sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Velharias do Luís no Museu Nacional de Arte Antiga ou uma escultura em biscuit arte nova



Aqueles que acompanham regularmente o velharias do Luís sabem bem que é uma página muito pessoal, onde apresento peças minhas ou de amigos ou então fotografias antigas, que servem como mote para contar velhas histórias de família.

Mas como sou bibliotecário no Museu de Nacional Arte Antiga, a direcção deste museu convidou-me a participar no programa DAR A VER: a escolha do conservador para falar sobre uma peça da colecção de cerâmica do MNAA.

A ideia deste projecto é dar a conhecer ao público obras, que estão nas reservas do museu, colocando-as temporariamente em exposição e ao mesmo tempo produzir um vídeo, colocado ao lado da peça, que fornece ao visitante as explicações necessárias. Esse pequeno filme é disponibilizado na internet de forma a permitir a que todos tenham acesso aos tesouros do Museu Nacional de Arte Antiga, mesmo estando longe de Lisboa, como por exemplo no Brasil, em França ou nos Estados Unidos.

Pela minha parte escolhi um biscuit de Sèvres, concebido por Agathon Léonard, apresentado na Exposição Universal de Paris de 1900 e que é um ícone do movimento arte nova.

Convido-vos a todos a visualizar o vídeo sobre esta bailarina em biscuit e claro, a visitarem o Museu Nacional de Arte Antiga, onde está exposta, logo no átrio principal.



14 comentários:

  1. Caro Luis
    Excelente......uma volta pelos lugares que um museu esconde, trazendo das sombras à luz a vida adormecida...bom trabalho, parabens!
    Cumprimentos
    Vitor Pires

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    1. Caro Vítor

      Este projecto do MNAA é de facto interessante. Não é que seja inteiramente novo. Durante muito tempo fazia-se uma conferência mensal sobre uma obra do Museu, mas normalmente da colecção permanente. E essas conferências, que eram muito interessantes, só podiam ser ouvidas por pessoas que estivessem em Lisboa e perto do Museu. Desta vez resolveu-se mostrar o que há nas reservas e que não se consegue colocar mostrar permanentemente, ou porque não há espaço, ou porque a peça sai fora do âmbito da colecção. E aproveitamento o confinamento, escolheu-se mostrar também as peças no youtube , colocando as antigas conferências ao alcance de toda a gente, estando as pessoas em Coimbra, no Porto, em Bragança ou na ilha do Corvo.

      Um grande abraço

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  2. Maravilhoso. Sublime. Serviço público de elevada qualidade e oportunidade.
    Muito obrigado!!!
    HP

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário. De facto este projecto consegue colocar ao alcance de todos muitas obras de arte do Museu, que se encontram nas reservas e as quais o público não tem acesso.

      Um grande abraço

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  3. Assim se pode ter Orgulho no luxo
    de se ter uma visita guiada neste patamar
    de qualidade
    novador e inspirador

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    1. Caro António

      Obrigado pelo teu comentário. O Museu Nacional de Arte Antiga é de facto o primeiro museu nacional e mesmo muitas obras que não estão na exposição são de facto muito interessantes e as reservas de qualquer grande museu tem sempre o seu quê de caverna de Ali-Babá.

      um abraço lisboeta

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  4. Estás muito bem.
    Vi praticamente todos os outros pequenos documentários produzidos sob o tema "Dar a Ver". Creio que me falta um, porque o tema não me é muito apelativo ...
    Acho-os curiosos, pois dão a conhecer uma parte do museu que nos escapa, e sobre a qual tantos de nós nutrem curiosidade: as fantásticas reservas dessa instituição.
    Gostei especialmente daquele dedicado à peça de mobiliário, talvez porque este ramo me atrai especialmente, e porque todo o trabalho de pesquisa feita à volta da peça estava muito bom, apesar da peça não ser fantástica.
    Mas aqui, quer tu, quer a equipa que montou este documentário, estão de parabéns, pois sai um pouco do esquema estabelecido para as outras peças. E funcionou bem por isso mesmo.
    É uma certo forma de intimismo que se estabelece entre os três polos: o comunicador que és tu, os que captam e transformam, dando ordem às imagens e, finalmente, o espetador, que afinal somos todos nós.
    O pequeno filme sobre a dança da Loïe Fuller e a imagem da figura de Tanagra foram muito bem achados, pois dão base à compreensão da peça em si.
    Estás de parabéns.
    Venham mais outros, se o museu a isso se dispuser, pois comunicadores que sabem o que dizem, não faltam entre as pessoas que trabalham nessa casa, e tenho a certeza que as peças nas reservas são em quantidade e qualidade que o justificam.
    Manel

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    1. Manel

      Escolhi esta peça deliberadamente porque estava marcada e a atribuição não me suscitava qualquer dívida, além de que me apercebi de imediato, que poderia contar uma boa história acerca dela.

