quarta-feira, 1 de setembro de 2010

No Outeiro das lembranças



No final do mês de Setembro este blog irá completar um ano e está na altura de reflectir um bocadinho e fazer um balanço curto.

Agora está muito na moda escrever sobre objectivos, gestão por objectivos e avaliação de resultados e outras larachas. Obviamente que pouparei os poucos seguidores deste blog a um discurso dessa índole, que se tornou uma moda de mau gosto na administração pública e no governo, para esconder a profunda inépcia em que vivemos.

Em todo o caso, este blog fez um ano. Escrevi 115 posts sobre velharias e memórias familiares, tenho 33 seguidores e uma média mensal de cerca de 1550 visitantes. Não é mau para quem se propôs escrever sobre assuntos velhos e antigos, que hoje não interessam a ninguém.

Alguns dos seguidores foram-se tornando numa espécie de amigos virtuais como a Isabel, a Marília, a Maria Gabela e o Fábio. Outros foram deixando aqui e ali comentários estimulantes, que me fizeram perceber que o que escrevia até tinha interesse e valia a pena continuar a transmitir os conhecimentos de antiguidades e história, que fui acumulando ao longo de uma existência de quase cinquenta anos. O Manel é um amigo de velha data e funcionou sempre neste blog como um importante suporte intelectual

Percebi também neste blog que há uma apetência enorme pela faiança antiga portuguesa e que estranhamente há muito poucos sites com conteúdos pertinentes capazes de satisfazerem esse interesse dos coleccionadores amadores. Julgo que uma das razões do relativo sucesso deste blog é ter colocado conteúdos on-line sobre faiança portuguesa.

Através deste blog retomei os contactos com a aldeia de onde a minha família paterna é originária, Outeiro Seco, no vale de Chaves e os resultados desse reencontro com a terra primordial tem sido surpreendentemente positivos.

Recentemente, em Outeiro Seco, o Altino Rio fez publicar uma recolha de memórias locais, intitulada “No Outeiro das lembranças” para as quais tive o prazer de colaborar com 3 textos, que os seguidores do blog já conhecem:

José Maria Ferreira Montalvão: rascunho de memórias por um bisneto que não o conheceu

Velhas histórias do Solar dos Montalvões: as visitas de Madame Carmona

Ainda o Solar dos Montalvões: os amores de um padre e de uma fidalga
A obra foi lançada com pompa e circunstância, no passado dia 20 de Agosto, na Igreja de Nossa Senhora da Azinheira, ao lado do local onde está sepultada a minha avô. Os lucros da venda do livro revertem para uma associação de apoio à terceira idade e se houver interessados na sua compra (Apesar de ter capa dura, um bonito design e imensas fotografias só custa 15 euros!) escrevam para o e-mail outeiro_seco@sapo.pt. Em baixo poderão ver uma fotografia da cerimónia de lançamento, tirada pelo Humberto, Na mesa está o Presidente da Câmara de Chaves, o Altino discursando e eu estou sentado na assistência, de óculos e gravata fininha.

Também relativamente à família Montalvão e a Outeiro Seco houve a colaboração com o Humberto Ferreira, que permitiu localizar nos museus do município de Chaves as imagens que se encontravam na capela de Sta. Rita do Solar dos Montalvões e que a família julgava perdidas. O Humberto descobriu também fotografias espantosas da mesma capela antes da sua destruição, localizou parte do seu altar-mor na Casa de Cultura e ainda o sino numa das capelas da aldeia.
Creio que este reencontro com Outeiro Seco justificou já a existência deste blog.

