Não, não é aquilo que estais a pensar. Não comprei uma peça autêntica e marcada da Fábrica do Rato, que vale uma fortuna. Mostro apenas duas deusas da Fortuna em faiança que comprei na Feira de Estremoz, muito baratinhas.
O par de mísulas representando a deusa Fortuna |
Nesta época de crise, achei bem ter em casa duas estatuetas da deusa romana Fortuna, que naquele tempo representava o destino e as suas incógnitas. Os imperadores romanos sabiam isso muito bem e nunca dispensavam uma estátua desta divindade nos seus quartos, porque sabiam que a roda da fortuna podia girar a qualquer o momento. Mas se a fortuna era volúvel e instável, ela podia trazer subitamente a abundância, representada nestas minhas mísulas pela cornucópia.
A Fortuna com um dos seus atributos característicos: a cornucópia da abundância |
Da cornucópia saiam sem se esgotarem frutos e flores proporcionando a todos abundância e prosperidade. É um elemento mitológico que os romanos pediram emprestado aos gregos e que tem origem numa cabra, Amaltéia, que amamentou Zeus com o seu próprio leite. Mas como Zeus era tão forte, partiu um corno da pobre Amaltéia e então para a compensar, concedeu ao chifre partido o poder de dar sem limites todos os alimentos desejados.
A volúvel Fortuna |
Quanto ao fabricante destas mísulas representado a Fortuna desconheço-o inteiramente. Tenho um palpite que talvez tenham saído da Fábrica das Devesas, que encheu as cidades portuguesas e brasileiras com estátuas de alegorias e deusas da tradição clássica, mas não estou seguro. Também coloco a hipótese das Caldas. sei apenas que a vendedora me afirmou que tinham saído de um palácio no Alentejo, cujos donos tinham sido abandonados pela Fortuna.
Em todo o caso, esperando que os favores desta deusa caiam sobre todos vós, deixo-vos com a Fortuna dos Carmina Burana
Agradeço ,Luís ,o seu pedido feito para todos nós à deusa da fortuna :Esperemos ter sorte como os Imperadores romanos ...Mas que as mísulas são lindas , lá isso são . Mais umas belas aquisições , sem dúvida
ResponderEliminarAb.
Quina
Olá Luís
ResponderEliminarParabéns essa bela compra! Acho que um dia destes tenho que ir a essa feira, as que existem no Algarve são muito pobres.
Abraços do Sul
cara Idanhense
ResponderEliminarDepois dos últimos noticiários não resisti a esta escrever esta brincadeira, este jogo de palavras entre as estatuetas em faiança representando a Fortuna e o infortúnio em que vivemos.
Abraços
Caro Zé Júlio
ResponderEliminarFico sempre contente com a visita do homem que cria belos jardins com plantas naturais do Sul e que não precisam de água.
A feira de Estremoz tem sempre boa faiança, muito embora estas feiras sejam sempre uma surpresa. Quando se procura Ratinhos, encontra-se só porcelana Vista Alegre, mas no dia que se quiser porcelana, encontram-se gravuras ou mobília e se procurar mobílias aparecem velhos azulejos ou cantarias antigas.
Mas a Feira é sempre bonita, a praça é espectacular, vendo-se o castelo lá no topo.
Se lá for até gostava de o conhecer
Abraços
As peças são lindíssimas, e foram a uma preço irrecusável!
ResponderEliminarDe onde serão? Devesas é uma das possibilidades mais plausíveis, como afirmas, mas digo-o baseado na tua própria hipótese, pois não tenho qualquer outra ideia.
Fortuna precisamos todos nós, e não me refiro só à fortuna monetária, que essa é ilusória e um pouco sem sentido quando em demasia (tenho reparado o quão mal faz a quem por este tipo de fortuna é bafejado em demasia), ainda que necessária em módica quantia ... confesso que nunca andei muito atrás dela, antes fui tirando partido das coisas que vieram ter comigo, e creio que até hoje, ainda que não se concretizassem muitas das coisas que tinha planeadas para o meu futuro, considero-me uma pessoa de bem com a vida.
Refiro-me sobretudo a outros tipos de fortuna, onde se incluem por exemplo a saúde, a família, os amigos, o necessário para levarmos uma vida condigna, o prazer em viver, o trabalhar naquilo que se gosta, entre muitos outros cambiantes que aqui não tem lugar a descrição exaustiva.
