sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Um tête-à-tête de Limoges para um homem só



Este pequeno serviço de chá incompleto foi a minha última compra na feira de velharias de Estremoz. Foi uma tolice, pois não preciso dele para nada, tenho um belo serviço de chá da Vista Alegre, com uma marca usada ente 1922-1947, herdado da minha avó Mimi e que está completo, além do mais, não tenho propriamente vida para oferecer chá e bolos aos dias de semana, nem tão pouco ao fim-de-semana.

Mas o serviço era tão bonito e como estava a um preço convidativo lá voltei eu com ele debaixo do braço. É aquilo que se designa pela expressão francesa, tête-à-tête, isto é um serviço de chá para duas pessoas. Fiz até a experiência, enchendo o bule de água e serve exactamente para dois, ou melhor, cada pessoa pode tomar duas chávenas de chá. O servicinho está incompleto, falta-lhe uma das xícaras e o tabuleiro, que fazia quase sempre parte destes conjuntos.

A decoração dourada em relevo


O serviço não apresenta qualquer marca e se a teve, estaria talvez na chávena que se perdeu ou no verso do tabuleiro em porcelana. A decoração é rebuscada, estilo rocaille, com dourados em relevo, mas a grinalda de flores, que corre já tem um certo movimento da arte nova. Enfim, é um conjunto típico dos finais do século XIX ou eventualmente dos primeiros anos do XX, em que se mistura um pouco de todos os estilos.

No início quando o comprei, pensei que se tratava de qualquer coisa alemã, ou checa, ou para ser mais exacto da Boémia Morávia, já que a Checoslováquia só surgiu como estado independente em 1918. Contudo depois de buscas sistemáticas no google encontrei à venda uns quantos serviços de Limoges da época já acima referida, com a mesma decoração rebuscada e dourados em relevo. O problema é que temos todos a ideia feita de que existiu e existe apenas uma fábrica de porcelana em Limoges, a Haviland. Contudo, à época em que este serviço foi executado existiam umas quantas fábricas na cidade de Limoges, produzindo porcelana e claro, muitas das suas peças eram relativamente parecidas, pois procuravam satisfazer o gosto da época e toda a gente queria louça sumptuosa ao estilo Luis XV, Luís XVI, com muito e muitos dourados, enfim uma produção pour épater le Bourgeois como dizem os franceses.

Serviço de chá Limoges à venda na Proantic



Tête-à-tête de Limoges à venda na Proantic. O meu serviço terá tido um tabuleiro como o deste


Não consegui concluir qual das fábricas poderá ter executado este serviço, mas foi certamente em Limoges, algures entre 1890 ou 1900 e poucos.

É um tête-à-tête, expressão francesa, que designa uma situação de duas pessoas a sós, seja para uma conversação privada ou para uma refeição. Como só tenho uma chávena no serviço e sou um homem só, talvez esta compra não tenha sido tão inútil e nele ofereça um chá a mim próprio.



sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Maria Montalvão Cunha, Liberal Sampaio e o Abade de Baçal

Maria de Montalvão Cunha (1907-2000)


Maria de Montalvão Cunha não foi exactamente uma avó carinhosa, nem tão pouco uma mãe extremosa ou uma esposa afectiva. Só quando entrei na adolescência é que passei a aprecia-la e a descobrir as suas qualidades. Como já não eramos uns miúdos parvos, conversava então connosco sobre história, o passado da família, mostrava as relíquias familiares e acompanhava-nos nas visitas ao Solar de Outeiro Seco e até ao Museu Municipal de Chaves, que na altura estava fechado ao público e ela lá conseguia uma visita especial para nós. Era uma mulher que apreciava rodear-se de coisas boas e dela herdei um certo gosto quase eclesiástico pelos damascos e móveis pesados nos estilos portugueses. Intelectualmente tinha o seu valor. Foi uma colaboradora assídua na imprensa periódica de Chaves de Bragança, mas também do Comércio do Porto, um jornal muito lido no Norte, mas também com uma difusão nacional. Para uma senhora de província nos anos 30, 40 ou 50 esta actividade literária era notável. Quando recentemente andei a organizar os jornais onde escreveu, reparei que naquela época as poucas colaboradoras no Comercio do Porto escreviam sobre modas, culinária, bordados ou davam conselhos úteis sobre como tirar nódoas difíceis das camisas do marido. É certo que a minha avó estava também confinada à página feminina, mas fazia contos e crónicas. Além dela, a única execepção à essa regra que encontrei foi a Ilse Losa.

A minha avó tinha um estilo um bocadinho floreado e era superficial, mas em plena época da ditadura salazarista não se queriam ideias muito profundas, nem temas polémicos, muito menos escritos pela mão de uma senhora. Mas por vezes, no meio daqueles devaneios literários tinha momentos de verdade ou pelo menos convincentes, pois é certo que a verdade é uma coisa relativa e cada um a constrói à sua maneira.

