Conforme prometido volto hoje ao Prato pertencente ao Manel, aquele que tem um motivo bonito, muito colorido, que para uns serão borboletas ou libelinhas, ou para outros, uns pavõezinhos andando em círculo. Mas, provavelmente a Maria Andrade, terá razão e representarão uns botões envoltos por pequenas folhas.
No post em que tratei deste prato, tentei compara-lo com um prato atribuído a Miragaia, mas a Seguidora Misteriosa enviou a imagem de um prato da sua colecção, com os mesmo motivos decorativos, mas com uma imagem central, representando algum malfeitor conhecido no século XIX, o que me estragou o esquema todo de aproximar este prato da produção Miragaia. Com efeito, a faiança da seguidora misteriosa recorda mais aquelas peças da Fábrica da Bandeira, representado figuras da época, como a Maria da fonte, o D. Miguel ou os Meninos Gordos. Depois para baralhar mais a coisa o Joaquim Malvar enviou um prato da sua colecção também com uma variante deste motivo do botão, só que atribuído a Fervença
Com esta confusão toda, resolvi parar, ler mais um pouco e aproveitar para consultar os catálogos da Colecção António Capucho e Os Meninos gordos : contar uma história através da faiança, este último título da uma sugestão da Maria Andrade.
O resultado desta pequena reflexão, que não pretende de todo ser um juízo final é o seguinte:
Sempre achei que este prato do Manel, que tem uma faiança muito brilhante, um colorido vivo e uma decoração que eu diria jocosa, me recorda um prato lindíssimo da colecção António Capucho, representando uma cobra.
Prato Bandeira da antiga Colecção António Capucho |
Esta peça está atribuída a Bandeira e aparece reproduzida na obra António Capucho: retrato do Homem Através da Colecção. Lisboa: Civilização, 2005. A fábrica da Bandeira situava-se em Vila Nova de Gaia e terá estado activa entre 1840 e o início do século XX-
O prato da Seguidora Misteriosa |
O motivo do botão de flor do prato do Manel encontra-se no prato da seguidora misteriosa. Contudo o brilho da faiança é tão diferente entre as duas peças. Uma consulta ao catálogo Os Meninos gordos : contar uma história através da faiança, de Isabel Maria Fernandes deu-me uma razão para esta diferença de brilho.
Prato Fervença de Colecção Particular |
Provavelmente o prato da Seguidora Misteriosa será de uma fábrica diferente, Fervença, conforme se pode pela imagem de um prato de uma colecção particular, constante no referido catálogo e atribuído aquela fábrica. A Fábrica da Fervença funcionou em Gaia, mais ou menos entre 1824 e 1860.
Depois aparece o prato do Joaquim Malvar, que ele tem como Fervença e que apresenta igualmente estes botões florais, só que maiores. No mesmo catálogo dos meninos gordos, descobri um prato com algumas semelhanças a este, mas identificado como uma peça feita pela Fábrica da Afurada, que laborou entre 1830 e 1860, na localidade do mesmo nome e que é mesmo ali ao lado de Vila Nova de Gaia.
Prato do Museu Municipal de Viana do Castelo, atribuído à Fábrica da Afurada |
Enfim, isto é só um esboço para tentar arrumar pouco as ideia`s, que foram surgindo acerca de um motivo floral, que várias fábricas terão usado. Amanhã, talvez tenha que rever novamente todas as ideias feitas.
Olá Luís
ResponderEliminarMuito bom e elucidativo o seu comentário sobre o motivo floral que decora pratos atribuídos a diferentes fábricas nortenhas. Pastas mais ou menos finas, esmaltes mais ou menos leitosos, o que é certo é que as dúvidas persistem e as ideias feitas se desfazem, com o surgir de novas peças, que nos fazem questionar as (in)certezas. Motivos repetidos, artesãos que circulavam entre as oficinas, gravuras conhecidas e tantas vezes usadas...
Certo é que a decoração vive pela sua graça e leveza, sendo uma alegria para os olhos dos que apreciam a faiança nacional.
Tantas dúvidas ...
Um abraço
if.
Sabe, Luís, a impressão que eu tenho é que andamos em círculos, num labirinto criado pelos deuses malévolos ou brincalhões das faianças… só para nos dar cabo da cabeça! :)
ResponderEliminarAcho importantíssimo este trabalho que aqui vai fazendo, pelo menos equacionam-se várias hipóteses,neste caso três, não se descarta nenhuma e só isso já contraria muitas ideias feitas sem grande base de sustentação.
