domingo, 8 de maio de 2011

Ratinhos na Feira de Estremoz


Ao contrário da Feira-da-ladra, os ratinhos abundam na Feira de velharias de Estremoz, o que é natural, pois era no Alentejo que os beirões apelidados ratinhos trocavam as suas faianças por roupas e outros produtos. Tenho visto peças desta faiança lindíssimas, mas estamos em tempos de contenção e tenho saído da feira alentejana de mãos a abanar (é mentira, comprei umas pecinhas de cantão popular, mas ficava bem escrever aqui, que não comprei nada).

Um detalhe do ratinho. Uma pintura rápida que tanto parece ser contemporânea como de um passado longínquo qualquer
No passado Sábado, vi este prato a chamar por mim por um preço tentador. Negociei com o casal de ciganos. Ela quis abater-me dez euros, ele não. Houve ali um desentendimento conjugal, durante quase um minuto, que ainda me inquietou e só se resolveu quando o marido percebeu, que eu me ia embora se não houvesse o abatimento. Acabei com o prato dentro da mochila, por uma quantia muito aceitável. As antiguidades e velharias estão decididamente a baixar de preço



O meu Ratinho não é tão espectacular como as peças da nossa seguidora misteriosa. Mas apresenta tal como a bacia degolada daquela nossa amiga uma espiral no centro, motivo decorativo antiquíssimo, usado pelos homens desde sempre e que me fascina. É comum nos monumentos megalíticos, na arte antiga chinesa é um símbolo do sol e em termos filosóficos representa a dialéctica. Aparece na natureza, por exemplo nos caracóis e em algumas conchas.

É daqueles motivos decorativos, que mesmo sem sabermos nada de história, iconografia ou simbologia, somos capazes de o transcrever do nosso cérebro, passando-o ao papel ou pintando-o numa cerâmica.

A espiral é um motivo decorativo comum nos ratinhos, conforme se pode ver nos pratos já aqui apresentados, pertencentes ao Manel e à primeira seguidora misteriosa. Opinião que é confirmada pelo que escreveu João Pedro Monteiro no catálogo António Capucho homem através da colecção, p. 163

Pela minha parte, estou encantado porque a partir de hoje tenho um prato na minha cozinha, com essa decoração velha como o mundo.

14 comentários:

  1. Ola Luis, estou aqui de volta aos meus passeios pelo seu blog, falta-me inspiração e parece que as palavras não "saem" mas não queria passar sem deixar um simples testemunho.
    Agrada-me o seu Prato e tambem na minha cozinha ficaria bem...ou na sala...ou na entrada...enfim no meu "mundinho"...
    parece-me que o via bem em quase qualquer lado...
    Um beijinho grande e bom Domingo...

    Marília Marques

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  2. Olá Luis,
    Seu novo prato é belíssimo e estou muito feliz que você o tenha adicionado à sua coleção.
    Não deixe depois de nos mostrar as peças em cantão popular, que muito aprecio.
    Só me permita discoradar quando você diz que seu prato "não é tão espectacular como as peças da nossa seguidora misteriosa", pois eu o acho lindo e tanto quanto a bacia degolada, por exemplo.
    Aqui, com o crescimento econômico do país, os preços de velharias e antiguidades, como de tudo mais, só faz subir de forma escandalosa. Aproveite, se puder, enquanto os preços estão em baixa por aí.
    abraços
    Fábio

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  3. Parabéns pela compra, Luís, o seu prato é lindíssimo e mantém as cores e o brilho original.
    Gostei muito da sua referência à espiral no centro do prato, porq é efetivamente comum a muitos ratinhos, é mesmo uma caraterística identificativa, mas raramente a vejo referida.
    Não sei porque surge nestas faianças esse elemento decorativo com uma simbologia tão rica e desconhecia que ele era usado já em tempos tão recuados.
    Aprende-se muito por aqui!!!
    Um abraço

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  4. Olá Luís
    Parabéns pelo seu novo prato. É muito bonito e está muito bem conservado. Desconhecia o pormenor da espiral,nos Ratinhos. Na educação de infância,a espiral é um dos grafismos que treina a escrita das crianças para a letra "c" e é dos movimentos que elas têm mais dificuldade em executar.
    Voltando ao seu novo prato, ele ficará a matar na sua cozinha, e, quem sabe, inspirá-lo para tradicionais cozinhados :)

    Um abraço
    Maria Paula

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  5. Em primeiro lugar umas boas vindas à Marília, que há muito andava afastada desta comunidade de bloguers. Coloquei este Ratinho, entre um outro prato desta faiança que já tinha e aquele que lhe comprei a si, que ainda estou na dúvida se será um ratinho ou não, mas certamente que será um primo próximo

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  6. Caro Fábio

    obrigado pelo seu comentário. à medida que vou olhando para o prato, vou gostando cada vez mais dele.

