sábado, 19 de janeiro de 2013

Conjunto de faiança inglesa black basalt da Eastwood


Já há cerca de um ano mostrei aqui um bule de faiança black basalt, uma peça neoclássica, do início do século XIX.

Esta faiança preta foi fabricada pela primeira vez pela célebre Wedgwood em 1767 e inspirava-se na antiguidade egípcia, romana e grega, numa mistura que veio a ser muito típica, dos finais do século XVIII e atingiu o seu apogeu nos inícios do XIX, com o chamado estilo império.



O black basalt da Wedgwood foi muito imitado pelas outras fábricas e inglesas e este bule e açucareiro são um bom exemplo de uma dessas cópias, e da popularidade, que esta loiça escura alcançou no início do século XIX em Inglaterra, e no mundo inteiro, bem entendido, pois o conjunto foi comprado cá em Portugal, pelo nosso amigo Manel.


Este bule e açucareiro, que não serão exactamente do mesmo serviço, embora muito semelhantes, foram fabricados por um senhor chamado William Baddeley (activo entre 1802 e 1822). Este William Baddeley descendia de uma família de ceramistas e tinha a sua fábrica estabelecida em Eastwood, Hanley, em Stoke-on-Trent, a cidade da indústria cerâmica por excelência, que fica no Staffordshire.


A fábrica de William Baddeley, que executou produtos de qualidade, tinha também uma característica. Marcava as suas peças com a palavra EASTWOOD, mas o termo East era impresso de forma sumida e o WOOD de forma clara e evidente. O objectivo enganar a clientela mais distraída, fazendo-os crer que estavam a comprar genuínas peças Wedgwood.


Hoje, passados cerca de 200 anos do fabrico deste açucareiro e da leiteira, o pequeno subterfúgio desonesto de vender gato por lebre parece-nos uma coisa longínqua e perdoável e a imagem mais forte, que fica da EASTWOOD são os pormenores requintados, como a desta pega da tampa, em forma de cisne.

17 comentários:

  1. Parabéns pelo excelente trabalho de investigação patente neste blog!
    Se no Reino Unido há Wedgwood, em Portugal temos a célebre louça preta de Bisalhães.

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  2. Caro Ramiro

    Muito obrigado pelas palavras simpáticas.

    Também gosto da louça de Bisalhães e como os meus pais são do Norte sempre me lembro de ver esses barros rústicos e pretos nas velhas casas familiares. Eu próprio comprei um pote preto de Bisalhães, antigo, para pôr os guarda-chuvas, mas não sei nada história destes barros. Talvez seja um dia um tema de um post e a ocasião para saber algumas informações sobre o barro de Bisalhães.

    abraços

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  3. Cara Luisa

    Muito obrigado. No geral, toda a faiança inglesa do século XIX é muito bonita e de grande qualidade. Aliás, não foi por acaso, que naquele tempo a Inglaterra dominou os mercados mundiais com a sua faiança de grande qualidade e a um preço acessível. Foi a época do "Rule Britannia"

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  4. Que bela surpresa aqui encontrei, Luís!
    Não imagina como estas peças me atraem desmedidamente. Tudo nelas traz referências culturais, até as pegas! Neste caso a forma de cisne, foi muitíssimo usada nos bules ingleses do final do século XVIII a princípios do XIX. Nas peças equivalentes Wedgwood, a pega é quase sempre uma figura feminina, uma viúva bíblica, mas também aparecem outras...
    Mais uma vez fica bem nítida, quer na cor da pasta quer nas formas e motivos dos objetos, a intenção de imitar os serviços em prata.
    Não tinha presente este nome, Eastwood, mas achei muito curiosa a localização da marca, assim em posição lateral e não na base.
    Eu ainda só consegui um açucareiro black basalt, ando a ver se me aparece um bule... mas não muito caro... ;)
    Obrigada pela partilha destas maravilhas. Fico à espera de mais, já que a sorte tem batido para esses lados!
    Bjos

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    1. Maria Andrade

      O Manel tem feito uma pequena colecção destas peças black basalt muito interessante. Também nunca tinha visto uma marca colocada de lado. Aliás só demos com ela, quando fui fotografar a peça.

