Há uns anitos encantei-me por esta travessinha de faiança na Feira-da-Ladra e lá voltei com ela debaixo do braço, sem saber sequer que tipo de peça transportava, pois não tinha qualquer marca. Na época pareceu-me uma daquelas típicas faianças inglesas, que invadiram o mercado europeu durante todo o século XIX.
Só mais tarde, depois de ter comprado uma pequena brochura no Museu de Cerâmica de Sacavém, intitulada Roteiro das Reservas. – Loures: Câmara Municipal, 2000, p-36-37, é que descobri que a minha travessinha era da mais famosa e maior fábrica de faianças portuguesa, Sacavém. Claro, já estava explicado um certo ar inglês da peça, pois como toda a gente sabe a Fábrica de Louça de Sacavém (1856-1983) esteve durante quase toda sua existência na mão de duas famílias inglesas, primeiro os Howorth, e depois de 1894 até ao encerramento, os Gilman. Os proprietários ingleses traziam da sua pátria além de novas tecnologias de produção os motivos da faiança inglesa, que eram extremamente apreciados na Europa do século XIX.
Só mais tarde, depois de ter comprado uma pequena brochura no Museu de Cerâmica de Sacavém, intitulada Roteiro das Reservas. – Loures: Câmara Municipal, 2000, p-36-37, é que descobri que a minha travessinha era da mais famosa e maior fábrica de faianças portuguesa, Sacavém. Claro, já estava explicado um certo ar inglês da peça, pois como toda a gente sabe a Fábrica de Louça de Sacavém (1856-1983) esteve durante quase toda sua existência na mão de duas famílias inglesas, primeiro os Howorth, e depois de 1894 até ao encerramento, os Gilman. Os proprietários ingleses traziam da sua pátria além de novas tecnologias de produção os motivos da faiança inglesa, que eram extremamente apreciados na Europa do século XIX.
Imagem reproduzida do Roteiro das reservas: Museu de Cerâmica de Sacavém
Mais tarde, através das consultas aos leilões na net, descobri o nome pelo qual o serviço é conhecido, a Minerva e também que faltava uma tampa à minha peça, pois afinal a travessa era um prato coberto. O Meu amigo Manel tem um prato coberto exactamente com o mesmo formato só que do padrão salgueiro ou chorão.
Depois disso, um dos seguidores deste blog, o Ricardo Ferreira chamou-me muito oportunamente a atenção para o facto de que na bibliografia sobre Sacavém, este motivo aparece sem designação ou nomeado RAPARIGA. Para prova-lo, o Ricardo teve a gentileza de me enviar uma fotografia dum prato seu, marcado e com o nome original dado pela Fábrica, Rapariga. É uma peça do período de 1886 a 1894.
Julgo que este serviço ficou conhecido em Portugal por Minerva, porque a decoração na qual Sacavém se inspirou, foi o motivo Minerva, fabricado pela britânica Podmore Walker & Co e pela Wedgwood, em meados do Séc XIX. Aliás, várias firmas inglesas fabricaram com sucesso este motivo, dando-lhe sempre nomes da mitologia como Minerva, Atena, Pomona, etc.
Depois disso, um dos seguidores deste blog, o Ricardo Ferreira chamou-me muito oportunamente a atenção para o facto de que na bibliografia sobre Sacavém, este motivo aparece sem designação ou nomeado RAPARIGA. Para prova-lo, o Ricardo teve a gentileza de me enviar uma fotografia dum prato seu, marcado e com o nome original dado pela Fábrica, Rapariga. É uma peça do período de 1886 a 1894.
Julgo que este serviço ficou conhecido em Portugal por Minerva, porque a decoração na qual Sacavém se inspirou, foi o motivo Minerva, fabricado pela britânica Podmore Walker & Co e pela Wedgwood, em meados do Séc XIX. Aliás, várias firmas inglesas fabricaram com sucesso este motivo, dando-lhe sempre nomes da mitologia como Minerva, Atena, Pomona, etc.
Por favor bejam o excelente link acerca do motivo com das duas jovens gregas ou romanas ao lado de um vaso http://oldchinaservice.com/transferware/brownsreds/womenvase.html
Prato Minerva da Pomodore Walker
Enfim, tudo isto descobri sem que à visita ao ao Museu de Cerâmica de Sacavém tenha tido qualquer utilidade. Aquele museu deve ter sido o serviço cultural mais inútil que conheci nos últimos tempos (raramente acho que os serviços culturais são inúteis). O Museu dispõe de um edifício inteiramente novo, com uma arquitectura espectacular e aproveita um impressionante forno de cozer cerâmica, único vestígio do antigo edifício da fábrica de Louça de Sacavém, demolido nos anos 90. Contudo, não tem colecção permanente! Quem o for visitar à espera de encontrar os belos serviços de cavalinho que existiam em casa da mãe ou da avó desengane-se. Quem estiver à espera das lindas terrinas, das chávenas almoçadeiras, das sopeiras do século XIX é melhor ficar em casa. O Museu apresenta apenas uma exposição sobre as condições de vida dos trabalhadores, uma mostra pindérica de desenhos infantis, bons para figurar numa exposição destinada aos pais numa creche, mas indignos de estarem num museu e ainda outra exposição qualquer medonha, acerca de qualquer horror, que graças aos Céus apaguei da memória (nestas alturas torno-me crente).
