Apesar de a nossa Isa não gostar das florzinhas vitorianas da Vista Alegre, vou voltar hoje ao assunto. Um dia destes, sai do emprego e regressei a pé para casa por S. José, que é uma bonita rua de casario antigo e com antiquários, onde eu gosto de meter o bedelho, embora raramente compre. E numa dessas casas de antiguidades, lá estavam a chamar por mim, um bule de chá, um açucareiro e uma taça com uns motivos de florzinhas, que se apresentavam como uma leve variante do smotivo da cafeteira e da taça, que mostro aqui.
Entrei para ver melhor a peça e a Madame da loja cai logo em cima, atirando à queima-roupa que as peças eram francesas! Mais, que os franceses nunca marcavam as peças! E mais ainda, adiantou-me logo que o conjunto “français” das 3 peças estava à venda por 350 Euros! Como diria o meu amigo Manel, Cada tiro, cada melro...
Entrei para ver melhor a peça e a Madame da loja cai logo em cima, atirando à queima-roupa que as peças eram francesas! Mais, que os franceses nunca marcavam as peças! E mais ainda, adiantou-me logo que o conjunto “français” das 3 peças estava à venda por 350 Euros! Como diria o meu amigo Manel, Cada tiro, cada melro...
Muito delicadamente chamei a atenção da Senhora para o facto de que as peças, embora não estivessem marcadas eram da Vista Alegre, pois aqueles formatos polilobados são típicos da fábrica, aquelas florzinhas foram usadas durante toda a segunda metade do século XIX. Contudo, a referida Senhora não quis ficar muito convencida, porque vender porcelana francesa dá mais emblema. É lamentável que quem venda antiguidades ande tão mal informado, sobretudo sobre peças de produção nacional, relativamente comuns. Claro, nós sabemos que a VA seguia de perto as porcelanas de Paris e Sêvres, mas por amor de deus, basta consultar o catálogo do VII Leilão da Vista Alegre, p. 147, que ainda se encontra por aí à venda e está disponível na net, para ver um serviço com uma decoração diferente, mas cujas peças tem exactamente o mesmo formato.
Como não posso ir à loja com minha cafeteira marcada VA, para a educadamente a esfregar no rosto da acima referida Senhora, fiz este post
Baralhada estou...confusa...
ResponderEliminarLuis Y ou Luis M?
Eis a questão. (habituada que estava ao estrangeirismo,conferia-lhe no meu imaginário prazeres de pronúncia do nordeste+eunuco tibetano+dramaturgo(óculos redondos e tipo de escrita)+ solitário+??????
Julgo que Luis é de certeza. Feeling!
Impossível não sorrir com o seu post.
Muito ao meu jeito no arrebatamento do texto. Também eu quando ia ao sindicato dos bancários ou mesmo de quando em vez em passeio gosto de percorrer essa rua de antiquários.Também já reparei que pouco ou mesmo quase nada sabem sobre as peças, o que no mínimo é avassalador e frustrante.
Antes do natal por lá passei e perguntei o preço a um grande prato de faiança de Coimbra, o homem, flipado, devia ali estar por empréstimo, nada dizia, talvez fosse bem vestida demais e desse a ideia que tinha posses, nem atendeu o telefone, o interesse em me o vender era enorme. Subtilmente despachei-o com classe...sabe, é para ofertar pelo natal ao meu marido, ainda vou reconsiderar se o merece...posto isto ficou calado, deu-me um cartão.
Quis o destino que o voltasse a ver na Fil, estava de costas, o prato jazia postado no chão sob a camilha da mesa, não gostei, merecia melhor posição na exposição do stand.
Quanto à foto do bule,a asa não engana.
Tenho um bule igualzinho em branco, comprado na feira do costume, mas com o bico ligeiramente partido.
Adorei a retórica"apesar da nossa Isa não gostar de florzinhas victorianas da vista alegre" ...mereci tal reparo.
Sei, reconheço!
Acontece que gosto de florzinhas, acho que é das cores, excesso de rosa.
