Quando com os meus irmãos fizemos partilhas das coisas da minha avó paterna, calharam-me umas quantas porcelanas do Século XIX, com florinhas pintadas à mão. Entre essas peças, encontrava-se uma tampa solta de uma cafeteira, com uma pintura muito delicada, que apesar de órfã sempre fez as minhas delícias.
Agora, pelo meu aniversário, recebi um açucareiro espantoso, do século XIX, com um motivo em todo semelhante à pobre tampa órfã. Há apenas uma ligeira variante na flor azul.
A minha peça não tem marca, mas é obviamente Vista Alegre. Encontrei no catálogo II Leilão da Vista Alegre, realizado no Porto, em 1998 e editado pela Estar Editora, um Açucareiro muito semelhante na decoração e com um formato exactamente igual, datado entre 1870-1880. Aliás, este formato gomado foi usado durante décadas pela Vista Alegre, pintado com decorações distintas e por vezes vendido todo em branco, sem nenhuma pintura decorativa.
Também no mesmo Catálogo, encontrei duas saboneteiras com uma decoração exactamente igual à minha e também datadas entre 1870-1880.
Sempre que vejo estes livros das leiloeiras, interrogo-me porque é que nunca apareceu um catálogo raisonné de toda a produção de louça da Vista Alegre, Todos os coleccionadores e antiquários agradeceriam uma publicação que reproduzisse sistematicamente toda a produção de loiça da Vista Alegre, desde o seu início, em 1824 até ao momento presente e escusava de contemplar a sumptuária, que essa está mais do que publicada e é normalmente de gosto duvidoso. Os serviços de chá, café, e jantar são aqueles que se encontram mais no mercado ou que as pessoas mais têm em casa e são precisamente aqueles sobre os quais há menos informação bibliográfica
Agora, pelo meu aniversário, recebi um açucareiro espantoso, do século XIX, com um motivo em todo semelhante à pobre tampa órfã. Há apenas uma ligeira variante na flor azul.
A minha peça não tem marca, mas é obviamente Vista Alegre. Encontrei no catálogo II Leilão da Vista Alegre, realizado no Porto, em 1998 e editado pela Estar Editora, um Açucareiro muito semelhante na decoração e com um formato exactamente igual, datado entre 1870-1880. Aliás, este formato gomado foi usado durante décadas pela Vista Alegre, pintado com decorações distintas e por vezes vendido todo em branco, sem nenhuma pintura decorativa.
Também no mesmo Catálogo, encontrei duas saboneteiras com uma decoração exactamente igual à minha e também datadas entre 1870-1880.
Sempre que vejo estes livros das leiloeiras, interrogo-me porque é que nunca apareceu um catálogo raisonné de toda a produção de louça da Vista Alegre, Todos os coleccionadores e antiquários agradeceriam uma publicação que reproduzisse sistematicamente toda a produção de loiça da Vista Alegre, desde o seu início, em 1824 até ao momento presente e escusava de contemplar a sumptuária, que essa está mais do que publicada e é normalmente de gosto duvidoso. Os serviços de chá, café, e jantar são aqueles que se encontram mais no mercado ou que as pessoas mais têm em casa e são precisamente aqueles sobre os quais há menos informação bibliográfica
Ola Luis, muito lindo o Açucareiro... elegante, fino...um miminho... o Luis tem peças tão LINDAS!!!!! Grrrr!!!
ResponderEliminarQue bela ideia essa da publicação das peças da Vista Alegre...e que jeito que me dava!!!
As saboneteiras são muito bonitas, tenho uma predilecção especial por estas peças...tenho uma do mesmo formato da mais compridinha (caixa para escovas de dentes), sem decoração, toda branquinha, marcada VA azul, gosto muito dela...mexo-lhe sempre com muito cuidado porque eu e as tampas não somos "grandes amigas" e tenho medo que caia....as tampas parecem ganhar vida nas minhas mãos!!!
Um abraço Luis,
Marília Marques
Luís!
ResponderEliminarNão é que tenho um dos tais açucareiros gomados e brancos!?Comprei-o por uma ridicularia, aqui na feira em Braga.Ostenta uma marca, que juntamente com mais sete são situadas no período entre 1881 e 1921.A marca correspondente ao açucareiro em questão aparece em segundo lugar na lista; será que a lista foi ordenada ,-ai lista ordenada!o que é que isto me faz lembrar? :(, segundo a antiguidade?Se assim for, aproxima-se da data referida pelo Luís.
Vou pôr uma foto no meu blogue; quando puder passe por lá.
O açucareiro que lhe foi oferecido é de facto espantoso.
Bom fim de semana
Maria Gabela
Olá Luís
ResponderEliminarTambém adoro florzinhas pintadas à mão sobre porcelana e não resisto a uma chávena, mesmo estalada ou sem asa, desde que ostente um belo bouquet de flores. Tenho várias nessas condições, da Vista Alegre e de outros fabricos, algumas sem marca mas com o formato polilobado que normalmente se atribui à Vista Alegre, mas que eu não estou tão segura como o Luís de ser sempre VA. Penso que houve fábricas na Europa Central, nomeadamente na região da Silésia e na Boémia que utilizaram formatos e decorações semelhantes. O termo polilobado, aplicado a estas formas e que faz todo o sentido, é para mim uma recente aquisição vocabular que lhe devo, pois estou muito mais familiarizada com os termos ingleses, neste caso "fluted", (nesta área da cerâmica movimento-me sobretudo em sites ingleses)e não encontrava um equivalente em português.
