Apesar da crise, fiz mais um disparate na feira de velharias de Estremoz. Mas os preços das coisas antigas estão a baixar tanto que é quase impossível resistir a peças que até há 3 ou 4 anos os vendedores pediam o couro e o cabelo por elas. Comprei uma pequena jarra de altar, em forma de balaústre, pintada com um motivo muito bonito, em que flores e uma cortina estão presas a uma linha azul.
O conjunto apresenta aquela leveza característica das artes decorativas da primeira metade do século XIX.
Um interior da primeira metade do séc. XIX. Reparem nas cortinas do topo do quadro, algo semelhantes às da jarra |
A jarra não está naturalmente marcada, como é vulgar na faiança portuguesa. Normalmente, nos catálogos das leiloeiras e nos inventários on-line dos museus portugueses este tipo de faianças com estas decorações florais são atribuídas a fábricas do Porto ou Gaia. Uns vão mais longe e arriscam Santo António do Vale da Piedade e mais raramente a Miragaia, pois desde a exposição de 2008, a pessoas ficaram a conhecer melhor o que a Fábrica Rocha Soares realmente produziu.
Jarra do Museu Nacional Soares dos Reis atribuída a Sto. António do Vale da Piedade |
Reproduzo aqui a uma jarra do Museu Nacional de Soares dos Reis com uns motivos florais semelhantes a este e que está atribuída a Santo António do Vale das Piedade. Mas como todos sabemos, as fábricas copiaram-se umas às outras e as semelhanças podem não querer dizer nada.
Em suma, poderei afirmar que será uma jarra de meados do século XIX, provavelmente de fabrico do norte e tudo o mais são conjecturas.
E poderá afirmar tratar-se de uma peça por demais linda, e que deixa qualquer um que seja seu dono um pouco mais feliz. Eu ficaria! :-)
ResponderEliminarabraços
Fábio
Olá Luís
ResponderEliminarMuito bonita e delicada a sua jarra de altar. A forma de balaustre, com a base e colo alargados primam pela elegância.Os azuis da pintura sobressaem do branco e a decoração está de acordo com a cercadura do silhar de azulejo, que se avista na parede de fundo. Os panejamentos lembram, também, as sanefas de talha,tão ao gosto de D. João V.
Muitas destas jarras eram encomendadas em conjunto para os diversos altares das igrejas, pelo que, nem sempre, havia a preocupação de lhes aporem a marca de fábrica.
No entanto, o que interessa acima de tudo é o prazer que lhe dá o poder observá-la e senti-la todos os dias.
Cumprimentos.
if.
Como já deve calcular, Luís, adorei a sua jarra e acho-a muito do tipo da minha com a inscrição S. Pedro que eu publiquei no início deste mês: a mesma forma de balaústre, as duas tonalidades de azul (embora na sua me pareçam mais claras), as riscas azuis no colo e na base, aquelas formas semi-circulares a fazerem lembrar uma cortina ou uma sanefa...
ResponderEliminarSó acho a decoração da sua mais delicada, num gosto mais elegante, será povavelmente duma época anterior à minha e talvez de melhor fabrico.
E depois o silhar de azulejos na parede a servir de fundo, como a If notou, dá aqui um toque de muito charme!!!
Também acho Santo António de Vale da Piedade uma boa hipótese para o fabrico desta jarra.
Abraços
Olá Luís !
ResponderEliminarAlém de ter um olho excelente, pareces ser um sortudo :) A jarra (aliás como todas as peças que apresentas) é um espetáculo.
Hoje andei lá pela Feira da Ladra, muita roupa, sapatos, quinquilharia das primeiras lojas dos 300 escudos. Enfim...não deu para esbarrar em nada tão bonito.
Parabéns pela aquisição e bom fim de semana
José Oliveira
tenho algumas peças portuguesas muito antigas que eram da minha visavo, gostaria de as vender se tiverem interece contactem para jorgeemaia@gmail.com
EliminarGostei imenso do conjunto do painel de azulejos em fundo com a jarra em 1º plano. Vão muito bem!
ResponderEliminarE esta cerâmica continua dentro das conjeturas.
Que é do Norte não me parece haver dúvidas, mas de onde?
Finalmente lá conseguimos dar com uma das jarras de altar que tínhamos visto há tanto tempo nesta mesma feira, e que eu pensava já perdida para outro comprador qualquer.
É belíssima esta jarra!
Manel
Caro Fábio
ResponderEliminarEsta jarra de pequenas dimensões é de facto uma graça e espero que regresses depressa, para a admirar ao vivo
Abraços
Cara If
ResponderEliminarJulgo que tem razão. Esta jarra terá feito parte de um conjunto que foi encomendado para uma Igreja e naturalmente lá se esqueceram da marca.
A escolha do fundo de azulejos foi deliberada. No fundo queria denonstrar que há uma continuidade de gosto entre o século XVIII e XIX. As pessoas continuam a gostar do contraste azul e branco.
Abraços e obrigado
Maria Andrade
ResponderEliminarjulgo que nos influenciamos uns aos outros não nossas compras. A sua jarra tinha-me encantado e quando vi esta que me recordou a sua não resisti, sobretudo, porque estava a bom preço.
Depois, gostei tanto da jarra, que resolvi fazer uma encenação especial, colocando-a num tamborete forrado a damasco tendo ao fundo uma parede de azulejos. Com o a Maria andrade sabe, com isto dos blogues, não só vamos desenvolvendo o conhecimento da faiança com o também a arte da fotografia.
Abraços
José Oliveira.
ResponderEliminarEsta jarra foi um golpe de sorte. Muitas vezes volto de mãos a abanar ou só com um tareco para satisfazer o desejo da compra. Outros dias, conseguimos peças realmente boas.
Abraços
Caro Luís
EliminarQue inveja!!A sua jarra é magnífica e está muito bem conservada. Aqui, pelas feiras das redondezas, não encontro nada no género.A jarra na primeira foto está realmente muito bem enquadrada pelos azulejos, o que resultou numa bela fotografia.
Bjs e boa semana
Olá Luís ! Mas essa feira de Estremoz é uma verdadeira caixinha de boas surpresas !!!Linda a jarra e , como sempre , óptimo o seu enquadramento ...
EliminarAb.
Quina
Cara Quina
ResponderEliminarMuito obrigado. Nem sempre se conseguem boas a coisas e a preços aceitáveis na feira de estremoz, mas de vez em quando há golpes de sorte e lá regressamos a casa com qualquer coisa mais excepcional.
Abraços