O capote do avô, evocação de Liberal Sampaio, escrito por Maria de Montalvão Cunha e publicado no Comércio do Porto em 20-3-1947


Nestas férias, quando aproveitei para avançar mais no tratamento do espólio encontrei uma carta do abade de Baçal, dirigida aos meus avós, anexando um artigo do comércio Porto, de 20-3-1947, escrito pela minha avó, a Mimi, como nós a conhecíamos, que o tocou particularmente e é de facto um texto sensível.

É uma evocação dos seus tempos de infância, das noites do rigoroso Inverno transmontano, em frente à lareira, quando o avô, o padre José Rodrigues Liberal Sampaio (1846-1935), sentado no escano, abrigava os seus netos debaixo do seu capote, como uma galinha aninhava os seus pintainhos. Depois refere, o tempo em que os irmãos e ela cresceram, são adultos e sentem pudor em se agarrar e acarinhar o avô, embora às vezes, como ela própria escreve, parecia-nos até que o avô, ao olhar para o seu capote vazio, ficava triste e desolado. Sublinha também a importância que o avô teve no seu crescimento cultural, com as histórias maravilhosas, que contava, das terras todas que tinha corrido, do amor pela natureza e ainda quando o ajudava a limpar a sua extensa biblioteca.

Liberal Sampaio com o filho, nora e os netos. Estes últimos tratavam o avô carinhosamente por Lili


O Abade Baçal, como ficou conhecido Francisco Manuel Alves (1865-1947), tinha conhecido muito bem Liberal Sampaio, o meu trisavô. Com efeito, aquele historiador e etnógrafo foi Abade de Mairos entre 1889 e 1896, uma aldeia nas cercanias de Chaves e nessa época os dois padres terão travado conhecimento e estabelecido uma relação intelectual. Referindo-se ao meu trisavô, o Abade de Baçal escreveu foi ele que me indicou os livros a consultar. Foi ele que me facilitou a leitura de preciosas raridades bibliográficas da sua enorme biblioteca que por serem raríssimas, senão únicas, por serem caríssimas, só acessíveis a amadores ricos, eu nunca chegaria a ler.

Por essa razão, o Abade Baçal ter-se-á encantado tanto com a evocação que a Mimi fez de Liberal Sampaio e tenha pegado na caneta para lhe escrever. Mas, não terá só sido só por esse motivo, mas também pelo talento e sensibilidade com que minha avó captou as noites geladas dos Invernos transmontanos, onde toda a família se juntava na cozinha, junto do fogo, aninhados nos escanos, protegendo os mais pequenos do frio. Para os que não são transmontanos, os escanos são uma espécie de bancos longos, com costas e com uma prancha de madeira, que se pode rebater, servindo de mesa de refeições.
Cenário do conto o Capote do avô, a cozinha do Solar de Outeiro Seco, já no tempo em que a casa tinha sido vendida à Câmara Municipal de Chaves e estava já ao abandono. Vê-se ainda um escano, embora eu tenha ideia, que houvesse dois.

Transcrevo aqui um excerto dessa carta do Abade de Baçal, como homenagem à minha avó Mimi, que embora não soubesse cozinhar, nem dar mimos aos netos, foi uma mulher com o seu valor, aliás no tempo em que viveu em Bragança, juntamente com o marido, o meu avô Silvino fizeram parte do círculo daquele historiador.

Li e reli o belo artigo do Capote do avô no Comércio do Porto.

Que grandiosidade de sentimentos, de ternura, de piedade. Quanta meiguice, devoção, saudade inculcam aqueles traços magistrais referentes à descrição do avô, metódica em tudo, de “voz compassada e terna” a contar histórias aos netos, tendentes a despertar neles o amor da beleza e do bem fazer.

Com que graça eu estava a ver os miúdos montalvãozinhos a formigar em volta do sábio e bondoso doutor José Rodrigues Liberal Sampaio, que sorridente, bonacheirão, abrigava a ninhada sobre complacente o amplo capote, como a galinha congrega os pintainhos "sub alas" na frase bíblica e complacente olhava satisfeito as cabecitas dos que assomavam à janela.

Com que arte e relevo V. Exa. Soube dispor tudo isto e despertar nos leitores de tão belo artigo, a comoção por esse espírito que a “sorrir, a fitar-nos, a dizer-nos um adeus que era uma saudade, um adeus que era um mundo de ternura, que nos deixou” e partiu para a eternidade.




