quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Um anjinho misterioso na casa do Manel


Há já uns anos, na Feira-da-Ladra, o Manel comprou um fragmento de um anjinho. Enfim, não sabíamos bem se era bem um anjinho, pois faltavam-lhe as asas. Seria antes um cupido ou um simples menino, um putti com lhes chamam os italianos. Nós, os portugueses, que nos habituamos a tanto anjo barroco na talha das nossas igrejas, temos sempre tendência a chamar anjinhos a estas figuras representando meninos. 

Mas este fragmento de menino intrigou-nos. Um objecto partido parece sempre mais antigo do que aquilo que realmente é e este putti parecia romanticamente desenterrado de uma escavação arqueológica qualquer. O Manel é que reparou que este objecto parecia ser uma liga com antimónio, estanho e chumbo, normalmente usada no Século XIX e inícios do XX para fazer imitações baratas do bronze. Portanto, o menino não era coisa muito antiga. Em todo o caso, não conseguimos descobrir de onde ele veio, que função teve, ou de que objecto fazia parte.

Mas como não lhe faltava o charme de um achado arqueológico, resolvemo-lo pendurar insolitamente na ponta de um candeeiro por um fio de pesca transparente, e este fragmento de qualquer coisa não identificada transformou-se numa espécie de cupido, girando no centro da cozinha do Manel, apontando para umas faianças inglesas ora virando as costas a um conjunto de pratos ratinhos.


Só muito mais tarde, consegui descobrir a função original deste bonequinho, quando trouxe para casa um velho candeeiro a petróleo e descobri, que o menino, que segurava a lâmpada era a mesma figura que o Manel tinha comprado havia dois anos. Em suma, o anjinho do Manel era nada menos nada mais que o fragmento da base de um velho candeeiro a petróleo. 

Colocámos as duas peças lado a lado e percebemos que um é o negativo do outro. Portanto estas peças deveriam ser fabricadas aos pares e seriam possivelmente colocadas em duas mesinhas de cabeceira ou fariam um conjunto de dois em cima de um fogão de sala, com um espelho ao fundo.

Não consegui descobrir muitas informações sobre o possível fabricante deste candeeiro a petróleo, feito numa liga pobre, muito em voga nos finais do século XIX, inícios do XX, que pretendia imitar os bronzes franceses, mas em todo o caso vi uma ou outra peça semelhante à venda no e-bay e presumo por isso que não seja português.

Mediante um olhar mais atento do objecto, consegui perceber que este menino, segurando a lâmpada mais não é do que uma reminiscência dos antigos anjos candelários, que enfeitavam o interior das igrejas barrocas.

E assim, se resolveu a origem do misterioso anjinho do Manel.

27 comentários:

  1. Adorei o anjinho, ou o putti, mas, mais ainda, o sítio onde o colocaram.O Luís e o Manel são mestres neste tipo de soluções. Conseguem integrar as peças, na decoração da casa, retirando-lhes aquele carácter expositivo de museu.Lindo! Aliás, um bom exemplo do que falo é o que se pode ver na primeira e terceira fotografia.O conjunto dos pratos, é fora de série. Quando vejo estas fotos, apetece-me partir de martelo em punho, fazer furos a meu jeito e no fim, ficar com umas paredes como as que vou vendo por aqui :)
    O seu trabalho de investigação é, como sempre, surpreendente.
    Obrigada ao Manel, por nos ter mostrado um bocadinho da sua casa e para si um grande abraço de agradecimento por todos os temas que aqui traz.

    ResponderEliminar
  2. Fantástico! Um autêntico trabalho de detective.

