quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Uma prenda de Natal ou gravura de moda do séc. XIX por Jules David

 
Bem sei que hoje deveria ter publicado qualquer post alusivo ao Natal, com uma imagem de uma Anunciação, um Anjo, um menino Jesus ou qualquer coisa assim, mas como já expliquei muitas vezes tenho um certo horror a escrever sobre quadras festivas e dias comemorativos. Recordo-me sempre das malditas redacções da instrução primária, das reguadas, das estaladas, dos puxões de orelha e dos insultos do meu professor e sobretudo do medo. Claro que é importante lembrar dias como o da Restauração, no primeiro de Dezembro, que restabeleceu a independência e nos livrou do problema que a pobre Catalunha atravessa agora. Embora não seja crente, também simpatizo com as comemorações do Natal, que relembram o nascimento de um homem muito especial e a sua mensagem de paz e tolerância, com a qual me identifico.

Enfim, deixo aos outros o trabalho de escreverem sobre as festividades natalícias e hoje queria-vos falar da prenda que vou oferecer a minha filha Carminho nesta quadra. Trata-se de mais uma gravura francesa de moda, publicada em meados do século XIX, que se irá juntar a outras tantas do mesmo tema e da mesma época, afixadas na parede do seu quarto e todas elas oferecidas por mim.
 
Estampa igual à minha da colecção do Rijksmuseum
Após ter comprado esta estampa na Feira de Estremoz, digitalizei-a e resolvi fazer alguma investigação no Google sobre ela e em menos de um minuto encontrei uma exactamente igual no site de um dos melhores museus do mundo, o Rijksmuseum, cuja gigantesca colecção de gravura está quase inteiramente digitalizada.
 
A estampa do o Rijksmuseum foi publicada no Le Moniteur de la Mode
 
 
No catálogo daquele museu holandês descobri que esta estampa foi publicada originalmente na revista Le Moniteur de la Mode, em 1852, com a autoria de Jules David. Publicada entre 1843-1913, conforme dados do Catálogo da Biblioteca Nacional de França, Le Moniteur de la Mode teve uma enorme popularidade numa época em que as pessoas civilizadas de todo o mundo eram francófilas e conheceu edições em francês, inglês e espanhol. Porém, a legenda da minha estampa, era diferente da do Rijksmuseum e o título indicava que tinha sido editada pela revista Modes françaises. Fiquei um bocadinho confuso, já que todos os pormenores eram iguais, o autor do desenho, Jules David, o editor, o Monsieur Gervais e até o nº, o 332.
 
Na minha estampa, em lugar do Le Moniteur de la Mode surge o título Modes françaises
 
Resolvi então seguir outra pista, o nome do autor do desenho, Jules David. Na Wikipedia inglesa, encontrei uma entrada para este senhor, que nos explica que Jules David (1808-1892) foi um dos mais prolixos ilustradores franceses do século XIX. Embora também tenha produzido ilustrações para obras mais sérias de literatura, história e geografia foi como ilustrador de revistas de moda que conseguiu que a sua obra chegasse a todas as casas de gente elegante, a todos os países e em todos os pontos do globo. Jules David começou a produzir figurinos de moda para as revistas especializadas a partir de 1839 e durante cinquenta anos concebeu os desenhos de todas as estampas do Le Moniteur de la Mode. Calcula-se em cerca de 2.600 o número de gravuras de moda de Jules David publicadas pelo Le Moniteur de la Mode e que foram depois republicadas em outras revistas de moda em França, Alemanha, Espanha e América ou em suplementos femininos de jornais ou revistas de actualidades um pouco por todo o lado.
 
Estampa do Le Moniteur de la Mode em edição inglesa. Colecção do Metropolitan Museum of Art

Este pioneiro ilustração das revistas de moda, foi também o primeiro a introduzir no género cenários e paisagens atrás dos figurinos.
 
 
 
Em suma esta minha estampa de moda, foi concebida por um dos mais activos ilustradores franceses do século XIX, Jules David e publicada em 1852, numa revista feminina ou num suplemento feminino de qualquer de jornal ou revista de actualidades, que replicavam regularmente as ilustrações do Le Moniteur de la Mode.
 
 

Alguns links consultados:
https://en.wikipedia.org/wiki/Jules_David
https://www.rijksmuseum.nl/nl/collectie/RP-P-2009-3325
http://catalogue.bnf.fr/ark:/12148/cb344440519
https://metmuseum.org/art/collection/search/398875

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Um candeeiro em biscuit ou a procura de um brinquedo da minha infância

bisque lamp
Candeeiro em biscuit com putti
Hoje apresento umas das minhas últimas loucuras, um candeeiro em biscuit, cuja base é formada por quatro putti ou anjinhos em volta de um balaústre, provavelmente coisa da primeira década do século XX. Claro, não precisava de mais nenhum um candeeiro lá em casa, mas não consigo resistir a biscuits e depois ele estava tão barato, que seria uma pena deixa-lo na banca do vendedor.

