quinta-feira, 3 de abril de 2014

Um museu dos coches numa estampa alemã

Um detalhe da estampa

Há cerca de 4 anos mostrei aqui no blog esta estampa, representando um momento da cerimónia da coroação de Carlos VI, como Imperador do Sacro Império Romano Germânico, em 1711, na cidade alemã de Frankfurt am Main.

É uma gravura de que aqui no blog é difícil dar ideia das suas enormes dimensões, 59 x 36 cm. O tema é curiosíssimo, pois representa um desfile real de carruagens, coches e cavaleiros, numa representação em tiras, em tudo semelhante ao de uma actual banda desenhada. Os pormenores são verdadeiramente deliciosos, como por exemplo verem-se as carruagens, a curvar, mudando para a tira superior.

A estampa mede 59 x 39 cm
A gravura apresenta uma legenda em alemão, Einzug Ihro Römischen Kayserlichen Mayestaet Caroli VI in Frankfurt am Mayn / Den 19 Dech Ao 1711, que me permitiu data-la e identificar o tema, mas nunca consegui descobrir o impressor, nem se tinha sido ou não arrancada de um livro.

Einzug Ihro Römischen Kayserlichen Mayestaet Caroli VI in Frankfurt am Mayn / Den 19 Dech Ao 1711
Pior ainda, todas as figuras estão numeradas o que significa, que a acompanhar a gravura, terá existido uma legenda identificando todas as personalidades e figurões do cortejo e senti que me faltavam uns quantos elementos para decifrar o mistério desta estampa, comprada na capital magiar.

os coches que sobem para a tira de cima
Desde há quatro anos para cá, de vez em quando lembrava-me do mistério desta gravura e lançava-me ao google e fazia pesquisas e mais pesquisas pelos termos Einzug Ihro Römischen Kayserlichen Mayestaet Caroli VI in Frankfurt am Mayn, 1711, mas ia ter páginas de arquivos e bibliotecas alemãs e não conseguia obter grandes resultados. Enfim, não domino de todo o alemão e só conheço meia dúzia de palavras chaves, que me permitem pesquisar por autor, título e assunto numa base de dados bibliográfica, de modo que, esbarrava contra toda aquela algaraviada germânica.
Einzug der Kurfürsten und Wahlbotschafter zur Krönung Josephs II. nach Frankfurt, 1764. A representação de cortejos através do esquema gráfico em tiras era comum na Alemanha nos séculos XVII e XVIII

Contudo, a persistência, dá sempre os seus frutos e de tanto pesquisar, comecei a perceber que existiam muitas estampas impressas em Frankfurt am Main ao longo dos séculos XVII e XVIII, representando acontecimentos da vida da cidade, como a chegada de embaixadas estrangeiras ou de cortejos reais, todas elas, obedecendo a este esquema de distribuição das personagens por tiras. Apercebi-me então que a representação de cortejos e desfiles em formas de tiras era uma convenção artística comum na época. Impressão essa que confirmei na exposição A encomenda prodigiosa, que teve lugar no Museu Nacional de Arte Antiga, em 2013, onde aparecia reproduzida uma estampa proveniente da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, representando uma visita do Cardeal Patriarca de Lisboa, por ocasião do baptismo D. António, Príncipe da Beira, em 1795 e que a julgar pelo tamanho da gravura, deve ter sido uma visita de grande aparato. Aliás, pensando bem esta representação de um tema com muitas personagens em formas de tiras é velha como o mundo, basta lembrar-nos da coluna de Trajano em Roma, que representa a conquista da Dácia, ou a arte do Antigo Egipto.
Outro detalhe da minha estampa. A técnica de representar cenas com muitas personagens num esquemas de tiras é velha como o mundo e já os antigos egípcios e os romanos a usaram

No entanto, apesar de ter encontrando muitas estampas alemãs da mesma época, representando os cortejos reais para aclamação do novo imperador e das várias cerimónias que tinham lugar na cidade de Frankfurt por essa ocasião, todas elas segundo o esquema das tiras, não conseguia descobrir de forma nenhuma uma gravura igual à minha. Comecei a fazer então pesquisas combinadas no google, pelos termos em inglês, Coronation, Frankfurt am Main1711, Charles VI e pela palavra alemã Einzug. Nem me perguntem como, mas fui ter a um site americano, https://archive.org, que reúne documentação digitalizada de várias instituições americanas, onde estava referenciado um livro alemão, editado em 1712, com um título que nunca mais acabava, da colecção do Getty Research Institute, mas do qual existia uma descrição em inglês das estampas nele contidas, two plates showing the succession of coaches of the Emperor's entry in Frankfurt, que coincidia exactamente com o que eu procurava. Enchi-me de pachorra, abri o livro que está todo digitalizado e resolvi percorrer uma à uma as 418 páginas que o compõem. Folheei, folheei e já estava quase desesperado quando já quase no final da obra encontro finalmente uma estampa igual à minha!!!