    ResponderEliminar
  3. Esta figura trazia-me algo curioso para saber a sua origem, mas como nada se podia descobrir, deixei-me ir ao sabor do acaso.
    Claro que quando a descobri o vendedor, homem "useiro e abuseiro" em engalanar as suas peças em historietas para adormecer crianças, dizia que era romana ... enfim, a história do costume.
    Claro que o facto de me parecer uma liga recente não adiantaria em nada as suas crenças, pois ia afirmando que tinha descoberto a peça submersa numa zona de achados romanos ... enfim, creio que o frequentador habitual destas feiras sabe já como as coisas decorrem (tudo é muito "intigo", era da avó, que se finou há uma "porrada" de anos, pombalino ...), e sabem igualmente que não vale a pena demovê-los com a verdade, sob pena de se ficar muito mal visto e não se ter acesso a desconto chorudo da próxima vez.
    Eu vou acenando com a cabeça que sim, que é verdade, e já agora, qual é o preço que me faz?
    "- Ó homem, olhe que eu não sou rico, nem nasci em berço de oiro", "- Faça lá um preço razoável". Conversa ali, conversa acolá, e o preço, finalmente(!), começa a parecer-se com algo de mais razoável.
    "Olhe que não ganho para o lucro!", "Já estou a perder dinheiro". "Paga-me hoje metade e a outra metade para a próxima", propõe o vendedor.
    Mas eu lá continuo de volta do homem até que, meia hora depois e muita conversa fiada pelo meio, lá consigo trazer a peça por um preço que, dando-lhe ainda muita margem de lucro, já é razoável para aquilo que acho que a coisa vale (neste caso recusei-me a sair da meia dezena de euros, e ainda a considero um pouco despropositada, só o inusitado da peça é que me pareceu valer a pena).
    Encontrar local de exposição foi outra aventura.
    Fomos experimentando ali, acolá, pulava de um sítio para outro, até que, porque nos parecia um anjo qualquer, figura da abundância, devido à cornucópia que transportava ao ombro, lembrámo-nos de o colocar suspenso do candelabro da cozinha, e aí ficou até hoje, voltejando à brisa que corre, rodopiando sobre si mesmo, como que desejando abarcar todo o espaço, cansado que fica de ver sempre a mesma coisa.
    Um agradecimento à Maria Paula pelas suas amáveis e bonitas palavras
    Manel

    ResponderEliminar
  4. uma delícia de postagem, de mais um misterioso caso de velharia decifrado pelos implacáveis detetives Luis e Manel!
    abraços
    Fábio

    ResponderEliminar
  5. Faço minhas as palavras do Fábio Carvalho e da Maria Paula que vou citar:"Quando vejo estas fotos, apetece-me partir de martelo em punho, fazer furos a meu jeito e no fim, ficar com umas paredes como as que vou vendo por aqui". Realmente ambos conseguem uma envolvência, um cenário, uma espécie de teatrealização para as vossas peças que faz com que pareça que sempre lá estiveram e que é ali naquele exato ponto que pertencem.
    Adoro.
    Continuem quer com o extraordinário bom gosto quer com uma capacidade de pesquisar e encontar pedaços de história com poucos ou nenhuns indícios...
    Parabéns!
    Ana Silva

    ResponderEliminar
  6. Desculpem-me as gafes: teatralização e exacto (porque não concordo com o novo acordo ortográfico).
    Ana Silva

    ResponderEliminar
  7. Cara Maria Paula

    Muito obrigado pelas simpáticas palavras.

    Quer eu quer o Manel fomos desenvolvendo um estilo de decoração que hoje não está de todo na moda. Hoje em dia, usa-se ainda o minimalismo, os móveis são de design contemporâneo sem ornamentos, curvas e contra curvas e pinta-se tudo em branco, cinzento ou preto. Em oposição, quer eu quer o Manel, desenvolvemos um estilo pessoal, baseado quer nas decorações sobrecarregadas da segunda metade do XIX, o chamado estivo victoriano ou Napoleão III, quer no próprio barroco português.

    Claro, este estilo sobrecarregado também tem a ver com o nosso espírito acumulador de tralha, cacos e velharias.

    Bjos

    ResponderEliminar
  8. Margarida Elias

    O trabalho de detective talvez seja um dos aspectos mais aliciantes e mais divertidos deste coleccionismo de velharias.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  9. Caro Fábio

    Obrigado pelo comentário. De facto, achámos imensa graça conseguir descobrir que este anjinho, que foi vendido como uma relíquia arqueológica qualquer é o fragmento de candeeiro, dos finais do XIX, que alguém um dia partiu.