Bem sei que este candeeiro é uma peça kitch, de um gosto burguês, muito datado no tempo, mas desde criança sinto uma atracção especial por figurinhas de biscuit. Creio que tudo começou com uma palmatória em biscuit, representando um anjo da guarda e que existia num dos quartos, na casa da minha família paterna, em Outeiro Seco. Estava na mesinha de cabeceira junto à cama onde me punham a fazer a sesta e como em miúdo era demasiado irrequieto para dormir durante a tarde, ficava a olhar para aquele bonequinho cheio de vontade de brincar com ele. Muito depois disso, fizeram-se partilhas do recheio da casa, esta foi vendida e entrou num triste processo de decadência. A última vez que lá voltei, já com quarenta e tais anos, entrei na casa, já uma ruína completa e apesar de ter que fazer equilíbrio nas poucas tábuas, que sobravam no soalho, entrei nesse mesmo quarto e confesso, que ainda olhei através do chão esventrado, na esperança de encontrar o anjo em biscuit caído no andar inferior. Claro, a figurinha em loiça não estava lá, já devia nessa altura estar partida em mil pedaços, espalhados sabe-se lá por onde e eu desde então, compro estes biscuits, com o intuito de alguma forma reencontrar um momento da minha infância.
bisque lamp
 
Voltando ao candeeiro, quando o comprei estava em muito mau estado. Ter-se-á partido em tempos e o seu dono, que tinha sem dúvida muito apreço por ele, mandou-o restaurar a alguém, que o colou muito pacientemente e para disfarçar as fracturas aplicou uma substância qualquer, que com o tempo, ganhou uma coloração creme. De modo, que quando o comprei estava com um tom tão estranho, que nem parecia biscuit. Seguindo então os conselhos do meu amigo Manel, com o auxílio de acetona e de uma raspadeira, retirei aos poucos toda essa substância, que escurecia o branco do biscuit. Foi um trabalho demorado e paciente até porque toda a peça é cheia de pormenores, com braços, mãos, pernas e asinhas delicadamente modeladas.

Depois, disso, comprei um abat-jour antigo, um pano de damasco azul e uma franja com pincéis numa retrosaria da Rua da Conceição, em Lisboa. O meu Amigo Manel, com a sua habilidade e paciência, forrou o abat-jour, aplicou-lhe os passamanes, alguns deles antigos e o resultado satisfez-me muito. O abat-jour e a suas franjas deram  ao candeeiro o toque final daquele gosto muito burguês e sobrecarregado do início do século XX.
 
Quanto à origem do fabricante deste candeeiro não consegui apurar nada de definitivo. Presumo que seja coisa da primeira década do século XX, pois tem o seu quê do movimento da arte nova e nessa época os alemães inundavam as casas burguesas de toda a Europa e Américas com os seus bonequinhos de biscuit. Encontrei algumas peças à venda na net de uma fábrica alemã, a William Goebel Porzellanfabrik, datadas do princípio do século XX com um estilo idêntico a esta, mas é apenas uma hipótese.
 
Em todo o caso, os modelos que inspiram todas figurinhas em biscuit branco, fabricadas no início do século XX são as peças francesas de Sêvres, de qualidade excepcional e que pretendiam imitar o mármore. No século XIX e início do século XX, o francês Auguste Moureau (1834-1917) concebeu dúzias de anjinhos e cupidos combinados com damas vestidas à grega para a fábrica de Sêvres, que bem poderiam ter inspirado o fabricante do meu candeeiro.
 
Biscuit de Auguste Moreau. Foto https://www.anticstore.com
Resumindo, este candeeiro terá sido produzido algures na Alemanha ou na Europa Central, no início do Século XX, adaptando o estilo mais aristocrático dos biscuits de Sêvres ao gosto de uma burguesia sem recursos por aí além, mas que gostava de encher as suas casas de tralha, onde se misturavam todos os estilos históricos possíveis, tal e qual como eu faço no meu apartamento de assoalhada e meia.
bisque lamp
 

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Relógio de bolso Billodes

Montre de poche en argent Billodes

Este relógio de bolso em prata foi-me oferecido por um amigo, o Vasco, que conhece este meu gosto por coisas antigas e com efeito, estes objectos, que medem o tempo, que se desfaz a cada instante, encaixam-se muito bem numa casa cheia de velharias, tornadas inúteis por esse mesmo tempo.

Billodes não é uma marca conhecida de relojoaria. Na verdade, este relógio de bolso foi produzido pela fábrica do senhor Georges Favre-Jacot, na localidade suíça de Locle, na rua de Billodes, que se tornou célebre pela fabricação de uma marca de prestigio e que ainda hoje existe, a Zenith.


