa azulejaria portuguesa e foi comprando aos poucos, aqui e ali, restos de paneis, muitos azulejos de padrão e frisos. Um ou outro azulejo marmoreado dei-lhos eu próprio, fruto das minhas pesquisas nos contentores de entulho das obras, no centro de Lisboa. Como sabem, a maioria das pessoas quando remodelam os apartamentos ou prédios antigos, pedem aos mestres de obra para deitar fora os azulejos antigos. Julgo que pensarão que se mantiverem a azulejaria pombalina, os potenciais compradores ou locatários acharão que os prédios não estão suficientemente renovados e por conseguinte desistirão de comprar ou alugar aquela casa. Para muita gente o que é antigo cheira a mofo, ou melhor, a morte.


Mas não queria maçar ninguém com considerações morais, queria era mostrar-vos, o novo painel de azulejos que o Manel e eu colocámos na sua casa do Alentejo.

 


O Manel escolheu um painel de 8 azulejos, combinados com um friso marmoreado, disposto junto ao chão como era hábito do século XVIII. Decidimos colocar o painel ao nível do rodapé, como também era costume no passado e conferir mais veracidade ao cenário pretendido.


Com um escopro e um martelo, encarreguei-me de quebrar o estuque, dando largas à minha faceta de Rambo destruidor e pus os tijolos à vista. O chão foi protegido com um grande plástico preto.  

 

Depois veio o Manel, que fez a massa, molhou a parede e os azulejos e fixou-os à parede. Deixámos secar e no dia seguinte limpámos e o resultado foi fantástico. Uma dúzia de apenas de azulejos foram o suficiente para dar um toque de ambiente do século XVIII à sala.


10 comentários:

  1. Meu Zeus! Rapazes, que beleza de acréscimo vocês fizeram!! Parabéns!!
    Que delícia ficou isso aí, e como dialoga com tudo mais em seu entorno. Não vou esconder a ponta de inveja que senti. Mas me contento saber que ainda existe no mundo pessoas com este amor e interesse por valores que para a maioria "cheira a mofo, ou melhor, a morte".
    Espero que a Bordallo Pinheiro me permita quanto antes conhecer este paraíso que vocês estão construindo no Alentejo.
    abraços!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fábio

      Muito obrigado. Os azulejos tem esta capacidade maravilhosa de alterar um espaço.

      Julgo que o Manel terá o maior prazer em convidar-te, até porque o Alentejo é uma região muito bonita e peculiar.

      Um abraço

      Eliminar
  2. Tal como o Fábio, sinto uma pontinha de inveja quando vejo os resultados destes trabalhos de dois habilidosos com muito bom gosto.
    E tinham logo uma parede com a medida certa para levar o lambril!
    Ficou admirável! E assim se vai tornando num verdadeiro brinco a casa do Manel.
    Abraços para os dois

    ResponderEliminar
  3. Maria Andrade

    Colocar os azulejos é relativamente simples. Não tem grande arte. O pior é limpar a porcaria toda que faz numa sala o rebentar do estuque, ainda que se coloque um grande plástico no chão.

    Mas o resultado vale a pena.

    beijos

    ResponderEliminar
  4. Manel
    Os meus parabéns
    Sua casa está ficando uma maravilha
    Esta sim,é uma verdadeira amizade
    O Luís nem se importa de servir de pedreiro e picar pedra ,para ajudar o Manel...
    Assim até dá mais gosto ver o resultado final
    quando feito com muito gosto entre dois verdadeiros amigos
    beijinhos para os dois



    Um abraço

    ResponderEliminar
  5. Manel / Luís /

    Realmente ficou muito bonito,

    Ao longo dos anos também fui comprando muitos frisos, penso ter este alguns azulejos como estes. Experimentei fixá-los em acrílicos, mas como não deixei margem a volta não gostei do resultado. Quantos aos contentores ou mesmo nas calçadas já encontrei alguns pedaços de azulejos :) incluindo este marmoreados :, mas só pedaços...

    Parabéns a dupla de construtores/ recuperadores / decoradores..enfim é difícil encontrar um adjetivo. Fica sempre bem o resultado dos trabalhos que aqui apresentam.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  6. Cara Grace

    Muito obrigado pelo seu simpático comentário. Estes trabalhos mais manuais acabam por ser uma coisa divertida.

    Beijos

    ResponderEliminar
  7. Caro José Oliveira

    Muita gente escolhe o acrílico para colocar azulejos porque é realmente mais prático. Não há necesssidade de usar o trabalho de um pedreiro para os colocar e se um dia quisermos mudar de casa, é só desaparafusar a placa e pô-la devaixo do braço.

    No entanto, encastrar os azulejos na parede dá outra veracidade, outro encanto aos paineis que o acrílico não consegue

    Um abraço

    ResponderEliminar
  8. Ficaram bonitos, efetivamente, mas também não era necessário muito, pois eles, os azulejos, eram tão belos!
    Claro que quando os azulejos se colocarem todos (da forma como me expresso até parece que eles irão saltar para a parede de forma compulsiva! :-)), lá para meados do século (de acordo com o ritmo que levo!)então o aspeto será fantástico, até lá, vou tendo um apontamento de cor aqui e acolá.
    O que verdadeiramente me interessa é utilizar as minhas noções de reaproveitamento de materiais. Não estou a utilizar tudo o que encontro, pois não tenho casa para tanto, e o que vai aparecendo pelas ruas de Lisboa é em demasia. Precisaria de várias casas, para esse efeito.
    Mas dá-me muito prazer trazer à vida aquilo que os outros condenaram, de antemão, à morte!
    Daí o meu prazer pelo restauro, e, se iniciasse uma carreira académica, hoje, seguramente enveredaria pelo restauro, em várias vertentes.
    Assim, na foto, todas as portas que se vêm foram apanhadas por mim, ou pelo Luís, em contentores, decapadas, arranjadas e voltadas a usar, com madeira à vista (fora algumas e raras exceções, custa-me ver madeiras pintadas).
    Manel

    ResponderEliminar
  9. Manel

    Julgo que seria interessante para os seguidores deste blog fotografar as portas, que apanhámos no contentor junto à minha rua e de pois tentar acompanhar com imagens as várias fases do restauro. Julgo que muita gente passará a ver as velhas portas das casas antigas com outros olhos.

    ResponderEliminar