quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vestes e objectos litúrgicos da capela de S. Rita do Solar dos Montalvões

A investigação policial e arqueológica do nosso amigo Humberto sobre a capela de S. Rita, do Solar dos Montalvões, que nós temos acompanhado em directo, aqui no blog, produziu mais resultados. Houve alguém que mostrou ao Humberto algumas vestes e objectos litúrgicos, que pertenceram à capela do Solar dos Montalvões e se encontram presentemente na sua casa, a salvo dos ratos. O Humberto foi autorizado a fotografar essas peças.

Tratam-se de duas casulas, uma estola e ainda um corporal, que estariam na capela, talvez guardados naquilo que me parecem ser dois armários, um de cada lado do retábulo.


É provável que tenham pertencido ao meu trisavô, o Padre Rodrigues Liberal Sampaio, muito embora o meio-irmão da minha trisavó, Francisco Luís Ferreira Montalvão (nº 222 do livro os Montalvões), também fosse padre e provavelmente terá oficiado na capela de Sta Rita, talvez com as mesmas vestes. Os dois terão aliás travado conhecimento, já que o Liberal Sampaio, foi amante da Maria do Espírito Santo, a meia-irmã do referido Francisco Luís (1830-1905). Contudo, esse meu tio trisavó morreu em 1905, em Fafe e pelo menos é certo que o Padre Rodrigues Liberal Sampaio (1846-1935) tenha sido a última pessoa a usar estas vestes. Isto é partindo do princípio que os mesmos religiosos podem usar as mesmas vestes e que estas estão afectas ao templo e não a às pessoas que as envergam


Seguindo a Wikipédia, a casula é uma veste litúrgica do rito católico que é frequentemente confeccionada em seda ou damasco, nos século XVII e XVIII, variando as cores conforme o rito litúrgico. A Casula Utiliza-se sobre a alva e a estola durante a celebração da missa.


A estola


Segundo a mesma Wikipedia, a variação das cores da Casula é a seguinte:

-O branco é usado na Páscoa, no Natal, nas Festas do Senhor, nas Festas de Nossa Senhora e dos Santos

-O Vermelho, que é a cor do sangue é usado para os mártires, sexta-feira da Paixão e Domingo de Ramos.

-O Verde usa-se nos domingos e dias da semana do Tempo Comum. Está ligado ao crescimento, à esperança. Será a cor mais comum

-O Roxo é usado no Advento e na Quaresma a par do violeta. É símbolo da penitência, da serenidade e de preparação, por lembrar a noite. Também pode ser usado nas missas dos defuntos e na celebração da penitência.

-O Rosa pode ser usado no 3º domingo do Advento e 4º domingo da Quaresma. Simboliza uma breve pausa, um certo alívio no rigor da penitência da Quaresma e na preparação do Advento

-O Dourado e Prateado usam-se nas solenidades ou celebrações importantes, substituindo a cor litúrgica do dia.


Ora eu não percebo nada de cores e não consigo dizer ao certo os tons dominantes destes dois trajes. Percebe-se nitidamente que a casula das ramagens com cravos será certamente usada para dias litúrgicos de maior solenidade, que a de damasco com a barra púrpura ou vermelha.

Aceitam-se opiniões sobre as categorias onde se encaixarão estes trajes, porque eu para cores…enfim. Se houver algum padre a ler estas linhas, também agradeço a sua ajuda


Por último, o Corporal que faz já da categoria dos objectos litúrgicos e é um Pano quadrangular de linho com uma cruz no centro e sobre ele é colocado o cálice, a patena e a âmbula para a consagração. Faz já parte da categoria dos objectos litúrgicos. Este está em muito mau estado, mas o damasco é bonito.



7 comentários:

  1. Olá Luís
    Mais uma vez o Humberto se revelou extraordinário, é um homem e pêras!
    Daqueles como a minha avó materna dizia...
    Mil desculpas pelo atrevimento...
    "homem de colhão preto"
    Na gíria popular quer dizer, afoito, destemido, obstinado, teimoso, vitorioso, lutador...também homem bom, solidário, defensor do património, dos valores, das raízes, da história dos nossos antepassados e muito pela sua terra e conterrâneos
    Ah, grande Humberto, devia meter-se na política, o país agradecia ter nas suas fileiras homens com a o seu perfil tão autêntico, puro, objectivo no desenrolar e salvar "cancros arqueológicos"
    O meu bem haja, mais uma vez desculpas do dito popular da minha querida avó, mas que fazer, em miúda tanto a ouvi repetir naquela boca desdentada, em relação ao meu pai que desabonava, ironizava de "pernas aranhão de mina" pelos seus quase 2 metros...