Este Senhor Georges Favre-Jacot (1843-1917) fundou a primeira fábrica moderna de relógios em 1865, em Locle, na Suíça. Até então, no fabrico de um relógio participavam 4 ou 5 artificies diferentes, cada um com a sua oficina numa parte distinta de uma cidade. Existia o ourives, que executava a caixa de prata, o marceneiro a quem cabia fazer a caixa em madeira, o cinzelador, que trabalhava os bronzes, o esmaltador para o mostrador, o relojoeiro propriamente dito e ainda um desenhador, autor da concepção geral da obra. Na moderna fábrica do Senhor Favre-Jacot, todos estes ofícios foram reunidos no mesmo espaço e na mesma empresa e começaram a produzir relógios numa escala industrial, que rapidamente conquistaram todos os mercados. Contudo, esta produção industrial da Georges Favre-Jacot pautava-se sempre por critérios de grande qualidade e precisão. A modernidade desta fábrica manifestava-se também na utilização da publicidade, como também pela preocupação da internacionalização dos seus produtos. A Georges Favre-Jacot apresentava-se sempre nas grandes feiras mundiais, como a na grande exposição universal de Paris de 1900, onde os seus produtos foram premiados e abriu sucursais em Paris ou Varsóvia, tinha negócios frutuosos na América e concebia relógios destinados a mercados específicos, como o Império Otomano ou Russo. As caixas dos seus relógios em prata eram concebidas por artistas como Georges Mucha  ou René Lalique, porque o Senhor Georges Favre-Jacot foi um dos membros fundadores do Werkbund na Suíça de expressão francesa. Este movimento pretendia conciliar indústria, modernidade e estética e aplicar a arte aos produtos industriais.


A decoração floral do relógio é de inspiração arte nova. Georges Favre-Jacot acreditava que os produtos industriais podiam ser ao úteis, precisos e ao mesmo tempo estéticos.

Normalmente os relógios eram comercializados com a marca Georges Favre-Jacot, mas para o mercado de exportação usavam nomes como Billodes ou Serkisoff. A partir de 1898, a marca Zenith começa também a ser usada progressivamente, até que a partir de 1911 torna-se o nome oficial da fábrica.


Quanto, a este meu relógio em particular, ele ostenta no interior uma referência ao prémio na exposição universal de Paris de 1900, portanto foi produzido depois de 1900.



Apresenta na tampa interior da caixinha a marca de punção suíça, usada entre 1880-1933, isto é, uma figurinha incisa, representando um galo montez ou tetraz. Portanto, o relógio terá sido fabricado depois de 1900 e antes de 1933.
A marca de punção suíça, usada entre 1880-1933


O número 0,800 refere-se à percentagem de prata usada, que obedecia à norma estabelecida.

Tabela retirada de https://sites.google.com/site/zenithistoric

Quanto são número de série ou movimento, uma espécie de bilhete de identidade do mecanismo, é o 1282097. Procurei numa tabela da Zenith, que equipara os números do movimento de série com os anos do início de fabrico, mas o ano de 1909, que corresponderia aos números 1200000 está em branco.


O número de série ou movimento do mecanismo é o 1282097

Enfim, presumo que o meu relógio terá sido executado entre 1900, ano da exposição universal de Paris e 1911, data em que se passa a usar em exclusivo a marca Zenith.


Algumas ligações consultadas:

https://fr.wikipedia.org/wiki/Georges_Favre-Jacot

https://sites.google.com/site/zenithistoric/

http://www.zenith-watches.com/fr_fr/icones/georges-favre-jacot

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Caixa de jóias francesa dos finais do século XIX

Ormulu Jewelry boxes
Não era suposto um homem só como eu comprar caixas de jóias, já que não tenho um simples anel de ouro ou mesmo de pechisbeque para colocar lá dentro. Mas estas pequenas caixas de latão francesas, com vidros biselados e com um estofo capitonné em seda atraem-me irresistivelmente. São caixinhas relativamente pequenas, pouco práticas, onde cabem 3 ou 4 anéis e um colar. É certo que nem todas as mulheres foram como a antiga Duquesa de Windsor, a Wallis Simpson, que tinha dúzias e dúzias de colares, tiaras, diademas e brincos, encomendadas pelo marido nos melhores joalheiros parisienses. Mas, uma caixinha destas, nos finais do século XIX, período em que presumo que tenha sido executada, não era tão barata como isso e sua proprietária teria posses para pelo menos ter comprado ao longo da sua vida uma colecção considerável de bijutaria ou como diria a minha avó Mimi, jóias de fantasia.
Ormulu Jewelry boxes
 
Creio que estas caixinhas serviriam mais expor qualquer coisa considerada preciosa do ponto de vista sentimental, de outra forma não teriam o tampo em vidro biselado. Imagino que nelas se guardasse um anel de noivado ou o caracol de uma criança falecida. Recordo-me que a minha tia guardava numa caixinha o último lencinho de renda, que a minha avó usou, antes de morrer. Nunca quis lavar o lenço, pois não queria perder as últimas lágrimas da mãe. 

