A propósito do recente post sobre o prato de faiança da Bandeira, com a jovem na fonte, que poderá ser ou não uma representação da célebre heroína minhota, houve seguidores que me enviaram muitos elementos sobre esses meninos gordos, nomeadamente a proprietária misteriosa, que nos tem presenteado com belíssimas peças de faiança e o Fábio Carvalho, que um dia destes ainda descobre o célebre túmulo de Alexandre o Magno, através de uma pesquisa no Google. Resolvi partilha-lhos com os seguidores deste blog, bem como toda a comunidade de cibernautas cansados de fazer pesquisas na net e nunca encontrarem nada de jeito sobre faiança
Os meninos gordos eram o Mateus e a Ana e nasceram perto e Turim, no Norte de Itália, em 1831 e 1833, respectivamente. Eram extraordinariamente obesos. Com 11 anos apenas o Mateus pesava 201 kg e a Ana com 9 anos somava 129 kg. As pobres crianças foram transformadas em animais de circo e foram apresentadas por toda a Europa e os próprios monarcas não desdenhavam vê-los de perto, como Luís Filipe de França, a corte piemontesa ou a nossa D. Maria II.
Em Portugal, os meninos gordos estiveram em 1842 em Lisboa, Porto, Viana, Braga e depois em 1843 em Guimarães e outra vez no Porto. É provável que tenham visitado mais terras em Portugal.
Impressionaram tanto as pessoas, que as oficinas de cerâmica, nomeadamente a Bandeira produziram muitos pratos dos dois meninos, para as pessoas ficarem com uma lembrança de tão estranho fenómeno.
Para a nossa sensibilidade moderna, exibir assim duas crianças parece-nos monstruoso. Mas não andamos nós todos a assistir na televisão a reality shows horrorosos onde é mostrada toda a baixaria humana?
Para quem quiser saber mais recomenda-se o livro Meninos Gordos: Faiança Portuguesa/ Isabel Maria Fernandes. Porto: Livraria Civilização Editora, 2005, que acompanhou a exposição, que infelizmente não tive ocasião de ver.
Os meninos gordos eram o Mateus e a Ana e nasceram perto e Turim, no Norte de Itália, em 1831 e 1833, respectivamente. Eram extraordinariamente obesos. Com 11 anos apenas o Mateus pesava 201 kg e a Ana com 9 anos somava 129 kg. As pobres crianças foram transformadas em animais de circo e foram apresentadas por toda a Europa e os próprios monarcas não desdenhavam vê-los de perto, como Luís Filipe de França, a corte piemontesa ou a nossa D. Maria II.
Em Portugal, os meninos gordos estiveram em 1842 em Lisboa, Porto, Viana, Braga e depois em 1843 em Guimarães e outra vez no Porto. É provável que tenham visitado mais terras em Portugal.
Impressionaram tanto as pessoas, que as oficinas de cerâmica, nomeadamente a Bandeira produziram muitos pratos dos dois meninos, para as pessoas ficarem com uma lembrança de tão estranho fenómeno.
Para a nossa sensibilidade moderna, exibir assim duas crianças parece-nos monstruoso. Mas não andamos nós todos a assistir na televisão a reality shows horrorosos onde é mostrada toda a baixaria humana?
Para quem quiser saber mais recomenda-se o livro Meninos Gordos: Faiança Portuguesa/ Isabel Maria Fernandes. Porto: Livraria Civilização Editora, 2005, que acompanhou a exposição, que infelizmente não tive ocasião de ver.
Olá Luis,
ResponderEliminarGostei de ver o folheto de propaganda. E você falou muito bem ao comentar que o circo de freak show continua em nossos dias, mas não apenas na baixaria dos reality shows, mas às vezes também disfarçados de programas científicos, como alguns do Discovery Chanel e History Chanel, que apresentam pessoas com deformações bizarras, anomalias, doenças raras com consequências grotescas aos pobres enfermos.
Junto com o prato do Mateus eu enviei também uma foto de uma prato com a Ana, que foi o único que eu encontrei, você o recebeu? Eu achei interessante o prato da Ana pois quase todas as vezes só aparecem reproduções de pratos com o Mateus. Mesmo no post sobre a faiança da Bandeira todas as imagens de menino gordo são do Mateus.
abraços!
Fábio
Olá a todos!