Em suma a minha bela gravura, pertenceu ao livro, que se dá pelo singelo e sintético título Vollständiges Diarium, alles dessen was vor, in und nach denen höchstansehnlichsten Wahl- und Crönungs-Solennitaeten des aller durchlauchtigsten grossmächtigsten und unüberwindlichsten Fürsten und Herrn, Herrn Caroli des VI. ... : sowol im gantzen Heil. Römischen Reich, als auch insonderheit in dieser freyen Reichs- und Wahl-Stadt Franckfurth am Mayn, von Anfang biss zum Ende passiret ist : nicht weniger was diesesmal bey denen gegebenen Visiten, gehabten Audienzien, vor Curialien beobachtet worden, mit hierzubehörigen Contrefaiten und andern zu besserem Verstand der Sachen dienlichen Kupfferstic. Foi uma obra impressa em Frankfurt am Main por Johann David Zunners e Johann Adam Jungen, no ano de 1712 e mede 33 cm de altura.

A folha de rosto do livro Vollständiges Diarium, impresso em 1712, de onde foi retirada a minha estampa.

Embora, o meu alemão se resuma a meia dúzia de termos técnicos de biblioteconomia e de arte, consegui perceber que esta obra é um diário sucinto de todo o processo de eleição e de aclamação de Carlos VI como Imperador. 

O banquete

Refere-se à entrada na cidade do candidato a imperador, bem como de todos os eleitores, isto é, os príncipes, reis e outros grandes titulares, acompanhados por outros nobres e cavaleiros das suas casas (esta minha gravura representa precisamente essa entrada histórica de 1711), mas também a eleição no Kaisersaal, a sagração na catedral, o banquete e o cortejo pela cidade. O livro é tão explícito, que contem esquemas gráficos da localização das pessoas na sala de banquetes, na catedral e no Kaisersaal, que eram dispostas numa complicada hierarquia.

O desfile pela cidade

A obra contem ainda a legenda dos personagens, que constam na minha estampa, mas infelizmente estão impressas em letra gótica alemã e a sua identificação ficará para um outro post. Talvez entretanto, alguma biblioteca americana já se tenha dado ao trabalho de transcrever a letra gótica para caracteres tipográficos modernos e de traduzir as legendas das gravuras para inglês.
Todas as figuras da minha estampa possuem um número, cuja legenda se encontra no livro

41 comentários:

  1. Extraordinário! Adorei a estampa e a história. De facto, faz lembrar o equema da Coluna de Trajano (ou mesmo da Ara Pacis). Este blogue é uma maravilha. Bom fim-de-semana!

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    1. Margarida

      Obrigado. Ter conseguido descobrir de onde veio esta estampa foi resultado de uma grande casmurrice minha, mas o trabalho deu-me também um enorme gozo, pois ao mesmo tempo percebi que esta representação em tiras era uma convenção artística em voga nos séculos XVII e XVIII, assente numa tradição que já vinha de Roma e do Antigo Egipto.

      Um abraço e também lhe desejo um bom fim-de-semana

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  2. Olá Luís,

    Esta sua descoberta merecia um prémio! Quase me atrevo a dizer que deve ter paciência de chinês, mas também tem a argúcia necessária para conseguir fazer as triangulações mais correctas, e assim obter resultados!
    Não há dúvidas de que a Internet fornece inúmeras informações que, há alguns anos atrás seriam impensáveis conseguir.
    Quando olhei para a estampa pensei que já a tinha visto algures. Afinal tinha sido aqui mesmo. É que às vezes deambulo pelos seus posts mais antigos, e claro, as imagens ficam na retina. Um trabalho extremamente minucioso e exaustivo o de quem a executou. Nem imagino o tempo que deve ter levado a fazer!
    Eu que faço uns meros rabiscos, levo tardes inteiras com um simples A5...
    Mas por falar em imagens, estou curiosa relativamente a uma pequeníssima estampa que surge atrás de si. É a última , e a mais pequena das quatro que se encontram penduradas à sua esquerda . Chamou-me a atenção a moldura que se me afigura muito trabalhada. Enfim, é a chamada curiosidade feminina...