Talvez seja este uso tão sentimental, que pressinto nestas caixinhas, que me leva a gostar tanto delas.
Ormulu Jewelry boxes
 

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O dardo do amor divino: registo de meados do século XIX representando Santa Teresa de Ávila


Sempre tive um certo fascínio por Santa Teresa de Jesus, essa mística espanhola do século XVI, fundadora da Ordem das Carmelitas Descalças. Não só pelas suas qualidades intelectuais, mas também pelas representações que dela se fizeram na arte, nomeadamente o seu êxtase místico, que é profundamente erótico.

Por isso quanto encontrei este registo representando a Transverberação de Santa Teresa de Ávila, preciosamente encaixilhado com restos de tecidos ricos, comprei-o sem hesitar. Decididamente, faltava uma Santa Teresa na corte de santos que decoram as paredes da minha casa.

Procurei saber mais alguma coisa sobre esta estampa, que só apresenta uma simples legenda identificando a Santa e uma frase em latim Divini amoris cuspide/ In vulnus icta concides. A restante legenda foi tapada pela senhora ou menina prendada que executou a preciosa moldura.
Parte da legenda foi tapada pela senhora ou menina prendada que executou a preciosa moldura

Através de uma pesquisa por imagens e encontrei uma estampa igual a esta no site da Casa Martins Sarmento, que tem o resto da legenda, que o caixilho da minha estampa esconde. Nela, indica-se que é dedicada A' MUITO RD.A MADRE/ Maria Gertrudes de S. Ignez/ RELIGIOSA CARMELITA EM S. TERESA/ DE CARNIDE/ F. Jose da Pureza Religioso da mesma ordem. Também na gravura indica-se o nome do gravador, um tal C. Acquisti, elemento que falta na minha gravura.
A Sociedade Martins Sarmento tem uma estampa igual à minha, mas com a legenda completa

Santa Teresa de Carnide foi um convento de Carmelitas descalças fundado no século XVII e cuja existência se prolongou até 1891, ano da morte da última religiosa, em que fechou as suas portas. O edifício ainda hoje existe no bairro com o mesmo nome e é propriedade da Confraria de Santo Vicente de Paula e serve de lar para terceira idade e igualmente de creche. 

Esta Madre Maria Gertrudes de Santa Inês a quem a estampa é dedicada viveu na primeira metade do século XIX e era em 1847 prioresa do convento de Santa Teresa de Carnide, segundo se refere na obra Convento Santa Teresa de Jesus de Carnide: o falar das pedras / coord. Augusto Moutinho - Lisboa : Confraria de São Vicente de Paulo, 2016

Frei José da Pureza é também mencionado nessa obra, como membro dos Carmelitas e que em 1845 conseguiu que o Papa oferecesse ao Convento de Carnide o corpo inteiro da virgem Mártir de Santa Ágata, o qual chegou ao Convento em Setembro. Na Grande enciclopédia portuguesa e brasileira, Frei José da Pureza consta como alguém ligado ao mundo editorial, que organizou e reviu a edição do 1860 do missal romano, considerada a melhor de todas as edições feita pela imprensa Nacional. 
Estampa de C. Acquisti da colecção da Biblioteca Nacional de Espanha

Quanto ao gravador da estampa, o tal C. Acquisti não há muitos dados sobre ele. Encontrei uma estampa da sua autoria no catálogo da Biblioteca Nacional de Espanha, representando os Mártires de Tonkin, com a legenda em espanhol e impressa com caracteres tipográficos semelhantes aos da estampa de Santa Teresa de Jesus. No Arqueólogo Português, Vol. XIV, 1909 Ernesto Soares refere que terá sido talvez um italiano que trabalhou em Portugal.

Em suma, esta estampa terá sido impressa à volta de 1850 em homenagem à Madre Maria Gertrudes de Santa Inês, prioresa de Santa Teresa de Carnide, que talvez nessa altura já tivesse falecido, porque enfim, como todos nós sabemos as homenagens só chegam depois de as pessoas terem morrido. A gravura é-lhe dedicada por Fr. José da Pureza, homem ligado ao mundo editorial e que terá encomendado a imagem ao tal C. Acquist, um gravador estrangeiro. 
Reverso do registo, manufaturado por mãos devotas.

Todos nós temos a ideia que em 1850, os conventos estariam numa longa agonia, já que a lei que os extinguiu em 1834, previa que estas casas fossem fechando à medida, que morresse à última freira. Mas pelos vistos, algumas dessas casas religiosas estariam ainda activas, pois por volta de 1850, continuava-se a mandar imprimir estampas piedosas relativas a devoções desses mesmos conventos e havia púbico para as comprar.