Carta do Abade de Baçal



Bibliografia:

BAÇAL, Abade de / Ana Celeste Glória
In Dicionário Quem é Quem na Museologia Portuguesa. Lisboa: Instituto de História da Arte, 2019 https://research.unl.pt/ws/portalfiles/portal/29007003/30_33.pdf

Dr. Padre José Rodrigues Liberal Sampaio / Maria do Espírito Santo Ferreira Alves Montalvão Cunha
in
I Jogos florais de Montalegre. - Montalegre: Câmara Municipal de Montalegre, 1981. - 47-53 p

terça-feira, 30 de setembro de 2025

16º Aniversário do blog velharias do luís ou a atracção pelos ferragachos


Este ano para comemorar o 16º aniversário do blog velharias do Luís, apresento um ferragacho, comprado recentemente e que ilustra bem os meus interesses na vida, bibelots antigos fora de moda, pratos de faiança gatados, chávenas de chá desirmanadas, estampas de santinhos, velhas fotografias e documentos de família de há cem ou duzentos anos, tudo coisas com pouco ou nenhum valor comercial, mas profundamente sentimentais.

Sou irresistivelmente atraído por ferragachos e estou sempre à procura deles nas feiras de velharias naqueles panos que estendem no chão com parafusos, fechaduras, ferragens e puxadores. Este gosto é de tal ordem, que quando mudei de casa e encomendei móveis de cozinha novos, disse logo ao mestre-de-obras que não se preocupasse em colocar puxadores, pois eu já tinha uma colecção deles, provenientes de antigas cómodas, roupeiros ou mesinhas de cabeceira e quando o Senhor acabou de montar os armários e aparafusei essas velhas ferragens, consegui que a cozinha perdesse um pouco daquele ar asséptico e ganhasse, alguma graça e interesse.


Os puxadores dos armários de cozinha da minha casa são ferragens compradas em feiras de velharias

Quanto a este último ferragacho, que comprei, é uma peça pesada, em bronze dourado, uma figura qualquer da mitologia, que em tempos esteve aplicada numa cómoda, numa mesinha ou num armário de biblioteca, provavelmente nos cantos. Não sabia de que época era, o mais o mais provável é que seria coisa do século XIX, ao estilo Luís qualquer coisa, pois nesse período misturavam na mesma peça, relógio, mesa ou cadeira vários estilos do séculos passados em simultâneo.



É curioso que quando a tentei fotografar usei uma técnica habitual aqui no blog e que resulta em quase todas as peças, deitei-a sobre vários panos, uns de damasco, outros de veludo, azuis ou vermelhos para experimentar em qual ela ficaria melhor. Tenho até uma série de retalhos destinados para esse efeito e normalmente resulta sempre. Porém, com esta ferragem as fotografias ficavam mal, desfocadas ou então a peça parecia uma coisa tosca e pesada. Lembrei-me então que esta figura não foi concebida para ser vista deitada e que tinha que estar na posição vertical. Pendurei-a então no canto de dois móveis lá de casa, fiz vários instantâneos e então esta figura ganhou a fotogenia e charme merecidas, pois estava na posição original, para a qual nasceu algures na segunda metade do XIX. 



Muito características do mobiliário francês, estas ferragens são por vezes conhecidas pelo nome de espagnolette ou mais simplesmente chute en bronze. No século XVIII, os franceses fabricaram alguns destes bronzes decorativos de mobiliário de uma qualidade excepcional, como um exemplar que encontrei na net, no musée des Arts Décoratifs, de Paris, do mestre Charles Cressent.

Charles Cressent (1685-1768), Buste d’espagnolette bouclée. Musée des Arts Décoratifs, Paris, Inv. 9544 A-B

Mas a minha peça é muito mais modesta, feita já por um processo industrial e em tempos teve o seu par, que entretanto se perdeu e cada um deles e estaria no canto de um móvel. Aliás encontrei à venda no portal francês de antiquários, o Proantic.com, uma cómoda do século XIX com umas ferragens iguais a esta e com os dourados impecáveis. Como suspeitei desde o início a minha peça é da segunda metade desse século, destinada a um desses móveis do tempo de Napoleão III (1852-1870), inspirada no estilo Luís XIV.



Cómoda do século XIX com umas ferragens iguais a minha. Proantic.com

Curiosamente este móvel, que encontrei no portal francês de antiquários, proantic.com, está à venda numa casa de antiguidades na Polónia.

Nestas coisas entretenho-me eu, abstraindo de um quotidiano que por vezes é aborrecido e desgastante.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

À procura das origens nas terras frias de Bragança: a prima Berta



Na genealogia que tracei da família do meu avô materno António da Purificação Ferreira, ficaram uns buracos negros por preencher, isto é, pessoas que eu ainda conheci, que sabia que eram deste ramo familiar, como a prima Berta, ou de que apenas ouvi falar, como a tia Natividade, mas que não fazia a menor ideia em que lugar se encaixavam na árvore genealógica.

