Comprei dois belos apliques no Marché aux Puces, em Paris. O primeiro, em forma de facho, é em bronze e está marcado com as iniciais Y. C (creio que se referem a um tipo de casquilho usado em França, que a peça tinha de origem). O segundo embora seja apenas em latão, tem uma carranca na base que lhe dá uma graça doida. Gosto também imenso das tulipas em forma de flor desabrochada destas duas peças. Julgo que ambas são do século XIX.
Sempre tinha ouvido falar no Marche aux Puces em Paris. Fazia parte do imaginário tradicional, que alimentei ao longo de anos e anos sobre aquela cidade. Idealizava uma espécie de feira-da-ladra com gente a vender umas coisinhas velhas espalhadas pelo chão e frequentada por uns franceses com ar de artista, mas pobretanas.
Há cerca de 3 anos, tive a oportunidade de regressar a Paris e marquei o Marché aux Puces como ponto obrigatório do programa turístico. As dimensões e qualidade da feira foram uma verdadeira surpresa. Com efeito, é o maior mercado de antiguidades e velharias do mundo. São pavilhões e pavilhões e ainda mais pavilhões carregados de toda a sorte de peças de outros tempos. Encontra-se por lá o grande mobiliário francês de época, os Luís XV, Os Luís XVI o Império, a Restauração, que de facto tem uma qualidade excepcional. Percebemos de imediato, porque é que durante séculos a Europa inteira copiou os móveis franceses. Podem-se também comprar painéis de madeira trabalhada, as célebres “boiseries” ou ainda comprar parquets do século XVIII, para revestir e cobrir salas inteiras. Claro, os preços são proibitivos, mas vale a pena entrar, admirar e tocar para educarmos o gosto com o trabalho dos melhores artistas Europeus.
Para além destes pavilhões de estadão, existem outros onde se podem comprar a preços um pouco menos caros as cópias feitas no século XIX dos estilos Luís XIII, XIV, XV ou XVI ou ainda comprar os móveis românticos e Napoleão III. Depois há dúzias de alfarrabistas, livrarias, casas com relógios antigos, lustres, bibelots, loiças de Sêvres, enfim, é um mundo onde o dourado predomina e ofusca os olhos dos transeuntes.
A frequência também é curiosa. Encontram-me muitos americanos da classe alta, com bom aspecto, daqueles que montam um interior Luís XVI completo e da época num apartamento de Manhattan ou numa vila em Los Angeles.
Enfim, o Manel e eu passámos lá horas, almoçamos por lá e saímos por volta das quatro da tarde, porque os pés já não aguentavam mais, mas cheios de pena, porque foi nessa altura que descobrimos a parte barata do mercado das pulgas, mais semelhante à nossa Feira-da-ladra.
Ainda foi complicado passar com estes dois apliques no Aeroporto. A menina da Segurança detectou-os no radar, houve ainda um certo frú-fru e lá tive que explicar, que não eram armas perigosas e que eram velharias compradas nas Puces. Tive sorte, e mandaram-me passar pois quase ao mesmo tempo, os seguranças detectaram uma pistola de alarme na bagagem duma portuguesa, a típica concierge de Paris, que armou um escarcéu dos diabos, bradando contra a polícia e as autoridades do aeroporto, que já da última vez lhe tinha apreendido um conjunto de facas de cozinha, que ela ia levar para a filha, na aldeia
http://www.les-puces.com/
Bem Luis, o segundo candeeiro é uma maravilha digna de um daqueles filmes que nós vemos na televisão de época.N me esquecerei um dia que fôr a Paris comprar algo parecido.Esse mercado ddeve ser um sonho para alguém como eu, que a a par das modernices ama o passado e as antiguidades.
ResponderEliminarA cena da velhota com as facas só me trouxe à memória a Madame Souza do filme de animação, igualmente delicioso, das "Triplettes de Belleville"
ResponderEliminarManel