Quanto à iconografia desta estampa representa umas das visões de Santa Teresa, que a própria Santa descreveu no seu Livro da vida e que não resisto a transcreve-la, pois aos nossos olhos do século XXI pode ser visto como uma sublimação dos prazeres da penetração. Mas, também é verdade, que hoje temos a visão distorcida por demasiadas imagens de sexo na televisão, no cinema e sobretudo na internet.

Via um anjo ao pé de mim, para o lado esquerdo, em forma corporal, o que não costumo ver senão por maravilha [..) Via-lhe nas mãos um dardo de oiro comprido e, no fim da ponta de ferro, me parecia que tinha um pouco de fogo. Parecia meter-me este pelo coração algumas vezes e que me chegava às entranhas. Ao tira-lo, dir-se-ia que as levava consigo, e que me deixava toda abrasada em grande amor de Deus.

Teresa de Jesus, obras completas, Livro da Vida, cap. 29, 13, p 237 (citado a partir de Isabel Bastos - Iconografias de Santa Teresa de Ávila como esposa Mística, in Congresso Internacional sobre a Reforma Teresiana em Portugal, Fátima, 2015)
 

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Um frasco checo que afinal é da Marinha Grande


Recentemente apresentei um frasco de perfume art deco, que muito embora não apresentasse marca, tomei-o com sendo de fabrico checoslovaco. Nos anos vinte e trinta a vidraria checa inundou o mercado europeu com os seus produtos de desenho arrojado e de facto este frasquinho parecia-se muito com os vidros daquele País, que no período entre as duas guerras, alcançou um grande desenvolvimento nas artes industriais.

Contudo, cometi dois erros. O primeiro foi atribuir uma peça sem marca a um centro de fabrico específico. O segundo, foi quando vemos uma peça com um desenho mais arrojado ou de melhor qualidade, temos uma certa tendência para afirmar que é estrangeira. Enfim, foi um erro de julgamento derivado de um certo espírito provinciano, em que se acha que tudo o que é bom vem lá de fora, um mal de que nós todos nós acabamos por padecer, com maior ou menor intensidade. Afinal de contas fomos todos educados a ouvir dizer que Portugal vivia sempre com cinquenta anos de atraso em relação ao resto da Europa.
O conjunto de frascos de toilette da sogra da Margarida

Na realidade, de acordo com o que me escreveu uma seguidora deste blog, a Margarida, a sua sogra tem um conjunto completo destes frasquinhos, comprados no final dos anos 40 e produzidos na Marinha Grande, conforme alguém que trabalhou nesse centro vidraceiro lhe afirmou. Mais, a Margarida adianta que estes frascos teriam sido produzidos na defunta IVIMA.

Não queria deixar de fazer aqui esta rectificação, agradecer à Margarida e igualmente acrescentar que este frasquinho demonstra como na Marinha Grande se acompanhava de perto as tendências europeias de desenho industrial.

sábado, 30 de setembro de 2017

8 º Aniversário do “velharias do Luís”




O velharias do Luís faz hoje 8 anos e talvez por isso deva reflectir um pouco acerca das razões de escrever um blog dedicado ao pequeno coleccionismo, isto é, destinado aquelas pessoas que não tem dinheiro para comprar nos bons antiquários e nas grandes leiloeiras, mas gostam de coleccionar pagelas, gravuras, faianças do século XIX e XX, xícaras da Vista Alegre e outras bugigangas ao alcance de uma bolsa da classe média.

Há pouco tempo li um texto de Bruce Chatwin, publicado na obra Anatomia da Errância. Lisboa: Quetzal Editores, 2008, que é um elogio ao nomadismo, aos povos e as pessoas que vivem e transportam consigo os objectos estritamente essenciais. Segundo esse escritor o coleccionismo é uma actividade dos povos sedentários e sobretudo daqueles que se viram para dentro de si mesmos, se fecham nas suas casas e vivem para os objectos, já que receiam o mundo exterior e as emoções. As velhas pinturas, os selos, as gravuras, as faianças ou os paliteiros em prata comprados avidamente pelos coleccionadores substituem os afectos que poderiam conceder a outros seres humanos. O conteúdo deste texto pode parecer um pouco exagerado, mas o Bruce Chatwin conhecia bem o meio do coleccionismo, pois trabalhou durante muito anos numa das melhores leiloeiras de Londres e talvez até a sua descrição se possa aplicar a mim. Viajo pouco. Encho a casa de velharias e antiguidades quase até à loucura, praticamente não recebo ninguém e possivelmente todas estas gravuras do século XVIII, fotografias antigas, terrinas e móveis, carregados de histórias antigas, substituem as emoções e o calor que um grupo de amigos ou amantes me poderiam proporcionar. Provavelmente para contrariar essa tendência que todo o coleccionador tem para se fechar sobre si, escrevo regularmente um blog, para partilhar com uma comunidade de desconhecidos, aquilo que compro ou herdei e os estudos que faço acerca dos objectos antigos. É como se semanalmente abrisse a porta da minha casa e convidasse muita gente, para conhecerem as velharias que se amontoam pelo chão, pelas paredes e nos móveis e lhes contasse detalhadamente a história de cada uma delas.
 