    Um abraço

    Alexandra Roldão

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    1. Alexandra

      As bibliotecas, arquivos e museus da Europa e dos Estados Unidos tem desenvolvido um notável trabalho de catalogação, digitalização e colocação on-line das suas colecções, que permite a quem está em casa, à frente do seu PC fazer pesquisas já bastante elaboradas. Estas instituições tem contribuído de forma decisiva para a democratização da cultura.

      Claro, sendo eu bibliotecário, tenho de facto uma certa habilidade em mover-me neste mundo das bases de dados e da internet, apesar de aqui ter encontrado as barreiras linguísticas quase intransponíveis do alemão. Não há dúvida que o domínio de uma língua nos abre portas para o mundo completamente novo e é uma das razões porque por vezes me revolto contra este monopólio do inglês. A cultura e a arte alemãs são importantíssimas na Europa e no fundo vivemos num desconhecimento muito grande dos valores culturais deste mundo germânico.

      Esta estampa só ganha em ser vista ao pé, quando nos debruçamos sobre as dezenas de pormenores. Ao longe, a cena é vagamente confusa. Por isso, neste post, escolhi muitas imagens de pormenor.

      Quanto ao último quadrinho de que fala, trata-se de uma estampa religiosa, dos finais do XVIII ou inícios do XIX, representando a Sagrada família na oficina de carpintaria de S. José. A moldura foi feita por mim com restos de passamanaria antiga que comprei na Feira-da-ladra.

      Bjos e um bom fim-de-semana

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    2. Tem razão quando escreve que vivemos num desconhecimento dos valores culturais do mundo germânico. Mas, convenhamos que "o mundo germânico", nem sempre usa de simpatia para com o exterior...
      Digo isto, não só por via de alguns factos históricos, mas também porque, de um modo geral, considero os alemães um povo muito frio e calculista.
      No entanto,e vindo ao encontro do seu comentário, no que à ilustração de livros infantis diz respeito, têm muito bons autores. Nas minhas pesquisas na net tenho-me deparado com trabalhos belíssimos nesse campo.
      Quanto à sua moldura, só lhe posso dizer que ficou um show!!

      Bjs

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    3. Alexandra

      Há uns tempos li um livro sobre o Leste europeu e sobre os núcleos de cultura alemã que existiam na Polónia, na Galícia, na Ruténia ou na República checa e que a com Segunda Guerra Mundial foram completamente erradicados. Com efeito, os grandes difusores da cultura alemã no Leste Europeu foram os judeus. Um judeu culto que vivesse em Praga, Budapeste, em Riga ou em Liov falaria e escreveria em alemão. Era uma língua de cultura e de comércio no Leste Europeu. O nazismo, ao encarniçar-se contra o povo judaico, mais não fez do que aniquilar os grandes difusores da cultura germânica para lá dos rios Oder e Neisse.

      Mas, para além dos judeus, viviam muitas comunidades de língua alemã, por todo o Leste. Algumas delas eram muito numerosas. Na antiga Checoslováquia viviam cerca de 3 milhões.

      A seguir à Segunda Guerra Mundial, os polacos, os checos, os russos e os juguslavos expulsarem em massa as minorias alemãs que viviam nos seus países desde há séculos. Só na Checoslováquia foram expulsos cerca de dois milhões de alemães da região dos Sudetas.

      No fundo, a política agressiva e sanguinária de Hitler teve por consequência destruir toda a presença da cultura e língua alemãs no Leste europeu. Mais, depois da Guerra, o alemão tornou-se quase uma língua de má memória e nunca conseguiu equiparar-se ao francês ou ao inglês como língua internacional.

      Em todo o caso, é uma cultura muito rica, que conhecemos mal.

      Bjos

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  3. adorei, incrível a estampa!!! adoro coches, fiacres, vitórias, caleças, tílbures...gostaria de andar neles todos os dias...abraços, parabéns por mais um achado fantástico!