ResponderEliminarAo ler este post, não podia deixar de comentá-lo quando se fala aqui dos "Meninos Gordos"que estiveram sim em Guimarães e a sua história tão bem contada pela ex.Directora do Museu Alberto Sampaio, em livro.A propósito da apresentação deste livro e em mtas escolas de Guimarães, as crianças realizaram actividades, como a pintura dos meninos em pratos, o recontar da história...várias sessões no Museu.
Deixo aqui os parabéns à Dra Isabel Fernandes e tenho de aparecer no Museu para adquirir mais um exemplar, todos os que compro, vâo-se em ofertas.
cmps a todos,
diariamente apareço por aqui.
leonor moreira
Eu sabia algo da triste história dos "meninos gordos", que, tal como referes, deve parecer completamente desumana hoje.
ResponderEliminarNo entanto não a conhecia de forma tão pormenorizada com a colocaste aqui neste post.
Mas, visto da época em questão, não sei se aqueles meninos gordos não seriam até algo invejados e, eles prórpios, se deviam considerar bafejados pela "sorte", senão vejamos: para além de serem conhecidos por todo o 1º mundo (poder-se-iam até considerar famosos), deveriam viajar por toda a Europa com relativo conforto e segurança (ninguém quererá maltratar, ou ver maltratada a "galinha dos ovos de oiro"), teriam a possibilidade de contactar com pessoas influentes (no entanto, imagino-os como seres completamente indiferentes a quem quer que encontrassem, até como forma de auto-protecção), seriam sujeitos a uma alimentação reforçada, pois seguramente nenhum dos seus "patrocinadores" quereriam vê-los menos obesos, vestir-se-iam de forma adequada para poderem ser apresentados em sociedade ... enfim, não creio que o vulgar cidadão dos países que visitariam os considerassem uns "tristes pobres coitados"!
Para as regras que nos regem hoje, temos muitos prupridos quanto à sua situação.
Mas, tal como já mencionaste aqui, a situação não é muito diferente do que acontece hoje, nos nossos media, com a mais completa violação da intimidade das pessoas, e, o que é mais incrível, com a conivência e aceitação dos próprios!!!!!
Após uma fase inicial de curiosidade, terminei por ficar completamente indiferente a este tipo de "reality shows"; mas que continuam populares lá isso continuam!
E ninguém os faria se não houvesse público!
Sobram as pinturas dos meninos gordos, mas devo confessar que, em boa verdade, são as peças que menos me atraem, e se possuísse alguma seguramente a venderia, pois sei como são procuradas!
Manel
Caro Luís,
ResponderEliminarJá conhecia a história dos "Meninos Gordos" inclusivamente por já ter folheado o livro de que fala a comentadora Leonor Moreira, mas não me lembrava de todos os pormenores, por exemplo da época em q por cá passaram. O q é interessante é q assim pode-se datar o início da produção destes pratos, já q a sua popularidade atingiu o auge nessa altura, embora certamente se tenha mantido por algum tempo.
Concordo com o q o Manel diz sobre a vida destas crianças. Embora tenham sido explorados por adultos, acabaram por usufruir de uma vida melhor do q a q teriam tido sem esta popularidade e além disso temos q pensar no q era a vida das crianças pobres naquela época - trabalho infantil nas fábricas e minas em condições tenebrosas, era vulgar nalguns países europeus...
Abraços
Cara Leonor Moreira
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras. Espreitei o seu blog e julgo que a Leonor também será originária da região de Chaves ou terei visto mal?
Muito dos meus posts são dedicados a memórias familiares que tem Chaves e Outeiro seco como pano de fundo.
A exposição dos Meninos Gordos itinerou por várias cidades do Páís, inclusive esteve aqui em Lisboa.
Abraços e volte sempre
Caros Manel, Fábio e Maria Andrade (a ordem é aleatória)
ResponderEliminarIndependente dos objectos, atraem-me as histórias que os rodeiam, como a dos antigos proprietários, ou o que representam. É um processo semelhante a descodificar uma escrita antiga que já ninguém conhece o significado.
Os meninos gordos são uma história chamativa, muito mais do que os próprios pratos, que os representam.
Abraços a todos
Olá Luis!
ResponderEliminarÉ verdade, nasci em Amoinha Nova, concelho de Valpaços, mas fiz a minha infância e adolescência em Outeiro Seco na casa de minha tia, a prof.Maria Eugénia. Vivo há cerca de 35 anos em Guimarães.
cmps
leonor moreira
Cara Leonor
ResponderEliminarEntão somos praticamente conterrâneos.
Ultimamente tenho escrito pouco sobre Chaves e Outeiro Seco, mas voltarei novamente a faze-lo