Passei pela Penha de França, numa breve peregrinação à cobra e ao lagarto que celebrizam esta freguesia de Lisboa. Passei primeiro por casa do meu amigo Manel, que mora numa andar com vista para a Igreja acima referida e talvez por isso, ou talvez porque o contagiei na minha mania coleccionadora de registos de santos, tem uma bela gravura do século XVIII, representando Nossa Senhora da Penha de França, no seu milagre mais célebre.
Nossa Senhora da Penha é uma devoção importada de Espanha, da região de Salamanca, mas cujo culto em Portugal só teve verdadeiro significado depois da construção da igreja da Penha de França, aqui em Lisboa. O Templo foi erguido em resultado da promessa dum escultor, António Simões, um dos poucos sobreviventes da batalha de Alcácer Quibir, que segundo ele se deveu ao aparecimento dum lagarto, que o salvou duma cobra.
Vemos neste Registo o António Simões, que parece dormir e Nossa Senhora da Penha de França, vestida ricamente, e executando o milagre e por último, o lagarto, que mais parece atacar o homem do que tendo intenção de o salvar. A Serpente da lenda não é representada.
Logo mais abaixo, ali na rua Heliodoro Salgado, uma porta da rua de um bonito prédio do início do século XX, apresenta a serpente em falta na gravura do Manel. Não sei se esse animal terá a ver com a história do milagre da Penha de França ou com a profissão do proprietário do prédio, um médico ou um farmacêutico. A serpente é um dos símbolos da medicina e farmácia, por causa do antigo deus romano Mercúrio, cujo atributo era uma espécie de bastão com duas serpentes entrelaçadas.
Seja lá o que for o seu significado, a porta é lindíssima e ainda bem que os seus proprietários nunca a mandaram substituir por uma dessas coisas de alumínio. A porta é também um cumprimento à Maria Gabela, uma das seguidoras deste blog, que também aprecia portas antigas e os segredos que elas deixam entrever
Nossa Senhora da Penha de França |
Nossa Senhora da Penha é uma devoção importada de Espanha, da região de Salamanca, mas cujo culto em Portugal só teve verdadeiro significado depois da construção da igreja da Penha de França, aqui em Lisboa. O Templo foi erguido em resultado da promessa dum escultor, António Simões, um dos poucos sobreviventes da batalha de Alcácer Quibir, que segundo ele se deveu ao aparecimento dum lagarto, que o salvou duma cobra.
Vemos neste Registo o António Simões, que parece dormir e Nossa Senhora da Penha de França, vestida ricamente, e executando o milagre e por último, o lagarto, que mais parece atacar o homem do que tendo intenção de o salvar. A Serpente da lenda não é representada.
Logo mais abaixo, ali na rua Heliodoro Salgado, uma porta da rua de um bonito prédio do início do século XX, apresenta a serpente em falta na gravura do Manel. Não sei se esse animal terá a ver com a história do milagre da Penha de França ou com a profissão do proprietário do prédio, um médico ou um farmacêutico. A serpente é um dos símbolos da medicina e farmácia, por causa do antigo deus romano Mercúrio, cujo atributo era uma espécie de bastão com duas serpentes entrelaçadas.
Seja lá o que for o seu significado, a porta é lindíssima e ainda bem que os seus proprietários nunca a mandaram substituir por uma dessas coisas de alumínio. A porta é também um cumprimento à Maria Gabela, uma das seguidoras deste blog, que também aprecia portas antigas e os segredos que elas deixam entrever
É um dos bairros de Lisboa onde predomina ainda uma certa unidade urbanística e que escapou à sanha da especulação imobiliária, como foi o caso das Avenida Novas, onde se insere a da República.
