sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Chaves: a casa dos Alves


Nas minhas peregrinações por Chaves deste Verão, aproveitei para mostrar às minhas sobrinhas e aos meus filhos algumas casas relacionadas com a família. Só a minha sobrinha mais velha, a Isabel é que praticamente me escutou. Já tem maturidade suficiente para perceber a importância de guardar e conhecer a memória dos mais velhos. Os outros, talvez só daqui a uns anos se aperceberão da necessidade de registar os factos do passado, transmitidos oralmente, e que se não nos acautelarmos deixaremos partir os mais velhos e com eles toda uma memória familiar. O Léopold Senghor costumava dizer que Em África cada vez que morre um velho arde uma biblioteca. Enfim, na Europa temos uma cultura escrita, mas há uma história particular, das famílias, que muitas vezes só é possível fazer-se a partir das fontes orais.

Um sítios que lhes mostrei foi a casa da família da minha bisavô paterna, a Aninhas(foto superior), aquela senhora que tinha uma irmã, a Tia Marica, que viveu um amor camiliano com o Monsenhor Manuel Alves da Cunha, que eu tive ocasião de contar aqui no passado mês de Fevereiro.
Ao observar melhor a casa e quando estava prestes a imaginar a pobre tia Marica, martirizando-se pela sua falta de coragem, descobri no balcão de ferro forjado, um pormenor curioso, as iniciais FLA, pertencentes certamente a Francisco Luís Alves (morto 18-01-1915), pai da Aninhas e da Marica e meu trisavô.

Este senhor era muito rico, nos jornais da época falam dele como um capitalista e por causa dele, a pobre Marica teve medo de assumir o seu amor com um rapaz mais pobre.

5 comentários:

  1. Luís
    Acho que faz muito bem,em tentar despertar nos mais novos o interesse e a curiosidade sobre pessoas e factos passados da família.
    Também eu, enquanto criança e jovem, ouvi muitas histórias sobre a família. Na altura,não lhe dava grande importância,penso que é normal nessas idades.Embora não o saibamos,andámos mais ocupados com o nosso crescimento,com a nossa aceitação, com os nossos êxitos e fracassos.
    Mas, mais tarde, começamos a dar importância às histórias da família. Quantas vezes, já não pedi ao meu pai, para repetir,determinados episódios, que ele já relatou vezes sem conta.

    Fui reler,o post sobre o amor da tia Marica, e foi pena, ela ter fraquejado...ele, era uma personalidade e pêras.Há um caso na minha família, mais recente, mas mais ou menos semelhante.Curiosamente,Angola, foi destino comum, nas duas histórias.

    Agora, e fugindo ao tema, o passe-partou, que emoldura a fotografia da sua bisavó é belíssimo.
    Um abraço
    Maria Paula

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  2. Não é fácil passar para os outros a memória de gerações anteriores, e afinal, da própria família.
    Não que seja algo importante; quantas vezes me pergunto se realmente valerá a pena.
    E interessará a quem? Será que o conhecimento dos anteriores é importante para a felicidades dos presentes ou futuros?
    Creio que estas questões só interessam mesmo a nós mesmos, duma forma algo egoísta de nos vermos situados num tempo, num espaço e numa sociedade.
    Tenho para comigo que poucos têm interesse e, quando nos ouvem, o fazem ditados ou pela boa educação ou porque na altura não terão melhor que fazer e devem dizem lá para com os seus botões ... « deixa lá escutar este coitado "bota-de-elástico" que tanto prazer parece ter em discorrer sobre o passado ».
    Se o "bota-de-elástico" tiver o dom da palavra e conseguir enfeitiçar a audiência, talvez esta acabe por experimentar mesmo algum interesse, mas será passageiro, e, qualquer coisa que tenha ficado é rapidamente esquecido na azáfama do dia seguinte!
    Creio mesmo que a memória do passado familiar só interessa mesmo a um pequeníssimo número de pessoas, normalmente olhadas como "aves raras".
    E não digo isto nem com pena nem com qualquer júbilo especial, julgo ser algo natural, consequência da nossa própria civilização que não está virada para o passado, o qual até é mesmo olhado como algo retrógrado, mais apropriado a "velhos do Restelo".
    Indague-se alguém sobre conhecimentos de História! ( e não me refiro a preguntas sobre o rei x ou y, que aí será o descalabro total! Se bem que, reconheço, não é importante saber sobre estes ínclitos personagens! Basta fazer um pequeno "vol d'oiseau" - que me perdoes o galicismo - sobre acontecimentos relativamente próximos).
    Dou-me conta que muitos dos jovens hoje conhecem os avós e ... porque, felizmente, estão vivos.
    O tom da escrita parece indicar que os critico, tal não é verdade.
    Se preferiria que fosse doutra forma?
    Talvez, numa sociedade ideal, mas, sou pragmático; se as pessoas parecem viver perfeitamente bem com o que têm, porquê mudar?
    Manel

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  3. Maria Paula

    O passe-partout foi feito pr mim com um resto de tecido de damasco vermelho e a foto foi posta por cima, mediante o uso daquelas fita colas, que prendem quer de um lado, quer do outro. A ideia de usar tecidos como passe-partout é uma ideia do Manel, que eu gostei tanto, que tenho usado e abusado dela.

    Um dia teremos que falar melhor sobre Angola. Tenho ideia que a Avó da minha ex-mulher viveu naquela fazenda de belgas que a Maria Paula descreve.

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  4. Manel

    Gostei muito do teu comentário cheio de interrogações sobre para que serve conhecer o passado familiar ou mesmo a história. Também experimentei muitas vezes as mesmas dúvidas ao longo da minha vida adulta, em que tenho trabalhado com livros e documentos com cem, duzentos e trezentos anos. Mas talvez seja essa capacidade de ter dúvidas, que nos leva a fazer perguntas sobre o nosso passado, para percebermos melhor o que somos hoje.

    Por outro lado, como escrevi muitas vezes aqui. O gosto pelo passado é uma forma de romantismo, uma fuga do momento presente. Enfim, andei a ler a biografia de Luís II da Baviera, o expoente do romantismo europeu, que até construiu à sua medida um passado inventado, cheio de castelos pastiches da Idade Média ou de Versalhes.

    Por outro lado, vivemos num período em que a história não faz parte do discurso oficial do regime. Agora interessa a eficácia, a União Europeia, a gestão e as PME’s. Por isso a garotada e o regime não se interessam por história.

    Quanto tu e eu os seguidores deste blog fizemos a escola, estava-se num tempo em que se valorizava a história, em particular, os descobrimentos portugueses, que justificariam a presença portuguesa nas colónias ou o regime autoritário de então

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  5. obrigada Maria Paula pela compreensão. que fique aqui registado que a Isabel so por ter a maquina não demostra mais interesse lol.

    Maria (sobrinha)

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