De todos os temas para redacção que era hábito dar às crianças na escola primária, aquele que mais me irritava era a Páscoa. O que tinha para dizer sobre a Páscoa escrevia-se em três linhas. Na Páscoa comemos amêndoas, há férias e é tudo. Ora, isso não chegava para encher uma redacção e depois nunca sabia escrever Páscoa como deve ser. Ou usava um acento circunflexo no “a” ou não punha pura e simplesmente nada. Claro, tinha sempre má nota na dita redacção, apanhava umas quantas reguadas e assim fui ganhando uma certa embirração a esta festividade. Também é bem verdade que nunca funcionei com assuntos obrigatórios e o que consegui escrever na infância com interesse era sempre com tema livre.
Claro na época, estava-me nas tintas para a Paixão de Cristo. Aliás, só vim a perceber o significado da crucificação na Faculdade, quando já era ateu. Aos vinte e poucos anos finalmente entendi que o sacrifício de Jesus significava a morte de uma humanidade impregnada do mal e o renascimento de novos homens e mulheres capazes de mais amor e de mais fé. Mas nessa altura já tinha perdido a fé e já não tinha que fazer redacções sobre a maldita da Páscoa.
Hoje, que já caminho para os cinquenta, volto a dar valor a Páscoa, porque tiro sempre uns diazitos de férias nesta altura e claro, como sei que os simpáticos seguidores deste blog estão de férias ou gostariam de estar, desejo-lhes uma boa Páscoa com os azuis e brancos da faiança portuguesa, umas das imagens de marca deste blog.
Olá Luís
ResponderEliminarUma boa Páscoa para si e família!
Extensivo ao seu bom amigo Manel que sei já estar de férias e pelos vistos sem PC...
Arrasou na escolha fotográfica,o ângulo como tirou a foto é soberbo. Não falta nada para chamar a Páscoa: Cristo, pia de água benta, carantonha em pedra a fingir suposto Santo de barba e bigodes e candelabro para dar sobriedade às faianças escolhidas na tonalidade da sua cor preferida, os azuis: difícil é destacar a peça mais emblemática.
Tenho contudo uma peça igualzinha, a malga.
Fechei os olhos, pensei no mote doce da Páscoa, claro que imaginei chegar a sua casa, abrir a terrina,ficar espantada com o sortido de amêndoas de todas as cores em chocolate...
Sou muito atrevida. A minha intuição por a casa ser pequenina ditou-me que o esconderijo perfeito seria esse a fazer jus à tradição noutros países de esconderem os coelhinhos,para as crianças se deliciarem na procura deles.
Eu deliciei-me!
Beijos
Isabel
Lolol, não é nada atrevida, Maria Isabel!
EliminarBem, em minha casa nunca há muitos doces. Os meus filhos e eu comemos tudo. Por vezes escondo uma ou outra coisa na cozinha, para os malandros não comerem logo tudo, mas é inútil, eles dão logo com os esconderijos.
É curioso, os meus filhos, embora não sejam o género parado, pouca coisa tem partido em minha casa e como pode ver por lá muito que partir. Chego a admira-los pelo cuidado que tem.
Bjos e muito obrigado
Olá Luís
ResponderEliminarA imagem que escolheu para esta quadra são uma marca sua.
O azul e branco das peças de faiança quadram bem com o colorido e a doçura das amêndoas.
Cumprimentos
if
Cara If
EliminarMuito obrigado!!!!!
Boa Páscoa, cheia de tudo aquilo que imaginar.
ResponderEliminarAbraço amizade
Luís , hoje é mesmo só para lhe desejar uma Páscoa muito feliz
EliminarAb.
Caro Carlos Caria
EliminarHá muito que não o via pelo blog. Por vezes penso em si, por causa dos barcos em pedra de Lisboa, que já pensei voltar ao assunto várias vezes. Abraços
Muito obrigado Quina
EliminarÉ sempre um prazer vê-la no blog
Olá Luís
ResponderEliminarQueria deixar uma pequena nota, por que muitas vezes revejo-me na sua escrita. De certa forma eu acho que a Páscoa acontece na minha vida quase todos os dias, por que se um dia levanto e tudo me leva a estar irado, no fundo bem lá no fundo acabo sempre "por renascer" e pensar que na verdade, o bem, a beleza ou um minuto de alegria, lava-nos a alma e nos faz acordar para a vida.
Por vezes e já muito tarde, leio um post e francamente fico admirado como as vezes uma lembrança alheia, um azul ultramar ou de outro qualquer tom de um prato ou uma terrina, pode nos fazer viajar e esquecer (por momentos) um dia péssimo.
Renovação também é isto (nem que seja por breves instantes), é sempre é agradável passar aqui e ver, ler....etc
Bem...que importa. De repente, vir a este Blog passou a ser algo que desejo e que faz falta...
Feliz Páscoa (sem redação) para ti e todos os seguidores.
