segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pequenas borboletas ou flores num prato do Norte




Quando a apresentei o prato com florinhas atribuído a Miragaia, abordou-se um prato de faiança com características idênticas, pertencente ao Manel, o comentador residente deste blog, nas palavras do Joaquim Malvar.


O prato do Manel apresenta um vidrado semelhante, uma borda estreita, um filete à volta com a mesma cor alaranjada e ainda uma decoração com um colorido vivo.


Os dois pratos apresentam um certo ar de família, que me levam a crer que terão saído da mesma fábrica, ou pelo menos de fábricas na mesma área, mais propriamente de Vila Nova de Gaia ou do Porto. O prato do meu amigo não está marcado, bem entendido, mas mesmo assim não me esqueci de fotografar o tardoz.



O prato pertencente ao Manel apresenta um colorido ainda mais vivo que o meu. Os motivos parecem pequenas flores ou insectos. Aliás esta vivacidade das cores já nos levou a pensar que talvez poderá ter saído da manufactura da Bandeira ou Fervença, localizadas em Gaia, mas o que sabemos nós?



Mas seja lá de que fábrica for, é difícil resistir ao colorido destas pequenas borboletas, flores ou libelinhas.


Mas estas borboletas, libelinhas ou florinhas devem ter sido um tema relativamente comum na faiança do Norte, pois logo a seguir a publicar este post, recebi um e-mail da Seguidora Misteriosa, que reconheceu imediamente este padrão e enviou-me imagens de um prato da sua colecção, com a aba decorada com este motivo.


No entanto, o seu prato apresenta no centro um homem brandindo um punhal, numa atitude agressiva, uma espécie de Zé do Telhado, ou um criminoso qualquer, que tenha impressionado muito as pessoas em meados do Século XIX, que contrasta com o colorido despreocupado dos pratos, que vimos até agora,  e quer não tem nada a ver com um certo ar de Miragaia. Pensa-se imediatamente no género de pratos dos Meninos Gordos e todas as produções de Bandeira. A Fábrica Bandeira parece ter-se especializado em representar figuras, que andavam nas boca do mundo. Tudo isto só me faz pensar no quanto é complicado fazer atribuições com segurança à Faiança. Julgo que temos que ser prudentes e contentarmo-nos mais em admirar as peças e menos em cataloga-las.


O prato da colecção da Seguidora Misteriosa. Foi comprado como sendo proveniente do Norte.


13 comentários:

  1. O prato do Manel, tal qual o seu, é lindo, e como você bem disse, irresistível!
    Como tenho uma mente que viaja demais, quando eu vi a foto pensei em um monte de pavõeszinhos andando em círculos em um terreiro fechado! ha ha ha!!
    As cores são belíssimas, incrível como ainda brilham em nossos dias.
    Meus dias sempre começam melhor quando vejo coisas belas assim. Obrigado aos dois por compartilhar estas fotos.
    abraços!

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  2. Olá Luís,
    Já aqui vim várias vezes olhar para o prato do Manel, que acho um encanto de beleza, e agora também para o da sua Seguidora Misteriosa, e pelo que tenho visto de há meses para cá, aqui e noutros blogues, mas também em catálogos, sobretudo o dos Meninos Gordos, este tipo de flores - para mim são flores em botão e folhas, não borboletas – foi muito usado por Fervença, mas também pela Afurada. Nunca vi nenhum prato com atribuição segura a Bandeira com este tipo de ramos, embora as cores sejam semelhantes.
    O molde do prato e a forma como os elementos decorativos estão distribuídos pela superfície, torna-o muito semelhante ao do Luís, de Miragaia, mas aqueles raminhos acho que fazem toda a diferença.
    Estou para aqui a falar como se fosse uma Mestra em faiança :) mas a verdade é que vamos vendo tanta coisa e folheando catálogos e visitando exposições que já apetece mandar uns palpites mais dirigidos…
    E agora resta-me terminar como é costume e com toda a sinceridade.
    Sejam eles de onde forem, são magníficos exemplares de faiança portuguesa e quem me dera tê-los cá por casa… :)
    (Bem, se me dessem a escolher, preferia o do Manel LOL)
    Abraços e obrigada aos dois pela partilha.

