sábado, 4 de junho de 2011

A inspiração no Cristo de S. Juan de La Cruz, de Salvador Dali


Que me perdoem os meus seguidores, mas ando em fase de beatice, da mais piedosa que há na escolha das imagens para o blog. Apaixonei-me por este Cristo na Feira das velharias de Estremoz e trouxe-o para casa por um preço irrecusável.



A expressão do rosto é muito bonita. Diria mesmo terna. O corpo está muito bem modelado. O artista que o executou tinha talento. A peça foi pintada em tempos, mas houve alguém, que em vez de fazer um restauro atamancado descascou-o e deixou a madeira à vista, tornando talvez desta forma a própria essência humana do Cristo mais evidente.


Também é verdade que a arte religiosa portuguesa tende a sempre mais ao intimismo e evita aquelas representações tenebrosas de cristos crucificados que os alemães ou polacos têm.

Mas, o problema maior era agora encontrar um sítio para pendurar o Cristo no meu apartamento T1, povoado em todos os centímetros quadrados de velharias e outros fantasmas. Foi então que o Manel teve a ideia de pendurar a imagem na parede inclinada do sótão, reproduzindo de alguma maneira o quadro de Dali, o Cristo de S. Juan de La Cruz.

O Cristo de S. Juan de La Cruz de Salvador Dali. Kelvingrove Art Gallery and Museum, Glasgow

Ao longo da história da pintura, já houve centenas de milhares de óleos representando a crucificação, todos mais ou menos parecidos, mas Dali teve a ideia mirabolante de pinta-lo visto de cima, como se estivéssemos de helicóptero a sobrevoar a cena. Ao mesmo tempo Jesus parece pairar no ar. Ao que parece, Dali  inspirou-se num desenho antigo do século XVI, feito pela mão do poeta místico espanhol, o frade carmelita, S. Juan de La Cruz, que pertencia ao grupo de Santa Teresa de Ávila, outras das grandes místicas da Igreja.

O desenho original de S. Juan de La Cruz

14 comentários:

  1. Olá Luís ,que bem que fez ter-se apaixonado por esse Cristo .....e ainda por cima a um preço erresistível !!!A escolha do lugar para o colocar foi óptima ...Continue a fazer essas descobertas...
    Ab.
    Quina

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  2. Caro Luís
    O local escolhido para colocar este seu Cristo deixou-me sem respiração! Que efeito fantástico!
    Colocada assim, desta maneira,a imagem de Cristo crucificado tem outro sentido.A ausência da cruz, confere-lhe um dramatismo maior.

    Concordo plenamente consigo quanto à expressão doce do rosto desta peça e aplaudo-o, por nos ter trazido Dali,num quadro belíssimo que ainda não tive oportunidade de ver ao vivo.
    Um abraço e continuação de bom domingo
    Maria Paula

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  3. Bela compra... Este fim de semana, também fui uma feira :-)

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  4. Cara Quina

    Muito obrigado pelo seu comentário.
    Volte sempre

    Abraços

    Luís

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  5. Maria Paula.

    As casas velhas permitem uma maior liberdade e mais voos de imaginação na decoração que os confortáveis e sólidos apartamentos modernos.

    Aqui a ideia partiu do Manel. Gosto sempre de o ouvir acerca da colocação de peças, que meste momento na minha casa é muito dificil, de tal maneira está cheia.

    Abraços

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  6. Caro Zé Júlio

    Obrigado pelo seu comentário. A opinião de um homem com tanta sensibildade para a natureza é importante para mim.

    Abraços

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  7. Olá Luís

    Ainda bem que voltou a Estremoz.
    Este Cristo é a "sua cara". Perdoe-me a frontalidade.
    Uma peça em madeira talhada de feição com afeto.
    Ainda bem que ficou consigo e não foi na alcofa de um espanhol.

    O sitio onde a colocou é surreal. Só mesmo vindo de si tal criatividade e sentido de estética.
    Amei. Imagino as caricaturas que lhe fará deitado no sofá a olhar para ele...uhuhuh...