      Neste pequeno filme institucional acabei por usar a mesma técnica do meu blog, um discurso simples, pessoal e sobretudo contar uma história acerca de uma peça e creio que a coisa resultou. Os jovens que realizaram o filme são muito bons e creio que esta bailarina em biscuit também os inspirou e fizeram uma realização muito engraçada.

      As reservas do museu dão para 4 ou 5 décadas destes pequenos filmes.

      Um abraço

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  5. Projeto super interessante esse de dar destaque a peças guardadas em reserva e que são muito bonitas. Você conseguiu ver a beleza neste biscuit que renovou-se com a influência da dança. O biscuit da bailarina deixa sua previsibilidade e oferece graça, beleza e a leveza que vem da dança.
    Não conhecia a Fuller, mãe da aviação?, uma hélice ambulante, libélula maluca com asas de super godê...quantos metros de tecido ela não gastava pra fazer o figurino e coitadinhos dos seus bracinhos.
    Lembrei de outras dançarinas da mesma época, Cleo de Merode, Isadora 'Redgrave'Duncan, Mary Wigman - que fui conhecer recentemente no Museu Lasar Segall de SP através de uma foto que me impressionou. Mas a Wigman é mais conceitual.
    O vídeo seu é perfeito, bem dirigido. Isso poderia ser feito aqui, mas parece que na colônia atualmente nada dar-se a ver, tudo na reserva...a que ponto chegamos.
    Sèvres recorreu ao burlesco inspiração para alçar outros voos e descontrair a sua produção.
    A peça é linda.
    Abraços.

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    1. Jorge

      Este programa do MNAA. que consiste em expôr durante um mês uma das obras das reservas, permite através dos vídeos, que no Rio de Janeiro, Salvador, Nova Iorque ou Paris pessoas interessadas pela arte entrem nas reservas do Museu, que é um sítio assombroso.

      Já conhecia estas estatuetas do Agathon há já muitos anos e fiquei muito supreendido, quando há cerca de um ano, a propósito do pedido de uma investigadora, descobri no inventário do museu que tínhamos um destas estatuetas maravilhosas.

      Quando me convidaram para fazer parte deste programa do Dar a Ver, achei logo que a estatueta do Agathon e a Loïe Fuller dariam uma belíssima história, no tempo em que Paris era a capital do mundo.

      No fundo, acabei por usar a mesma técnica do blog, de montar uma história a propósito de uma peça, só que aqui tive o privilégio de falar de uma obra de primeira escolha, um biscuit de Sèvres, essa mítica fábrica de porcelana.

      Um forte abraço para ti

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    1. Margarida

      Muito obrigado e ainda bem que gostou. As reservas do MNAA são outro mundo para além do Museu. É pena que o Museu disponha de pouco espaço para exposição permanente.

      Um abraço

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  7. Olá Luís! Foi uma agradável surpresa vê-lo e ouvi-lo nesta belíssima apresentação. Parabéns! A peça é linda, mas foi certamente valorizada por toda a informação e todo o enquadramento que lhe deu. Adorei! Beijinhos

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    1. Maria Andrade

      Que saudades. Tenho até andado para lhe escrever a pedir notícias suas.

      Muito obrigado pelas suas felicitações.

      Para apresentar esta peça usei um esquema narrativo muito semelhante ao do blog. A diferença é que aqui no blog apresento peças de média qualidade e esta escultura de biscuit do MNAA é Sèvres, uma fábrica quase mítica na porcelana europeia.

      Mas gostei desta experiência, que me permitiu conhecer a reservas de cerâmica do Museu, um verdadeiro mundo para quem se interessa pelo assunto, como nós.

      Beijos

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