Mostrar mensagens com a etiqueta Faiança: Bica do Sapato. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Faiança: Bica do Sapato. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Terrina atribuída à Fábrica da Bica do Sapato

A nossa seguidora misteriosa decidiu enviar-nos por e-mail uma peça atribuída à Fábrica da Bica do Sapato.

Apesar de as faianças deste centro de fabrico serem das mais procuradas pelos coleccionadores e antiquários o conhecimento da sua produção é escasso. Na realidade, sabe-se através dos documentos de arquivo, que a Fábrica existiu entre 1796 e 1818 e que em 1824 já não constava dos mapas estatísticos das fábricas do Reino, que se efectuavam nas altura.

Sucedeu-lhe no mesmo sítio, na calçada dos Cesteiros, ali para Santa Apolónia, mas uma década mais tarde, a Fábrica de Vítor Roseira, que produziu milhares de azulejos paras as fachadas dos prédios lisboetas.


A única peça que se conhece marcada da Fábrica da Roseira é esta Lavanda, que pertence a uma colecção particular e foi a partir dela que Artur Sandão, o celebre especialista em cerâmica, por comparação estilística, fez pela primeira vez uma série de atribuições a outras peças sem marca e a partir dessas, os antiquários fizeram mais outras quantas atribuições.

Esta explicação para a existência de uma única peça marcada da Bica do Sapato não se prende com o acaso, mas antes, porque na sociedade de antigo regime portuguesa, ainda corporativa, era necessário a uma fábrica, que pretendesse entrar em funcionamento, requerer um alvará à Junta de Comercio, provando ser capaz de fabricar produtos de qualidade. Assim tal como o operário para passar a mestre sapateiro ou alfaiate tinha que apresentar a obra-prima, a fábrica candidata ao Alvará submetia à consideração da referida Junta uma peça de grande qualidade e com assinatura. Esta Lavanda talvez tenha sido uma dessas peças.
Escrevi estas palavras com base num dos textos de Alexandre Nobre Pais e João Pedro Monteiro presente na obra Cerâmica neoclássica em Portugal. – Lisboa: IPM, 1997