Da prima Berta, lembrava-me que tinha sido enfermeira num hospital em Águeda, nunca casou e quando se reformou foi viver para a casa de Souto Covo, em Vinhais. Os meus primos, os meus irmãos e eu gostávamos dela. Todos os finais de tarde, a prima Berta pegava naquelas crianças ou pré-adolescentes e levava-nos a passearmos até ao Santo António. Era um caminho aprazível, arborizado com negrilhos, castanheiros ou carvalhos. A meio da estrada havia uma fonte dedicada ao Santo António com uma água muito fresca e saborosa. Nós, os Lisboetas, que estávamos habituados à água da torneira de Lisboa, muito calcária, com sabor a desinfectante, beber daquela fonte era um prazer, que nunca se esquece. Depois, chegados ao Santo António a vista sobre aquelas serras transmontanas, onde não se vê uma aldeia sequer era um deslumbramento. Creio que a Tia Berta, como nós lhe chamávamos foi de certo modo responsável pelo gosto que desenvolvi por aquela paisagem de montanhas, onde se sente a solidão e o isolamento, como em mais nenhuma parte do País.

O passeio até ao Santo António. A tia Berta é a segunda a contar da esquerda. Fotografia de meados dos anos 30. A senhora mais velha é a minha avó Adelaide, as minhas tias e tios, a minha mãe ao lado da menina com a boneca, que é a Teresa Lima Barreto 


Mas o hábito de passear da vila até ao Santo António já devia ser antigo na família, há uma fotografia de tirada em meados dos anos 30 com a tia Berta e família, nessa estrada, certamente por ocasião de uns desses passeios, e que terá até metido um piquenique.

No dia do passeio ao Santo António terá havido uma merenda



Em todo o caso, nem sabia tão pouco se Berta era o seu verdadeiro nome ou um diminutivo de Alberta, Adalberta, Felisberta ou de outos desses nomes que estiveram tão moda no início do século XX. Contactei com a minha prima Anabela, que herdou do avô uma boa memória para os acontecimentos familiares do passado ou talvez antes o prazer de escutar as histórias dos mais velhos. Anabela conhecia o nome daquela prima, Berta Benedita e adiantou-me que estava sepultada no cemitério de Vinhais, no quinhão da família e pôs-me na pista certa, pois lembrei-me que há uns anos tinha fotografado da sua sepultura, certamente com a ideia que um dia aqueles dados me seriam úteis. Lá vasculhei os meus arquivos digitais e encontrei a fotografia da lápide, Berta Benedita, 4.2.1899 /15-1-1987. 


Lápide da Tia Berta no Cemitério de Vinhais


Contudo o lapícida engatou a data de falecimento e alguém mandou corrigir a inscrição, pintando por cima 1977. A partir daqui parti para a consulta dos arquivos paroquiais, primeiro Terroso, Espinhosela de onde uma parte da família Ferreira era oriunda, mas como não encontrei nada fui até Bragança, a cidade onde a maioria destes meus antepassados nasceu, casou ou morreu e com efeito a Berta Benedita nasceu na paróquia de Santa Maria no dia 5 de Fevereiro de 1899, em vez de ser no dia 4 como está indicado na sepultura. A Berta era filha natural de Constância Ferreira, natural de Fontes de Transbaceiro e neta de Manuel António Ferreira e Doroteia de Jesus Pires e filha de pai incógnito. A sua mãe Constância era uma das irmãs do meu avô e portanto a Berta era sobrinha do António da Purificação e prima direita da minha mãe dos seus irmãos. A menina teve por padrinhos, a sua tia Cândida Augusta e António dos Santos da Cruz Rocha, estudante. Talvez este último fosse o pai biológico, mas enfim, é uma mera especulação.


O assento de baptismo de Berta Benedita. Era filha de pai incógnito


Fui então procurar registo de nascimento da Constância, irmã do meu avô, em Fontes de Transbaceiro, mas achei logo a coisa estranha, porque só o primeiro filho dos meus bisavôs, a Cândida Augusta, tinha nascido naquela aldeia em 3-1-1884. Os restantes filhos de Manuel António Ferreira e Doroteia de Jesus Pires (casados em 25-11-1853) nasceram em já Bragança, respectivamente em 20.10.1886 e 9-1-1889. Esta Constância não se encaixava aqui.


Pensei então que a minha bisavó, a Doroteia de Jesus Pires, tinha tido um anterior casamento, realizado em Fontes de Transabaceiro, a 6 de Maio de 1869, com Manuel de Morais e fui procurar a descendência deste casal e com efeito, no dia 24 de abril de 1876, tiveram uma menina, a Constância de Jesus. Portanto a Berta era filha da Constância de Jesus, uma meia-irmã do meu avô. Seguindo o mesmo raciocínio, lembrei-me que a célebre tia Natividade, de que minha mãe e tias contavam episódios cómicos, cujo assento de nascimento eu não encontrava, fosse igualmente filha da Doroteia de Jesus e Manuel de Morais- E com efeito, confirmei que, a Natividade da Assunção nasceu em 27 de Fevereiro de 1870, em Fontes de Transabaceiro, filha de Manuel de Morais e da referida Doroteia. Portanto era meia imã do meu avô.