Eu continuo a achar que aquele tipo de botões com folhinhas à volta, maiores ou mais pequenos, é sobretudo Fervença - e Fervença também teve figuras populares ao centro como é o caso dos pratos dos Meninos Gordos - ou então Afurada.
Mas o ideal seria ter estas faianças na mão e poder comparar pastas, esmaltes, cores, porque a verdade é que as fotografias nem sempre são muito fiéis.
Já agora, os meus parabéns ao Joaquim Malvar pelo bonito colorido e pela riqueza do desenho do prato que nos deixou apreciar.
Abraços
Olá Luís,
ResponderEliminarIrresistível a vinda ao seu blog e um prazer os textos dos seus posts.
Aproveito para agradecer à Maria Andrade o apreço dado ao meu prato.
Abraços
Jmalvar
Cara If
ResponderEliminarSão mais as dúvidas que as certezas, mas o ser humano gosta de inventariar, categorizar e descobrir.
Abraços
Concordo Maria Andrade
ResponderEliminarAs fotografias tiradas por diferentes pessoas a diferentes horas do dia enganam e talvez eu esteja a fazer juizos pouco válidos.
Sabe que quando consultei o catálogo dos Meninos Gordos fiquei espantado como é que autora distinguiu entre Fervença, Bandeira e Afurada? Eu achei tudo tão parecido, mas imagino que a autora tenha muito anos de experiência e tentei assim seguir o seu raciocínio, mas sem segurança. Fica uma tentativa de destrinçar o trigo do jóio
Abraços
Obrigado caro Joaquim, por ter contribuído com um dos seus muito bonitos pratos
ResponderEliminarOlá Luís
ResponderEliminarOntem deixei um comentário "escafudeu-se!"...
Parabéns ao Manel pelo seu lindo e interessante prato. Raro, irradia um brilho fora do comum e a simbiose da decoração denota o traço do pintor, pessoa sensível que apreciava os pormenores...isto para dizer que o tema são pequenos raminhos com um olhinho e abaixo dele um traço em manganês cor de vinho que lhe dá o mote da fábrica, repare no tardoz se nao existe um traço com esta tinta...os exemplares,raros, atribuidos a Fervença tem marca a tinta manganês.Para mim, atribuo o seu fabrico a Fervença, tal "aberração(?) ou não, é fácil de entender, a sua amostragem no post de outra faiança do género revela outro fabrico embora com os mesmos motivos em tamanho diferente ou não, "visíveis a olho nu", a grossura da massa, o esmalte, falta de brilho, a palete de cores...saiam de outras fábricas das redondezas como Bandeira e Darque, o penúltimo prato com um filete largo em amarelo canário um atributo carateristico de fabrico desta última.
Não sei se ajudei...
Beijos
Isabel
As dúvidas persistem e creio que persistirão até ao final, pois não há maneira de saber com segurança a proveniência do prato que me pertence, pois os seus donos anteriores já não devem ser deste mundo, e ainda que fossem, quiçá não fizessem nem ideia de onde terá vindo.
ResponderEliminarAté prova em contrário, vou gostar de pensar que ele será de Fervença ... enfim, uma quimera como outra qualquer.
Fiquei encantado com o colorido do prato do Joaquim Malvar. Fantástico. É também neste aspecto que marcamos a nossa diferença.
Agradeço-te muito esta sistematização, que aqui vais fazendo, pois faz-nos pensar e tentar chegar a conclusões, ainda que inconclusivas.
Pelo menos fica a dúvida sistematizada e não "o diz que diz".
Se o não tivesses feito não teria a hipótese de ter visto o prato do homem com a faca na mão ou o prato do Joaquim Malvar, por pertencerem a colecções particulares e fora do domínio público.
A divulgação, ainda que eu nem sempre esteja muito à vontade com ela, tem destes aspectos extraordinários, pelo que valerá a pena pensar duas vezes.
Manel
Esquecia-me de agradecer à Maria Isabel as suas bonitas palavras sobre o prato
ResponderEliminarManel
Manel
ResponderEliminarAos poucos vamos tentando uma aproximação.
Maria Isabel
ResponderEliminarobrigado pelo seu comentário.
Este post não é uma coisa fechada. Amanhã poderão aparecer mais dados e poderemos concluir coisas diferentes.
Beijos