Quanto ao seu belo bule, tenho também dois tamanhos mas em branco e bules e chávenas de três tamanhos, quase todos VA azul. Com essas florinhas tenho só um bule de outro formato, quase esférico,e um ou outro pires ou chávena, desirmanados. A minha casa também está cheia de "cacos" como dá para perceber. Desculpe-me se me estou a alongar demasiado mas entusiasmo-me com estes assuntos e poderia continuar a falar disto durante horas...Já li quase todos os seus posts e tenho achado muito interessantes, desde os de história local e familiar até aos de azulejos, faiança, porcelana, enfim, muitos gostos partilhados.
Até breve
Maria Andrade
Cara Maria Andrade
ResponderEliminarA Vista Alegre usou os mesmos moldes e decorações décadas a fio. Na família da minha mãe há um serviço de chá polilobado, branquinho, com a marca do centenário da Vista Alegre, 1824-1924. Esse conservadorismo da fábrica faz com que se encontrem peças muito semelhantes, mas umas são fabricadas em 1880 e outras quase 40 anos mais tarde.
Esse mesmo conservadorismo faz com que seja relativamente fácil identificar as peças da Vista Alegre mesmo quando não estão marcadas. Há um ar de família entre peças que estão distantes 40 ou 50 anos distantes entre si.
No entanto, não deixa de ter razão, quando diz que por vezes as peças da VA se podem confundir com peças francesas ou da Europa Central. A VA não era alheia às modas internacionais ditadas por Paris e na primeira metade do século XIX teve ao seu serviço dois pintores franceses. Uns amigos meus franceses viram há uns tempos uma chávena que já mostrei aqui e disseram-me que poderiam ser perfeitamente das porcelanas de Paris "Chávena com flores de meados do século XIX da Vista Alegre(?)". No entanto é como lhe digo as coisas da Vista Alegre tem sempre um certo ar de família entre si
Abraço e é um prazer ter os seus comentários no meu blog
Só mais um comentário para corrigir o anterior.Quando me referi ao seu belo bule, queria dizer açucareiro, estava a pensar no meu bule com as mesmas flores mas de um formato quase esférico. Tal como o seu açucareiro, o meu bule não tem marca mas não tenho dúvidas de que seja VA, aquelas florzinhas não enganam. Já visitei várias vezes o Museu da Vista Alegre, tenho revistas deles e estou mais ou menos familiarizada com as decorações VA. Já em relação a outras peças sem marca que sobretudo os vendedores nas feiras atribuem logo à Vista Alegre, tenho algumas dúvidas. Não é o caso das suas peças e penso que tem razão em tudo o que disse acima.
ResponderEliminarAs outras peças em branco a que me referi, açucareiros , bules e chávenas é que são marcadas, quase todas a azul.
Sabe o que é que eu penso em relação à falta de marcas em peças antigas da Vista Alegre? É que podiam ter tido as marcas a ouro do primeiro período e terem já saído pois os dourados saem com facilidade. Enfim, é apenas uma conjectura.
Um abraço
Maria A.
Julgo que no início a Vista Alegre não marcava as peças todas, ou então, marcava apenas algumas peças do serviço e mesmo assim eram muito bons, porque os fabricantes de faiança contemporâneos não punham marcas de todo
ResponderEliminarEm todo o caso, tem razão numa coisa. Os doirados são os primeiros a desaparecer com as múltiplas lavagens.
A uns tempos fui ver aqui em Lisboa a exposição sobre o Titanic, feita com vestígios recuperados do fundo do mar. E enquanto a faiança azul e branca usada na segunda classe se conservou impecavelmente, os vivos dourados da porcelana da loiça da primeira classe, desapareceram praticamente com a acção do sal marítimo
Abraço
Ainda bem que gostaste do açucareiro!
ResponderEliminarManel
posso dar uma explicação porque é que a cor das flores da tampa e açucareiro não são iguais. Simplesmente porque as peças eram cozidas a forno de lenha e a temperatura variava. Nem sempre numa fornada de louça mesmo moderna as cores saiem iguais. POR vezes tem que se pintar de novo para reaver a cor pretendida, o que nem sempre acontecia na época, só para peças de colecçao.
ResponderEliminarCaro Anónimo(a).
ResponderEliminarA sua explicação faz todo o sentido e já a arquivei no meu repositório de conhecimentos sobre cerâmica.
Abraços e volte sempre
Luis, gostaria de saber se posso utilizar a sua foto como ilustração de um livro que estou diagramando. O livro fala sobre a história do mobiliário no Brasil e consequentemente, apresentaremos algumas peças de decoração. Seu açucareiro é muito lindo. Colocaria o seu nome na legenda. Entre em contato. gisele.ramos@gmail.com
ResponderEliminarEncontrei isto http://www.bestnetleiloes.com/pt/leiloes/oportunidades-e-varios-15/acucareiro-ou-boleira
ResponderEliminarAcho que é algo que o Luís vai gostar, eu sei que gostei muito...
Bernardo
ResponderEliminarO Açucareiro tem o mesmo formato do meu a decoração é igual à tampa que eu tenho. Muito obrigado pela descoberta!!!
Um abraço