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    1. Caro Jorge

      Uma das abordagens possíveis desta estampa seria tentar identificar não só as personagens aqui representadas, como também o tipo de atrelagem que aqui constam. Serão coches, fiacres ou landaus?

      Talvez um dia me ponha a ler sobre o assunto e tente identificar as atrelagens mostradas nesta estampa.

      Um abraço

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  4. A sua estampa é magnífica e o seu trabalho de investigação foi fantástico. Os caminhos que não teve que percorrer para chegar à informação pretendida! Quando faço isto disperso-me pelo caminho e perco-me por completo do assunto inicial da pesquisa.
    Gostei da maneira engenhosa como fotografou a estampa. Conseguiu aguçar a curiosidade dos seus leitores, com o que fica em segundo plano:)

    A representação dos alemães no mundo está indubitavelmente ligada aos horrores da Segunda Guerra Mundial. A primeira vez que fui à Alemanha era muito jovem e cheia de ideias pré-concebidas.Fiquei deveras surpreendida com a afabilidade de cada alemão com quem convivi.Essa experiência foi muito marcante e tornou-me muito cautelosa nos juízos que emito sobre grupos.
    Bjs e um fim de semana com mais sol do que eu :)

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    1. Maria Paula

      Por vezes, perco horas nestas pesquisas, que não conduzem a lado nenhum. Chego a fazer três e quatros buscas distintas com várias páginas abertas e vezes sem conta os resultados são irrelevantes. Mas, de repente faz-se luz e acerta-se na mouche.

      Esta estampa é difícil de fotografar. As imagens ficam distorcidas. A gravura parece mais larga no meio e mais estreita nas extremidades. Por essa razão resolvi mais apostar nos detalhes, que são deliciosos. E de facto, quem desenhou esta gravura, não não estava a pensar numa vista geral. Concebeu-a como se fosse uma banda desenhada, para ser lida às partes.

      Nunca fui à Alemanha. O meu conhecimento do País é meramente literário, histórico e cinematográfico. Claro, não simpatizo de todo com nazis, nem com o Imperialismo alemão, mas aprendi que a cultura alemã é muito mais do que o malvado do Hitler, os Panzers e os SS's.

      A célebre pensadora judia Hannah Arendt, que teve que fugir da Alemanha para os Estados Unidos considerou-se sempre uma mulher de cultura alemã, embora apátrida.

      Em alemão escreveram também Stefan Zweig, Tomas Mann e outros escritores que admiro e que que nada tem a ver com o autoritarismo alemão.

      Bjos e obrigado pelo seu comentário

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  5. Maravilhosa a história da sua estampa.
    A sua procura para descobrir o enigma é louvável.
    Realmente faz lembrar o arco de Trajano.
    As bibliotecas fazem maravilhas ao disponibilizar o seu espólio.
    Bom fim-de-semana!
    .

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    1. Cara Ana

      Julgo que os principais actores da democratização da cultura tem sido as bibliotecas, os arquivos e os museus, que tem colocado todas as suas colecções on-line. As facilidades que este trabalho proporcionou aos investigadores e aos curiosos como eu são espantosas.

      Um bom fim-de-semana

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Olá a todos,
    PAX VOBIS,
    Desculpem-me por este arremedo de comentário (e meio genérico).
    É que estive fora de órbita por uma semana, entre o Céu e a Terra e longe da rede... O que faz parte do Céu, se o Bom Deus permitir, apresentarei no blog. Algumas pequenas e até grandes alegrias.
    Vou tentar me lembrar do que vi de Vcs (só que ainda não li nada além de um título ou outro). Depois vejo tudo com cuidado e tento comentar decentemente. Cada um deve ir direto ao nome e ao abraço carinhoso e fraterno a todos...

    1- Luis:

    Gravura incomum. Vieram-me à mente aquelas colunas romanas que, em espiral e imagens seqüenciais, vão narrando a história de batalhas e conquistas... Não sei se esta gravura faz algo semelhante. Ia preparar um post sobre Louças (copiando a MIsa) mas não deu para fazer as fotos então resolvi postar, coincidência com Vc, uma gravura que considero um dos maiores achados dos últimos anos. Só estou aguardando um e-mail de meu irmão com as fotos. Não entendo nada de gravuras, mas tive uma intuição e acabei adquirindo a preço de ovos uma gravura do sec. XVIII da qual se encontra um exemplar no British Museum. Também não conheço este museu, mas penso que guarda obras de relevante importância.