 
 
Aos seguidores do “velharias do luís” no blog ou facebook, de Portugal, do Brasil, ou em outro canto qualquer do ciberespaço, agradeço a visita, que semanalmente fazem a minha casa.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Prato Companhia das Índias: parras e cachos de uvas


Nunca foi um entendido em porcelana da China. Gosto de a ver nos museus, encanto-me com a delicadeza da pintura e olho com cobiça para as porcelanas de exportação, aquelas peças que os chineses produziram para o mercado europeu e até otomano, com motivos decorativos ao gosto ocidental ou islâmico. Na Europa e nas Américas, essa porcelana chinesa feita de encomenda para o Ocidente durante o século XVIII e ainda XIX é designada pelos antiquários e coleccionadores por Companhia das Índias. Mas, como não sou um entendido e os preços que se praticam nos mercados de velharias costumavam ser proibitivos, nunca comprei nenhuma peça da chamada Companhia das Índias.
O prato não está marcado

Em 2011 tinha visto no Museu Nacional de Arte Antiga, na exposição Coleccionar em Portugal: doação Castro Pina umas peças de um serviço Companhia das Índias, decoradas no bordo com uns cachos de uvas e parras, pelas quais me tinha apaixonado loucamente. Mas pensei logo para os meus botões escusas de suspirar pois estas peças não são para o teu bico. E de facto assim parecia, pois passado uns dois anos vi uma molheira decorada com essas parras e cachos de uvas na feira de Estremoz, e estava à venda por quase duzentos euros, apesar de esbeiçada.
Imagens retiradas do catálogo Coleccionar em Portugal: doação Castro Pina. Lisboa: MNAA, 2011

Mas a paciência é a melhor amiga do coleccionador de antiguidades, velharias e trastes e recentemente consegui comprar um prato com essa decoração de cachos de uvas e parras, por um preço muito aceitável na Feira de Estremoz. Segundo o catálogo da exposição Coleccionar em Portugal: doação Castro Pina, as várias peças apresentadas desse serviço são da Dinastia Quing, período Jianqing (1796-1820) ou da mesma dinastia, mas do Período Daoguang (1821-1850). As peças da antiga colecção Castro Pina diferem do meu prato no motivo central. Enquanto que as primeiras ostentam um brasão, o meu prato apresenta uma paisagem com casario. Mas, no Oportunity leilões, no Lote 4413, encontrei um conjunto de 4 chávenas, exactamente iguais ao meu prato, com o mesmo motivo central e atribuídas ao período Jianqing (1796-1820).

Oportunity leilões, no Lote 4413

Se o meu prato é do período Jianqing ou Daoguang, não tenho conhecimentos de louça oriental, para fazer atribuições, mas posso afirmar com segurança que é Companhia das Índias, Dinastia Quing, fabricado durante a segunda metade do séc. XIX na longínqua China, com motivos tipicamente ocidentais, as parras e as uvas, já que os chineses não bebiam vinho.
 

 Alguma bibliografia:
-Coleccionar em Portugal: doação Castro Pina. Lisboa: MNAA, 2011

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Porto de Mós: uma pequena gravura francesa da primeira metade do século XIX


Embora tenha mais tendência para comprar gravuras do século XVIII, também aprecio muito as estampas coloridas impressas na primeira metade do século XIX, normalmente extraídas de antigos livros de descrições geográficas e históricas ou de narrativas de viagens. Creio que esse meu gosto advém do facto de viajar pouco e assim nas paredes da minha casa, através destas estampas representado cidade e paisagens, vou todos os dias a Paris ou a Londres, nem que seja por uns segundos apenas.

Conhecendo este meu gosto, o meu amigo Manel ofereceu-me esta estampa representando um cruzeiro ou pelourinho da localidade portuguesa de Porto de Mós. Além de bonita, está também muito bem emoldurada, o que é raro. Muitas vezes, quando compramos gravuras temos que deitar fora a moldura e procurar uma coisa mais adequada. Aliás, por esse motivo, estou sempre a comprar molduras nas feiras de velharias e a deitar fora as reproduções de quadros célebres que estão lá dentro. Aliás na minha casa, há uma secção de estampas por encaixilhar e outra de caixilhos sem gravuras, que se procuram constantemente umas às outras.

