Tenho estes dois registos com imagens de Nossa Senhora do Carmo, bem comos dois escapulários, que lhe aparecem normalmente associados. Este registo que vemos aqui em cima, com uma decoração neoclássica, será de finais do XVIII, princípios do XX e o segundo, nas linhas inferiores, com uma decoração rocaille será datado da segunda metade do XVIII. Em ambos os registos é representada a Virgem com o Menino, segurando um escapulário.
Para se perceber a origem desta representação iconográfica importa saber que o termo Carmo deriva da Ordem dos Carmelitas, uma ordem fundada na Idade Média, que tinha como patrono fundador o profeta Elias. Esta personagem do Antigo Testamento vivia como eremita, no monte Karmel, nas cercanias da actual cidade de Haifa, no território que é hoje Israel.
No século XIII, mais precisamente em 1251, um monge inglês da ordem do Carmelo, S. Simão Stock suplicava à Virgem que lhe desse algum sinal de aliança e bênção à Ordem dos Carmelitas e teve então uma visão na qual Nossa Senhora com o Menino lhe entrega o escapulário e lhe diz Hoc tibi et tuis privilegium: in hoc moriens salvabitur, o que quer dizer mais ou menos, aquele que tivesse o privilégio de fazer parte da Ordem (recebesse e usasse o escapulário como sinal dessa pertença) seria salvo definitivamente.
Em suma, é a Visão de S. Simão Stock que está na origem da representação de Nossa Senhora do Carmo destas duas gravurazinhas.
O culto a Nossa Senhora do Carmo tornou-se um emblema dos Carmelitas, ordem onde floresceram Santa Teresa de Ávila e S. João da Cruz, os místicos mais célebres de todo o catolicismo romano e popularizou-se em Portugal, Espanha e na América Latina, para a qual a Nossa Senhora do Monte do Carmo protege na vida, salva na morte e intercede depois a morte.
Em Portugal, a Nossa Senhora do Carmo é rapidamente associada ao culto das alminhas do purgatório, pois acreditava-se que a referida Senhora poderia resgatar os pecadores do purgatório.
A devoção a Nossa Senhora do Carmo passa sempre pelo Escapulário, que já agora convém explicar o que é exactamente esse objecto. O Escapulário era um adereço de vestuário antigo, uma espécie de avental, que cobria a frente e as costas da pessoa, ficando pendurado nos ombros de quem o vestia. Em virtude do enorme desenvolvimento, que o culto a Nossa Senhora do Carmo teve, o termo escapulário passou a designar também um pequeno objecto, que consiste em dois quadradinhos de pano, juntos por um cordão. Esses dois paninhos contem imagens religiosas marianas, frequentemente Senhoras do Carmo. Acreditava-se que transportar um escapulário consigo podia significar ser-se salvo do inferno, após a morte.
Se repararem bem nestas duas representação de Nossa Senhora do Carmo, hão de ver que tem uma forma cónica, o que é muito frequente nos registos marianos portugueses. Moisés Espírito Santo no seu arrojadíssimo livro As origens orientais da Religião Portuguesa. - Lisboa: Assírio e Alvim, 1988, explica que esta forma tem origem nos antigos cultos ancestrais da Península Ibérica, muito aparentados com as religiões de Cartago, da Fenícia e dos povos semitas em geral, em que a Deusa Astarté ou Tanit é sempre representada por um cone. Os desenhadores portugueses do século XVII e XVIII teriam reproduzido numa espécie de escrita automática a imagem duma divindade feminina ancestral, que estava gravada no subconsciente colectivo do povo português desde sempre. A tese de Moisés Espírito Santo é um bocado arriscada, mas é muito apelativa.
Para se perceber a origem desta representação iconográfica importa saber que o termo Carmo deriva da Ordem dos Carmelitas, uma ordem fundada na Idade Média, que tinha como patrono fundador o profeta Elias. Esta personagem do Antigo Testamento vivia como eremita, no monte Karmel, nas cercanias da actual cidade de Haifa, no território que é hoje Israel.
No século XIII, mais precisamente em 1251, um monge inglês da ordem do Carmelo, S. Simão Stock suplicava à Virgem que lhe desse algum sinal de aliança e bênção à Ordem dos Carmelitas e teve então uma visão na qual Nossa Senhora com o Menino lhe entrega o escapulário e lhe diz Hoc tibi et tuis privilegium: in hoc moriens salvabitur, o que quer dizer mais ou menos, aquele que tivesse o privilégio de fazer parte da Ordem (recebesse e usasse o escapulário como sinal dessa pertença) seria salvo definitivamente.
Em suma, é a Visão de S. Simão Stock que está na origem da representação de Nossa Senhora do Carmo destas duas gravurazinhas.
