Esta travessinha que desencantei na feira de velharias de Belém é mais um dos muitos mistérios da faiança portuguesa. Quando a comprei pareceu-me fabrico de Alcobaça. Contudo, nos sites dos leiloeiros portugueses este tipo de decoração - uma casa com um telhado muito inclinado- é invariavelmente atribuído a Vilar de Mouros, no Minho e datado do século XIX. Gostava de perceber em que se baseiam estes antiquários e leiloeiras para fazer esta atribuição. Já pesquisei toda a net e não me aparece nada de jeito sobre esta fábrica de Vilar de Mouros. Se lançar uma pesquisa no google, para além dos sites dos leiloeiros, que tem uma informação mais que sumária, só encontro infindáveis notícias sobre o maldito festival de rock de Vilar de Mouros, todas elas a cheirarem a suor e a cerveja azeda.
A este propósito consultei o Artur Sandão, Faiança portuguesa: séculos XVIII-XIX e nas págs. 167 a 170, do segundo vol. e encontrei uma referência a esta fábrica. Teria sido fundada em 1855, em Vilar de Mouros, por José Maria Bento e José Alvarinhas, antigos operários da Fábrica de Viana, em sociedade com um tal Domingos de Luís. Laboravam com barro importado de Lisboa e estiveram em actividade até 1905. O Sandão apresenta umas imagens a preto e branco muito esmorecidas de algumas peças da Fábrica. A figura 170ª é de facto algo parecida com a minha travessa, mas acho que continua a ser difícil afirmar categoricamente que estas faianças com o motivo do chalet alpino são produto da Fábrica de Vilar de Mouros .
Padrão Roselle
Em todo o caso, parece-me que este motivo do prato - a casa com o telhado de chalet alpino rodeada de árvores - se inspira no padrão Roselle do fabricante inglês JOHN MEIR & SON (segunda metade do século XIX). Durante todo o século XIX a faiança inglesa dominou o mercado europeu, os seus motivos serviram de inspiração aos fabricantes de todo o continente. Em Portugal, Sacavém e Massarelos seguiram de perto os modelos ingleses e o célebre padrão dos Países da fábrica Miragaia inspirou-se num motivo da Herculaneum pottery, de forma, que parece-me muito natural, que este motivo do chalet seja uma reinterpretação popular e livre do padrão roselle
Será que alguém te reconhece a proveniência de tal motivo?
ResponderEliminarHum, duvido um pouco, mas ... nunca se sabe.
Para mim é sempre um mistério!
E quando encontramos aquelas pessoas que olham para uma peça e dizem, peremptoriamente: "É do Cavaquinho!" ... nunca deixo de ficar siderado e ... algo invejoso!
Encontrei uma terrina no site "Leilões na net" com uma terrina cujo desenho é igual, nas características do telhado inclinado e bandeiras.
ResponderEliminarDiz que é fabrico do sex xix de Coimbra de Carlos Reis O que no entanto me confunde é a bordadura da travessa ser de outra tonalidade diferente do desenho central muito em jeito de Real fábrica de Sacavém que fez decorações do género. Mais são os relevos no rebordo da faiança, ainda hoje muito actuais na Vista Alegre, eque saõ decorados por cima.
Garantidamente essa travessa não é loiça de Vilar de Mouros... Brevemente haverá mais informação a esse respeito!
ResponderEliminarMeu caro anónimo.
ResponderEliminarO seu comentário deixa-me em suspense! Vai sair alguma publicação sobre o assunto? Espero é que não seja muito cara, para eu a poder comprar
Nós os amadores das velharias andamos sempre aos pápeis para conseguir identificar as obras de faiança. Aliás, pelas minhas palavras ao longo deste post, pode certamente perceber que a classificação Vilar de Mouros não me convenceu, mas se for aos sites dos leiloeiros, as louças com este motivo do chalet são sempre identificadas como Vilar de Mouros,
Espero pelas suas novidades...brevemente