    2- C. Deveikis:

    Este esponjado de Mauá, com estas mesmas florzinhas miúdas e vazadas, esteve por estes dias em diversas peças de leilões pelo Brasil afora... Havia até uma espátula de bolo. As louças estão se rebelando... Tb penso que as florzinhas sejam da técnica daquele jogo da WEISS (da discussão se pintado à mão ou não...)

    3- M. Isabel:

    Quanta coisa (especial) postada... Mas só lembro da enfusa com bicados (não sei por que eles, neste tipo de peça, dão até uma graça... Mas em outras são um lamento).

    4-Flavio Teixeira:

    Sacavém, soa tão bem e não faz mal a ninguém, aliás faz muito bem. E bem faz Você que dela tem...
    Eu tenho umas poucas peças... Uma especial que chegou nestes dias entre o Céu e a terra. É das que mais gosto Você vai ver e gostar também.

    5- Ivete Ferreira:

    Como disse a Vc, adoro estas imagens envoltas nas brumas do medievo. São cheias de beleza porque onde a devoção motivou também orientou. Adoro também estes livros pequenos mas de lombada grande segurados com tanta elegância. O corpo também, mesmo sob tanto manto, se deixa ver sem qualquer pecado.

    6- Fábio Carvalho:

    Que peças marcantes mesmo em sua simplicidade... E herdeiras diretas de uma tradição forte. Esta tigela Itabrasil, como várias outras que Você apresentou, se não estivessem marcadas, seriam tidas como portuguesas...

    Abraços a todos.
    Amarildo.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Prezado Luis,

    Parabéns pela aquisição e pelas descobertas que foi fazendo...

    Agora sim, voltei com atenção ao post e posso tentar dizer alguma coisa.

    Realmente o o título do livro é muito sucinto e simples... Praticamente para crianças.

    Fico imaginando aquele formigueiro de gente. É incrível, seja na Gravura seja na História...

    E uma pergunta: Você diz que o livro foi impresso com 33 cm, me parece. E a gravura tem medida maior. Seriam dobradas em encarte?

    E Você deve ser louvado também por folhear 400 e tantas páginas digitalmente... Se fosse em minha máquina nunca descobriria de onde saiu sua misteriosa GRAVURA ANTIGA.

    Um abraço.

    PS. Acabei de postar uma gravura antiga no blog. Juro que já estava preparando. A gravura tinha acabado de chegar e fui direto fazer uma busca e encontrei alguns dados, meu irmão tirou umas fotos do celular e um restinho à máquina antes das pilhas pifarem... Neste meio tempo fui fazer umas visitas pelos Blogs dos amigos e seu post me estimulou mais ainda. Penso que seja algo importante. Mas não entendo quase nada de gravuras, só da beleza visual.

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    1. Amarildo

      Com efeito, a coluna de Trajano em Roma, descreve a conquista da Dácia usando este esquema de representação em tiras.

      A gravura estava de certeza dobrada em dois, conforme se vê na digitalização. Na minha minha estampa, que está emoldurada há mais de doze anos ainda é visível o vinco da dobragem. Depois, julgo que teria uma segunda dobragem, para caber no livro. Muito embora aqui tenha as minhas dúvidas, pois o texto do Getty refere "two plates showing the succession of coaches of the Emperor's entry in Frankfurt,". Será que a minha estampa originalmente foi impressa em duas partes, que posteriormente foram coladas?

      Mas não venho sinal de nenhuma colagem. Portanto, julgo que a estampa foi dobrada duas vezes para caber no livro.

      Em todo o caso, aguardo a opinião do Manel sobre este assunto, pois ele é muito rato para estas coisas