Os descendentes e ascendentes de Doroteia de Jesus Pires


Quanto à prima Berta Benedita é um mistério como é que uma menina filha de pai incógnito e de uma mãe, que era jornaleira, o que na linguagem nestes registos paroquiais designa uma mulher humilde, que trabalha à jorna, se tornou enfermeira. Nesta época o mais natural é que a menina nem fosse mandada à escola e ficasse a trabalhar nos campos. Mas alguém providenciou que a pequena Berta tivesse uma educação para lá do conhecimento das primeiras letras. Talvez o pai biológico, a madrinha, a minha tia-avó, a Cândida Augusta ou outro parente qualquer tivessem providenciado os seus estudos e até uma formação. Enfim, só posso especular sobre o assunto.



A tia Berta em 1932. Estaria a trabalhar no hospital de Águeda desde 1923 


Na época em que a Berta Benedita era jovem, a guerra de 1914-1918, aumentou exponencialmente a necessidade de enfermeiras qualificadas e nos anos 20 havia pelo menos três cursos de enfermagem em Portugal, um Lisboa, no Hospital de são José, outro em Coimbra e outro junto do Hospital de Santo António, no Porto. Talvez a Berta Benedita tenha frequentado algum deles





O que é certo é na família, temos fotografias da Tia Berta nos anos vinte e trinta em pleno serviço no Hospital, com o uniforme e um ar muito profissional. A minha irmã lembrava-se até do nome da instituição, Hospital Asylo Conde De Sucena, onde teria trabalhado com o Dr. António Pinto Breda e a prima Anabela acrescentou as estas memórias, mais um facto interessante, que a Berta Benedita foi também parteira e ajudou a nascer o poeta Manuel Alegre, em 12 de Maio de 1936.

Depois deste trabalho, pelo menos consegui reviver de alguma forma a vida da Prima Berta e descobrir quem era a Tia Natividade. Claro meia dúzia de parágrafos não explicam quem foram estes seres humanos, mas a maioria de nós pouco ou nada deixa para a posterioridade


O avô paterno de Doroteia de Jesus, Manuel Pires era natural de Gimonde e e acrescentei essa aldeia ao mapa das origens dos Ferreira


segunda-feira, 11 de agosto de 2025

À procura das origens nas terras frias de Bragança: a filha do fidalgo

Retrato de António da Purificação Ferreira, existente na Casa de Souto Covo, Vinhais. O passe-partout é em seda, as flores são casulos de bicho-da-seda cortados e o bordado a fio de prata. Certamente, um trabalho da minha avó Adelaide Maria.


No meu anterior post tentei traçar as origens do meu avô materno António da Purificação Ferreira (20.10.1886-12.2.1949), que tinham caído no esquecimento dos seus descendentes. O meu avô descendia de uma família de pequenos funcionários. O seu pai Manuel António Ferreira foi guarda da polícia civil, o avô, Francisco Paulino Cândido, professor primário e o bisavô, Manuel Paulino Ferreira foi assentista na praça-forte da cidade de Bragança. Assentista significa que era fornecedor de mantimentos para as tropas, mediante quantia assentada. Esta gente nasceu e viveu sobretudo em Bragança, mas alguns deles de aldeias das cercanias dessa cidade, como Fontes de Transbaceiro, Terroso e Vila Nova da Serra em Donai.

Genealogia da família ferreira simplificada



Desta gente sem relevância social, destacava-se pelo seu apelido sonante a minha trisavó, a mulher de Francisco Paulino Cândido, Maria Angelina Robalo Taborda, filha de um tal Francisco Xavier Robalo Taborda, natural de Freixo de Espada-a-Cinta. Estes Robalo Taborda eram gente de condição social alta e achei muito estranho, que uma das suas meninas casasse com um modesto professor primário.

Decidi então tirar estes assuntos a limpo. Nos assentos de baptismo dos seus filhos, pelo menos daqueles, que encontrei, o Manuel António (4-11-1854), o António José (27-12-1856) e Cândida Paulina (20-12-1858), referem sempre que são netos maternos de Francisco Xavier Robalo Taborda, natural de Freixo-de-Espada-à-Cinta e de Maria do Rosário Vieira, de Bragança. Em 25 de Novembro de 1853, no registo de casamento desta antepassada com Francisco Paulino Cândido, meu trisavô, o pároco não mencionou a sua filiação, mas foi nomeada como Maria Angelina Robalo. O Francisco Paulino Cândido, seu marido morreu em 1881 em Fontes de Transbaceiro, já viúvo, mas não encontrei o assento de óbito da Angelina, onde se indicaria a idade do falecido e a paróquia onde nasceu, o que me  permitiria, apurar como é esta família de condição, Robalo Taborda, se misturou com uma gente simples, os Ferreira.