O objectivo deste blog não é fazer julgamentos nem a maledicência, mas, o museu deveria expor permanentemente um apanhado das suas colecções, que reflectissem a evolução artística e técnica da fábrica, bem como uma selecção das peças estrangeiras, que sabemos dispôr nas reservas, para mostrar como Sacavém acompanhou e adaptou as modas europeias. Deveria ser uma colecção, na qual as famílias portuguesas pudessem encontrar as peças que as avós lhes deixaram e ao mesmo tempo, didáctica, que ensinasse alguma coisa sobre faiança aos curiosos como eu. Naturalmente, as condições dos operários também são uma parte da história, mas apenas uma parte, não o todo.
O objectivo deste blog não é fazer julgamentos nem a maledicência, mas, o museu deveria expor permanentemente um apanhado das suas colecções, que reflectissem a evolução artística e técnica da fábrica, bem como uma selecção das peças estrangeiras, que sabemos dispôr nas reservas, para mostrar como Sacavém acompanhou e adaptou as modas europeias. Deveria ser uma colecção, na qual as famílias portuguesas pudessem encontrar as peças que as avós lhes deixaram e ao mesmo tempo, didáctica, que ensinasse alguma coisa sobre faiança aos curiosos como eu. Naturalmente, as condições dos operários também são uma parte da história, mas apenas uma parte, não o todo.
Olá LuisY!
ResponderEliminarParabéns por seu blog. Passei um bom tempo apreciando seus posts sobre azulejos e faiança portugueses, dois temas que muito me encantam.
É uma pena que as fábricas de faiança que surgiram no Brasil pelo início do séc XX tenham sido praticamente todas criadas por italianos, e às vezes alemães, e com isso, não houve uma transposição dos temas e padrões lusitanos, que tanto amo, para a louça brasileira.
E na azulejaria, pelo séc. XIX praticamente todos os azulejos eram importados da Holanda. E são estes, quando muito, que (mal) sobreviveram aos nossos tempos.
Infelizmente após a independência se criou esta onda anti-lusitana, que gerou uma ruptura cultural entre nossos países.
De toda forma, aprendi muito em sou blog, que vou acompanhar.
abraços!
Fábio Carvalho
Caro Fábio Carvalho
ResponderEliminarÉ um prazer receber comentários de um amante de velharias brasileiro e tenho a certeza que irão enriquecer este blog.
Tenho a ideia que no Norte do Brasil existe azulejaria portuguesa, não só do período de ouro, Século XVIII, mas também da fase industrial, o séc. XIX, mas, sei pouco sobre o assunto. Também há muito anos, li que nalgumas igrejas brasileiras do século XVIII faziam painéis de madeira pintados, que imitavam os azulejos portugueses. Esse hábito muito curioso encontra-se também nalgumas igrejas das ilhas portuguesas dos Açores (na Terceira vi um painel desses) por influência do Brasil. Mas, tudo isto será certamente um bom tema futuro para o blog.
Um grande abraço e apareça sempre
olá boa tarde.
ResponderEliminarem primeiro lugar permita-me que lhe dê os parabéns pelo fantástico blogue que possui, em particular sobre as secções de Faiança e Porcelana já que são o meu tema de eleição.
estava a ler o seu artigo sobre o prato coberto de motivo Minerva da Fábrica de Sacavém do final do século XIX e a pensar num prato com a mesma decoração que me passou pelas mãos e que felizmente tive o bom senso de guardar uma foto do mesmo.
quanto à denominação do motivo em si (Minerva), confesso que sempre o apelidei com a mesma denominação baseado em bibliografia sobre a Fábrica de Sacavém e na opinião de pessoas com conhecimentos sobre peças da mesma Fábrica, no entanto, o prato em causa aparece com carimbo do período Real Fábrica de Sacavém de 1886 a 1894 e com denominação do motivo "RAPARIGA".
posso dizer que já estive em contacto com um bom número de peças com este motivo e apenas neste prato tive a oportunidade de associar uma marca de fabrico a um motivo estampado no próprio carimbo.
outro pormenor que me faz duvidar sobre a denominação do motivo "Minerva" prende-se com o que constatei no catálogo "Primeiras Peças da Produção da Fábrica de Loiça de Sacavém - O Papel do Coleccionador", pp. 85 onde o próprio cabeçalho correspondente ao nome do motivo aparece com ponto de interrogação, o que me faz supor que o próprio Museu de Sacavém não está certo ou não tem nenhuma peça com motivo denominado no carimbo de peças que possa corroborar a denominação do motivo Minerva.
o meu objectivo será então lançar polémica sobre a denominação do motivo Minerva e para tal se tiverem interesse posso ceder foto do prato em questão que apesar de não provar nada quanto à denominação correcta, deixa a entender que o motivo Minerva pode não ter sido o adoptado pela Fábrica de Sacavém para a estampa em causa.
cumprimentos.
Olá Luis
ResponderEliminarSobre esse tal prato Minerva,recebi semanas antes ,um maravilhoso prato ,com motivos ,que,me parecem gregos,muito bonito ,cxom dourados e uns desenhos super lindos tipo Grécia.
O prato é de uma marca estrangeira,super lindo.muito bonito mesmo,e antigo
Tem por baixo o nome MINERVA
Agora de momento está em caixas com outros pratos,mas mal possa e acabe umas arrumaçôes aqui em casa,retiro-o da tal caixa,tiro uma foto e envio-a para si
Depois quero que o Luis a mostre aqui,pode ser?
Um abraço e continue a escrever qualquer coisa sobre o que tanto adora...velharias
Dou sempre,todos os dias ,uma vista aqui no seu blog
Grace
Obrigado pelo seu comentário Cara Grace e desculpe só agora lhe ter respondido.
ResponderEliminarAbraços