    De facto, em Portugal vive-se um óptimo período para comprar antiguidades. Os preços estão a baixar e os vendedores negoceiam sempre para tentar apanhar os clientes. É preciso é ter dinheiro, coisa que cada vez temos menos.


    Olhe Fábio! Aproveite para visitar agora Portugal e voltar carregado de velharias para o Brasil. Mostro-lhe onde comprar azulejos antigos ou cantão popular.

    Abraços

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  7. Maria Andrade

    Tem razão. Não se refere muito a espiral.No entanto é um motivo decorativo, que quase nos hipnotiza e é de facto um dos elementos identificadores dos ratinhos. Aos poucos vamos conhecendo melhor esta loiça.

    Abraços

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  8. Maria Paula

    Obrigado por essa informação. Ainda vou ver se dou um pulo ao seu blog para ver o que achou da fotografia estátua das devezas, que lhe enviei.

    Abraços

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  9. Acho o teu ratinho tão bonito como a bacia degolada, a única coisa que torna esta última mais apelativa é o facto de ser isso mesmo, degolada.
    Pode não ter qualquer significado, e talvez não tenha mesmo, mas a minha fomação a isso me impele: acho muito interessante a subdivisão do teu prato em 7 partes iguais.
    Estou mais habituado a ver uma subdivisão do motivo decorativo num número par de partes iguais, ou então em 3 ou 5. 7 ou 9 vai sendo mais raro. Aqui, o meu está dividido em 14 partes ... lá ando eu à cata de alguma coisa a que me agarrar nestes elementos decorativos e a tentar encontrar algum fio condutor para a decoração deste tipo de faiança.
    Enfim, são fiapos a que me agarro ... debalde, pois não conheço o suficiente para perceber se se pode extrair alguma coisa deste facto, e, se alguém sabe, não o refere.
    Manel

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  10. Manel

    Fizeste muito bem em apontar as quantas partes a decoração da aba se divide. Eu próprio contei-as, mas como me centrei na espiral esqueci-me de referir esse pormenor, mas de futuro estarei mais atento tentando encontrar relações.

    Não creio que haja aqui gente a sonegar informação

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  11. Como é que eu só hoje descobri este blogue ?!!! Nem acredito , eu que , para além doutras coisas , adoro as chamadas "Velharias " Fiquei eufórica ao ver que até possuo os "2 ratinhos "que nos mostra. Estes pratos eram só usados em dias de festa e nos de casamentos para por as papas de carolo e o arroz doce . Há outros desenhos . Quanto à espiral muito bem focada ,tal como o número de partes .
    Bem-hajam amigos

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  12. Olá Luís
    Cheguei por último.
    Adoro Estremoz, a feira é uma tentação, pena que só seja da parte da manhã.Lembro-me sempre de uma amiga chamada Maria João que se apaixonou por uma casita rural com quintal a coisa de 20 km. A distância, não haver ninguém para limpar o quintal, tinha de ser ela e o marido duas vezes por ano de sulfatar pesticida nas ervas. Lamentava-se que ainda havia de a vender, arrependida de não ter adquirido na praia, mais perto e simples. Desculpe o devaneio, lembrei-me dela e dos ciganos sempre com peças apetecíveis.

    A sua palangana além de nova tem umas cores maravilhosas.Os arabescos cor borra de vinho no contraste com o verde cobre, azul cobalto e amarelo ocre . Que dizer da espiral, a primeira figura que me apaixonou nos ratinhos. Conhecia-a nas malgas malagueiras apenas decoradas com ela.

    Excelente aquisição, sem dúvida. Fiquei com um nadita de inveja...desculpe, não fiquei nada, sei que ficou em muito boas mãos e em Portugal. Os espanhóis compram imenso em Estremoz.

    Beijos Isabel

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  13. Cara Idanhaense sonhadora

    Bem vinda ao blog, onde os ratinhos são muito populares, bem como toda a faiança portuguesa. Espero poder contar com as suas opiniões

    Abraços

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  14. Cara Isabel

    Vou gostando cada vez mais do meu ratinho.

    A inveja é um sentimento normal, se o formos capazes de o transformar em admiração. Levei algum tempo a perceber que aqueles que invejava eram afinal individuos que eu desejava intensamente ser como eles.

    Passa-se o mesmo com as peças que vemos. julgo que para a Isabel invejar é admirar,

    Enfim, agora deu-me para as sentenças morais, quando estes pratos com cores garridas apelam é à vida.

    Beijos

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