Antes de casar com o meu trisavô, Francisco Paulino Cândido Ferreira, a Maria Angelina teve um primeiro casamento com Francisco Manuel de Carvalho, do qual teve uma filha, a Maria 



Mas tinha a informação que a minha trisavó, tinha casado anteriormente, com Francisco Manuel de Carvalho, tenente do exército, falecido em 27 de Fevereiro de 1848. Lembrei-me então procurar o assento de casamento destes dois e encontrei-o na freguesia da Sé em Bragança, a 12 de Fevereiro de 1846 e Maria Angelina Taborda foi referida como filha natural de Maria do Rosário e de pai incógnito e baptizada em Prada. Bem que podia eu procurar o seu registo de batismo nas centenas e centenas de nascimentos das duas freguesias de Bragança.


Assento de casamento de Maria Angelina Robalo Taborda com Francisco Francisco Manuel de Carvalho. 12 de Fevereiro de 1846, Sé, Bragança  



Maria Angelina Taborda foi referida como filha natural de Maria do Rosário e de pai incógnito e baptizada em Prada.


Estava descoberto o mistério, Maria Angelina era filha bastarda de um senhor de condição elevada e não era de Bragança, como registos posteriores indicavam, mas sim de Prada, uma aldeia já no Concelho de Vinhais, na freguesia de Vila Verde. Provavelmente, antes que, a gravidez fosse evidente, a sua mãe, Maria do Rosário Vieira, retirou-se para a sua aldeia de origem para dar à luz discretamente o fruto do seu pecado. Mas, estes filhos bastardos sabiam perfeitamente quem era o pai e como era de costume no século XIX usavam os apelidos deste como toda a naturalidade e foi o que a Maria Angelina fez sempre.

O mapa com as terras por onde esta gente nasceu, viveu e morreu.

Sobre o pai, o Francisco Robalo Taborda posso fazer algumas especulações. Na década de 20 do século XIX, quando é presumível o nascimento da Maria Angelina, andava por Bragança, um Francisco Taborda Robalo Ferreira de Azevedo, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Alferes de infantaria e que casou muito bem em 18 de Fevereiro de 1828 na paróquia de Santa Maria daquela cidade, com a Dona Francisca Inácia de Pimentel, mas este fidalgo era natural de Penamacor.

O mais provável é que o pai fosse oriundo um ramo transmontano dos Robalo Taborda, de Freixo-de-Espada-à-Cinta, talvez o Francisco Xavier Robalo Pinhateli Taborda Pinto da Gama, nascido nessa localidade em 29-12-1789. Mas, não tenho notícias de que desse Senhor tenha andado por Bragança por volta dos anos 20 do século XIX. Enfim, quem sabe a resposta a estas minhas dúvidas já morreu há mais de século meio.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

À procura das origens nas terras frias de Bragança


António da Purificação Ferreira em 1911


Embora me tenha dedicado bastante à história familiar, noutro dia ao ver umas fotografias de militares do Corpo Expedicionário Português de 1917-18 dedicadas ao meu avô materno, António da Purificação Ferreira, descobri que sabia muito pouco da sua família.

Tinha uma ideia que era de um nível social inferior ao da minha avó. Quando se conheceram ele era um jovem empregado de comércio no estabelecimento do Sr. Fernandes, em Vinhais e ela provinha de uma família de lavradores abastados. O namoro decorreu com a cumplicidade da tia Adelaide e do marido, o referido Senhor Fernandes e contra a vontade dos pais dela lá casaram em 23-02-1910. Ela era praticamente uma miúda e ele tinha uns 24 anos.


Retrato do meu avô em Vinhais, em 1903 com 16 anos dedicado à sua mãe, a Doroteia de Jesus Pires. No centro está o patrão com uma caneca e um copo  na mão. Deve ter sido dia de festa, que mereceu uma fotografia. Do lado direito, o António da Purificação parece um menino frágil e desprotegido. Neste tempo não se falava em exploração do trabalho infantil. 





Mas o jovem António da Purificação deveria ter as suas qualidades, pois em 1918 estabeleceu-se por conta própria, com o apoio financeiro do Sr. Fernandes, tio por afinidade da sua mulher e do Morgado de Rio de Fornos, segundo o que o meu pai compilou anos 90 do século XX.




Através da consulta aos arquivos on-line, tratei então de conhecer melhor as origens deste meu avô e consegui remontar ao início do século XIX, ao dia 14 de Fevereiro de 1809, quando na paróquia da Sé, em Bragança foi baptizado um menino, Francisco Paulino Cândido, nascido a 4 do referido mês. 