7 comentários:

  1. Olá amigo Luís
    Gostei de te conhecer pessoalmente, bem como os teus familiares. Peço desculpa não te ter dado a atenção merecida, mas compreenderás que estive de satisfazer vários pedidos, nomeadamente as rubricas que se fazem com muito prazer, mas sempre nos desviam de outras coisas que bem gostaríamos de fazer.
    Agradeço profundamente toda a colaboração que me prestaste e a tua presença muito me sensibilizou.
    Agora é a tua vez...escreves bem, tens muitos temas interessantes para tratar e retribuirei a tua visita.
    Ficam os agradecimentos e o desafio..
    Altino Rio

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  2. Gostei muito muito de regressar a Outeiro Seco e permitir aos meus filhos conhecerem melhor as suas raizes e as pessoas da Aldeia que são de certo modo suas irmãs.

    Infelizmente falta-me capacidade organizativa para organizar eventos, mas continuarei a escrever e a procurar mais coisas sobre um património que temos em comum

    Luís

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  3. Luís
    Um dos meus defeitos é ser muito apressada no que faço e depois sai asneira
    Imagine que no seu regresso de férias fui ler o post depois deste...não fosse a foto a preto e branco a chamar-me , não ia ler, claro que ia...
    Nunca mais aprendo a ser mais moderada
    Assim é como diz, já passou um ano, quem diria,a mim que o encontrei por acaso à procura de saber mais sobre faianças fiquei logo ligada ao seu jeito mui doce, terno que a sua escrita inexplicavelmente me transmite, a empatia foi incrível,que dizer das pesquisas que junta para enriquecer alguns posts, nunca exaustiva nem maçadora
    Sei o que digo que nunca gostei de ler até o ter encontrado a si , adoro devorar o que escreve, a forma radical na mudança de tema, das exaltações romantescas, do glamur, das tradições, da família e da generosidade na oferta da receita dos pastéis de massa tenra da avó Mimi...
    Gostei de ter conhecido Outeiro Seco de uma forma virtual, das suas memórias de infância, dos segredos da família, das faianças, azulejos, do gosto recíproco de vasculhar vasedouros , naquela de encontrar tesouros...ainda do Malhoa ,dos castanheiros, das viagens, andar de bicicleta...de tudo!
    Estonteantes os comentários do Manel, fabulosos, apesar de usar termos que não são do meu dia a dia, passo o tempo de dicionário na mão...um doce de homem, tão atento e carinhoso...Aprendi a ser mais atenta em relação aos homens...e saí vencedora, porque os aprendi a respeitar...era muito aérea...pois!
    Gostei da cumplicidade de conhecermos lugares comuns como as faldas da serra de Sicó, Redinha e Soure
    Confesso que muito me ajudou em momentos de crises emocionais, em que me sentia mais nostálgica, tive dias que a primeira coisa que fazia era ir ver o seu blog para arribar...
    Bem haja por me ter dado alegrias, me fazer rir, sobretudo fez-me soltar, logo eu uma eterna mulher de humor sarcástico sem papas na língua...mas adormecida há anos, sou hoje outra!
    Reconheço que tive vezes que estrebuchei,quase o fiz corar, as minhas desculpas
    Bem, que vontade de me rir quando começou por falar"escrever sobre objectivos, gestão por objectivos e avaliação de resultados e outras larachas"...deixei de me chatear com essas tretas importadas dos States ,que tive de suportar e responder desde 2000 até 2004 no privado. O chamado Empowerment empresarial
    Estupidamente embriagada com os louvores deixei-me "chupar" até ao tutano,depois os colegas sequiosos com o meu posto de chefia, tiraram-me o tapete, atropelei-me com o código deontológico, foi o desfecho, fugiram todos, fiquei sozinha, passei de bestial a besta, a um número mecanográfico, deixei de ser a gerente exemplar, a que cumpria sempre os objectivos, que estava no ranking das 50 melhores num leque de 1000....!
    Enfeiticei-me com os louros, colhi tempestades
    O desaire bateu à minha porta. Reergui-me das cinzas, foi difícil mas consegui sem medicação!
    Nunca mais se esquece, releva-se,pensa-se positivo, sobretudo quando se tem a ajuda de pessoas com as quais adoro conversar virtualmente, seja o Luís, o Manel,Maria Gabela e a Marília foram fundamentais neste meu crescimento emocional
    Estou por isso muito grata em ter aderido a seguir e comentar este blog, que muito me tem ajudado nesta minha caminhada de evolução para uma nova vida, mais alegre, mais feliz!
    A cereja no topo do bolo de chocolate aos 53 anos
    A oportunidade de os ter conhecido
    Gratificante, porque uns trouxeram outros igualmente bons e tem sido muito enriquecedor comungar de novas formas de expressões na escrita , também das paixões
    Por tudo o que aprendi neste blog e pelos bons momentos que me propulsionou a sua leitura e comentários estou eternamente agradecida
    Bem haja
    Descobri que afinal foi nas férias revisitar Outeiro Seco na companhia dos filhotes assistir ao lançamento do livro do Altino... sempre há livro, vou comprar!
    Beijos
    Isabel