    Quanto aos paramentos apresentados são de facto um deslumbre de beleza, nunca nada vi parecido...nada tão maravilhosamente requintado em tons cerise, carmesim, como gosto de chamar
    No imediato catapultou-me para duas fitas em seda natural bordadas muito parecidas nos mesmos tons, que uma amiga que viveu na China com o marido embaixador me ofereceu, já muito velhinhas
    Para as preservar encaixilhei-as num quadro com paspatur, como sou uma "mãos largas" gosto de distribuir coisas minhas que gosto na casa das pessoas que também gosto...
    O inevitável aconteceu, a minha mãe tinha acabado de restaurar uma casa nossa com uma clarabóia, o sol claro...
    "comeu o brilho da seda"
    Quando me dei conta, retirei-o, e agora está numa das minhas salas em Ansião
    Vou tirar-lhe uma foto e por no blog
    Por certo irá concordar quando a vir com o que acabei de dizer...tanta cumplicidade no desenho e cores, a lembrar bordado de Castelo Branco,uma fineza!
    Fico feliz por si que tem ajudado o seu pai a descobertas do vosso passado afinal tão presente que o deixará bem melhor em horas menos boas
    Que legado!
    Continue...
    Um repto para o Humberto partir à descoberta do brasão...
    Desculpar- me-à tremenda ousadia ...
    Difícil é resistir a homens com o seu power, atitude, querer...até conseguir!
    Estou à espera, sou muito impaciente...
    Homens desta estirpe, considero-os magnânimos,espero sempre grandes surpresas
    Peço desculpa pelo meu jeito, quem me conhece de verdade, sabe que sou uma mulher de bem, de valores, mas atrevida, que me desculpe o Luís também
    Beijos
    Isabel

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  2. E viva a Maria Isabel que não tem "papas na língua"!
    É desta massa com que se fizeram as padeiras de Aljubarrota, as Luísas de Gusmão (sim, sei que esta era castelhana, mas o comportamento perdoou-lhe as origens!), as Marias da Fonte e quejandas! Que seria de nós sem mulheres que soubessem usar a língua portuguesa em toda a sua riqueza vernacular???
    E um bem haja ao leitor deste teu bolg, o Humberto, que vai "desenterrando" toda uma história feita de pequenas peças, como se de um puzzle se tratasse. A pouco e pouco se vai descortinando mais um dos legados malbaratados por quem não o quis, nem o soube, manter e passar a outros.
    Não entendo nada de paramentos nem do seu significado, apesar de já ter sabido mais, quando a Religião e Moral era uma disciplina obrigatória lá no colégio religioso onde andei vai para mais de 40 anos.
    Mas tudo passou à história do meu esquecimento.
    Acho bonitos os tecidos e as combinações cromáticas, mas pouco mais me chama à atenção ... confesso a minha profunda ignorância.
    Também confesso que nos museus de cariz religioso, a parte destinada aos paramentos de ostentação passo por ela como por vinha vindimada ... raro páro frente a um pluvial, uma estola ou uma casula ... pura e simplesmente não me interessam ...
    Estas só porque estão afectivamente ligadas a um local que, por puro acaso, o destino quis que me dissessem algo!
    Um bom final de semana para os leitores deste blog e muito especialmente para a Maria Isabel que não tem medo da língua na sua forma mais institiva
    Manel

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  3. Obrigado pelo seu comentário

    De facto, os tecidos, as fotografias e os desenhos são muito sensíveis à luz e se os queremos conservar temos que os proteger. Por essa razão, nas exposições temporárias que exibem esse tipo de material, usa-se muito pouca luz e o ambiente geral resulta numa semi-obscuridade que aborrece muito os visitantes.

    Prometo que falo o Brazão

    Abraços

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  4. Olá,
    Boa tarde a todos. Agradeço os elogios da Isabel e do Manel (as do Luís recebo-as a cada passo), mas na verdade, eu apenas me limito a seguir dicas que me vão dando aqui e ali. Umas dão algum trabalho, outras nem por isso, mas o que tenho feito, faço-o com muito gosto e o Luís sabe-o.
    Quanto ao Brazão se o Luís me fornecer mais alguma informação, eu também poderei tentar saber o que se passou (ou passa) por aqui.
    E, Isabel, não tem de se desculpar por nada, esteja à vontade, eu sou da aldeia, estou habituado a ouvir de tudo, afinal essas frases fazem parte das raízes da nossa "liturgia".
    Um abraço e um bom fim de semana para todos,
    Berto

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  5. Olá a todos

    Obrigada, são uns queridos, mas estava tão entusiasmada que nem me lembrei que era fim de semana...Gozem bem o sol se fizerem o favor!
    Venho a chegar da Costa, a praia estava espectacular, hoje sou mãe "bebé", a filhota faz 28 anos, está linda de morrer, mesmo assim,não resisti vir...vê-los...e esta hein?

    Beijos
    Isabel

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  6. Olá, descobri o seu blog ao procurar paramentos, e, encontrei esses lindíssimos. Gostaria de poder apresentar-lhe o meu trabalho, Conservação e restauro de têxteis. Por favor visite o meu trabalho em: "wwwalmadasgentes.com".
    Bem-haja pela atenção.
    Sandra Carvalho

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  7. Cara Sandra Carvalho

    Muito obrigado pelo seu comentário. Irei espreitar o seu site.

    Um abraço

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