sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Urnas e taças no alto dos prédios lisboetas

Também pelas ruas de Lisboa, no alto dos prédios mal tratados pelo tempo, encontramos urnas, taças, pinhas e outros adereços decorativos de coroamento das frontarias. Basta fugirmos dos centros comerciais, abandonar o carro, e sem grande esforço ou procura começamos a descobrir surpresos essas peças de faiança fantásticas, cheias de uma opulência burguesa, como esta aqui num prédio na esquina da rua do Salitre com a rua Nova de S. Mamede.


Depois, se penetrarmos no labirinto das vielas da Lisboa, estes elementos são ainda mais comuns. Subindo do Rossio para a Pena, pelas escadinhas da Barroca, nas traseiras do Convento da Encarnação descobri um edifício com dois pares de urnas, uma em cada canto, que alternam com duas pinhas no meio.

Não faço a menor ideia do fabricante das peças apresentadas. Tenho a ideia que aqui no Sul as Caldas fabricaram estes adereços decorativos de coroamento das cantarias, mas desconheço se houve mais fábricas a faze-los. A informação que tenho é sobretudo de unidades fabris no Norte, como as Devesas, Sto António da Piedade, Valadares e Massarelos dedicadas a esta produção. Não sei se Sacavém se dedicou a este tipo de objectos. Enfim confesso a minha ignorância, que é tão grande como o fascínio que exercem em mim estes objectos.

Já depois de ter feito este post, a Maria Andrade teve a amabilidade de me enviar mais duas imagens. destes objectos, tiradas em Lisboa, no bairro de Alfama, perto de Sto. Estevão e que se aparentam nitidamente com a urna das Escadinhas da Barroca.


8 comentários:

  1. Olá Luís
    De facto são muito bonitas. Desde sempre as admirei nos remates das empenas e nos telhados de terraço,ornadas de grade também em loiça,Vila Franca de Xira e ainda em vários centros históricos pelo país.Atendendo à elegância das peças, gomadas, saliências figurativas, trabalho de requinte que julgo só no norte assim foi um dia imaginado e criado. Mesmo que nas Caldas também os fizessem será numa fase posterior, sem este encanto, este brilho, sem desprimor da faiança das Caldas.Até porque as Caldas no centro do País,nele pouco existe de remates deste género, e se fosse grande a produção seria hoje fácil encontra-la, digo eu.

    De qualquer das formas, são peças de grande requinte e vaidade quem as ostentava orgulhoso nas suas casas.
    Beijos
    Isabel

    ResponderEliminar
  2. Não tenho nem ideia de quem as terá feito, mas que são peças que eu gostaria de possuir no topo do edifício onde moro, em Lisboa, lá isso gostaria!
    O edíficio data de período mais recente que o de quando foram fabricadas estas urnas, mas o estilo coaduna-se, e ficariam a matar lá no topo.
    Em vez disso há umas portas-janela encimadas por frontões em arco, num estilo que faz lembrar o neoclássico, fabricados a partir de chapa metálica pintada a fazer lembrar a pedra, que até nem são feios!
    Era a arte do faz-de-conta em edifícios que se destinavam a uma classe média-baixa lisboeta de inícios do século XX, em que cada andar possuía 2 portas de entrada, sendo uma independente e que servia um pequeno quartinho destinado a parentes que viessem da terra!
    Hoje até tem piada!
    Um destes dias ainda convenço a administração do prédio a adquirir umas urnas ... se continuas a fazer-me inveja com estas ...
    Manel

    ResponderEliminar
  3. Luís, bem me parecia q tinha aí por Lisboa pano para mangas se quisesse fotografar este tipo de ornamentos. Eu, q só aí vou de vez em quando,como já lhe disse, encontrei peças destas sem as procurar, a descer a encosta de Alfama. Na altura fotografei-as mas acho q as fotos não ficaram muito boas. De qualquer forma talvez lhas mande para o caso de o Luís lá querer ir fotografar melhor.
    São peças belíssimas, é pena estarem colocadas tão acima do ângulo de visão de qualquer de nós, se não estivermos sensibilizados para a sua existência.
    Obrigada por mais esta partilha q é emprestar-nos os seus olhos quando deambula pelas ruas de Lisboa.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  4. Caros Amigos

    Obrigado pelos vossos comentários

    Estas peças são extremamente difíceis de fotografar. É preciso aplicar o zoom, evitar o sol e claro à distância que estão é impossível ver a marca de fabrico, ainda que a tenham.

    A urna do primeiro prédio, o da Rua do Salitre pertence a um prédio elegante de uma burguesia mais abastada. A do segundo, pertence a um prédio mais popular e certamente foi uma peça mais barata.

    Abraços a todos

    ResponderEliminar
  5. Uma vez vi uma pinha de porcelana destas antigas à venda na feira da ladra em Lisboa. Via-se que era mesmo antiga e que tinha sido retirada de um predio provavelmente destruido como muitos em Lisboa. Estive tentado a comprar pelos 100 euros que me pediram mas acabei por não o fazer. Hoje nem olhava para traz... Tenho pesquisado muito sobre elas e a tentar perceber quem as fazia mas nada aparece... Gostava muito de ter mais informação sobre estes adornos e poder ter uma ao invés de as deixar destruir como se destroi tudo hoje em dia nesta cidade de Lisboa onde cada vez mais vejo prédios lindos a cair por terra... Se souberm onde posso saber mais destas faianças digam-me :-)

    ResponderEliminar
  6. Caro Rui Cláudio

    Nunca encontrei nada publicado exclusivamente sobre estas decoração. Nos manuais de faiança há uma ou outra referência aqui e ali. Através dos vários post que aqui fiz e que alguns bloguistas amigos tb escreveram, apercebemo-nos que Miragaia, Sto. António do Vale da Piedade, Devezas e certamente Sacavém e Viúva Lamego fabricaram estes artefactos. Mas sabe-se pouco mais. Espreite no lado direito: a rubrica "faiança: artefactos decorativos de fachada" e poderá ler tudo o que já se foi escrevendo aqui sobre o assunto.

    Abraço e volte sempre

    ResponderEliminar
  7. Oi Luis,
    Tentando ajudar o Mateus numa questão sobre os jarrões de faiança de Mandiqüera, vim parar (claro) aqui no teu blog! E neste post específico, que me fez lembrar que eu tenho algumas fotos de ornamentos de faiança de prédios em Lisboa, que se vc quiser, posso lhe mandar. Só não vou saber em que rua estavam.
    abraços!
    Fábio

    ResponderEliminar
  8. Caro Fábio

    Terei muito gosto em publicar as tuas descobertas aqui na velha capital do Império.

    Um abraço

    ResponderEliminar