Assento de baptismo de Francisco Paulino Cândido, de 14 de Fevereiro de 1809. Este senhor é o meu trisavô

Este menino era filho natural, quer dizer, os seus pais não eram casados quando ele nasceu. O pai era de Bragança e chamava-se Manuel Paulino Ferreira e era assentista na praça da referida cidade. Assentista significa que era fornecedor de mantimentos para as tropas, mediante quantia assentada. O menino Francisco era neto paterno de Justiniano António Ferreira e segundo uma nota ao lado do assento, seria da Azambuja e de sua mulher Ana Maria Gertrudes, esta de Bragança. A mãe, Maria do Carmo, quando teve este bebé, já era viúva, residia em Bragança e era natural de uma aldeia a Noroeste de Bragança, Vila Nova da Serra, na paróquia de Donai e era filha de Francisco José Rodrigues e de sua mulher Francisca Leonarda, ambos da referida aldeia.

Só voltei a ter notícias do Francisco Paulino Cândido em 1831, já com 22 anos e estaria prestes a ordenar-se com padre no Seminário de Bragança, conforme a Habilitação de genere, que encontrei referenciada no Arquivo Distrital de Bragança. Este documento é basicamente um inquérito para saber da idoneidade do candidato a sacerdote e como o jovem Francisco Paulino Cândido era bastardo, os pais acorreram à paróquia em 1831, declarando que tinham casado depois do nascimento do menino e que portanto o jovem era filho legítimo, conforme consta no averbamento do assento de baptismo.


No averbamento, declara-se que os pais casaram posteriormente e que o menino era afinal filho legítimo. 

Não sei o que terá acontecido entretanto, mas o meu trisavô, Francisco do Francisco Paulino Cândido não chegou a fazer-se padre e casou-se a 25 de Novembro de 1853, na paróquia da Sé em Bragança com Maria Angelina Robalo Taborda, residente naquela cidade e viúva de Francisco Manuel de Carvalho. 


Maria Angelina Robalo Taborda era viúva de Francisco Manuel de Carvalho, tenente do exército. Diário de Lisboa. Diário de Lisboa, n.º 119, 22 de Maio de 1850


Terá sido um bom partido, a Maria Angelina Robalo Taborda pois tinha sido casada um Tenente do exército, do qual teve pelo menos uma filha a Maria, em 5 de Outubro de 1846 e enviuvou em 1848. O pai de Maria Angelina, Francisco Xavier Robalo Taborda era natural de Freixo-de-Espada-à-Cinta de uma família com pergaminhos oriunda da Beira, que casou ou teve uma ligação com uma Senhora de Bragança, Maria do Rosário Vieira. Fiz algumas pesquisas na net sobre este meu quarto avô, que parecer ter sido igualmente oficial, mas nunca encontrei o assento de baptismo da Maria Angelina, nem tão pouco o de óbito, para confirmar. 

Quanto ao meu trisavô, o Francisco Paulino Cândido, embora fosse natural de Bragança, na altura residia numa aldeia da freguesia de Parâmio, cujo nome foi um sarilho decifrar. Recordei-me então de certa vez, há mais de 40 anos, de fazermos uma estrada secundária, que liga Vinhais a Bragança, pelo Norte através do Parque Natural de Montesinhos, para visitar um primo da parte deste meu avô paterno. Percorri no Google maps novamente essa estrada e consegui perceber o gatafunho caligráfico, Fontes de Transbaceiro!

Sendo o Francisco Paulino Cândido natural da cidade Bragança não sei porque residia nessa aldeia. Talvez lá tivesse terras, herdadas da família da mãe, cuja aldeia Vila Nova, na paróquia de Donai não é longe dali. Mas creio que há uma razão profissional. Em 1862, no Diário de Lisboa, nº 138 de 21 de Junho, é publicada uma relação dos indivíduos, a quem foram concedidos títulos de capacidade para o magistério primário particular das disciplinas abaixo mencionadas e no Distrito de Bragança, consta o nome do meu trisavô, para a instrução primária. 


Diário de Lisboa, nº 138 de 21 de Junho, de 1862. Francisco Cândido Paulino é habilitado a dar aulas na instrução primária


No seu assento de óbito de 21-2-1881, da paróquia de Parâmio, confirmei que de facto este meu antepassado era professor primário. Provavelmente residiria Fontes de Transbaceiro porque ministrava aulas nalguma aldeia dali, ou até mesmo em sua casa. Há uns tempos li uma monografia sobre a Mofreita, uma aldeia não muito longe desta, em que por alturas da República, não existia em ainda um edifício para a escola e a professora primária dava aulas na sua casa.

Mas voltando a vida de casados de Maria Angelina do Francisco Paulino, os dois tiveram pelo menos três filhos, que nasceram na aldeia com o nome poético de Fontes de Transbaceiro, o Manuel António, (4.11.1854). o meu bisavô, o António José (27-12-1857) e ainda a Cândida Paulina (20.12.1858

Como já referi anteriormente, o Francisco Paulino Cândido morreu em de 21-2-1881 em Fontes de Tranbaceiro e já era viúvo então. Por mais que procurasse, não encontrei o assento de óbito da Maria Angelina, que terá morrido entre finais de 1858 e o início de 1881.