Caro Zé Oliveira
EliminarO seu comentário deu-me um grande prazer e ao mesmo tempo fiquei meio envergonhado, pensando se não escrevo este blog com o principal intuito de receber elogios dos outros, para aumentar a minha auto estima.
No entanto, reconheço que mostrar antiguidades, velharias e histórias antigas é uma forma agradável e inteligente de nos refugiarmos de um quotidiano, que se tornou muito agressivo nos últimos tempos.
Um grande abraço e mais uma vez obrigado pelas suas palavras estimulantes
Caro Luís
ResponderEliminarQue ricas amêndoas aqui nos deixou! Nem mais nem menos, mostrar-nos algumas das suas fascinantes faianças.
Ao contrário do Luís, eu gostava de fazer redações sobre a Páscoa. Descrevia tudo tintim por tintim :)Na minha terra, o domingo de Páscoa, era, para nós crianças e adolescentes um dia cheio de movimento:) A tradição era cumprida à risca com os sinos a repicar durante todo o dia. Como vê ainda agora me animo com o tema.
Um abraço e boa Páscoa para si.
Maria Paula
EliminarJá apanhei uma Páscoa esvaziada de tradições, mas eu nem desgostava deste período, embirrava era com aquelas redacções cretinas. Aliás, há uns anos, quando estudava com o meu filho, percebia perfeitamente o seu desalento quando o miúdo tinha que escrever sobre assuntos que nada lhe diziam.
Este post é uma espécie de desforra.
Olá Luís,
ResponderEliminarAdorei a fotografia com as suas belas peças - aquela diagonal ficou um espanto - e achei o texto bem divertido...
As minhas memórias pascais são mais parecidas com as da Maria Paula e acabou por me dar a deixa para também falar nisso no meu blogue :)
Como já lhe desejei Boa Páscoa, resta-me deixar-lhe aqui um abraço... pascal.
Maria Andrade
ResponderEliminarVolta meia volta ando a fotografar a minha casa de ângulos diferentes e a fazer experiências. Como a minha casa é um sótão é fácil conseguir perspectivas inusitadas e esta é uma delas. Não mostra nenhuma peça nova, mas um conjunto, que me apeteceu partilhar com todos e a Páscoa foi um pretexto.
Boa Páscoa Luís!
ResponderEliminarAs verdadeiras "amêndoas" são dadas aos leitores do blog ao longo do ano. Falo por mim, que nada sabendo de loiças, gosto de aprender e aproveito para me distanciar dos assuntos deprimentes e secantes do trabalho. Bjs agradecidos,
Luísa
Luísa
ResponderEliminarObrigado!!!
De facto a ideia é espairecer das agressões diárias com o coleccismo, a história e as memórias, sem pensar se atingimos ou não objectivos ou superamos metas ou outras tolices do mesmo teor
Bejos
Quero agradecer, antes de mais, os votos da Maria Isabel, que não li antes da festividade. Teria o maior prazer em lhe desejar o mesmo, mas já não vou a tempo.
ResponderEliminarFérias é mesmo sem pc atrás, senão deixam de ser férias.
Pois, pelo pc, entra a atualidade, que cada vez me interessa menos, pelo mal que nos traz e pelo inútil que é eu preocupar-me ... o mundo continuará a girar e as coisas acontecerão dê lá por onde der, e não será pela minha preocupação, seja ela maior ou menor, que as coisas serão diferentes.
A Páscoa para mim não repesenta nada, pois nunca se comemorou, nem na casa da minha avó materna (a única que conheci) nem na de meus pais, que não lhe ligavam absolutamente nada. A minha avó preferia que o sr. prior não lhe visitasse a casa (aliás, nunca vi a senhora numa igreja), e o prior fazia-lhe a vontade, adivinhando-lhe a má vontade!
Não obstante, tinha mesa posta, não fosse o senhor resolver parar e entrar ... não queria ser "apanhada com as calças na mão!"
Mas a porta estava fechada, ao contrário da das outras casas.
Em casa dos meus pais, não havia prior, e se o havia vinha para confraternizar à volta de mesa farta, onde os negócios da religião eram deixados para outras famílias mais apreciadoras de tais assuntos.
Na escola, sou do tempo em que no colégio religioso que frequentava, fazia testes de Religião e Moral, onde deveria saber as cores dos paramentos respeitantes a cada festividade religiosa, quais os sete pecados mortais, as virudes teologais (julgo que era isto, mas sem certezas), tinha de debitar as ladaínhas do Salve-Rainha e quejandas (esqueci-as todas, e ainda bem ... acho que nem uma Ave-Maria consigo debitar!). Não raro, os testes vinham com negativas, as únicas que os meus pais não se importavam (e eu sabia-o)!
Tudo isto para dizer que o brilho dos azuis sobre o esmaltado cor de marfim é algo a que raros seres humanos ficam indiferentes!
Eu não sou exceção!
Manel
Linda paisagem...
ResponderEliminarCaro Rui
ResponderEliminarBem vindo ao meu blog e espero contar mais vezes consigo por aqui
um abraço