sexta-feira, 16 de abril de 2010

Jarro de medida de farmácia

Não, não ganhei o euro-milhões e desatei a comprar louça de farmácia dos séculos XVII e XVIII. Bem que gostaria, porque a faiança portuguesa desses dois séculos é deslumbrante, mas está irremediavelmente fora do alcance da maioria das bolsas.

Esta peça é uma réplica de excelente qualidade de um jarro de farmácia do século XVIII, (até está esbeiçado) que pertence às colecções do Museu da Farmácia. Segundo me informaram aqui no blog, é um trabalho da OFICINA MONTE SINAI, localizada no elevador da Bica 71 r/c, que desenvolve um importante trabalho de reprodução da faiança portuguesa do Sec. XVII e Sec. XVIII. Esta oficina costuma trabalhar para os Museus e Palácios do Ministério da Cultura, o Museu da Farmácia, o Museu da Presidência da Républica Patriarcado de Lisboa e ainda para o Instituto de Santo António em Roma etc. Comprei-a na feira-da-ladra aquele rapaz tatuado, muito simpático, de quem já falámos aqui.

O Jarro ostenta o escudo da ordem dos Carmelitas e não é por acaso. Com efeito, em Portugal e em quase toda a Europa, até aos finais do século XVIII as farmácias só existiam nos conventos e mosteiros. As grandes casas religiosas dispunham de grandes boticas, destinadas a fabricar remédios para os monges e freiras, mas também para a comunidade da região que os circundava. Em anexo à botica funcionava sempre um jardim ou horto botânico, pois os medicamentos da época eram invariavelmente feitos a partir de ervas, plantas, flores, sementes e etc. A química estava pouco desenvolvida.

Por esta razão, frequentemente a louça de farmácia, canudos, boiões, jarros e xaropeiras ostenta as insígnias das grandes ordens religiosas, tais como os carmelitas, dominicanos ou franciscanos.

Para quem aprecia a faiança portuguesa dos séculos XVII e XVIII, deve ir obrigatoriamente ao Museu da Farmácia, que fica ali na R. Marechal Saldanha 1, junto ao miradouro de Santa Catarina, em Lisboa. O horário é meio tonto. Abre aos dias de semana e nas tardes do último Domingo de cada mês, mas a visita é deslumbrante. A colecção de faiança portuguesa dos seiscentos e setecentos só terá talvez paralelo no Museu Nacional de Arte Antiga.

O museu dispõe também de uma colecção de canudos de farmácia do século XVIII em vidro, que são além de bonitos, raros, pois este material é muito mais frágil que a faiança.

O museu dispõe também de antigas farmácias do século XIX e inícios do XX com o mobiliário e recheios completos, cujos donos se quiseram desfazer delas. Apresenta ainda duma secção internacional com uma colecção de vidros romanos linda de morrer, faianças francesas e italianas dos séculos XVII e XVIII e ainda um conjunto requintado de canudos franceses em porcelana do século XIX. Enfim, quem quiser educar o gosto e regalar os olhos, visite o Museu de Farmácia

4 comentários:

  1. Olá Luís

    Gosto do seu jeito de mudança radical de tema.
    Estimulante.
    Já estive para visitar o Museu uma ou duas vezes e não consegui, triste enfiei-me com a minha filhota no bar logo abaixo sobranceiro ao rio no miradouro da Rocha...vista magnífica, deleitei-me com uma salada com queijo de cabra, doces e...

    A minha filhota adora presentear-me com sítios deliciosos, aí nessa zona, a penúltima vez levou-me ao antigo palácio Valadares...de abóboras em tijoleira , arrepiei só de olhar....

    A talhe de foice , caso não saiba, e o Manel por certo ao ler vai gostar de saber, acho, refiro que a farmácia que lá está exposta, os armários, bem entendido, vieram de Cabaços, freguesia de Alvaiázere de paredes meias com Ansião e a serra de Sicó.

    Aliciante, porque me lembro dela quando era miúda, a minha mãe ia muitas vezes lá trabalhar nos correios e eu ia na sua companhia, e naturalmente frequentava a farmácia, as boticas eram o Melhoral e algodão hidrófilo...que não sabia pronunciar..ficava ruborizada...lembranças doces.
    Bom fim de semana
    Um abraço
    Isabel

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  2. Olha que interessante a informação da Isabel.
    Mais um aliciante para que, também eu, me desloque a esse museu. Não o perderei.
    E a peça que apresentas é bonita, aliás, eu via-a lá, mas, sabe-se lá porquê, nunca me deu para a comprar, tanto mais que o preço era em conta!
    Bem, tenho uma teoria, acho que ela já te estava destinada! Hehehe
    Manel

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  3. Este medidor é um trabalho da OFICINA MONTE SINAI localizada no elevador da Bica 71 r/c.
    Desenvolve esta OFICINA um importante trabalho de reprodução da faiança portuguesa do Sec. XVII e Sec. XVIII.
    Conta entre os seus clientes o IMC, IPPAR, Museu da Farmácia, Museu da Presidência da Républica Patriarcado de Lisboa, Instituto de Santo António em Roma etc
    Para qualquer esclarecimento: Paulo Valentim facebook

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  4. Caro Paulo

    Obrigado pela sua informação útil. Actualizei já o post com as informações que me deu. O trabalho que a Oficina do Monte Sinai faz é espantoso. A Oficina está aberta ao público?

    Abraços

    Luís

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