Cândida Paulina, minha tia bisavô


A Cândida Paulina casou com um Júlio Augusto Esteves e instalaram-se em Lisboa muito cedo e nos últimos vinte anos do século XIX, tiveram uma ampla prole. Tenho fotografias desse lado familiar, da Cândida Paulina com ar um pouco rústico, fotografada com os seus brincos e colares de ouro e também da filha a Maria Joaquina Ferreira Esteve, esta já com um ar mais fino e até bonita. A minha mãe dava-se muito com uns netos desta Francisca Paulina, os Esteves, os primos, Graciano, a Júlia, o Francisco e o António.


A prima Maria Joaquina Ferreira Esteves em 28.9-1918



Quanto ao Manuel António, (4.11.1854), meu bisavô, casou uma Doroteia de Jesus Pires, natural Terroso, Freguesia de Espinhosela, uma terra perto de Bragança, que era filha de Francisco Pires e Francisca Vicência Afonso. Nos seus primeiros anos de casado, o Manuel António era lavrador e residia em Fontes de Transbaceiro. A primeira filha, a Cândida Augusta nasceu a 3 de Janeiro de 1884 nessa localidade ainda e só depois o casal ter-se-á mudado para Bragança e segundo filho, meu avô, nasceu nessa cidade, na paróquia de Santa Maria, a 20 de Outubro de 1886, embora só tenha sido baptizado a 2 de Fevereiro, do ano seguinte, quase 4 meses depois do nascimento, o que na altura não era comum.



Cândida, que assinou o seu retrato em Bragança, em 1909 era a irmã mais velha do meu avô e nasceu em 3 de Janeiro de 1884. Retrato de Correia e Moreira, Porto


Uma terceira filha, a Maria Antónia, nascida em Santa Maria de Bragança a 9 de Junho de 1889, só foi baptizada a 2 de Fevereiro de 1890!!

Este meu lado familiar sempre foi um bocadinho desleixado em lidar com questões administrativas e pelos vistos, a tradição já vem de longe. Este casal teve mais filhos, cuja existência se conservou na memória familiar, como uma Natividade, de quem eu ouvi falar em miúdo, um João, mas não consegui encontrar os assentos de baptismo de nenhum deles. 


Mas voltando ao meu bisavô, o Manuel António Ferreira, no assento de baptismo da primeira filha, a Cândida Augusta, foi referenciado como lavrador, mas nos assentos de baptismo dos filhos seguintes, a sua profissão mudou para guarda da polícia civil, o que certamente explica a mobilidade desta família  e porque é o meu avô, nascido em Bragança, foi parar ainda jovem a Vinhais, onde se empregou num estabelecimento comercial. Provavelmente, o pai, que era guarda da polícia civil terá sido transferido para Vinhais e levou a família consigo. Depois disso, António da Purificação casou com a Adelaide Maria em 23 de Fevereiro de 1910 e dessa união nasceram, muitos filhos, entre os quais a minha mãe, Teresa do Menino Jesus, nascida em 1927, em Vinhais.





Estas investigações sobre os antepassados do meu avô materno, que resultaram apenas em duas páginas, levaram-me umas boas três semanas e mesmo assim fiquei com algumas lacunas. Bragança neste século XIX já era cidade, sede de dioceses e a partir de 1831 capital de Distrito. Tinha duas paróquias e a população era muito maior do que as terras em que já fiz trabalhos de genealogia, como Montalegre, Chaves e Vinhais e aldeias vizinhas. Aqui 20 anos de baptizados são 800 folhas para ver uma à uma com caligrafias por vezes complicadas.

O mapa com os locais mencionados neste texto



Em todo o caso, consegui perceber que o meu avô proveio de uma família de pequenos funcionários, um assentista, um professor primário e um guarda da polícia civil, que nasceram ou viveram num, meio urbano, Bragança e que só provavelmente a mulher do professor primário, a Maria Angelina Robalo Taborda, minha trisavó, seria filha de gente de condição mais elevada. O seu pai, meu quarto avô, natural de freixo-de-Espada-à-Cinta, Francisco Robalo Taborda é o único, que veio fora da cidade de Bragança ou aldeias vizinhas. Até agora é o meu antepassado mais Sul, que conheço. De todos ramos familiares que já estudei ou fiz a genealogia, todos eles nasceram, viveram e morreram na raia, junto à fronteira com a Galiza.


Francisco Robalo Taborda é o antepassado mais Sul, que conheço. Todos os meus antepassados viveram sempre mais à norte, na raia com a Galiza ou Leão 



O meu avô materno, António da Purificação já homem feito, denotando prosperidade. Um janota com a sua bengala e o palhinhas