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  4. Cara Isabel

    O que eu me ri com o seu post. A Isabel tem sempre a capacidade de me apanhar de surpresa e arrancar-me uma boa gargalhada. Então aprendeu a respeitar os homens com os comentários do Manel? Ele vai gostar de saber.

    Tirando as brincadeiras, já lhe escrevi que é sempre um prazer ler os seus comentários, que são muitas vezes desconcertantes, partindo em todas as direcções, mas nunca previsíveis.

    Não me levo demasiado a sério e acho engraçado que outros peguem no mote que é lançado em cada post e os transformem à sua maneira.

    Relativamente as questões laborais que aborda, nunca mais me esqueço o que uma professora minha de arquivos me disse, quando estava a iniciar a minha carreira “ A roda da fortuna não para!”. E de facto os heróis de um emprego serão no dia seguinte escumalhada a quem se entrega uma esfregona para lavar o chão. Os romanos também diziam que da rocha Tarpeia ao Capitólio é apenas um passo. Do alto da rocha Tarpeia atiravam-se os traidores e na mesma colina onde estava a rocha, o monte Capitolino, aclamavam-se os heróis.

    No livro editado pelo Altino poderá encontrar textos da minha autoria, já publicados no blog

    Beijos

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  5. Ola Luis,

    Perante este post, nem sei o que escrever, para mim não é muito fácil transpor para as palavras os milhões de ideias que me passam pela cabeça em segundos. Sempre fui muito apressada, stressada, "electrica", de pensamento e raciocínio rápido, muito impulsiva, ansiosa, acelerada( e com tudo isto, admito, irritante e fácilmente irritável) e nunca fui muito dada nem bem sucedida no mundo das letras... o meu mundo sempre foi mais a " gestão de objectivos, analise de resultados e outras larachas" desse tipo, como tão bem classifica neste post... e mesmo assim, para mim sempre foi mais aliciante calcular, apurar e desenvolver resultados do que propriamente apresentá-los, isto falando concretamente em 12 anos passados no "mundo das contabilidades"... mas por enquanto, e posso neste momento dizer felizmente, essa fase profissional ficou lá para traz, embora me tenha sentido frustrada na altura que, obrigada pela perda de emprego, me vi a braços com a mudança de "mundos"!!!
    Bem com isto tudo e já me perdi no meio das palavras (o cansaço tambem não está a ajudar)queria eu dizer que nunca fui muito de leituras e arranjar palavras para deixar comentários tambem nunca me pareceu tarefa facil.....e não é que dou por mim leitora assídua dos seus textos, devoradora confessa das suas letras...e fico ansiosamente (ansiedade para mim já não é um defeito, é o "meu nome do meio" :-) ) à espera do próximo post...falará do quê????será que é do solar???será que é sobre peças de família???...ou adquiridas na feira da ladra???...será algo de novo(velho)???? ...
    ...pois Luis, é essa a reação deste lado de cá do ecrã e não se fica por aqui...por cada post que devoro há sempre aquela vontade de deixar a minha opinião, às vezes confesso que a "preguiça" não me deixa alinhar as palavras para poder comentar! :-)
    O blog do Luis foi o primeiro blog interessante que visitei e o causador de hoje, dia 4 de setembro, eu ter mais 2 blogs que vou desenvolvendo muito lentamente (com poucas palavras claro :-) ) mas que estão lá, assim como ter conhecido alguns bons "amigos virtuais" que vão estando "sempre lá quando é preciso" e ser seguidora de varios blogs de diversos temas com os quais aprendo muito e que fazem parte do meu dia a dia...

