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Av. Rio Branco, Rio de Janeiro com ares de Paris |
Já uma vez aqui tinha escrito sobre a influência do urbanismo parisiense na Europa. A esse propósito citei a obra o Danúbio, onde o autor, Claudio Magris, compara Paris com o arquétipo platónico. À medida que desce o Danúbio para Oriente, Magris vai encontrando imitações de Paris. Viena copiou a Paris dos Boulevards do Barão Haussamann e por sua vez Budapeste imitou essa imitação da Paris e torna-a mais aparatosa, com fachadas ainda mais teatrais. Praga, também construiu uma Avenida Pariska e mais a Sul, Bucareste copiou Budapeste, que por sua vez já era um mimetismo de Viena. Mas esta é rota oriental do modelo Parisiense de Urbanismo.
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Budapeste. Avenida Andrassy, onde a arte imita a imitação da arte |
Esse modelo de cidade do Barão Haussmann atravessou o Atlântico e difundiu-se também em direcção ao hemisfério Sul e chegou a Buenos Aires e ao Rio de Janeiro. Já tinha ouvido falar desse tempo em que a cidade maravilhosa, o paradigma actual do exotismo para muitos europeus, se assemelhou a Paris. O Fábio Carvalho já várias vezes tinha escrito sobre essa época, a seguir a queda da monarquia e ao exílio dos Braganças, em que se quis apagar a todo o custo a velha arquitectura portuguesa e procurar uma coisa mais moderna, palavra que no início do Século XX era sinónimo de qualquer coisa francesa, de preferência Parisiense. Contudo, foi a desfolhar o álbum fotográfico Vistas do Rio de Janeiro. Rio: Papelaria Mendes, 1911, que me permitiu ver até que ponto, aquela cidade passou por um período, em que almejou ser uma espécie de Paris dos trópicos
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Av. do Rio Branco. Cerca de 1911 |
Toda essa renovação urbana se passou entre 1902 e 1906, sob égide do Prefeito, Francisco Pereira Passos. Pretendeu-se por fim à velha cidade colonial, caracterizada por um urbanismo muito concentrado e propenso à ocorrência de epidemias como a cólera ou a varíola e nesse sentido, fizeram-se a terraplanagens, demolições e ao fim de 4 anos uma cidade nova emergia, tendo como eixo fundamental a Avenida Rio Branco, onde se alinhavam os prédios e edifícios públicos, construídos num gosto ecléctico, mas com um sabor muito francês. A calçada era no entanto portuguesa.
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A calçada portuguesa numa avenida de edifícios de gosto eclético, mas a pretender ser Paris |
Além da destruição da velha cidade colonial, outra das consequências desta política de demolições foi o aparecimento das primeiras favelas nos morros, construídas por pessoas pobres expulsas do centro.
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Outro aspecto da Av. Rio Branco |
Mas, os ares parisienses do Rio de Janeiro tiveram vida curta e a partir dos anos, 40 e 50, os prédios com sabor a belle époque foram sistematicamente demolidos para dar lugar aos arranha-céus em cimento, ao estilo americano ou modernista.
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Paris em South American Ways |
Agradeço ao Ramiro Gonçalves as digitalizações.