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  3. Quando vi este prato pela primeira vez, há cerca de 5 atrás, foi paixão à pimeira vista.
    O vendedor, uma pessoa que trabalhou de perto com António Capucho, ia-me dizendo que não fazia ideia de onde seria, só que tinha a certeza que era do Norte ... Ora bolas! Até aí já tinha eu chegado!
    Miragaia eu sabia que não poderia ser, pois, do que conheço, este tipo de decoração não se enquadra.
    Massarelos e Viana tão pouco, pois estas 2 fábricas, juntamente com a anterior, têm produções que se assemelham muito e seguem-se de perto, o que se justifica não só pelas parcerias e trocas de artesãos que terão estabelecido entre si, quando não mesmo, terão estado sob a alçada da mesma família.
    Sto António do Vale da Piedade também não me parece, pois pelo algo que conheço este prato não se enquadra na sua produção.
    As Devesas especializaram-se nos elementos decorativos de apoio à arquitectura, por isso julguei pouco provável que fosse esta a procedência, no entanto, a julgar pelas cores, logo de início supus que poderia ser de Fervença, só mais tarde, após ter visto o prato da tua comentadora, considerei também a Bandeira (não tinha considerado a Afurada, como a Maria Andrade refere, pois não conheço o suficiente desta fábrica para a poder contemplar como possibilidade).
    Fervença seria a minha 1ª hipótese, mas depois de ver o prato que a tua comentadora te enviou, acabo por pensar que a hipótese de ser Bandeira ganha alguma consistência, uma fábrica que tem uma produção onde alguma da decoração é levada a cabo a partir de personagens populares da época, como os meninos gordos por exemplo.
    Este prato que ostenta uma decoração na aba algo semelhante, apresenta um motivo que me parece popular e, à época, terá sido alusivo a alguma história bastante badalada.
    Mas só este facto me dá alguma pista, pois o que tenho visto até agora da Bandeira nada aponta que a decoração deste meu prato vá nesse sentido, como refere a Maria Andrade com alguma razão.
    Enfim, continuo com este problema às voltas ... alguma coisa será, mas também confesso que não fico muito preocupado pelo seu anonimato, pois a sua beleza compensa largamente este "handicap", e eu gosto muito de me perder na sua contemplação.
    No entanto, a decoração deste meu prato é feita por alguém totalmente diferente de quem fez o prato da tua comentadora, a quem agradeço muito o facto de ter disponibilizado imagens do seu prato para comparação.
    Baseio-me nas nuances, na pincelada rápida e nas transparências das cores do meu prato que me parecem bem diferentes.
    Manel

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  4. Caro Fábio

    Concordo contigo. Estes motivos decorativos de cores brilhantes despertam-nos a imaginação, tal como as formas das nuvens no céu.
    Um abraço

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  5. Maria Andrade

    Comecei este post a achar que o prato do manel tinha semelhanças com o meu, atribuído a Miragaia, mas o bonito prato da seguidora misteriosa desnorteou tudo, o que só mostra o pouco que sei sobre faiança.

    Vou registar a hipótese da Fábrica da Afurada, cuja existência me passou vagamente pelos olhos em alguma coisa que li e fazer umas pesquisas nesse sentido. Há também um prato da antiga Colecção António Capucho, cuja imagem vou digitalizar e mostrar aqui.

    Abraços

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  6. Caro Manel

    Por tentativas tentar-se-á encontrar a família deste prato. Para já o mais provável parece ser da Bandeira, mas vou explorar a hipóteses da Maria Andrade.

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  7. Olá Luís,
    Penso que onde lhe devem ter passado pelos olhos exemplares da Fábrica da Afurada foi no catálogo "Meninos Gordos, contar uma história através da faiança" da Isabel Mª Fernandes. Foi sobretudo aí que eu me baseei para mandar aqueles palpites sobre os dois pratos, do Manel e da Seguidora Misteriosa.
    No entanto, só para eu aprender a baixar novamente a bolinha e não me pôr a armar em esperta numa área tão difícil mesmo para especialistas, hoje ao folhear o 2º volume da "Faiança Portuguesa" do Arthur de Sandão, dei de caras com um prato de Menina Gorda (já o tinha visto, claro, mas não me lembrava)sem marca mas atribuído à Fábrica da Bandeira, com o mesmo tipo de flores e folhas destes pratos do Manel e da Seguidora Misteriosa, que eu já andava a ficar convencidíssima que eram flores Fervença.
    Acredito que aquela atribuição do Arthur de Sandão tenha uma base sólida, por isso lá se foi a minha identificação das florzinhas e a sua exploração das hipóteses da Maria Andrade :)
    De qualquer forma reveja o tal catálogo dos Meninos Gordos, vale sempre a pena!

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  8. Olá Luís,

    Fervença!...digo eu,vou enviar-lhe um foto por e-mail,de um prato.
    Espero acima de tudo que goste.

    Abraços
    Jmalvar

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  9. Caro Luís
    Muito rapidamente só para dizer que o prato do Manel é lindo (parabéns Manel), e com uma decoração algo fora do vulgar.Quanto à origem dos dois pratos, o seu e o do Manel, não me atrevo a pronunciar :), mas a decoração miudinha de ambos, não é vulgar.
    A semelhança entre os motivos do prato do Manel e os da aba do prato da sua Seguidora Misteriosa são óbvias!
    Beijos e bom fim de semana
    Maria paula

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  10. caros Amigos

    Estou um bocado baralhado, sentindo que regressei à casa da partida sem receber dois contos, sobretudo depois de o Joaquim me ter enviado um prato característico de Fervença, com um motivo decorativo próximo deste. O Joaquim opinou que este motivo seria comum a várias fábricas e é capaz de ter razão.

    Proximamente vou voltar a este tema, mostrando o prato do Joaquim, se este autorizar e um prato que era da colecção António Capucho e irei compara-los com o da seguidora misteriosa e o do Manel.

    Abraços

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  11. Maria andrade

    Irei espiolhar o catálogo dos Meninos Gordos

    Abraços

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  12. Pois é Maria Paula, quanto pensamos que estamos a conhecer um pouco mais sobre o assunto, a verdade escapa-se-nos novamente e este padrão das borboletas ou rebentos de flores está-me a baralhar um bocado

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