      Um abraço

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  10. É interessante que este personagem é aquele por quem se travou a guerra da sucessão do trono espanhol, após a morte de Carlos II, tendo o Bourbon Filipe, duque de Anjou, ganho a causa.
    Apesar de só ter conseguido dominar uma parte da Catalunha, fê-lo por um período de tempo relativamente curto.
    Portugal, juntamente com a Inglaterra, apoiava a causa deste Carlos, que, finalmente, subiu ao trono do Sacro Império germânico como Carlos VI, pai de outra grande governante que bastante admiro, Maria Teresa.
    Esta mulher era de uma tenacidade e inteligência pouco comum.
    Mas voltando a Carlos VI, creio que este cortejo deve ter sido grandioso.
    A todo este cerimonial não será estranho o facto dele ter perdido a causa espanhola, e que, como compensação, adoptou todo o cerimonial de corte espanhol, conhecido pela tradição pesada, rígida e elaborada que o caracterizava.
    Esta tua gravura é uma delicadeza de pormenor que permite a recriação de todo um cerimonial, hoje perdido.
    Quanto a esta gravura ser maior que o livro, creio que não é estranho o facto destas gravuras serem desdobráveis, pois é comum, verificarem-se estas situações quando se pretendia incluir uma estampa maior que o livro.
    Tenho um volume de ensino de traçado de perspetivas, do início do século XIX, que utiliza este estratagema de utilizar desdobráveis para as estampas maiores.
    Deverá ter acontecido algo semelhante com esta tua gravura, mas isso será relativamente fácil ver, medindo as dobras que a gravura apresenta e comparando-as com as dimensões do livro.
    Manel

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    1. Manel

      Também me parece que esta gravura estava originalmente dobrada em 4 dentro do livro.

      Este cerimonial de eleição e aclamação do Imperador do Sacro Império Romano Germânico era um cerimonial complicado. Até à coroação de Carlos V inclusive, contou com a presença do Papa.

      No fundo, este Sacro Império Romano Germânico era a continuação jurídica e espiritual do Império Romano do Ocidente, que nunca acabou realmente, apesar do seu último imperador ter sido deposto em 476. Nessa data, quando Odoacro depôs o último imperador, Rómulo Augusto nunca quis para ele esse título. O cargo ficou vago. Essa foi uma das muitas razões para que os Europeus, retomassem esta ideia de continuação do Império Romano do Ocidente. Um professor meu, o Barrilaro Ruas, era de opinião, que o Império Romano do Ocidente, só terminou no plano jurídico em 1919, com o Tratado de Saint-Germain-en-Laye, que dissolveu Monarquia Austro-Húngara. Até essa data o velho Império dos Habsburgos continua a reclamar a velha herança imperial de Roma.

      Um abraço

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  11. Caro Luis

    Fantástico e apaixonante.
    um abraço
    vitor Pires

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  12. Luís, sempre novas descobertas e sempre muito interessantes, mas isso já deixou de me surpreender... Tem aqui informação preciosa nos vários passos que seguiu...e eu adorei acompanhar!
    A gravura é uma peça de excecional qualidade e também muito ao meu gosto, com aquele desfile sumptuoso de coches a encher toda a página. Realmente é um pormenor fantástico aqueles coches a darem a volta para a faixa superior e confesso que não conhecia este sistema das tiras na representação de cortejos reais.
    Penso que a primeira reprodução que comprei nas lojas dos museus foi precisamente a do cortejo de despedida de Catarina de Bragança, no Terreiro do Paço, em 1662, e tenho-a em lugar de destaque até hoje. A gravura também é alemã, com título e legenda em alemão; é uma reprodução do Museu Nacional dos Coches, mas não sei de onde foi tirada.
    Outra coisa, para quem não sabe alemão, não se saiu nada mal na transcrição da legenda e mesmo desse longuíssimo título, bem à maneira do séc. XVIII! Os meus olhos de prof (sabe como é, prof toda a vida...) só detetaram uma falha mais evidente em “Ihre”. Irra! 
    Já vê que apreciei imenso este texto e imagens, só que não consigo aparecer aqui com a assiduidade que desejaria... (tenho vários postes começados no meu blogue e ainda não consegui acabar nenhum!)
    Beijos e boa semana

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    1. Maria Andrade

      Ainda hoje fui ao seu blog, na esperança que já tivesse postado qualquer coisa nova, mas percebo que a sua vida ainda esteja complicada. No entanto faz-nos falta, além de que muitas vezes o que um de nós escreve, serve de repto para o outro fazer uma nova postagem de um assunto relacionado. Enfim, funcionamos um bocadinho como uma tertúlia virtual.

      Julgo que a sua estampa será uma reprodução de um original de Dirk Stoop, um artista holandês, que andou por cá e em Inglaterra no século XVII.