      Também concordo que as peças em prata serviram de inspiração para estes serviços de loiça destinados aos burgueses, que não tinham dinheiro para gastar no ourives, mas gostavam de beber chá em qualquer coisa ao nível do seu recém conquistado bem estar.

      bjos

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  5. Lindas peças!! Fazem lembrar as de "bisalhães", embora estas sejam mais em bruto, mas não menos interessantes beijos T

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  6. Belas peças Luís! E duzentos anos! Que número impressionante! Parabéns ao Manel e obrigada aos dois pela partilha, incluindo a bela e esclarecedora pesquisa.
    Bjs

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    1. Maria Paula

      É realmente impressionante como estas peças feitas numa loiça tão fininha sobreviveram a duzentos anos de lavagens, de criadas desastradas, crianças endiabradas e senhora idosas com tremeliques.

      bjos e obrigado

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  7. Estas peças já foram adquiridas há muitos meses atrás, numa casa em Borba, e baratinhas, pois doutra forma não as poderia ter comprado.
    Creio que este tipo de cerâmica é completamente diferente da denominada de Bisalhães, pois nestas, do Norte, a cor negra é-lhes fixada durante a cozedura, pois não se deixa o fumo escapar e a produção deste é induzida a partir de folhagem verde de pinheiro, se não me engano. Caso não se usasse este processo, a cor do barro seria igual a qualquer outra, vermelha.
    Quanto ao "black Basalt" é uma forma "stoneware", onde é misturada na pasta a própria rocha de basalto, moído, daí o nome deste tipo de peças.
    As paredes deste tipo de loiça é muito fina e frágil e muito compacta, como a da porcelana (daí estas peças permitirem o uso de líquidos muito quentes sem que se danifiquem), sendo fabricada através de moldes (o que permite o aparecimento de delicados relevos, geralmente ao gosto neoclássico, devido ao período em que apareceu este tipo de carâmica), ao contrário da de Bisalhães, que é trabalhada à roda, consequentemente com as paredes mais espessas, de caratarísticas mais rudes, e com a massa de estrutura porosa.
    Estas caraterísticas mais rudes da cerâmica de Bisalhães encantam-me, sobretudo no fabrico de potes, os quais são absolutamente fabulosos! Teria uma coleção deles, se pudesse, mas eles são mais caros do que o "black basalt" e vendem-se ao preço das jóias da coroa.
    Vou-me contendo com as peças inglesas
    Manel

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    1. Bem, amigo Manel, nesse caso tenho que ver se arranjo uns potes de Bisalhães para depois ter prá troca... LOL
      Um abraço e muitos parabéns por estas compras.

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    2. Manel

      Muito obrigado pelo teu comentário, que esclareceu as diferenças entre o black basalt, uma faiança de alta qualidade, tão fina como a porcelana e peças de Bisalhães, que são simples barros escurecidos com fumo durante a cozedura. As duas loiças tem em comum apenas a cor negra.

      abraços

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  8. Maria Andrade, estes potes são lindíssimos, e o pote de Bisalhães que o Luís comprou, uma peça rústica, com um ar vetusto, e com uma patine liiinda, creio que foi um pouco mais caro que qualquer dos meus black basalt ... lol
    Vá-se lá saber porquê ...
    Manel

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  9. Manel e Maria andrade

    O pote de Bisalhães que tenho não foi barato, mas na época, as velharias ainda se vendiam caras e eu queria ter uma peça dessa olaria, que tanto me fazia e faz recordar outeiro seco ou Vinhais.

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  10. Um dia desses havia parte de um aparelho de chá em lance livre aqui no Rio. Achei bonitas aquelas louças pretas com relevos antropomórficos mas pensei que fossem 'modernosas' e não fiz caso. Saiu bem em conta. Seu MARAVILHOSO BLOG é uma boa fonte de informação. Um abraço brasileiro de seu fã
    Amarildo.

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  11. Caro Amarildo

    Fico muito contente de lhe ter sido útil. Um dos objectivos deste blog é partilhar conhecimentos, que permitam identificar antiguidades e velharias.

    Um abraço

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