Adoro Cristos. Já tentei contar quantos tenho em casa, mas quando chego à casa-de-banho já não me lembro se contei os que estão na ombreira da porta da sala e volto ao início. Mas, talvez entre esculturas e gravuras existam no meu apartamento minúsculo uns vinte e seis Cristos abençoando um homem descrente e só.
Este Cristo muito popular é dos meus preferidos. É feito como se fosse um pequeno altar, pois tem os degraus, os castiçais e a custódia, Depois tem a panóplia dos instrumentos ligados à crucificação, o chicote, o galo, representando S. Pedro, o cálice, a escada, a lança e o pau com a esponja de vinagre, que algum malfeitor usou para avivar as feridas de Jesus.
Há muitos anos, trabalhei na organização de uma grande exposição de arte portuguesa no Japão e os nossos anfitriões nipónicos recusaram-se a ter Cristos expostos, o que colocou o comissário português numa posição limitada nas suas escolhas, já que toda a arte portuguesa está pejada de descidas da cruz, crucificações, flagelações, vias sacras, etc. Os japoneses acham os nossos Cristos uma coisa macabra, perfeitamente bárbara e de se pensarmos bem, um homem pregado numa cruz não é um espectáculo agradável de se ver.
Contudo, os Cristos portugueses são tão ingénuos, doces, que da encenação macabra da Crucificação já tem muito pouco
Este Cristo muito popular é dos meus preferidos. É feito como se fosse um pequeno altar, pois tem os degraus, os castiçais e a custódia, Depois tem a panóplia dos instrumentos ligados à crucificação, o chicote, o galo, representando S. Pedro, o cálice, a escada, a lança e o pau com a esponja de vinagre, que algum malfeitor usou para avivar as feridas de Jesus.
Há muitos anos, trabalhei na organização de uma grande exposição de arte portuguesa no Japão e os nossos anfitriões nipónicos recusaram-se a ter Cristos expostos, o que colocou o comissário português numa posição limitada nas suas escolhas, já que toda a arte portuguesa está pejada de descidas da cruz, crucificações, flagelações, vias sacras, etc. Os japoneses acham os nossos Cristos uma coisa macabra, perfeitamente bárbara e de se pensarmos bem, um homem pregado numa cruz não é um espectáculo agradável de se ver.
Contudo, os Cristos portugueses são tão ingénuos, doces, que da encenação macabra da Crucificação já tem muito pouco
Mas que são macabros, lá isso são.
ResponderEliminarFoi o último reduto que não me permito ultrapassar, ainda tive um, meio escondido, meio tímido, em pau preto, num desvão de uma janela (aliás, creio que ele até andou a saltitar de um local para outro, duma ombreira para um desvão e de regresso a outra ombreira, atrás duma porta), e finalmente decidi que realmente não faz parte da minha panóplia, nem dos meus gostos (deve estar agora em tua casa com certeza, pois não devo ter descansado enquanto o não despachei e és a única pessoa que conheço que gosta deste tipo de obra). Creio que o substituí por duas gravuras de viagens, inglesas, típicas do "grand tour" romântico que a elite usava fazer pela Europa continental, durante o século XIX.
Para além disso possuo também um oratório, mas nele não consta nenhum Cristo, aliás aquele que ele tinha deixei-o na loja ... talvez qualquer dia :)
Manel
Caro LuisY
ResponderEliminarPassei a maior parte da minha vida a não apreciar a imagem de Cristo pregado na cruz.Nunca aprofundei os porquês.
No entanto gosto imenso de Santos.
Há uns anos conheci os Cristos de Artur Bual e aos poucos comecei a mudar de opinião.
Um belo dia o meu marido encontrou um Cristo em latão embrulhado num envelope numa gaveta da sua avó Rosa.Já não tinha cruz, decidimos no seu restauro a título de homenagem.
Fomos para a rua à procura de madeira que encontrámos num vazadouro de obras.
Enquanto ele fez a cruz,eu areei a imagem e decidi enfeitá-lo como se usa no norte,zona de Braga, em jeito de imitação como aliás tinha visto na televisão.
Prendi um arame às 4 pontas da cruz onde previamente enfiei flores brancas e azuis artificiais mui delicadas.
Por detrás do fio colei uma fita de seda larga branca cujas pontas aos pés da cruz se entrelaçam num laço.
Coloquei-a por cima do meu oratório na casa de província.
Adoro-o!
Quanto ao seu,não tenho palavras para exprimir tão rara beleza.
Deveria ter honras em pertencer ao Museu do Outeiro Seco sediado no palacete dos Montalvões para deleite dos demais apreciadores.
Seguramente o Cristo mais emblemático, autêntico, espectacular, que alguma vez tive o privilégio de apreciar.
Bem haja por me dar a conhecer tamanha raridade, tudo nele e à sua volta é um fascínio, uma descoberta, tantos instrumentos, galo, madeira em jeito de altar ,castiçais... tudo é soberbo, para mim surreal.
Acaso merecesse assim ter um, só sei que passaria horas em perfeita contemplação.
Nunca nesta vida vi nada parecido, quicá semelhante.
Adoraria ter um igualzinho.
Pena que nem tenha comentado onde o adquiriu. Tamanha é a minha curiosidade.
Seguramente é mote para adormecer, no imediato fez-me recordar uma casa de bonecas da minha filha quando era pequena.
Já lhe reconhecia um excelso bom gosto, agora fiquei extasiada, pasmada, com um "niquito" de inveja...e por norma não sou. Mas confesso que senti....
Está mais uma vez de parabéns pelas suas brilhantes e surpreendentes escolhas.
Um abraço
Obrigado pelos vossos comentários.
ResponderEliminarO Cristo não será muito antigo. Julgo que é uma peça popular do Século XX. Foi comprado por um preço em conta, talvez 20 ou 25 Euros, numa casa de velharias ali no Bairro das Colónias, Rua Forno do Tijolo, mas não consigo precisar o número da porta.
Não ultrapassa os 20 cm de altura e está na umbreira duma porta e tem de facto um ar de oratório, destinado a enfeitar uma casa de bonecas.
Há Cristos fantásticos. Os meus preferidos são os românicos, com umas cabeças enormes, mas esses não tenho dinheiro para lhe chegar.
Abraços