ResponderEliminarPara não falar da beleza que, em época passada, deve ter revestido os edifícios que ladeavam o Passeio Público, que deu lugar, posteriormente, à Avenida da Liberdade. Deveria ter sido um "Boulevard" que em nada deveria desmerecer os do Barão Haussman, em Paris, e hoje atente-se bem no que lá está ... por sorte as árvores escondem a fealdade dos edíficios que se estendem ao longo desta artéria, que é afinal a principal de Lisboa.
E na zona onde habito ainda há edíficios que mantêm as lindíssimas portas de entrada, nobres e elegantes, ainda que singelas! Este que apresentas é um dos felizes casos!
Já não posso dizer o mesmo do edíficio onde moro, que, apesar de ser antigo, a porta de entrada "já foi à vida" ... substituída por uma de alumínio que da original só tem a cor: verde garrafa!
Eu que acordo ao som dos sinos da igreja da Penha, sinto-me sempre algo privilegiado por ter esta vizinhança tão bonita ... sim, a igreja e o entorno são bonitos, mau grado os atentados que já se vão fazendo sentir aqui e ali!
Manel
Luís
ResponderEliminarO gosto por portas antigas também me é bastante peculiar, habituei-me desde miúda a apreciá-las na Figueira da Foz onde existem lindos exemplares e de uma altura descomunal
Esta por si só, considero-a um monumento...tal a beleza que exala ao meu olhar enfeitada com ferro forjado, vidros martelados, puxadores em formas harmoniosas , aprecio as "mãos" em latão, e ainda com símbolos mitológicos que nos transcendem a ficar a pensar nela...
Que falar da cor verde( do meu Sporting) e do nº 57...os meus preferidos!
Sempre gostei de andar por ruelas à procura de artes antigas como esta associada a tantas outras que adoro, que falar de azulejos, arquitectura de outras décadas tão românticas, ferros forjados, beirados portugueses, portadas entrançadas em verde, fachadas em pedra aparelhada, estuques, tantos requintes
Apesar das atrocidades ao património, ainda persistem algumas que nos deleitam o olhar, a mente e enchem o coração
Há dias andei pelo miradouro da Senhora do Monte, vi uma Villa cuja entrada tem um lindo estuque digno de um belíssimo salão de um palacete, pena que não tinha levado a máquina
Em jeito de remate e para imitar o Manel, adoro ir à casa da minha filha ali no coração de Alfama passar a roupa, da janela vejo o Tejo, a torre da igreja de S Miguel e pela outra os turistas que param à sombra do parreiral em descanso antes da subida ou descida de outro lanço de escadas...
Ontem, na comandita o guia levava um chapéu de chuva preto quadrado, achei o máximo, para se proteger do calor, nisto entre os turistas uma freira com mochila às costas...não pude deixar de soltar um riso...aí sim, a máquina fez-me falta, acredito que era material especial...
Bem, alonguei-me...é do calor
Beijos
Isabel
Caro Luís
ResponderEliminarBem haja pela sua peregrinação à cobra e lagarto da Penha de França;para além de aprender, ganhei um lindo e galante cumprimento, que agradeço de forma radiante.A porta em questão,é linda, e lindos devem também ser os azulejos que a enquadram.Voltando às cobras da porta. Apesar de poderem lá estar representadas pelas mais variadas razões,acredito que a sua representação tenha uma forte carga simbólica para o dono de então. Li,algures que há quem associe a mudança de pele das cobras,ao rejuvenescimento,condição que, convenhamos, é difícil de desprezar.
Um abraço para si
Maria Gabela
Olá Luis,
ResponderEliminarVim aqui pois o Manel me falou que um dia você havia feito uma postagem de uma porta nesta rua. Ele me falou isso pois esta rua será o meu próximo endereço em Lisboa, em fevereiro do próximo ano. Estarei não muito longe do Manel, e colado à dois amigos artistas, sendo que um mora e tem atelier no bairro (Anjos) e o outro tem atelier.
abraços e até fevereiro!
bom artigo
ResponderEliminarCaro Anónimo (a)
EliminarLisboa é sempre inspiradora para escrever textos interessantes.
Um abraço