Uma Fuga para o Egipto não é exactamente o tema certo para ilustrar um postal de boas-festas, mas como este episódio do Novo Testamento ainda faz parte do ciclo da Natividade, esta pequena estampa que vos apresento hoje servirá em todo o caso para desejar a todos um bom natal.
A gravura é muito ingénua e está de acordo com toda uma série de lendas e histórias populares que se criaram à volta deste episódio, em que Jesus, Maria e José fogem para o Egipto, para escapar a matança dos inocentes, ordenada por Herodes. Esta história é narrada de forma sumária no Evangelho de S. Mateus, mas é desenvolvida nos evangelhos apócrifos, onde se lêem toda uma série de pequenas historietas e incidentes à volta desta fuga, que a tradição popular aumentou ainda mais.
Os Evangelhos Apócrifos são aqueles textos antigos, que também contam episódios da Vida de Cristo, mas que a Igreja Católica, excluiu da Bíblia e não os considerou canónicos.
Esta gravura apresenta, uma iconografia típica da Fuga para o Egipto. Observamos S. José com o seu cajado decorado com açucenas e a Virgem com o Menino ao colo montados num burro. O grupo é conduzido por um anjo. Ao fundo, vemos uma Tamareira, que faz parte de um dos episódios anedócticos desta fuga. Segundo os tais textos apócrifos, a Sagrada Família teria passado fome e sede na viagem e ao passar por uma Tamareira, Jesus ordena a árvore que incline as suas ramas, de modo a que todos pudessem alcançar os seus frutos e com eles satisfazer a fome.
Mas o episódio mais delicioso que conheço desta fuga para o Egipto e que combina com a ingenuidade desta estampa, é uma tradição popular, contada por Moisés Espírito Santo nas Origens orientais da religião tradicional portuguesa. Segunda essa lenda, os tremoços porque chocalhavam e denunciaram a passagem da sagrada família, foram castigados e condenados a não matar a fome de ninguém, seja qual for a quantidade que deles se coma. Efectivamente, podemos comer sempre muitos tremoços, que temos sempre apetite, por mais, ainda mais tremoços.
Caro Luis:
ResponderEliminarMuito bonitos e marcantes os seus útimos artigos.Talvez depois da fuga tenhamos de afrontar, sem tremores o nosso destino.
Um abraÇo e Bom Natal
Fersal
EliminarMuito obrigado. Esta época, em que os nossos dirigentes parecem querer afundar o País de vez é por vezes inspiradora.
Um abraço
Olá,Luis
ResponderEliminarQue estampas mais bonitas...
E essa dos tremoços...não conhecia
Bom Natal
Um abraço
Cara Grace
ResponderEliminarA lenda dos tremoços é uma delícia e achei que esta estampa tão naif era a ocasião ideal para a contar aqui no blog.
Um abraço
Ola Luis,
ResponderEliminarPassando para desejar um otimo natal.
Abraços
Ricardo
Muito obrigado, Caro Ricardo Ferreira, um bom Natal também para si
ResponderEliminarum abraço
Obrigada pelos bonitos textos que acompanham as suas imagens, mais digo, também esclarecedoras das antiguidades que apresenta. Um Bom Natal para Si e para os Seus também. Quanto ás estampas tenho duas, que quando tiver oportunidade hei-de enviar uma cópia, e se fizer o favor esclarecer-me acerca delas. Obrigada pela divulgação da nossa cultura.
ResponderEliminarSão Alves
Cara São
ResponderEliminarO meu endereço de e-mail está indicado no meu perfil, no lado direito do blog. Basta clicar em "Ver o Meu Perfil Completo". Pode enviar cópias das suas estampas. Se souber alguma coisa sobre elas terei muito gosto em informa-la.
Tento sempre fazer textos claros e elucidativos. Sempre tive um certo horror aqueles textos fechados, cheios de gíria científica, escritos para meia duzia de entendidos.
Um abraço
Jesus, Maria, José!!! – como diz a outra - LOL
ResponderEliminarSão um encanto estas ingénuas figurinhas da sua estampa! Parecem desenhadas para ilustrar um livro infantil... e daí, talvez fossem de um livro de devoção para crianças. Será que no século XVIII já se usava disso?
Uma delícia!
Beijos
Maria Andrade
ResponderEliminarÉ verdade, aquela velha beata anda sempre com o Jesus, Maria José na boca!
Não sei se esta estampa pertencia a um livro de devoções destinado a crianças. Parece-me que aqui a ingenuidade não é pretendida como nos actuais livros infantis.
Mas, o seu comentário tem razão de ser. Os presépios do século XVIII, que só se abriam nesta quadra natalícia eram feitos para ser admirados por todos, mas também pelas noviças e pelas crianças. Era uma forma de ensinar o catecismo.
Talvez alguns livros religiosos fossem mais destinados a crianças
bjos
Olá
ResponderEliminarNão consigo encontrar o seu endereço de mail, só consigo aceder ao "outlook", tem outro endereço mail que eu possa aceder? Peço desculpa pelo incomodo
São Alves
montalvao.luis@gmail.com
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