    Um abraço e esperamos ver-te brevemente em Portugal

    ResponderEliminar
  10. Cara Ana Silva

    Eu também sou um objector de consciência ao acordo ortográfico. Já era tão complicado tentar escrever um português minimamente correcto, quanto mais agora com a nova ortografia. Enquanto puder vou resistindo, embora saiba que um dia qualquer não terei outro remédio senão escrever "aspeto" em vez de "aspecto" e por aí fora. Mas, enfim, graças a Deus que este blog não é sobre linguística ou ortografia.

    De facto, há uma teatralização na apresentação das peças, que tem a ver com o tal gosto por um certo estilo sobrecarregado. Depois, a câmara fotográfica faz o resto do trabalho. Para este post tirei mais de umas 70 fotografias, tentando sempre captar as peças e o cenário em angulos interessantes. Por exemplo, na última fotografia do canddeeiro, as pregas da cortina de veludo são um elemento fundamental. Só me apercebi disso, depois de tirar umas dez fotografias. Tinha que apanhar o candeeiro com as pregas ao fundo, de outra forma não teria o cenário certo.

    Um abraço e obrigado

    ResponderEliminar
  11. Manel

    De facto as conversas, que decorrem durante a compra de uma peça tem sempre qualquer coisa de "nonsense", que tu aqui muito bem conseguiste reproduzir.

    Este anjinho foi colocado num sítio muito insólito, mas muito feliz. Também esta escolha foi determinada pelo facto de que o anjinho foi concebido para ser visto de todos os lados, de frente, detrás e lateralmente. Portanto, nunca poderia ficar preso a uma parede, pois estariamos a privar o observador de um faces da peça.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  12. Caros Luís e Manel,

    Creio que em relação ao anjinho já tudo foi dito.
    Ficou muito gracioso nesse local. A decoração natalícia da cozinha foi antecipada...;)
    Quanto ao estilo de decoração que vos é mais querido, não desanimem pois não estão sózinhos!
    Eu seria incapaz de habitar naqueles espaços frios do tipo modernista. Pela parte que me toca vou até ao Art Deco, e daí para a frente não arredo pé. Em tempos chegaram a dizer-me que noutras vidas deveria ter vivido na época victoriana, razão pela qual tinha uma tão grande tendência para essa época...
    Seja lá como for, só sei que há objectos, móveis, vestuário, jóias, decoração desses tempos que eu desejaria ter, mas infelizmente não consigo chegar nem a um terço daquilo que gosto. Temos de jogar no Euromilhões! ;))


    Abraço

    Alexandra Roldão

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Alexandra

      Tal como o Manel, hesito entre o estilo victoriano e o barroco, muito embora eu tenha uma tendência, que o Manel não tem, para procurar obter em casa um certo arte de sacristia. Em todo o caso, o minimalismo é para mim uma coisa aborrecida. Só me atraiu muito novo, até talvez aos 25, 26 anos. Nessa altura visitei a casa de um ceramista famoso, o Querubin Lapa, que tinha uma quinta no campo, carregada de azulejaria, pintura de milagres e antiguidades e sei lá o que mais. Fiquei tão fascinado com tudo aquilo, que ao mesmo tempo era muito português, muito barroco, que me lembro de ter pensado "é assim que eu quero ter uma casa quando for grande, é neste estilo que eu me revejo". E desde essa altura, cortei com as paredes despojadas, o preto e o cinzento e passei a encher tudo e a usar o azul, o vermelho e o dourado.

      Um abraço

      Eliminar
  13. Fiquei encantada por novamente poder espreitar para alguns recantos da casa do Manel, guiada por um putto equilibrista! :)
    Eu não sei como o Luís consegue sempre descobrir o fio à meada nestas peças intrigantes! Foi logo encontrar um candeeiro igual, enquanto eu, que ando tanto por feiras, acho que nunca vi nenhum deste género!!! Tenho uma ou outra coisa que trouxe para casa por curiosidade e nunca mais consegui deslindar... Bem, nesse caso, o trabalho de equipa também compensa e bem!
    Quanto à acumulação de objetos, estou em boa companhia, também me sinto muito bem rodeada de coisas antigas em abundância, mas começo a ter muitas observações de que a casa está demasiado cheia... ;) Já tratei de arranjar um novo espaço... para encher... devagarinho... :)
    Beijos e abraços

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Maria Andrade

      Já imaginava que a sua casa não fosse propriamente uma coisa zen, com paredes cinzentas e umas peças enfadonhas de design contemporâneo. E enfim, o seu gosto por loiça inglesa é também muito século XIX, muito victoriano.