    Bem, já escrevi muito, até já me perdi umas quantas vezes nas letras e o que quero que fique bem vincado e à minha boa maneira é:

    - Obrigado por me deixar fazer parte deste seu mundo...

    - Obrigado por estar desse lado...

    - Obrigado por me ter ajudado a "abrir" umas "portas"...

    - Parabens pelo seu Blog Luis.

    Ufa!!! Bem mais fácil!!!! :-)

    Beijinho

    Marília Marques

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  6. Bem Luis agora apanhei um daqueles sustos.....estava a tentar publicar o meu comentário anterior e eis que aparece a pagina de erro da net....e eu pensei, "Ai que as minhas palavrinhas que escrevi com tanto carinho desapareceram e eu já não consigo escrever tudo outra vez!!!!" Mas lá correu bem e consegui gravar o comentário!!!! LOL

    Beijinho

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  7. Cá venho eu invadir o teu espaço, depois de um período de férias estivais, mas, apesar de saído de um suposto descanso, não me sinto mais descansado.
    Estas férias são uma canseira!
    Sempre de um lado para o outro, a saltar daqui para ali, a fazer aquelas tarefas que os horários do período de trabalho não deixa, enfim, estou mais cansado do que quando comecei!
    Gostei muito do livro, e os teus textos, apesar de os conhecer já daqui, não perderam nada de frescura e informação e fazem-me reviver um passado perdido.
    Também penso que estas iniciativas são fundamentais para não deixar morrer a memória e fazer desaparecer os laços que unem comunidades. Fundamental.
    Bem hajam as iniciativas destas pessoas, e neste caso, muito especialmente ao teu comentador Altino Rio.
    Quanto ao comentário da Maria Isabel, tenho a dizer que esta senhora consegue fazer-me comover com a candura das suas intervenções vindas directamente do âmago, e até me fazem lançar uma ou outra boa gargalhada pelo meio, face ao inédito e espontâneo da sua escrita.
    Agradeço-lhe infinatamente as suas palavras, e quero pedir-lhe que não me coloque aos ombros tamanha responsabilidade, esta de lhe ter feito alterar a opinião que tinha dos homens!
    Tal como há homens bons haverá outros menos bons, e este juízo aplica-se ao género humano em geral, como afinal a tudo. Mas que as suas intervenções são de uma esponaneidade e humor sem par, é inegável!
    Mas devo dizer à Maria Isabel que este blog sem os seus comentários existiria, claro, mas não seria seguramente a mesma coisa! Seria inegavelmente menos rico!
    E, em jeito de balanço, não quero deixar passar os outros comentadores como a Maria Gabela com a sua sensibilidade e intimismo tranquilo ou a Marília, com as sua úteis sugestões, de quem está habituada a ver muitas peças a passar-lhe pela mão, me têm chamado à atenção para factos e coisas que, doutra forma, me passariam ao lado.
    É o que este teu blog tem de interessante, pois foi permitindo a troca de informação, de ideias, interligando pessoas, ainda que com laços virtuais, alertando para factos esquecidos, revivendo o passado, enfim, é um blog que, paulatinamente, se foi tornando incontornável na minha existência.
    E a tua escrita intimista, despretenciosa, mas com muita pesquisa por detrás, ajudou-me muito a organizar muitas das ideias que tinha meio esparsas e até meio desligadas.
    Até a minha irmã, que se recusa a comentar (pena!), se tornou tua leitora assídua!
    Manel

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