A estampa representando o pelourinho em Porto de Mós foi publicada na obra Portugal / par. M. Ferdinand Denis. Paris: Firmin Didot, 1849
Esta gravura não está assinada, mas através de meia dúzia de pesquisas no Google, consegui identificar o autor na página de um alfarrabista em Hamburgo, Le voyage en papier - Marc Dechow como sendo obra de Augustin François Lemaitre (1797-1870), impressor, litografo, desenhador e editor, que viveu e trabalhou em Paris. O mesmo site indica a data de impressão como de 1846. Com mais umas buscas no Google e no catálogo da Biblioteca Nacional de França, descobri que a estampa representando o pelourinho em Porto de Mós foi publicada na obra Portugal / par. M. Ferdinand Denis. Paris: Firmin Didot, 1849. Este livro fazia parte de uma gigantesca colecção de 65 volumes, intitulada L'univers pittoresque : histoire et description de tous les peuples, de leurs religions, moeurs, coutumes, industries, etc e que se foi publicando entre 1835-1863.
L'univers pittoresque : histoire et description de tous les peuples, de leurs religions, moeurs, coutumes, industries
Mais tarde esta gravura foi reutilizada na obra Portugal pittoresco ou descripção historica d'este reino / M. Fernando Denis. - Lisboa : [s.n.], 1846-1847, mas numa versão muito estropiada, litografada por um tal Sá.
Uma cópia de má qualidade desta gravura foi publicada na obra Portugal pittoresco ou descripção historica d'este reino / M. Fernando Denis. - Lisboa : [s.n.], 1846-1847
Quanto ao assunto representado, não consegui averiguar sequer se representa o antigo pelourinho ou um cruzeiro da povoação. No site da Direcção-Geral do Património Cultural, menciona-se que é seguro que em Porto de Mós existiu um pelourinho, pois um Livro dos Acordos da Câmara de 1863 refere um Largo do Pelourinho. Mas esse pelourinho foi destruído em data incerta e em 1985 a Câmara mandou erguer uma picota num estilo qualquer incerto. Talvez esta estampa represente o antigo cruzeiro do adro, do qual se conservam um conjunto de fragmentos na Igreja de São Pedro da cidade. Em todo o caso, este monumento devia ser peça muito interessante, com uma imagem de um uma virgem e um menino, e que a julgar pela gravura, deveria ser um objecto de muita devoção pelos habitantes de Porto de Mós.
 

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Sopeira de faiança portuguesa: cores como num um arco-íris

 
Escrever sobre faianças portuguesas do século XIX é sempre ingrato, pois as peças não eram marcadas, as fábricas copiavam os padrões e os modelos umas das outras e quanto muito, conseguimos afirmar sem grande fundamentação, que uma peça é da zona centro, porque a pasta é mais amarelada ou é do Norte, porque a pasta é mais branquinha e o vidrado de melhor qualidade. Por vezes temos a sorte de encontrar num museu ou no num livro de arte uma peça idêntica à nossa e lá conseguimos dizer “isto deve ser Vilar de Mouros, Miragaia, ou Santo António de Vale da Piedade”. Mas, a maior parte das vezes as perguntas que fazemos sobre o centro de fabrico ou datação das nossas peças ficam sem resposta. Atribuímos esta ou qual peça a um centro de fabrico mais ou por intuição ou por experiência do que baseados em provas concretas.
 
Como a maioria das peças de faiança portuguesa do século XIX, esta sopeira não está marcada.
 
É o caso desta pequena terrina que comprei recentemente. A boa qualidade do vidrado e as cores vivas levam-me a intuir que será uma peça do Porto ou Gaia, fabricada algures na segunda metade do XIX. Mas, não consegui encontrar nada que sustente esta teoria. Percorri os catálogos da exposição do António Capucho e do respectivo leilão, da fábrica de Vilar de Mouros, de Miragaia, dos Meninos Gordos, a tese sobre Santo António de vale da Piedade de Laura Cristina Peixoto de Sousa e ainda Itinerário da faiança do Porto e Gaia e não encontrei nada igual.
 
Fragmento de louça de Santo António de Vale da Piedade. Este tipo de flores encontra-se em quase toda a faiança portuguesa. Foto extraída de "A Fábrica de Louça de Santo António de Vale de Piedade, em Gaia: arquitetura, espaços e produção semi-industrial oitocentista"
A decoração é feita com umas flores muito simples, que poderiam ter sido pintadas em qualquer época ou em qualquer ponto do País. A Fábrica de Santo António de Vale da Piedade, Massarelos, Bandeira e se calhar também em Coimbra usaram estas flores muitos simples na pintura das suas peças. Aliás, se a um de nós nos pedissem para desenhar umas flores rapidamente, faríamos umas iguaizinhas a estas. A decoração foi feita à estampilha, técnica usada por todas as fábricas ali no Porto e em Gaia, naquela época. Quanto à forma circular, também é muito comum. Até já apresentei uma dessas terrinas aqui no blog, que nunca sei se é Bandeira ou Fervença. Segundo a obra Itinerário da faiança do Porto e Gaia as terrinas circulares designavam-se pelo termo sopeiras.
 
