Volto ao tema do cantão popular para mostrar mais uma variante, que demonstra a minha teoria, de que houve vários centros de fábricos, em cidades distintas e em períodos diferentes a produzirem esse motivo decorativo, derivado do padrão do salgueiro, como já se viu em anteriores posts e que é erradamente conhecido por Miragaia.
Por exemplo, esta jarra de flores que herdei da minha avô Mimi mostra um tipo individualizado de padrão do salgueiro, em que o palácio do mandarim é muito abstracto, parecendo uma composição, feita a partir de várias meias luas. O chorão assemelha-se a um para-quedas. Tenho também uma malga, essa mais recente, adquirida na feira-da-Ladra, mas que apresenta o mesmo palácio do mandarim, formado por várias meias luas e o chorão em forma de para-quedas.
O meu amigo Manel, a quem eu contagiei com a incurável doença do coleccionismo do cantão popular, tem uma sopeira (segundo o glossário proposto pelo Itinerário da faiança do Porto e Gaia, as terrinas são ovais e as sopeiras redondas, embora as duas sirvam o mesmo efeito) também com o motivo do palácio feito a partir de meias luas e a árvore em forma de para-quedas. Contudo, a peça foge ao padrão habitual dos azuis e brancos e apresenta um verde acinzentado. (já sei que todos os seguidores do blog vão dizer que é não é verde, mas outra cor qualquer, mas não tinha ninguém perto de mim para perguntar)
Por último, o meu amigo Manel é também dono de outra sopeira, com o mesmo motivo do palácio do mandarim feito a partir de meias luas, mas que apresenta uma inusitada variante, uma palmeira ou uma flor gigantesca, furando assim completamente os esquemas tradicionais de representação dos derivados do padrão do Salgueiro.
É verde Luís, bem verde, mais claro e luminoso do que o que aparece na foto, este mais acinzentado, enganador. É um verde luminoso e muito bonito que faz contraste com um vermelho cor de ferrugem e os azuis.
ResponderEliminarA primeira sopeira possui paredes delgadas, de pasta leve, mais de acordo com a decoração, meio aérea, ao contrário da segunda, volumosa, pesada e maciça, como as tonalidades de azul, tradicionais.
Não tendo a certeza de nada, e não fazendo nem ideia de onde poderão ter sido fabricadas, fico sempre a olhar para a primeira como tendo sido produzida numa região mais ao Sul enquanto a segundo a ligaria a produção mais a Norte. Mas como confesso não entender nada, é só o instinto a manifestar-se! E o meu instinto não é de fiar nestes casos, pois bastas vezes me tem enganado!
E gosto muito do pequeno vaso da tua avó! Os azuis muito mais claros do que é vulgar encontrar, e as formas, que foram inicialmente pensadas para decorar superfícies mais planas como as de pratos ou travessas, acabam por se adaptar lindamente às convexidades/concavidades da peça.
Manel
Vou pedir licença ao Luís para deixar um pequeno comentário ao blog da Maria Isabel, e dizer-lhe que gostei muito da paisagem de xisto que descreveu e, à laia de achega, salientar que ainda não esmoreci em ter qualquer dia uma casa com paredes desse material.
ResponderEliminarComo sou persistente e casmurro pode ser que um dia consiga!
E não esquecendo a erva de Sta. Maria, que confere sabor ao queijo do Rabaçal, o único que ainda vou comendo com prazer (pertenço ao 0,1% da população que não aprecia muito este alimento).
Como não consigo deixar comentário no blog da Maria Isabel e não queria deixar de comentar as referências que fez, que também me tocam de próximo, estou, abusivamente, é verdade, a utilizar o blog do Luís para este fim (espero que ele me perdoe!).
Manel
Olá Luis
ResponderEliminarNão posso deixar de agradecer o gesto mui simpático do Manel, curioso, lá espreitou um dos meus 3 blogs.Espero que não se tivesse perturbado com algumas expressões fortes. Gosto de me exaltar.
Quanto à aldeia de xisto quando lá quiserem dou as coordenadas. Muito fácil. Sei que irão adorar.
Há um não sei quê nas nossas raízes e gostos de extraordinário dinamismo que nos uniu numa empatia sem igual, e tudo começou com o blog de velharias do Luís.Para pensar!
Também eu peço desculpa ao Luís por responder ao Manel aqui no seu espaço....mil desculpas...
Aqui deixo o repto ao Manel,chegou o momento de abrir o seu blog...eheheh!
Falando outra vez do cantão popular, mais uma vez, tantas vezes, é sempre reconfortante e nunca o tema está esgotado.
Largamente produzido em série ao jeito do ceramista e pintor.
Só assim descobrimos tantas diferenças e cores no mesmo tema do pagode e do salgueiro.
Tenho seguramente mais de 15 peças com este tema, as únicas com carimbo são da fábrica de Aradas de Aveiro cuja foto está no meu blog de lérias e velharias.
As peças apresentadas, sobretudo as sopeiras ou terrinas do Manel são soberbas e delicadas.
Fazendo jus ao que o Manel descreveu" um verde luminoso muito bonito que faz contraste com um vermelho cor de ferrugem (manganês) e azuis e digo eu com o pormenor da pega retorcida.Muito provavelmente Fervença ou fábrica Bandeira.
Quanto à outra para mim pelo formato do salgueiro tipo palmeira aberta e pelas duas riscas em azul na base da sopeira, dá-me sinais de ser de Coimbra.
Claro que sabemos que noutras fábricas no Norte,saíram tantas peças de cantão popular desde Miragaia, Devezas, Cavaco, Sto António da Piedade...etc.
Mas que me perdoem, tantas as que vi não tem a elegância, a sobriedade, o rigor...nada, são pintadas atabalhoadamente, salvo algumas, poucas excepções, claro, que também tenho.
Quanto à sua jarra fez-me lembrar no imediato jarras de faiança de Coimbra que conheci há muitos anos numa pensão de Castanheira de Pêra.
Como sempre as peças apresentadas são de quase exclusividade. Magníficas.
Consegue sempre ser surpreendente!
M Isabel
Nem preciso dizer o quanto ADOREI este post! Para começar, achei bem curiosa a distinção entre sopeira e terrina. Aqui, diz-se sopeira e legumeira, e a distinção não é pela figura geométrica, mas pelo tamanho relativo; num jogo, a maior seria a sopeira, que é muito comum ter a abertura para passar o cabo da concha, e a menor, a legumeira. Mas bem da verdade, quase ninguém faz a distinção, e usa-se sopeira para ambas.
ResponderEliminarEu adoro como os artistas vão modificando os padrões decorativos, mudando detalhes, acrescentando novidades! Isso é muito, mas MUITO mais interessante do que os imutáveis padrões em transferware ou decalque. Há algo de humano na variação.
Eu tenho um catálogo de faianças portuguesas; qdo tiver um tempo te prometo procurar mais cantões com o palácio em meias luas, salvo em algum lugar, e te passo os links.
abraços!
Fábio
Agradeço todos os links caro Fábio
ResponderEliminarCreio que cá em Portugal chamam à legumeira, prato coberto. A terrina ou a Sopeira são maiores e costumam ter o buraquinho para fazer passar a concha.
Modernamente, o termo sopeira tem caído em desuso da favor de terrina. Muito embora já ninguém use a terrina. As pessoas tiram é o prato de sopa do microondas e acabou
Um grande abraço
Tenho que ir espreitar o blog da Isabel para ver o tal cantão popular marcado
ResponderEliminarAbraços
Isabel
ResponderEliminartentei deixar um comentário no seu blog, mas n consegui
Veja lá se bloqueou a opção comentário, sem querer
Luís
ResponderEliminarObrigado pela dica.
Julgo que já resolvi a situação.
Curiosa estou no seu comentário....eheheh
O meu Lérias e velharias reflecte apenas e somente o meu memorial de heranças e aquisições.
Excelente é o seu, não é preciso mais nenhum.
Ola a todos e principalmente ao carissimo Luis que "acolhe" os nossos comentarios :-)
ResponderEliminarO meu nome é Marilia, sou "nova" nestas andanças mas tenho tentado aprender alguma coisa acerca das nossas tao especiais e bonitas Ceramicas e Porcelanas. Comecei agora a visita ao seu blog e ja me apetece dizer-lhe que ADOREI...partilho esta paixão por peças antigas de tal forma que, quando (como tantas outras pessoas) fiquei sem emprego, da paixão nasceu uma ocupação e neste momento tenho uma lojinha com velharias entre outras coisas...
...mas a intenção do comentário e sem mais delongas era justamente dizer-lhe que tem mais uma pessoa a visitar o seu Blog e que estou a gostar muito...pelo que vou ser uma visitante assídua...
...e tambem vou dar uma espreitadela nalguns bolgs que segue pois ja vi que têm em comum o mesmo tema...nomeadamente o da "amiga" Isabel...e já agora fica mais um..."lojinhadocampo.blogspot.com" ...é muito básico e tambem não sei se alguem o vê mas é uma janela para o mundo....Cumprimentos e ate breve
...Um grande Bem Haja e
Cara Marília
ResponderEliminarBem vinda ao blog e fico muito contente se puder contar com os seus comentários, partilhando conhecimentos de faiança, porcelana e velharias.
Espreite também o blog Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém, que se encontra nos links da coluna do lado direito.
Obrigado e apareça sempre
Ola Luis
ResponderEliminarAgradeço as boas vindas, fique sabendo que desde que descobri o seu blog (ontem) já o percorri de "fio a pavio", estou maravilhada...
nunca fui muito boa em escrita,toda a minha vida me dediquei mais a algarismos e calculos, pelo que para mim não faria sentido dizer que "Estou sem palavras" :-) mas acredite que me manteve agarrada ao computador, entre uns e outros clientes da loja, durante todo o dia...a sua maneira de escrever é Viciante, gostei muito! Talvez porque me identifico com algumas situações como as visitas à feira da ladra, com aquele sentimento de procura/descoberta que se tem quando se encontra uma peça quer na feira quer nos caríssimos antiquários e que nos "toca cá dentro" seja lá por que motivo for,enfim... "Devorei" o blog... e aprendi muuuuito.
Obrigado Luis.
Marília Marques
adoro essa louça do cantão popular portuguesa! aqui em salvador nunca vi nos antiquários, infelizmente. sou apaixonado pelo motivo willow.
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