sábado, 3 de dezembro de 2011

Parfum Pompeia par L. T Piver, Paris



Depois do post anterior, uma incursão pela figura de Domingos de Gusmão e da forma como dominou o diabo pelo poder da oração, apeteceu-me hoje um pouco de frivolidade e mostrar-vos esta embalagem francesa, que serviu para acondicionar o frasco de perfume Pompeia, uma fragância lançada em 1907 e que esteve muito na moda, no início do século XX.



Foi-me dada pela minha avó Mimi e não tem valor nenhum. É um pedaço de papelão com uma decoração vagamente inspirada nas pinturas murais da cidade romana de Pompeia, que apelava ao público feminino, dizendo-lhes que se comprassem aquele perfume, sentir-se-iam uma espécie de Messalinas, capazes de seduzir gladiadores musculosos nas ruas da Roma antiga.



A caixinha está muito mal tratada. Julgo eu que por uma ex-mulher-a-dias particularmente destrutiva, que a minha ex-mulher e eu tivemos há uns anos. Só não a desfez completamente em pedaços, porque a fechei numa gaveta qualquer.



Mas, apesar de não ter valor, gosto dela e da história que traz consigo. Esta fragância na época foi muito inovadora, pois foi das primeiras a conter uma substância química o Salicilato de amilo, que dava ao perfume, segundo a publicidade da época, o aroma de um trevo no calor de Agosto.



Foi fabricado pela mais antiga casa de perfumes de França, L.T. Piver, fundada em 1774, que conseguiu rapidamente tornar-se fornecedora oficial da corte de Luís XVI, sobreviver à Revolução francesa, ter como clientes os membros da Família Bonaparte e ainda figuras míticas da sociedade francesa do século XIX, como a grande Sarah Bernardt.

Sarah Bernardt por Leon Goupil, musée des beaux-arts de Dijon
 
A empresa ainda existe hoje, tem um site na internet http://www.piver.com/ e mais ainda continua a produzir o perfume Pompeia, embora, pelo que fui lendo aqui e ali, em blogues e fóruns é considerado em França, assim uma coisa antiquada, como para nós é a pasta medicinal Couto ou o sabonete das Taipas.

6 comentários:

  1. Luís, a caixa tem um charme todo parisiense e ainda bem que caiu em boas mãos, porque objetos destes, muito ao estilo da arte efémera, têm uma componente artística por trás do trabalho artesanal e há colecionadores destas embalagens. Claro que são mais valorizadas, se mantiverem o frasco dentro...
    Não acho nada que esteja em mau estado, considerando a idade e os materiais de que é feita, cartão e papel.
    Quem sabe a sua filha ainda um dia vai apreciar esta caixinha da sua avó Mimi e tê-la em lugar de destaque. Se fosse minha estaria dentro de uma vitrine, à vista mas protegida.
    Gosto muito de frascos de perfume, mas só há poucos anos me dei conta da importância de se guardar também a embalagem... Mas também não podemos guardar tudo...
    Mais uma vez gostei muito de ler a informação que conseguiu reunir e partilhou aqui.
    Abraços

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  2. Caro Luís
    Ontem bem tentei deixar aqui um comentário, pensando até, que me caberia a mim, a estreia neste post, mas o computador bloqueou:( Pelo barulho que faz quando o ligo, deve estar a acontecer alguma...
    Mas ontem, dizia-lhe eu, que conforme já nos tem habituado, presenteou-nos com mais um post, que com o seu estilo de escrita prende a atenção. Gosto da conjugação dos pormenores intimistas com informação precisa, tudo q.b.
    A caixa com a sua decoração requintada é muito bonita e fez muito bem em “acautelá-la”. Dignificaria qualquer museu!
    Um abraço

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  3. Maria Andrade

    Um dos lados da embalagem está em muito mau estado e enfim, eu já não tenho olhos para restaurar peças pequenas, mas acho-a uma pequena delícia. Por enquanto está fechada, aguardando que o seu dono ganhe o euromilhões e tenha uma casa maior para pode expôr mais tralhas.

    Abraços

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  4. Maria Paula

    Estas caixas, embalagens, latas de folha de flandres e cartazes publicitários dos finais do Séc. XIX e príncipios do Séc. 20, que sobreviveram até aos nossos dias constituem uma espécie de museu de inutilidades, que é frívolo, mas ao mesmo tempo delicioso.

    Abraços

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  5. Não fora as pinturas delicadas e femininas do exterior, diria que a caixa se parece um pouco com um sarcófago, o que se coadunaria muito bem com a Sarah Bernhardt, pois uma das camas, que utilizava com frequência, tinha a forma de caixão.
    Aquela, de quem se dizia que era a maior atriz que o mundo conheceu, justificava aquele adereço macabro, dizendo que a fazia perceber melhor os seus papéis mais trágicos.
    Teria gostado que tivesses utilizado uma das fotografias que mais prezo desta atriz (que também foi pioneira do cinema mudo), tirada em 1865 pelo insubstituível e genial Félix Nadar.
    Se a figura feminina na parte frontal tivesse um pouco mais de movimento poderia passar perfeitamente por ser de Alphonse Mucha, o qual, aliás, era amigo pessoal da atriz, tendo-se inspirado nela em muitas das suas representações femininas.
    Manel

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  6. Manel

    Era obrigatório colocar neste post uma imagem da célebre Sarah, mas foi complicado escolher uma. Pensei de facto num dos cartazes do Mucha, em fotografias, mas encantei-me por este retrato de Sarah Bernhardt por um pintor de que nunca tinha ouvido falar, pois foca aquele enorme nariz judaico e capta a extravagância do personagem. Talvez porque na família da minha mãe os narizes judaicos abundem, sempre me encantaram as pessoas com esses grandes narizes.

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