quinta-feira, 29 de abril de 2010

Mais um tesouro reencontrado: o retábulo da capela do Solar dos Montalvões, em Outeiro Seco

Esta tem sido sem dúvida uma semana feliz. O Humberto Ferreira procedeu a uma verdadeira investigação arqueológica e policial por Outeiro Seco e Chaves e aos poucos foi juntando informações, que ouviu aqui e ali e localizou mais uma importante peça, que estava originalmente na capela de Sta. Rita do Solar de Outeiro Seco.

Ao conversar com os cuidadores da Capela de Nossa Senhora do Rosário, um pequeno templo na mesma povoação, a Sra. Dª Cidália e o seu marido o Sr. José Serra, foi informado por este último, que o retábulo, a parte frontal do altar mor, se encontrava actualmente na Casa de Cultura Popular de Outeiro Seco. O Humberto telefonou de imediato à senhora Presidente da Casa da Cultura, Antonieta Melo, marcou uma entrevista, deslocou-se à dita instituição e explicou-lhe mais ou menos o que procurava, uma peça de grande tamanho. A senhora respondeu-lhe só se for isto, apontando para o alto de um muro, a uma altura de 3 metros.

Segundo as palavras sentidas do Humberto, que transcrevo de seguida Ao olhar para cima, senti como um vazio no estômago, reconheci as cores do Altar de Santa Rita, os mesmos tons de azul e de vermelho, é uma peça linda. Nunca pensei que pudesse sentir esse tipo de coisas em adulto.

Estava encontrado o retábulo do altar da capela do Solar dos Montalvões!

Na fotografia imediatamente abaixo destas linhas, assinalo com uma seta a localização original do retábulo na capela de Sta. Rita, para que os leitores possam ter uma pálida ideia da magnificência do conjunto original. No centro do altar é perceptível a mancha que ocupava o Cristo, o Senhor dos Aflitos, que se encontra hoje no Museu de Arte Sacra de Chaves

Segundo a Sra. Presidente da Casa da Cultura, Antonieta Melo, quando tomou posse, o retábulo estava num canto misturado com o lixo e decidiu então emoldura-lo e coloca-lo na parede para o melhor proteger. Segundo a referida Senhora a peça teria sido tirada do Solar, logo após a sua venda, para poupa-la a eventuais vandalismos. Como já repararam não sou um homem muito dado aos adjectivos. Creio que até sou muito económico no seu uso, mas para agradecer ao Humberto Ferreira, ao José Serra e à Antonieta Melo sinto que precisava de usar adjectivos fortes e qualitativos, mas como me soam sempre a falso, limito-me a um simples e português, bem hajam!!
Fotos do Retábulo são do Humberto Ferreira e a do altar mor é do Manel

1 comentário:

  1. Vista assim, isolada, parece a peça que mais acusa a influência "rocaille", e, por outro lado, assemelha-se a um precioso tapete.
    As cores repentem as já existentes, nos restos de talha que ainda lá se encontram, e a representação do céu e da lua é perfeitamente espantosa!
    Belíssima peça, que, colocada como se encontra, ainda que belíssima, não se pode admirar no seu anterior contexto, pois foi produzida para ser vista juntamente com o entorno e ao nível dos olhos de quem entra no espaço sagrado.
    Continuo sem palavras mediante a surpresa da qualidade de tais peças, o que seguramente também me iria suceder caso o solar estivesse em condições de ser apreciado na sua condição original (pelo menos a capela, visto que o resto do solar, ainda que representativo de um tipo de residência de fidalguia rural, é mais comum e não me iria tocar tanto).
    De agradecer o trabalho de investigação do Senhor Humberto Ferreira e o cuidado de preservação da Presidente da Casa da Cultura, e, afinal, todas as pessoas que cuidam de pôr a salvo o património que é de todos
    Manel

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