    Perdoe-me, hoje deu-me para isto
    Beijos
    Isabel

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  8. Embora sem disponibilidade há uns dias para aqui ter vindo comentar, gostei muito desta escultura do seu Cristo.
    Para mim o facto de não ter a cruz suaviza muito a cena e a expressão do rosto, os pormenores do talhe, tornam-no numa escultura magnífica.
    A forma como o expôs, inspirado no Cristo de Dali, também foi muito feliz, deu-lhe um realce e beleza que acho notáveis. Invejo-lhe o conselheiro artístico que é o Manel.
    Não conhecia o desenho de S. Juan de La Cruz, uma maravilha que me surpreende pela antiguidade, sendo uma composição tão pouco convencional.
    Esta não é uma área em que eu me perca em compras, o meu marido é que é mais entusiasta e ainda este fim de semana comprou um Cristo sem cruz… e sem braços!
    Mas tenho que admitir que é também uma peça muito bonita, com pormenores interessantes, muito elaborados.
    Abraços

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  9. Maria Andrade

    Já sentia a falta dos seus comentários. De facto o Manel tem um jeito especial para descobrir bons lugares para dispôr as peças. A sua formação em arquitectura também o ajuda a conceber um projecto, uma antevisão de coimo a coisa vai ficar.

    Os Cristos são uma mania. O mei pai gostava deles, a minha ex-sogra era a melhor coisa que lhe podiam dar, nem que fosse em forma de um postal ilustrado.

    já agora mostre o Cristo que o seu marido comprou. Assim, sempre aprendemos uns com os outros.

    Abraços

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  10. Maria Isabel

    Claro, quando se coloca assim um cristo há uma certa dose de humor. Por exemplo, já conheci mais do que uma pessoa, agnósticas claro, mas com gosto por arte sacra, que colocam imagens religiosas na casa de banho, muma atitude de humor negro.

    Beijos

    Luís

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  11. Não vou tendo tempo para comentar, mas, sempre que posso cá venho, como sabes.
    Já vai sendo difícil inventar locais para expor coisas na tua casa, é um exercício de imaginação e criatividade ... lol
    Creio que tem a ver com a prática que vou adquirindo no meu espaço, onde colocar qualquer coisa é um exercício de rotatividade: para colocar isto ali, tenho de tirar aquilo dali, que vai para acolá, donde sai outra coisa que terá de ocupar a parede virada a Sul, donde sai a escultura que terá de ir para próximo de uma janela donde apanhe a luz rasante ... e é uma "dança" que termina com um bocadinho de espaço vazio que me tinha esquecido que existia ... é um exercício de estilo e de extravasar os convencionalismos.
    Ainda tenho o tecto vazio, mas como este está muito alto e cheio de florões de estuque, pode ser que escape!
    No teu caso, calhou lembrar-me da obra de Dali!
    Mas não me peças muito mais, que cada vez a tua casa se aproxima de um quebra-cabeças, só mesmo levantando o telhado e continuar a construção em direcção ao céu!
    Maria Andrade, olhe que ter-me a aconselhar não sei se será muito boa ideia (risos) ... dou cabo dos espaços, tal como eles existiam originalmente, esburaco as paredes todas (tipo peneira!), ou encho-as de murais, faço experiências que terminam por vezes com paredes esventradas e tectos destituídos da sua função ... é preciso ter coragem para me darem rédea solta!!! Uma coisa é certo, apesar de tradicionalista, tento cortar quase sempre com convencionalismos e apelo ao dramatismo na exposição de peças
    Manel

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  12. Olá, Luis, sou o Victor do Rio de Janeiro, Brasil, vc se lembra? Enviei-lhe fotos de minha NS da Glória e vc fez uma exposição belíssima escrevendo sobre o Outeiro aqui do Rio de mesma invocação. Seu Cristo é belíssimo, uma jóia rara. Também tenho um cujo material deixa dúvidas a não especialistas como eu (madeira fina? Papel maché?). Se quiser ver esse e um belíssimo torso de Santa de Roca de minha modesta coleção, poderei lhe enviar para que vc aprecie. Abraço grande.

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  13. Caro Victor

    Recordo-me perfeitamente de si

    Esteja à vontade para me enviar as imagens que achar por bem

    Abraços

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  14. Oi Luis. Meu nome é Adriano, sou da Bahia-Brasil. Achei belíssimo o seu cristo. Ganhei um belo exemplar também, apesar de ser leigo ainda, acredito que é muito antigo e raro. Gostaria de trocar informações contigo.
    Abraço,
    amamgames@yahoo.com.br

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