O culto a Nossa Senhora do Carmo tornou-se um emblema dos Carmelitas, ordem onde floresceram Santa Teresa de Ávila e S. João da Cruz, os místicos mais célebres de todo o catolicismo romano e popularizou-se em Portugal, Espanha e na América Latina, para a qual a Nossa Senhora do Monte do Carmo protege na vida, salva na morte e intercede depois a morte.
Em Portugal, a Nossa Senhora do Carmo é rapidamente associada ao culto das alminhas do purgatório, pois acreditava-se que a referida Senhora poderia resgatar os pecadores do purgatório.
A devoção a Nossa Senhora do Carmo passa sempre pelo Escapulário, que já agora convém explicar o que é exactamente esse objecto. O Escapulário era um adereço de vestuário antigo, uma espécie de avental, que cobria a frente e as costas da pessoa, ficando pendurado nos ombros de quem o vestia. Em virtude do enorme desenvolvimento, que o culto a Nossa Senhora do Carmo teve, o termo escapulário passou a designar também um pequeno objecto, que consiste em dois quadradinhos de pano, juntos por um cordão. Esses dois paninhos contem imagens religiosas marianas, frequentemente Senhoras do Carmo. Acreditava-se que transportar um escapulário consigo podia significar ser-se salvo do inferno, após a morte.
Se repararem bem nestas duas representação de Nossa Senhora do Carmo, hão de ver que tem uma forma cónica, o que é muito frequente nos registos marianos portugueses. Moisés Espírito Santo no seu arrojadíssimo livro As origens orientais da Religião Portuguesa. - Lisboa: Assírio e Alvim, 1988, explica que esta forma tem origem nos antigos cultos ancestrais da Península Ibérica, muito aparentados com as religiões de Cartago, da Fenícia e dos povos semitas em geral, em que a Deusa Astarté ou Tanit é sempre representada por um cone. Os desenhadores portugueses do século XVII e XVIII teriam reproduzido numa espécie de escrita automática a imagem duma divindade feminina ancestral, que estava gravada no subconsciente colectivo do povo português desde sempre. A tese de Moisés Espírito Santo é um bocado arriscada, mas é muito apelativa.
Tive alguns conhecidos de infância que usavam pendurados ao pescoço por um fio uns pequenos sacos em pele que continham, a recato, uns pequenos rectângulos de papel com umas pequenas imagens.
ResponderEliminarSempre me tinham intrigado aqueles objectos que essas crianças que na altura me rodearam, possuíam e as quais tinham como que pejo em os mostrar, ou dar mesmo a conhecer, como se de uma deficiência se tratasse (eu, filho de pais que nada ligavam à ortodoxia da religião católica, nada sabia destes cultos, ainda que fosse educado em estabelecimento religioso).
E, claro, o que é escondido aguça a curiosidade, mas eles mantinham o segredo bem guardado (quiçá porque temiam ser alvo de escárnio) e eu fiquei sempre com aquela imagem no meu imaginário.
Tratavam-se de escapulários, sei-o agora, com que as famílias de religiosidade mais acentuada pretendiam proteger as suas crianças.
A esta distância, e depois de todo o esquecimento que já me afectou, não me recordo se o uso daqueles objectos de devoção serviram realmente para algo, mas conjecturo que sim, pois, mais importante que qualquer milagre, é o acreditar em algo!
Manel
Interessante relembrar os Escapulários. Quando estive no colégio religioso- As Salesianas no Monte Estoril, aos domingos ia a pé com outra colega ao Mosteiro em Alcabideche das Irmãs Carmelitas buscar ovos. O ritual à chegada era beijar o Escapúlário da Irmã. Um adorno tipo fita larga do comprimento do hábito e da mesma cor, usado por cima deste, oscilava com o andar dela .Lembro que o tecido era grosso, tipo serrubeco, recordo a aspereza na minha boca quando o beijava. Quanto à protecção das criancinhas, o que me lembro em miúda era de usar um alfinete cravado na camisola interior ou combinação com o Augus Dei, medalhinhas de santinhos e um corno tudo para afugentar o Diabo e sei lá mais o quê. Gosto de Santos. Tenho recuperado alguns que compro nas feiras. Adoro engalaná-los com fitas de seda. A talhe de comparação adorei ver a águia do Benfica a voar majestosamente com as patas engalanadas igualzinho aos meus Santinhos. Coisas para Pensar!
ResponderEliminarProcuro referencia a alminhas mandadas edificar por José Teixeira Catarino no Norte, em especial em Sabrosa
ResponderEliminarJoão Catarino
EliminarInfelizmente não sei nada sobre esse assunto. Sugiro-lhe que procure informações nas revistas regionais e monografias locais. Um abraço