E terminas muito bem, com uma das poucas composições do século XX (a minha escolha incide sobretudo sobre os compositores do século XVII e XVIII) que tanto prazer me dá escutar, como é esta de Orff.
Não conhecendo tudo o que existe, e de muito do que conheço não consigo ser sensível o suficiente para gostar, sou de opinião que nunca poemas anónimos medievais foram transpostos para a música de forma tão feliz como estes!
A composição inicia e termina com esta mesma composição que apresentas, numa alusão à roda da Fortuna.
Agora um pequeno aparte para o nosso amigo Zé Júlio; se se quiser perder por Estremoz será muito bem vindo e terá guarida pela certa, basta que para tanto no-lo faça saber.
A casa ainda está um pouco meio (im)completa, mas pronta para receber um amigo
Manel
Olá Luís,
ResponderEliminarGostei muito das mísulas e da história à volta da deusa Fortuna, acho que fez uma belíssima compra, mas o som dos Carmina Burana pôs-me completamente em órbita...:) Eu que nem sou grande conhecedora ou apreciadora de música clássica, adoro estes coros!!!
Muito obrigada pelo momento especial e mais uma vez pelo seu sentido de humor, mas
acho que não há deusa da fortuna que nos valha...
Um abraço
Caro Luís
ResponderEliminarIndiscutível a beleza das mísulas. Gosto muito do sitio onde as colocou.
Agradeço a boa música e oxalá as deusas da Fortuna o oiçam....
Abraços
Maria Paula
Olá Luis,
ResponderEliminarIncrível como a gente sempre encontra espaço quando aparece uma peça especial, não é?
Gostei de ver o prato Miragaia, assunto do post anterior, no fundo de uma das fotos.
Será que terei a sorte e a honra de um convite para conhecer este seu incrível museu particular? ;-)
Em pouco mais de 1 mês, estarei em Lisboa. Já me dá arrepios, depois de 17 (DEZESSETE!!!!) anos... E há pouco mais de 3 meses eu dizia, um dia retorno! um dia retorno! E não imaginava que a roda da fortuna viraria a meu favor, e olhem só! estou retornando à Portugal.
abraços!
Manel
ResponderEliminarNunca persegui a Fortuna, pois se o fizesse nunca teria tirado um curso de história, nem seria bibliotecário, no entanto...se ela me bafejasse com um prémiozinho no Euromilhões...
Só lhe pedia o suficiente para comprar uma casa maior
Maria Andrade
ResponderEliminarSabe que o tema da Fortuna surgiu quase ao acaso, quando pesquisava na wikipedia sobre a iconografia das mísulas. Na realidade para este post tinha muito pouco a dizer, pois não sabia nada acerca do fabricante. Comecei então a escrever sobre a Iconografia da Fortuna e o mito da cabra, que alimentou Zeus e então foi surgindo a ideia de fazer um jogo de palavras, que brincasse com esta situação terrível que vivemos. Depois de redigir o texto percebi que tinha que terminar com a Fortuna da compilação dos Carmina Burana.
Abraços
Caro Fábio
ResponderEliminarNaturalmente, que estás convidado para visitar o meu apartamento em Lisboa. Em três ou quatro passos podes pecorre-lo todo, mas está cheio de cacaria para admirares.
Agora que vens a Portugal, passarei a tratar-te por tu, se não te importares.
Abraços
Cara Maria Paula
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário. Como já não tenho espaço a colocação foi complicada, mas as casas velhas aceitam soluções mais imaginativas que os modernos apartamentos. Há recantos, irregularidades na planta que permitem estas fantasias.
Abraços
Luis,
ResponderEliminarEu sei que os portugueses são muito mais formais e educados que os brasileiros, mas faça-me o favor! Já deveria me tratar por "tu" desde sempre, pois da minha parte, nunca tive estas formalidades contigo, sempre lhe tratei por "você", o que como sabe é o coloquial por aqui. E veja a bagunça que fazemos... "contigo" / "você". Você jamais ouvirá um brasileiro com menos de 80 anos dizer "consigo", hehehe!!
Ainda mais por estarmos na internet, que é O lugar da informalidade, sempre me acostumei a usar linguajar coloquial, e tratamento informal, seja de onde for a pessoa, afinal falamos com gente do mundo (qause) inteiro desde que contamos com este meio.
abraços!