No meu post de Abril sobre os santos que pertenceram à capela de Sta. Rita, do Solar dos Montalvões, em Outeiro Seco, tive sérias dúvidas sobre a identificação da Sta. Rosa, pois há duas Santas Rosas, uma de Viterbo e outra de Lima e a iconografia das duas anda à volta do mesmo, uma virgem em êxtase com traje de monja e uma coroa de rosas ou de espinhos
Esta semana, ao desfolhar o belo livro de Sónia Talhe Azambuja, A linguagem simbólica da natureza: a fauna e a flora na pintura seiscentista portuguesa. Lisboa: Veja, 2009, para o qual tive o gosto de prestar uma pequena colaboração na pesquisa de imagens, consegui finalmente encontrar a solução para o mistério das Santas Rosas.
Para os mais ateus ou menos informados sobre iconografia cristã, volto a repetir que existem duas santas Rosas. Uma Santa Rosa de Viterbo, italiana, que viveu entre 1233-1252 e que é património da Ordem terceira de S. Francisco e uma Santa Rosa de Lima, originária do Peru (1586 - 1617), que foi uma mística da Ordem Terceira Dominicana, canonizada pelo 1671.
A primeira é tradicionalmente representada com uma franciscana, com o característico cordão à volta da cintura, conforme se pode ver no quadro do pintor espanhol Murillo.
Esta semana, ao desfolhar o belo livro de Sónia Talhe Azambuja, A linguagem simbólica da natureza: a fauna e a flora na pintura seiscentista portuguesa. Lisboa: Veja, 2009, para o qual tive o gosto de prestar uma pequena colaboração na pesquisa de imagens, consegui finalmente encontrar a solução para o mistério das Santas Rosas.
Para os mais ateus ou menos informados sobre iconografia cristã, volto a repetir que existem duas santas Rosas. Uma Santa Rosa de Viterbo, italiana, que viveu entre 1233-1252 e que é património da Ordem terceira de S. Francisco e uma Santa Rosa de Lima, originária do Peru (1586 - 1617), que foi uma mística da Ordem Terceira Dominicana, canonizada pelo 1671.
A primeira é tradicionalmente representada com uma franciscana, com o característico cordão à volta da cintura, conforme se pode ver no quadro do pintor espanhol Murillo.
A segunda, a Sta Rosa de Lima, apresenta-se como uma dominicana, com o traje a preto e branco, característico daquela ordem. A pintura seiscentista de Bento Coelho, os Desposórios Místicos de Santa Rosa de Lima, que está na igreja de S. Nicolau de Santarém e aparece reproduzida no livro de Sónia Talhe Azambuja é um bom exemplo da iconografia típica desta Santa.
A principal diferença entre as santas é o traje religioso, pois tudo o resto é facilmente confundível
Portanto, agora posso concluir com segurança que a Santa Rosa que se encontrava na capela de Sta Rita, no Solar dos Montalvões, em Outeiro Seco, é efectivamente uma Santa Rosa de Viterbo, pois apresenta o típico traje dos religiosos fransciscanos, de cor acastanhada e com o cinto de corda com os nós.
As fotografias da Santa Rosa de Viterbo, da capela de S. Rita são do Humberto
Ola Luis,
ResponderEliminarVenho confessar a minha quase total ignorancia no que respeita a iconografia cristã...não sou ateia mas sou quase, se é que se pode falar assim, diga-se entao que tenho uma religião muito própria :-), mas isso não me impede de gostar de arte sacra... nem de entrar em quase todas as igrejas por onde passo para desfrutar da sua beleza!
Meu caro Luis a Pintura de Bento Coelho que mostra neste post, é da Igreja da minha freguesia, S.Nicolau em Santarém... é a igreja que sempre frequentei em casamentos, baptizados e outras ocasioes e é digna de uma visita pois é muuuuuuito LINDA!
Beijinho
Marília
Cara Marília
ResponderEliminarEmbora não sendo crente tenho também uma paixão por arte sacra. A maior parte da boa arte anterior ao Século XIX, encontra-se ainda nas Igrejas ou delas proveio para os museus nacionais ou locais. Com efeito, até ao início do Século XIX a Igreja é o grande mecenas, o grande encomendador de pintura, escultura, arquitectura e ourivesaria.
Abraços
Olá Luís
ResponderEliminarNão merece de todo a minha ausência...obrigada por me fazer sentir bem, tem esse dom mayor de me deixar pasmada!
Saber se a Santa Rosa da capela de S. Rita do solar dos Montalvões , ser Viterbo ou Lima? Enigma que de todo não sei responder, mas gostava de saber, claro, acredite nem conhecia estas versões...
Santarém, pois é uma cidade monumental, por certo já vi a Santa, mas não me recordo, o mês que vem conto lá ir na altura das Tasquinhas, o meu marido faz anos, por lá temos comemorado muitos aniversários, vou indagar com olhos de gente...
Eu sou um nikito crente, acredito em algo especial, que não sei bem o que é, contudo desde miúda que os Santos me fascinam, em especial tenho fé no S Judas Tadeu e Santa Rita de Cássia, os meus favoritos
Em termos de estatuária aprecio o Santo António nas múltiplas versões
Beijos
Isabel
Caro Luís,
ResponderEliminarCom este seu post, novamente tão esclarecedor, fiquei a saber algo mais sobre arte sacra. Efectivamente não sabia q havia duas Stas Rosas, aliás, para ser sincera, nem sequer conhecia a Sta. Rosa, mas q esta é uma bela escultura, é sem dúvida. É muito expressiva e o movimento das vestes, assim como a base marmoreada sugerem ser obra do séc. XVIII. Será?
Agora vou dar-lhe a novidade q já dei à M. Isabel: motivada pelos dois, já criei o meu próprio blogue: http://artelivrosevelharias.blogspot.com
Veremos se o consigo manter por muito tempo com alguma regularidade.
Um abraço
Maria A.
Ai Luís, eu perco-me nestas santas todas!
ResponderEliminarConfesso a minha ignorância, fruto de uma educação completamente fora de todos os preceitos religiosos apesar da frequência de colégio afecto ao culto católico e, posteriormente, ter trabalhado durante uma dúzia de anos em instituto religioso de cariz afim.
Não obstante, mantive sempre uma certa independência, até algo de afastamento premeditado, apesar da atenção que fui mantendo na produção artística religiosa, posto que esta é incontornável, para quem se interessa pelo campo artístico.
Mas da iconografia escultórica sei o essencial, que não chega e este ponto de escalpelização se a Santa Rosa é de Viterbo ou de Lima ... assim, fruto da tua curiosidade, aprendi algo mais contigo. Bem hajas pelo facto.
Manel
Terei que espreitar o seu blog.
ResponderEliminarJulgo que a Santa Rosa tem todo o movimento característico do Século XVIII.
Para nós, esta geração que não acredita em nada, é muito complicado compreendermos a arte sacra do passado, pois já não percebemos nada de santos, teologia, devoções ou iconografia.
Para fazer uma correcta interpretação da arte relgiosa temos que reaprender signos e simbolos, que para qualquer pessoa no século passado XVIII eram óbvios.
abraços
Obrigado pelo teu incentivo, Manel
ResponderEliminarDás-me sempre força para escrever mais e sair do torpor em que me encontrava,