Comprei à pouco tempo na feira da ladra uma caixinha alta francesa,tipo guarda jóias, marcada, cujas pegas me chamaram a atenção pela lembrança dos bustos romanos à entrada dos pórticos de alguns monumentos, nomeadamente em Caminha e igreja de Penela. Ao meio uma bordadura com uma simbiose de florzinhas lindas que foram recriadas à posteriori pela fábrica de Sacavém. Quanto a esta lembrança uma malfadada desgraça, um belo dia vi por 15€ na feira da ladra uma terrina tipo hexagonal com estas bordaduras e o meu marido não me a comprou. Estava novíssima, linda por ser pequena, mui graciosa.
Ele é que não gosta de flores!
Coysas e loysas do meu ascendente leão com picardias do meu signo touro.
Isabel
Luis!
ResponderEliminarParecia que eu estava lendo um post publicado por mim mesmo, em meu próprio blog... Aqui no Brasil é a MESMA coisa! A todo momento flagro louça brasileira sendo vendida majoritariamente como "inglesa", mas também com diversas outras nacionalidades.
Uma vez quase apanhei do vendedor quando tentei chamar a sua atenção para que aquela "travessa azul borrão século XIX inglesa era em verdade uma peça brasileira fabricada em São Paulo por volta dos anos 1950!!!
ResponderEliminarabs
Fábio
Sempre um prazer verificar as cumplicidades que se geram nestes campos, só permitidos através dos olhos sensíveis à arte, quer ela seja original, fabricada pela natureza ou, em jeito de arremedo, pelo homem.
ResponderEliminarA Isabel, nos seus comentários, não fica atrás em interesse, pois apresenta sempre uma panóplia eclética de interesses que dão asas à imaginação do leitor desprevenido. Um bem haja também pela colaboração para transformar o que incialmente era um simples blog do Luís (que me encantou logo desde início, quer pelos temas, que me são caros, quer pela forma sensível e, ao mesmo tempo, rigorosa e fundamentada com que os expõe e explora) numa saudável troca de ideias onde as imagens surgem em catadupa ... afinal é aí que reside também o prazer da leitura, nas viagens imaginárias sugeridas, na recriação de memórias de infância, retiradas de baús poeirentos armazenados no sotão das nossas existências, no imaginário de vivências vividas por outros, que nos atraem como focos de interesse povoando as nossas vidas, que, doutra forma, seriam banais.
Quanto à dona da loja, nada a dizer. Esqueci as vezes em que tentei ensinar algo a quem não quer aprender, ou a quem já sabe, mas que de forma desonesta, tenta fazer prevelecer o erro com o intuito de enganar o incauto (e eu sou-o por vezes, reconheço).
Nos dias que correm já desisti; ou me pedem a minha opinião, e se ma merecem, dou-a com prazer, ou então digo que sim a tudo. Ensinar pode sair caro quando se encontram pessoas que não o pretendem; há relativamente pouco tempo tive uma situação desagradável quando tentei informar uma senhora que me tentava vender um vulgar cantão popular por um Miragaia verdadeiro (o cantão popular é muito bonito, claro, e não o desmereço em nada, mas não pode ser vendido pelo preço de um Miragaia verdadeiro), e, não fora eu uma pessoa com semblante façanhudo, alto, ainda que magro, mas de barba e bigode, talvez a vendedora tivesse tentado chegar a "vias de facto" e tirar-me a poeira do corpo ... deveria ser bonito de ver ... hehehe!
Manel
Para alem da loiça ratinho, estou a coleccionar leiteiras da Fábrica de Loiça de Sacavem, bem como tudo o que diga respeito à agradável bebida:Café.
ResponderEliminarOs blogues têm a virtude de partilhar memórias e opiniões.
Iniciei recentemente a elaborar o meu blogue, se tiver curiosidade consulte-o, vai decerto encontrar peças muito curiosas e raras.
http://cafemuseu.blogspot.com
Email: pereiracarlosff@hotmail.com
Saudações
Carlos Pereira - Fernão Ferro - Seixal
Confirmo que tem toda a razaõ, eu tenho um servico quase completo que vwm de casa dos meus bisavós maternos, que adoro e guardo preciosamente. Só tenho uma chávena exposta com medo de uma desgraça!! Descobri o seu blog pour acaso e adorei
ResponderEliminarCara Margarida
ResponderEliminarSó hoje vi o seu comentário, que agradeço. Seja bem vinda e fico muito contente que vá partilhando os conhecimentos, fazendo comentários, sempre que o entender.
Abraço