      De facto, nesta pesquisa sobre este cortejo real esbarrei contra a barreira linguística de uma língua da qual conheço uma dúzia de palavras, se tanto. Ainda para mais, pelo que percebi, o próprio alemão foi tendo também uma evolução ortográfica desde 1712 para cá. Por exemplo, o nome da cidade "Frankfurt am Main" escrevia-se na época "Frankfurt am Mayn". Também fui cauteloso e evitei fazer grandes traduções ou transcrições para não meter o pé na argola. Fui escrevendo só aquilo que me pareceu seguro e que fui tendo acesso através de textos em inglês.

      Quanto à minha gralha, refere-se a "Einzug Ihro"?

      Aguardamos um post novo seu. Basta uma pequena chávena de chá das suas, para nos reanimar.

      Bjos e obrigado

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    2. Sim, Luís, refiro-me à palavra "Ihr" (o possessivo seu ou sua) que pode ter várias terminações (em -e, -er ou -en) mas não em -o. Reparando melhor na frase o que lá deve estar é "Ihrer" porque traduzindo fica: "Entrada de Sua Majestade Imperial Romana Carlos VI em Frankfurt am Main a 19 de Dezembro do Ano 1711"
      Bjs.

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    3. Sou eu de novo, Maria A., mas neste computador tenho que comentar como anónimo...
      Afinal o Luís não tinha gralha nenhuma na legenda, é mesmo a forma "Ihro" que lá está, uma forma arcaica do possessivo.
      Entschuldigung! :)
      Maria A.

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    4. Muito obrigado.

      Realmente deve ser um arcaísmo, porque sempre que punha a frase no google translator, a coisa dava um resultado ainda mais disparatado do que é habitual.

      Mais uma vez obrigado

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  13. Parabéns pela estampa, pela história (que me ensinou), pela merecida compensação do seu esforço e perseverança! Bem haja, vocè e a sua incrível paciência! Boa semana!
    Ana Silva

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    1. Cara Ana Silva

      Muito obrigado pelas palavras tão simpáticas.

      Um grande abraço

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  14. Ist ein schönes Bild und sind häufig hier in der Nähe, obwohl viel während des neunzehnten Jahrhunderts, was der Fall sein wird gespielt.

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    1. Dear Andreas Vart

      Thank your for your opinion, but unfortunately, I can't understand german. If you could write in French or English, it will be better.

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  15. Ich habe auch einige neuere Modelle der italienischen Mode zu sehen.

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  16. É só quinquilharia...

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    1. Caro Anónimo ou Anónima

      Muito obrigado pelo seu comentário.

      Realmente este é um blog de velharias, ou se preferir de quinquilharia, mas também se lhe desagrada o seu conteúdo, não é obrigado a vir aqui. Há imensos blogs por toda a internet sobre culinária, futebol, automóveis e outros temas mais populares, portanto tem muito por onde escolher.

      Um abraço

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  17. Luís
    Parabéns pelo seu texto tão bem escrito e pela sua veia de investigador. As imagens são muito elucidativas e dão-nos uma imagem real da época, a nível social, económico, cultural e até militar.
    Relativamente à expressão do comentário anterior, apetecia responder com uma frase vernácula, em bom português transmontano ou minhoto, que são as mais genuínas, sem ofender. Mas a sua resposta foi de mestre.
    Um abraço
    if

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    1. Cara IF

      Muito obrigado.

      Eu não percebo nada de coches, nem de atrelagens, mas talvez um dia me encha de paciência e tente descobrir o que tipo de veículos estão aqui representados.

      Bjos e obrigado

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  18. I translate the texts to understand portuguese..

    Do not worry about the rude comments, your work its professional indeed.

    I would like to know some portuguese so I could read Cervantes, Floridablanca and others.

    An ancester of mine participated in the peninsular wars, battle of Bagagehousoz, a portuguese village, between the portuguese and spanish border.

    All the best,

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  19. Prezado Luis,

    Muita Paz.

    Espero não ser inoportuno. Mas acho que por aqui é o meio mais eficaz da gente se falar.
    Acabei de postar umas louças e tem um prato que acho especial (talvez nem seja tanto mas para um iniciante...): o primeiro em destaque.
    Quando,puder diga o que acha.

    Um abraço.

    Amarildo


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  20. So hoje e que vi o seu blog e adorei gostava de o conhecer ate porque negoceio em velharias e antiguidades e devo ter alguma coisa do seu interesse.
    Cumprimentos
    Ana Isabel

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    1. Ana Isabel

      Muito obrigado. Certamente teremos muitas ocasiões para nos conhecer.

      Um abraço

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