      Bem, eu descubro o fio à meada destas peças intrigantes ao fim de alguns anos. Julgo que o Manel comprou este anjinho há uns 2 ou 3 anos e só agora me apercebi que era o fragmento de um candeeiro a petróleo, igual ao do que eu comprei há pouco tempo. Outras peças ficam em banho-maria, à espera que um dia se faça luz sobre elas. Por outro lado, escrever o blog, ajuda a sistematizar a informação sobre as minhas peças ou as do Manel e depois é mais fácil fazer associações.

      Bjos e obrigado

      Eliminar
  14. Já agora, para os acérrimos opositores ao acordo ortográfico: ;)
    A palavra "vitoriano" não tem c e já não tinha antes porque Vitória em português não o tem.
    Assim, escrevem à inglesa com toda a pompa de VICTORIAN!!!
    Abraços :))

    ResponderEliminar
  15. Ó Maria Andrade

    Essa é uma das razões porque acho este acordo mais uma trapalhada para quem tenta escrever português com alguma correcção. Eu tenho dúvidas horríveis a escrever quer na ortografia, quer na gramática e não tenho vergonha de o confessar. Revejo os meus textos quinhentas vezes e quinhentas gralhas descubro sempre. A ortografia é então uma trapalhada completa, até porque lido com livros escritos antes do acordo de 1911, depois do acordo de 1911 e antes do de 1943 e ainda textos posteriores às alterações de 71 e 73. Olhe, eu por mim já não sei escrever nada e julgo que o acordo lançou uma confusão completa na cabeça de muitos portugueses. Aliás ele só serviu para gastar dinheiro. Neste momento, todos os dicionários da minha biblioteca estão desactualizados, bons para deitar para o lixo e ainda só consegui arranjar um novo dicionário com o malvado acordo, e isto porque perdi a vergonha e implorei de joelhos à Porto Editora que nos oferecesse um, já que o Estado não tem dinheiro para comparar livros.

    Aliás, não percebo porque é que o acordo não foi submetido a referendo. Julgo que a maioria de nós teria muito gosto em chumba-lo. Enfim, o acordo é um dos muitos assuntos que me desgostam e me levam a desligar a televisão e não ler jornais.

    Bjos

    ResponderEliminar
  16. Luís, nunca fui defensora deste acordo e concordo com muito do que diz aqui, sobretudo com a confusão que veio instalar. No entanto, tendo sido aprovado, aceito-o e procuro habituar-me a escrever segundo as novas regras. Achei piada ao uso do c em "vitoriano" e não resisti a meter-me consigo... :)
    Beijos

    ResponderEliminar
  17. Maria Andrade

    Não há problema nenhum em ter-se metido comigo. De facto, hesito sempre entre "Vítor", "Victor", "Victoriano" ou "Vitoriano".

    O acordo ortográfico é um assunto que me faz sempre desatar num grande relambório. É um projecto que nunca devia ter saído da gaveta e que só foi para a frente, porque o Santana Lopes, que era Secretário de Estado da Cultura em 1990, queria a toda a força dar nas vistas e fez uma grande reunião com o Brasil e os PAPOP's, e assim comprometeu internacionalmente Portugal num acordo que não servia e não serve para nada. Na época, invocava-se o argumento que a uniformização ortográfica entre Portugal e o Brasil daria mais força ao português nos organismos internacionais (UNESCO, ONU, UNICEF, OCDE, etc), mas toda a gente sabe e já sabia na época, que essa batalha estava de antemão perdida, pois a língua inglesa estava já a tomar de assalto tudo e todos, conseguindo em dez ou vinte anos varrer completamente nos organismos de cooperação multilateral o uso do francês, que é uma língua com um prestígio cultural que o português não tem, nem nunca teve. É certo, que muitos dos sites desses organismos são em francês e inglês, mas os documentos de trabalho aparecem todos em inglês e as reuniões são todas também nessa língua. A União Europeia está então completamente dominada pelo inglês.