Estampilha de tampa de recipiente da fábrica de Massarelos (MNSR).  Um artefacto semelhante a este foi usado para decorar a minha terrina. Foto extraída de "A Fábrica de Louça de Santo António de Vale de Piedade, em Gaia: arquitetura, espaços e produção semi-industrial oitocentista.
Em suma, posso apenas adiantar um palpite, de que esta sopeira foi fabricada algures pela segunda metade do Séc. XIX no Porto ou em Gaia. Contudo, apesar do anonimato em que se esconde o fabricante ou o artista, que concebeu desta sopeira de pequenas dimensões, não lhe faltava criatividade e houve aqui uma espontaneidade no uso das cores vivas, que ainda hoje nos desperta a admiração. Parece que de repente ouvimos ao longe aquela música Cindy Lauper, true colors, que encoraja as pessoas a não terem medo de mostrar as suas verdadeiras cores ao mundo.
 
 

And I'll see your true colors
Shining through
I see your true colors
And that's why I love you
So don't be afraid to let them show
Your true colors
True colors are beautiful
Like a rainbow


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Magnífica Chaves


O centro histórico de Chaves está bem conservado. A cidade é uma espécie de Guimarães em miniatura e depois passear pelas suas ruas antigas, onde viveram tantos dos meus antepassados paternos, é sempre uma espécie de peregrinação sentimental. Cada parte da cidade é um conjunto de histórias de que eu ainda me recordo ou de que me lembro de ouvir o pai ou a avó falar. No bairro da Madalena viveram os meus bisavôs, logo ao lado, os pais da minha bisavó Aninhas, um pouco mais frente, a minha tia Natália, num prédio antigo do século XIX, no último andar, cuja varanda dava a volta à casa toda e da qual se tinha uma vista espantosa sobre o Jardim da Madalena. Em miúdo, o meu avô Silvino levava-me a passear a esse jardim e ainda hoje, quando sinto o cheiro a buxo, comovo-me sempre, porque traz-me à memória esses momentos, que devem ter sido felizes. Na outra margem do Tâmega moraram a minha avó Mimi, a tia Maria Antónia e ainda, a tia Antoninha, cuja forma de receber fazia justiça à célebre generosidade transmontana. Quando a visitávamos, recebia-nos na sala de estar, trocava meia dúzia de palavras de circunstância e depois desaparecia para dentro, deixando a filha a entreter as visitas. Passado algum tempo, voltava, abria as cortinas da sala de jantar e o pequeno lanche para o qual a Tia Antoninha nos tinha convidado era um verdadeiro banquete. A Tia Antoninha era daquelas pessoas, que sabia conquistar o coração dos outros através da arte da culinária. Cozinhar com empenho e arte é uma forma de amar. 

Mais além, no largo em frente ao Tribunal de Chaves, a minha irmã aprendeu a andar de bicicleta. Na altura, logo no início dos anos 70, ninguém suspeitava que, por debaixo do empedrado com calçada portuguesa, existiam umas termas romanas luxuosas, que foram postas recentemente a descoberto, aquando da construção de um parque de estacionamento. A Câmara abandonou a ideia do parque para estacionar carros e tomou a decisão corajosa de manter as ruínas e abri-las ao público, e fez muito bem, porque elas são as termas romanas mais bem preservadas de toda a Península Ibérica. É um conjunto impressionante do qual as fotografias não conseguem transmitir a escala grandiosa. Creio que poderiam servir em simultâneo cerca de 70 a 80 pessoas, o que dá ideia da importância da Chaves romana. Mas não eram umas termas quaisquer cujos banhos tivessem apenas fins higiénicos e que existiram em todas as cidades romanas com alguma importância. Eram termas com fins terapêuticos, aliás as piscinas estão ainda cheias de água quente, que brota do solo. Este conjunto termal ocupava uma parte importante da cidade e constituía um núcleo definidor do aglomerado urbano. Aliás, percebe-se agora muito melhor o antigo nome da cidade Aquae Flaviae, que traduzido à letra, quer dizer, as águas dos Flávios. Só é pena que este monumento arqueológico esteja tão mal aproveitado. No interior não há qualquer placa na parede com uma explicação do que foi o edifício, quando foi construído ou destruído e muito menos legendas explicativas sobre as várias piscinas e condutas de água. Também não há à venda um desdobrável, uma brochura ou postais ilustrados. Enfim, quem quiser saber mais que vá chafurdar para o Google, e é uma pena porque uma boa musealização das ruínas poderia atrair muitos e muitos turistas à cidade. Chaves, além de contar com a melhor ponte romana do território português, passa agora a ter o melhor conjunto termal da Península.  
 


Mais informações sobre Balneário Termal Romano podem ser lidas em: