Umas das coisas que vale a pena comprar nas feiras de velharias são as molduras antigas para encaixilhar os retratos de família. Vendem-se a belíssimos preços, emprestam uma dignidade nostálgica às fotografias do passado e dispostas em conjunto em cima de uma mesa ou de uma cómoda, proporcionam uma visão rápida daqueles que contribuíram com os seus genes para nossa formação como seres vivos.
Este porta-retratos requintado, que comprei na Feira de Estremoz a um preço irrecusável levantou-me o problema sobre que fotografia deveria colocar ali. Na minha casa, procuro ter imagens que representem os vários lados da família. Pensei colocar ali uma fotografia do meu avô paterno, o Silvino da Cunha (12.10.1901-14.03.1972), que conheci mal, mas do qual guardo algumas recordações simpáticas, do tempo em passei uma temporada em Chaves. Era muito miúdo, teria uns cinco anos, mas lembro-me que me ia buscar e levar ao jardim-escola João de Deus, passeava comigo pelas ruas de Chaves, onde cumprimentava senhores muito dignos de barba branca e de uma vez ter assistido com ele a uma procissão, onde desfilaram meninos vestidos de anjinhos, que frequentavam o mesmo jardim-escola que eu. Lembro-me também que me levava a passear ao Jardim da Madalena daquela cidade, onde cheirava sempre a buxo molhado e ainda hoje, quando entro num desses jardins fora-de-moda, simétricos e com sebes e aparadas e sinto o cheiro a buxo, emociono-me sempre.
Este porta-retratos requintado, que comprei na Feira de Estremoz a um preço irrecusável levantou-me o problema sobre que fotografia deveria colocar ali. Na minha casa, procuro ter imagens que representem os vários lados da família. Pensei colocar ali uma fotografia do meu avô paterno, o Silvino da Cunha (12.10.1901-14.03.1972), que conheci mal, mas do qual guardo algumas recordações simpáticas, do tempo em passei uma temporada em Chaves. Era muito miúdo, teria uns cinco anos, mas lembro-me que me ia buscar e levar ao jardim-escola João de Deus, passeava comigo pelas ruas de Chaves, onde cumprimentava senhores muito dignos de barba branca e de uma vez ter assistido com ele a uma procissão, onde desfilaram meninos vestidos de anjinhos, que frequentavam o mesmo jardim-escola que eu. Lembro-me também que me levava a passear ao Jardim da Madalena daquela cidade, onde cheirava sempre a buxo molhado e ainda hoje, quando entro num desses jardins fora-de-moda, simétricos e com sebes e aparadas e sinto o cheiro a buxo, emociono-me sempre.
Silvinho da Cunha (12.10.1901-14.03.1972), fotografia tirada por ocasião da sua formatura em Medicina |
Soube mais tarde que era um homem de rotinas, que cumpria os mesmos rituais todos os dias, atravessa a rua nos mesmos sítios e às mesmas horas tomava o seu café e entrava na Sociedade de Chaves para ler o seu jornal. O meu pai herdou essa sua característica e eu também preciso de rotinas para me sentir seguro, embora a vida moderna de Lisboa não facilite hábitos arreigados.
Tenho também conhecimento de que era um homem culto, republicano e com mau feitio, mas objectivamente pouco sei sobre este meu avô e muito menos da sua família. O meu pai foi criado até aos seis anos com a família da sua mãe, os Montalvões, passava sempre longas férias no Solar desta família em Outeiro Seco e é dessa casa hoje em ruínas, que nos transmitiu maior parte das suas recordações. Do lado do meu avô paterno, os Cunhas nunca soubemos quase nada. Era todo um conjunto de antepassados que nem nos lembrávamos que alguma vez tivessem existido.
Os pais do Silvino da Cunha, Alfredo Augusto da Cunha e Emília Sousa Costa, meus bisavós |
Recentemente visitámos o meu primo Jorge e encontramos na sua casa o retrato dos pais do Silvino da Cunha, o Alfredo Augusto da Cunha (1870-1956), contador judicial e sua mulher, Emília Sousa Costa, meus bisavôs paternos. É um daqueles retratos típicos dos finais do séc. XIX, inícios do séc. XX, em que o fotógrafo não pretendia propriamente surpreender o íntimo dos retratados. Naquele tempo, em que a fotografia era cara e reservada para ocasiões especiais, as pessoas quando se mandavam fotografar pretendiam sobretudo uma imagem digna de si, de respeitabilidade, de gente que não desce escadas a correr. É um bocadinho complicado através das fotografias desta época tentar adivinhar o que passava no interior desta gente. No entanto consegui identificar no Alfredo Augusto da Cunha as mesmas entradas no cabelo, que o meu pai, o meu irmão e eu tínhamos, antes de ficarmos irremediavelmente calvos.
Alberto Mario Sousa Costa (1879 -1961) era sobrinho da minha bisavó paterna. Foto Grande enciclopédia portuguesa brasileira |
A minha bisavó paterna, a Emília Sousa Costa não parece ser bonita. No entanto provinha de uma família de Vila Pouca de Aguiar com tradições na cultura. Um dos seus irmãos, o António Sousa Costa era jornalista e o filho deste, Alberto Mario Sousa Costa (1879 -1961) foi um escritor extremamente popular na primeira metade do século XX, com uma lista invejável de obras de ensaio, romance, literatura de viagens e ainda de drama. Na Biblioteca Nacional contei 128 edições das suas obras.
Sousa Costa era um homem muito alto para a época, com um tipo muito trigueiro, tal como o meu avô Silvino e o meu próprio pai e sua irmã. Foto do Arquivo Nacional Torre do Tombo http://digitarq.arquivos.pt/ |
Casou com uma senhora que era também uma literata, Emília da Piedade Teixeira Lopes, que tornou conhecida como Emília Sousa Costa (1877-1959) e consagrou-se como escritora de livros infantis, cujas ilustrações foram assinadas por artistas plásticos conhecidos, como Sara Afonso ou Raquel Roque Gameiro. As suas entradas na Biblioteca Nacional ascendem a 120 títulos.
Emília Sousa Costa tinha um estilo literário, que hoje se considera enfático. Foto do Arquivo Nacional Torre do Tombo. http://digitarq.arquivos.pt/ |
Hoje em dia já ninguém lê as suas obras deste casal. O estilo de Emília Sousa Costa é pesado, típico da época. No entanto, a obra social deste casal a favor das crianças e da condição feminina é notável. Durante a república, Alberto Sousa Costa esteve na base da criação das Tutorias da Infância, organismo, que mais tarde veio dar origem aos actuais Tribunais de Família. Emília Sousa Costa preocupou-se de forma pioneira com a instrução feminina, que sabia ser a único meio pelo qual as mulheres pobres e desamparadas, podiam escapar ao inevitável destino da prostituição. Criou a Caixa de Auxílio a Estudantes pobres do Sexo Feminino, com um o seu curso anexo de instrução primária, que subsidiou milhares de raparigas em cursos preparatórios e superiores.
O poeta Cândido Guerreiro casou com uma prima direita do meu avô Silvino, Margarida Sousa Costa |
A irmã de Alberto Mario Sousa Costa, a Margarida casou com o poeta Cândido Guerreiro em 1909. Foram apresentados pelo irmão pois Sousa Costa, António Sardinha e Aristides Sousa Mendes e Cândido Guerreiro faziam parte do mesmo grupo que se conhecia da Universidade de Coimbra. Durante o tempo em que viveram no Algarve, depois de 1936, os meus avôs, o Silvino e a Maria do Espírito deram-se bastante com o casal Cândido Guerreiro e Margarida Sousa Costa. Afinal de contas a Margarida era prima direita do Silvino. O poeta cândido Guerreiro era um homem de tendências republicanas e antes de casar com a Margarida Sousa Costa teve uma ligação com Maria Veleda (Maria Carolina Frederico Crispin) uma senhora muito à frente do seu tempo, uma republicana convicta, defensora dos direitos das mulheres e que apesar de ter tido um filho de Cândido Guerreiro optou por ser mãe solteira. Curiosamente entre 1912 e 1941 esteve ao serviço da Tutoria da Infância, a instituição criada pelo irmão da mulher que a substituiu no coração de Cândido Guerreiro, o que nos faz pensar, que talvez tenha sido por via do Alberto Mario Sousa Costa, que Maria Veleda conseguiu este lugar.
Em suma, a compra desta moldura tornou-se pretexto para explorar um lado da família cuja existência ignorava e o conhecimento do ambiente literário em que viveram os primos direitos do Silvino, bem como os respectivos conjugues, alguns deles comprometidos com a República serviu-me para entender melhor o meu avô, cuja cultura se poderá também se explicar por este meio familiar. Acredito até que a figura de Emília Sousa Costa poderá ter servido de modelo à minha avô Mimi (Maria do Espírito Santo Montalvão Cunha,) colaboradora literária assídua de jornais e revistas de Bragança e Chaves, bem como do Comércio do Porto.
Em suma, a compra desta moldura tornou-se pretexto para explorar um lado da família cuja existência ignorava e o conhecimento do ambiente literário em que viveram os primos direitos do Silvino, bem como os respectivos conjugues, alguns deles comprometidos com a República serviu-me para entender melhor o meu avô, cuja cultura se poderá também se explicar por este meio familiar. Acredito até que a figura de Emília Sousa Costa poderá ter servido de modelo à minha avô Mimi (Maria do Espírito Santo Montalvão Cunha,) colaboradora literária assídua de jornais e revistas de Bragança e Chaves, bem como do Comércio do Porto.
O porta-retratos encontrou um retrato e uma história para contar |
Além das fontes familiares, encontrei informações para coligir este trabalho em:
- Grande enciclopédia portuguesa e brasileira. Lisboa ; Rio de Janeiro : Enciclopédia,195 .
- NOGUEIRA, C.. Emília de Sousa Costa: educação e literatura. Revista Lusófona de Educação, América do Norte, 23, jul. 2013. Disponível em: <http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/3359>. Acesso em: 11 Aug. 2016.
- http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=141452
Na moldura eu colocaria a foto de dona Emília Sousa Costa. Foto ótima!!!
ResponderEliminarAdorei a Caixa de Auxílio a Estudantes pobres do Sexo Feminino.
Gostei muito da expressão "estilo enfático" para os escritos de dona Emília.
Abraços, Luís!
Caro Jorge
EliminarA foto da Emília Sousa Costa não é minha. Foi retirada do arquivo nacional de Portugal, a Torre do Tombo, que tem milhares, se não for milhões de documentos digitalizados. A Emília estava casada com um primo direito do meu avô. É uma parente por afinidade e portanto não iria colocar a sua imagem nesta moldura, por muito divertida que pareça.
Para a época, em que mulher tinha uma condição quase nula, a Emília Sousa Costa fez um trabalho notável.
Quanto ao estilo da Emília Sousa Costa, vou transcrever um pequeno parágrafo de uma das suas obras, para o Jorge perceber exatamente o que se quer dizer por "estilo enfático":
"Leonor, abalada pelas frases curtas e austeras da amiga, cai de joelhos, diante do corpo desfalecido da pobre mãe e unge-lhe as mãos com beijos. O seu
rosto, alumiado pelo viço radioso e sensual da cabeleira fulva, curva-se na graça penetrante da humílima penitente, orvalhada de contrição e tem agora a castidade esmaecida dos lírios esmaecidos"
A minha avó paterna, a Maria do Espírito Santo Montalvão Cunha tinha exactamente a mesma maneira de escrever da Emília Sousa Costa, a mulher do primo do marido, isto é, usava um estilo pesado, rebuscado e que acusa muito a marca do tempo.
Um grande abraço
Luís
Luis
ResponderEliminarComo, partindo de uma elegante moldura, se constrói um texto familiar. Fazer renascer pessoas de família, de um modo simples, mas cativante.
A escrita rebuscada do parágrafo que transcreveu faria que muitos jovens necessitassem do dicionário de forma constante.
Um abraço
If
Ivete
EliminarFoi realmente curioso que a procura de um personagem para colocar nesta moldura tenha servido para fazer uma pesquisa familiar num ramo do qual nada sabia. Ainda que muitas vezes sem grandes resultados, nestas buscas pelas genealogias tentamos sempre saber qual foi a quota parte que estas personagens tiveram na nossa formação como seres humanos.
Julgo que quando lemos estes textos de escritores de há 70 ou 80 atrás e cuja escrita está irremediavelmente datada, devemos tomar a decisão de evitar modas literárias do nosso tempo ou o uso de um jargão quase hermético de uma determinada disciplina científica. Mais importante que o efeito estilístico é sempre conseguir comunicar ideias. Julgo que muitos dos escritores contemporâneos, que escrevem sem parágrafos ou vírgulas, no futuro acontecer-lhe-ás o mesmo que a obra desta escritora, as suas obras ficarão rapidamente datadas.
Um abraço
Esta forma de escrever era típica de uma quantidade de pessoas que usavam e abusavam da adjetivação, construindo frases dramáticas, bem próprias do romantismo exacerbado, o que aparece muitas vezes na escrita no feminino.
ResponderEliminarNão quero com isto dizer que a escrita masculina também não aparecesse com estas caraterísticas, pois tenho-a encontrado amiúde também. Foi uma moda.
Mas a vida da senhora está cheia de pontos interessantes, pois foi uma mulher dinâmica e não se deixou a ficar a "coser meias". Não tenho nada contra este tendência, tão válida como outra qualquer, mas dou conta de vertentes diferentes, que fazem a diferença entre os seres humanos.
Gostei de saber sobre esta outra parte da tua família
Manel
Manel
EliminarHá uns 50 ou 80 anos havia muito esta moda de escrever, com adjectivação abundante e complicada e por vezes com muito pouco conteúdo. Eu ainda me lembro de ouvir o meu professor da instrução primária dizer-nos que para escrevermos bem deveríamos usar muitos adjectivos. Hoje penso o contrário e algum do trabalho que faço quando revejo os textos do blog é precisamente cortar nos adjectivos.
Também achei muito interessante conhecer este lado da minha família, que me serviu para entender que os interesses culturais do meu avô foram também produto do meio familiar, bem como o seu republicanismo, que nos anos 50 ou se 60 se traduzia na expressão "ele não é da situação".
Um abraço
Manel
EliminarO valor da Emília Sousa Costa é maior se pensarmos que na época em que viveu, em que a taxa de analfabetismo feminina era gigantesca.
Estas coisas da genealogia são também curiosas, pois os meus avós tiveram uma filha que morreu ainda bebé em Cabo Verde e que se chamava Emília. Sem dúvida em homenagem à Avó e à prima. Ainda me lembro da minha avó me mostrar a chave do caixão, guardada com carinho numa bonita caixa. Ainda tentaram transladar o caixão para a metrópole, mas quando o tentaram fazer com o clima de Cabo Verde, tudo já tinha sido tragado pela terra.
um abraço
Obrigado por transcrever um dos textos de dona Emília, já os imaginava assim, cafonas, datados, fora de moda mas muito importantes, pois veio de uma educadora que teve um um ideal na vida.
ResponderEliminarEu gosto muito desse tipo de texto, acho engraçadíssimo.
A foto dela lendo um discurso é maravilhosa. Enfática!!!
Abraços.
lolol.
EliminarTinha várias fotografias da Emília Sousa Costa retiradas do Arquivo Nacional Torre do Tombo, mas confesso que não resisti a escolher esta imagem, pois parece mesmo que está a ler este trecho da sua obra:
"O seu rosto, alumiado pelo viço radioso e sensual da cabeleira fulva, curva-se na graça penetrante da humílima penitente, orvalhada de contrição e tem agora a castidade esmaecida dos lírios esmaecidos"
Luís,
ResponderEliminarMais um post muito bem conseguido a partir de um objeto antigo e bonito que o levou para memórias familiares e para uma pincelada sobre uma certa época e sociedade.
Achei uma curiosidade interessante aquele excerto da autoria dessa sua parente, Emília Sousa Costa. É realmente um estilo de escrita muito caraterístico, quase gongórico, muito estranho para os leitores de hoje...
Belas fotos antigas! E como o Jorge Santori, saliento a da senhora a ler que tansmite bem, na expressão do rosto, a pompa e circunstância que o texto devia transmitir.
Muito bom!
Beijos
Maria Clara
EliminarA Emília Sousa Costa tinha um estilo muito próprio desta época. A minha avó, que também era uma literata, mas sem o êxito desta senhora, escrevia da mesma forma. Tenho ideia da minha avô ter proferido certa vez uma conferência intitulada "A virtude, pedestal de toda a beleza" onde imagino, que tivesse adoptado o mesmo estilo enfático, da Emília Sousa Costa, que era sua prima por afinidade.
No fundo, estes trabalhos de evocação do passado feitos a partir de antigas fotografias permitem nos entrever as modas e a cultura de um passado que não é assim tão remoto como isso.
Bjos
Luís,
ResponderEliminarAté onde um objecto nos pode levar... e construir uma história de família. Gostei muito.
Além disso, o porta-retratos é lindo, seja qual for o retrato que escolha. Fiquei com vontade de ler as histórias infantis da sua familiar.
Parabéns pelo registo e pela investigação a que ele levou.
Bj.:))
Ana
EliminarÉ bem verdade. A escolha de uma fotografia para esta moldura levou-me a procurar reconstituir alguns fragmentos de uma história familiar, cuja memória já se tinha perdido e ajudou-me a perceber um pouco a cultura dos meus avôs. No fundo, todas as famílias tem sempre uma história a contar se fugirmos as redes indetermináveis de nomes da genealogia ou à tentação de fazer dos nossos antepassados uns santos.
Bjos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarLuis,
ResponderEliminarAndo ainda por estes caminhos, mas sem PC nem tempo e nem ânimos para dar conta de tanta coisa que vamos inventando para a vida ter sentido ou direção,
E emprestando este que uso vim te fazer uma breve visita. E deparei-me com uma postagem que se ramifica tanto
que dá até um certo medo de vasculhar para tentar entender um pouco mais...
Tenho sempre a impressão que teremos sempre mais parentes mortos, ilustres ou não, do que vivos, ainda que nossos herdeiros se multipliquem como coelhos,
Talvez por isso, prefira juntar e tentar emendar cacos de louça, de móveis ou santos. Porque emendar a história de uma única família que seja dá muito mais trabalho, Não que seja assim preguiçoso mas porque quando se lida com gente as emendas e qualquer outro trabalho devem ser feitos com perfeição. Por isso admiro tanto a vocês historiadores, enciclopedistas etc, de livros e de gente, coisa para gigantes,
Meu abraço.
ab
Amarildo
EliminarDesculpe só agora lhe responder, mas de facto este ano fiz umas férias maiores do que aquelas que é hábito fazer. Muito embora tenha o hábito de responder sempre a todos os comentários, o seu acabou por ficar esquecido no meio da confusão das férias, período em que abro pouco o computador.
A Marguerite Yourcenar escreveu que começamos a fazer genealogia por vaidade e rapidamente, com a reconstituição das gerações e gerações mortas que nos precedem, rapidamente chegamos a uma sensação de abismo.
Os objectos são uma forma de manter a memória dos antepassados viva.
Um grande abraço e mais uma vez desculpe por não lhe responder logo
Sabes que o porta-retratos me parece assim tão feminino, delicado... talvez a foto da Emília Sousa Costa ou a foto dos pais do Silvino da Cunha. Bem, a esta altura, já deve ter escolhido a foto.
ResponderEliminarAdorei ler toda a história dos teus familiares. Gosto tanto de memórias, mas com um café.
Maria da Gloria.
EliminarNo espaço muito pequeno da minha casa procuro ter fotografias dos familiares mais próximos e faço uma espécie de hierarquia na selecção das fotos. O Silvino da Cunha era o meu avô paterno e ainda o conheci e tenho boas recordações dele, muito embora não fosse um homem muito afectivo. A Emília Sousa Costa é uma parente por afinidade, casada com um tio bisavô, de que já tinha ouvido falar vagamente como escritora, mas que até há pouco tempo desconhecia que tinha um qualquer laço de parentesco com ela. Enfim, tinha que fazer justiça ao Silvino da Cunha e escolher o retrato dele para a moldura. No entanto, a fotografia do meu avô Silvino traz consigo a memória dos Cunhas, dos Sousa Costa, do poeta cândido Guerreiro, da sua mulher e da sua amante, arrojada Maria Veleda.
Este blog é um pouco como se estivéssemos todos à beira da mesa de um café, conversando sem pressas de coisas que já se passaram há muito tempo, mas que contribuíram para aquilo que nos tornámos hoje.
Um abraço
Pois saiba que aqui venho, sento-me em uma cadeira imaginária, com uma xícara de café ou chávena, como vocês dizem, e vou viajando pelas linhas e, igualmente, pelo aroma de café, que tanto gosto. Aromático assim, um 'espresso' vai muito bem.
EliminarBeijinhos Luis.
Ora, muito obrigado pela sua simpatia
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