    Teriamos feito melhor em apoiar o reforço do uso do espanhol nos organismos internacionais, que é uma língua que qualquer português instruído entende.

    Enfim, agora a asneira está feita e lá andamos nós metidos nesta trapalhada.

    Bjos e não fique preocupado com o "Victoriano", até porque sei que a Maria Andrade é também uma Vitoriana, como todos nós aqui neste círculo de blogues.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caros Luís e Maria Andrade,

      Agora sou eu que, e nesta matéria, não resisto a meter-me convosco.
      E sabem que vos digo?
      Quem faz a lingua é o povo no seu dia a dia! Portanto, não será por decreto que a dita irá evoluir...
      Quanto a mim, e no que a este assunto diz respeito, continuarei a escrever tal como fui ensinada. Felizmente não sou Professora de Português!!! Mesmo assim,os meus testes passaram a ter nota de rodapé, na qual coloco a observação de que estão redigidos na forma antiga.
      Posso acrescentar-vos que este (acordo) é um Abortográfico!!

      Abraços

      Alexandra Roldão

      Eliminar
  18. Luís,
    Gostei do putti. Quanto à prova que encontrou acho fantástica. Nunca me lembraria de ver esse anjinho num candeeiro de petróleo.
    Parabéns pela sageza.
    Abarço. :))

    Ao Manuel,
    Parabéns pela aquisição mesmo sabendo que o "anjinho" estava partido deu-lhe um uso que o dignifica.
    O seu tecto alentejano é lindíssimo.
    Que o putti lhe traga bons ventos. :))
    Abraço. :))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Cara Ana

      Muito obrigado.

      A resolução deste mistério foi um golpe de sorte. Também é verdade que com as velharias é preciso esperar, aguardar e folhear muitos livros, até que um dia, mais cedo ou mais tarde aparece-nos a solução do mistério.

      Um abraço

      Eliminar
    2. Obrigado Ana.
      E tem razão sobre o teto alentejano, mas olhe que não o alterei em nada nas suas linhas mestras, pois limitei-me a mandar colocar um isolamento entre a madeira e a telha, e a substituir a madeira em mau estado por outra.
      É a beleza imorredoira proveniente da tradição de muitos séculos de construção adaptada à região que a experiência ensinou aos que a habitam a melhor forma de se defenderem dos rigores climáticos, porque aqui, nesta região alentejana, a amplitude térmica anual, que me tenha dado conta até agora, vai dos -5º C aos 42º C.
      De realçar que nas temperaturas mais elevadas sinto-me que nem peixe em água apesar de concordar que, por vezes, é demais, o que, apesar disso, não me impede de andar no jardim a trabalhar. Fico tisnado que nem mouro, mas não ligo. Outras vezes, raras, dou-me ao luxo de uma sesta ... aí percebo os alentejanos.
      Neste tipo de arquitetura, garanto-lhe, este teto funciona perfeitamente, pois, dentro de casa, é uma fresquidão fantástica. E, para além disso, tem uma estética que me encanta, amante da madeira como sou.
      Mas, e lembrando-me dos meus tempos africanos, onde funcionavam às mil maravilhas, instalei eu mesmo ventoinhas de teto em todos os quartos, e se as utilizei 3 vezes por ano foi muito. O ano passado nem sequer cheguei a utilizá-las.
      Obrigado pelo seu comentário.
      Manel

      Eliminar
    3. Se o Luís me permite:
      Manuel,
      A sua descrição do tecto é encantadora. Um naco de bela prosa. :)
      Quanto a África, esteve na ocidental ou na oriental?
      Pouco conheço de África pelo menos a África profunda mas gostava de conhecer.
      Um abraço! :)

      Eliminar
    4. Ana
      na oriental, mais propriamente em Moçambique, tendo nascido na Ilha do mesmo nome, no Norte deste país, e vivido em diversas localidades, muitas delas no sul, como por exemplo Lourenço Marques, João Belo (hoje Xai-xai) e Vila Trigo de Morais (hoje Chokué).
      Manel

      Eliminar
  19. Fantástico Luis!!! Adoro o candeeiro!! o depósito de vidro é lindo! bem como o anjo!!

    Abraço aos dois,
    Flávio

    ResponderEliminar